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Editorial
Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes, vol. 19, núm. 1, pp. 1-3, 2022
Universidade Estadual de Montes Claros

Editorial

Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes
Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil
ISSN: 2527-2551
ISSN-e: 1806-5627
Periodicidade: Semestral
vol. 19, núm. 1, 2022

Estimadas(os) leitoras(es),

Essa é a primeira edição de 2022. Nesse ano, optamos, de forma inédita no periódico, por destacar o centenário de dois importantes personagens de nossa atual história, e que se dedicaram a compreender e superar as contradições da sociedade brasileira: Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Originários do interior do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, respectivamente, buscaram pensar um Brasil não exclusivamente a partir dos grandes centros urbanos, como em geral nossas elites intelectuais e políticas, tão acostumadamente, fazem. Reforma Agrária, campesinato, populações tradicionais e povos indígenas não fizeram parte de um suposto “Brasil profundo” em suas agendas, mas de uma sociedade brasileira que, historicamente, é sufocada por uma tacanha elite nacional. Para nós, uma universidade pública, localizada em uma região historicamente esquecida por Belo Horizonte, e controlada por elites locais, homenageá-los e trazer à tona o pensamento e o legado de Brizola e Darcy fazem-se necessários. Abrimos, portanto, as homenagens com Leonel Brizola (1922-2004).

Desde o início, ao pensarmos na possibilidade de lançar um dossiê sobre o centenário de Brizola, em outubro de 2020, uma pergunta não parou de nos acompanhar: se ainda vivo, com a cuia na mão e os lábios pausados na bomba, o que Brizola estaria pensando sobre esse país, que se esfacela a passos acelerados? Como um político, que teve em sua agenda a busca por um estado responsável por assegurar justiça e inclusão social através da escola, saúde, trabalho e habitação, encararia 663.765 brasileiros mortos pela COVID-19? Após enfrentar o golpe de 1964, como ele veria os tais “filhotes da ditadura” emergirem, novamente, com o golpe de 2016, e publicamente quebrarem placas públicas, liberarem o uso indiscriminado de armas no Brasil e desfilarem em motociatas que custam milhões aos cofres públicos, enquanto o país mergulha, novamente, no mapa da fome e o emprego informal cresce? Como chegamos até aqui?

Pensando nisso, a Argumentos convidou o jovem e competente pesquisador Isaías Albertin de Moraes (NEPESC-Unesp) para organizar o dossiê Memória Política: 100 anos de Leonel Brizola. O dossiê, que será apresentado com maior atenção no texto de abertura escrito pelo próprio Isaías, reúne seis artigos e uma entrevista que, coletivamente, lançam luz em temas que permearam o pensamento desse estadista brasileiro. Claro que não esgotam todos, pois, infelizmente, precisam atender os limites que o periódico tem a oferecer. Portanto, temas como: democracia, educação pública, reforma agrária, subdesenvolvimento e industrialização compõem esse dossiê. A tarefa, aqui, coube a Beatriz Bissio, Daniel Coronel, Bernard Alves, Fernando Vieira, Moacir de Freitas Junior e Graziane Ortiz Righi. Soma-se, a esse dossiê, a entrevista realizada por Isaías Albertin de Moraes e Gustavo Henrique Cepolini Ferreira com João Pedro Stédile, ativista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Essa longa e riquíssima entrevista foi dividida em duas partes, pois não queremos deixar nada de fora desse material. Nessa edição, publicamos a primeira parte. Nela, Stédile resgata o papel de Brizola para a luta agrária no Brasil.

Nessa edição, temos, ainda, a seção para artigos abertos e que dialogam com temáticas condizentes às Ciências Sociais. O primeiro deles é Não existe ciência aplicada na democracia: algumas considerações a respeito de quem as universidades pensam que são e foi escrito a oito mãos: Bernardo Curvelano Freire, professor do colegiado de antropologia da UNIVASF, Campus da São Raimundo Nonato, Cláudio Teófilo Marques, Salvador Vianna e Raimundo Marques, todos representantes do Território Quilombola Lagoas, localizado no Piauí. Através das experiências de resistência às invasões de terras do mesmo Quilombo Lagoas pelas companhias Galvani Mineração e pela SRN Mineração, o texto radicalmente reflete o conceito de ecologia política através da noção do comum. No artigo seguinte, De mata à estação ecológica: um estudo sobre Acauã, Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, Emília Pereira Fernandes da Silva, Flávia Maria Galizoni e Vico Mendes Pereira Lima analisam as relações entre comunidades rurais e a Estação Ecológica de Acauã, no Vale do Jequitinhonha-MG, a partir da década de 1970.

Na sequência, o artigo Notas sobre a epistemologia de Marx segundo Lukács, Althusser e Alfred Schmidt, é escrito por Henrique Cunha Viana. Sua proposta é apresentar o problema do conhecimento e sua relação com a ontologia na obra de Karl Marx, a partir das visões dos filósofos marxistas Louis Althusser, György Lukács e Alfred Schmidt. Por último, mas não menos importante, trazemos o artigo Transformações do papel do estado no desenvolvimento regional brasileiro, escrito por William E. Nunes Pereira e Carlos Eduardo Pereira do Nascimento. Pautado em pesquisa bibliográfica, o artigo analisa, teoricamente, a atuação do estado brasileiro nas políticas de desenvolvimento regional, a partir da Nova República. Os autores demonstram como a guerra fiscal, inserida numa conjuntura neoliberal, intensificada nos anos de 1980 e sob a égide da “voz do desenvolvimento”, acabou acentuando as desigualdades no país.

Já na seção Resenhas, a qual fecha a presente edição, contamos com a resenha O problema na pobreza: aporofobia e o desafio democrático, de Mirila Greicy Bittencourt Cunha, sobre o livro Aporofobia, a aversão ao pobre. um desafio para a democracia, da filósofa Adela Cortina, e publicado em 2020, pela Editora Contracorrente. Muito além de uma resenha focada em apresentar capítulo por capítulo do livro, a resenhista, competentemente, lança o conceito de aporofobia para pensarmos temas tão miseravelmente constantes em nossa sociedade: pobreza, fome e miséria. Essa é a primeira das duas resenhas de livros da editora Contracorrente que publicaremos nesse ano.

Boa leitura e que possamos seguir firmes e convictos por um Brasil mais justo, menos desigual, com livros na mão e comida no prato, como Brizola, tantas vezes, destacou ao longo de sua vida!

Editor-chefe, Gustavo Dias, e Comissão Editorial



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