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Recepção: 02 Março 2021
Aprovação: 10 Abril 2021
Publicado: 05 Junho 2021
Resumo: É consensual que a Alfabetização Científica e Tecnológica tem se tornado uma finalidade inerente à área de Ensino de Ciências. Nesse sentido, no presente texto, nosso objetivo é analisar as possíveis contribuições do livro infantil Vacinas para a promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A obra, publicizada pelo grupo de extensão MT Ciência, da Universidade Federal de Mato Grosso, tem por objetivo a divulgação de conteúdo científico, de forma simples, objetiva e acessível ao público infantil relativo à importância das vacinas. Por meio de uma análise documental, fundamentada nas teorias que sustentam a Alfabetização Científica e Tecnológica no Ensino de Ciências nos anos iniciais, construímos o percurso metodológico. Assim, foi possível inferir quanto à potencialidade da obra para promover a alfabetização científica e tecnológica nos primeiros anos da Educação Básica, principalmente levando em consideração a grave crise sanitária de Covid-19 como algo concernente à realidade das crianças.
Palavras-chave: Alfabetização Científica e Tecnológica, Ensino de Ciências, Vacinas.
Abstract: It is agreed that Scientific and Technological Literacy has become an inherent purpose in the area of Science Teaching. In this sense, in this paper, our objective is to analyze the possible contributions of the children's book Vacinas to the promotion of Scientific and Technological Literacy of children in the early years of Elementary School. The work, published by the extension group MT Ciência, from the Universidade Federal do Mato Grosso, aims to disseminate scientific content, in a simple, objective and accessible way to the child audience regarding the importance of vaccines. Through a documentary analysis, based on the theories that support Scientific and Technological Literacy in Science Teaching in the early years, we built the methodological path. Thus, it was possible to infer as to the potential of the work to promote scientific and technological literacy in the first years of Basic Education, mainly taking into account the serious health crisis in Covid-19 as something concerning the reality of children.
Keywords: Scientific and Technological Literacy, Science Teaching, Vaccines.
Resumen: Se acuerda que la Alfabetización Científica y Tecnológica se ha convertido en un propósito inherente al área de Enseñanza de las Ciencias. En este sentido, en este texto, nuestro objetivo es analizar las posibles contribuciones del libro infantil Vacinas a la promoción de la Alfabetización Científica y Tecnológica de los niños en los primeros años de Educación Primaria. El trabajo, publicado por el grupo de extensión MT Ciência, de la Universidade Federal de Mato Grosso, tiene como objetivo difundir contenidos científicos, de manera sencilla, objetiva y accesible al público infantil sobre la importancia de las vacunas. A través de un análisis documental, basado en las teorías que sustentan la Alfabetización Científica y Tecnológica en la Enseñanza de las Ciencias en los primeros años, construimos el camino metodológico. Así, se pudo inferir sobre las potencialidades del trabajo para promover la alfabetización científica y tecnológica en los primeros años de Educación Básica, principalmente tomando en cuenta la grave crisis de salud en Covid-19 como algo concerniente a la realidad de los niños.
Palabras clave: Alfabetización Científica y Tecnológica, Enseñanza de las Ciencias, Vacunas.
Introdução
O Ensino de Ciências é uma área de conhecimentos determinante quando pensamos nas relações que envolvem Ciência, Tecnologia e Sociedade. De modo geral, o Ensino de Ciências contribui para que as pessoas compreendam melhor o mundo, além de auxiliar no entendimento, questionamento e tomada de decisão que se relacionam à Ciência e Tecnologia, mas também à compreensão dos avanços e benefícios do desenvolvimento científico-tecnológico (VIECHENESKI; CARLETTO, 2011). Nesse contexto, Chassot (2003a) acredita que, ensinar Ciências, tem por objetivo transformar os alunos em homens e mulheres mais críticos, considerados agentes de transformação do mundo.
Com essa perspectiva, no presente estudo, nosso objetivo é analisar as possíveis contribuições do livro infantil Vacinas para a promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica de crianças dos anos iniciais. Dessa maneira, a questão de investigação que orienta nossas reflexões é: de que forma o livro infantil Vacinas pode vir a contribuir para a promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental?
A obra em análise se insere no contexto do Ensino de Ciências para os primeiros anos de escolarização. Concordamos com Slongo e Souza (2020, p. 57) que, ao defenderem o Ensino de Ciências desde as primeiras idades, são categóricos em afirmar que este se fundamenta em contribuições que a área apresenta para o desenvolvimento intelectual dos pequenos, envolvendo “o processo de aprendizagem em outras áreas do conhecimento, o desenvolvimento de práticas de cidadania, o estímulo e o preparo para a promoção de ações socialmente responsáveis e para a construção da autonomia no pensar e no agir”.
O livro Vacinas faz parte da série Pequenos Cientistas, do grupo de extensão MT Ciência, da Universidade Federal do Mato Grosso, que disponibiliza um conjunto de livros com títulos em diversas áreas das Ciências que têm por objetivo auxiliar na Alfabetização Científica e Tecnológica de crianças dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Em relação ao Ensino de Ciências para os anos iniciais, percebemos que a obra analisada promove, entre as crianças, ações socialmente responsáveis sob a ótica da Alfabetização Científica e Tecnológica, vinculada à observação crítica da realidade.
A Alfabetização Científica e Tecnológica tem sido considerada como o principal objetivo do Ensino de Ciências para os anos iniciais (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001; LORENZETTI, 2020; VALLE; SOARES; SÁ-SILVA, 2020) e, nesse nível de ensino, pode ser compreendida, de acordo com nossa visão e experiência enquanto educadores, como um processo que objetiva capacitar e preparar as crianças, enquanto sujeitos sociais, para tomadas de decisão responsáveis frente ao uso que podem fazer de elementos da Ciência e da Tecnologia em seu dia a dia, a exemplo da defesa ao uso de vacinas como medida preventiva à Covid-19.
É compreensível, a todos nós, que a pandemia de Covid-19 tem provocado mudanças significativas na forma como nos relacionamos e exige medidas e ações de segurança à saúde pública, a exemplo do uso de máscaras, da higienização das mãos e do distanciamento social. As vacinas, nesse contexto, são a resposta da Ciência e da Tecnologia para o combate ao agente etiológico da Covid-19. Entretanto, temos assistido a movimentos antivacinas que difundem informações pseudocientíficas e acabam descredibilizando o trabalho de muitos cientistas preocupados com a saúde da população. Aqui surge a necessidade de, por intermédio do Ensino de Ciências nos anos iniciais, professores trabalharem na perspectiva da Alfabetização Científica e Tecnológica, dando oportunidade às crianças de também fazerem participarem dos debates a respeito da pandemia.
Além dessa seção introdutória, desenvolvemos este artigo em mais quatro seções: na próxima, apresentamos as estratégias de organização e análise para a construção do presente estudo; em seguida dialogamos com os referenciais teóricos que assumimos para tratar do Ensino de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental; na terceira seção intencionamos apresentar uma visão ampla da Alfabetização Científica e Tecnológica como movimento internacional, ao mesmo tempo conversando com pesquisadores que a situam nos anos iniciais; e, na última seção, apresentamos e analisamos o livro Vacinas para a promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica entre crianças dos primeiros anos da Educação Básica.
Estratégias de organização e análise
Optamos por designar de estratégias de organização e análise para a apreciação, de natureza qualitativa, que lançamos sobre o conteúdo do livro infantil Vacinas publicizado pelo grupo de extensão MT Ciência, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Para isso, são nossos focos de estudo o Ensino de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a Alfabetização Científica e Tecnológica e, evidentemente, o conteúdo sobre vacinas proposto para o público infantil, presente na obra citada.
Nesse sentido, o estudo assume características da abordagem qualitativa de pesquisa, a qual, conforme André (2012), está orientada a uma concepção fenomenológica do conhecimento na qual são enfatizados os aspectos subjetivos do comportamento humano, entendendo que é necessário entrar no universo conceitual dos sujeitos para perceber de que forma eles atribuem sentido a acontecimentos e interações sociais da vida cotidiana. Na abordagem qualitativa defende-se “uma visão holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta todos os componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas” (ANDRÉ, 2012, p. 17).
Utilizamos a análise documental, enquanto técnica de abordagem de dados qualitativos, para analisar a obra mencionada. Segundo Lüdke e André (1986, p. 38), “a análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse”. Nesse sentido, utilizamos como documentos artigos, livros, uma entrevista concedida ao PNB on line – um site de notícias e mídia – pelos autores do livro analisado, bem como a própria produção em análise, objeto de interesse deste estudo. Todos esses documentos auxiliaram na apreciação e análise que construímos.
No caso específico desse estudo, a abordagem qualitativa contribui para que, partindo da utilização do livro em sala de aula, processos de tomada de decisão sejam considerados pelos estudantes no sentido de construírem argumentos, com respaldo científico, que justifiquem suas escolhas e motivem o “sim” pelo uso de vacinas contra a Covid-19. Trata-se da visão holística dos fenômenos referenciada por André (2012).
Ensino de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Nesta seção dialogamos com alguns autores sobre o Ensino de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Nossa intenção é apresentar uma visão teórica ampla dos fundamentos que orientam o Ensino de Ciências nesse nível de ensino. Para isso, sem nos aprofundarmos nas reflexões, trazemos as visões de vários pesquisadores com significativas contribuições para a área.
Iniciamos com as reflexões de Zancul (2020, p. 36) que, escrevendo sobre o Ensino de Ciências para crianças, nos instiga a pensar sobre algumas questões retóricas, mas fundamentais: “Quanto ensinar? O que ensinar? Como ensinar? Quem ensina? Como oferecer um ensino de ciências eficiente e motivador? Como manter a curiosidade natural que manifestam desde cedo com relação aos fenômenos que observam?” Na continuidade de seu raciocínio, a autora cita três razões fundamentais para ensinar Ciências às crianças: preliminarmente, pelo valor social do conhecimento científico; em seguida, pelo direito que as crianças têm de aprender este conhecimento e, finalmente, pelo dever da escola em compartilhá-lo tornando-o acessível.
Seguindo essa linha de raciocínio, Reis (2008, p. 15) entende que a Ciência, nos primeiros anos de escolaridade, “pode ser definida como o estudo, a interpretação e a aprendizagem sobre nós mesmos e o ambiente que nos rodeia, através dos sentidos e da exploração pessoal”. Para o autor, constituída por uma forma racional de descobrir o mundo, a Ciência no Pré-Escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico, deve envolver o que segue no quadro 1:
Sobre o uso de evidências e da argumentação no Ensino de Ciências com crianças, destacamos:
Numa sociedade democrática espera-se que os cidadãos desenvolvam e defendam os seus próprios argumentos, bem fundamentados em evidências, e sejam capazes de apresentar as suas perspectivas de forma clara e persuasiva. Devido à importância da argumentação fundamentada, as crianças necessitam de ser confrontadas com situações educativas que lhes permitam aprender a formular e a investigar problemas, a obter dados e a representá-los, organizá-los e analisá-los tendo em vista a construção e a fundamentação de linhas de raciocínio e de argumentação (REIS, 2008, p. 16).
De igual modo, Munford, Franco e Teles (2020) esclarecem que o uso da argumentação por si só não é suficiente para a atividade científica com crianças. Aliado à argumentação, segundo os autores, deve-se inserir o uso de evidências para sustentar respostas. Como exemplo, citam a aula da professora Karina sobre adaptação biológica, em que ela, para aguçar respostas das crianças do 3º ano, com base em argumentos com evidências, solicita aos estudantes que pensem em alguma pista que os ajudasse a descobrir se uma lagarta estava ou não com fome. Nesse exemplo, o que ocorre é que a professora instiga as crianças à argumentação científica por meio de investigações e da construção de explicações, com evidências, sobre o fato observado.
Nesse contexto, Munford, Franco e Teles (2020) destacam a importância, na área de Educação em Ciências, da inserção da argumentação nas aulas de Ciências, sendo central para a atividade científica a ser desenvolvida com crianças. Assim, os autores listam potencialidades da argumentação que reunimos no quadro 2:
Fazendo uma leitura global das potencialidades da argumentação, descritas por Munford, Franco e Teles (2020), como requisito importante para o Ensino de Ciências nos primeiros anos da Educação Básica, entendemos que elas dão indícios que nos permitem apontar para habilidades suscitadas pela Alfabetização Científica e Tecnológica, tais como: saber avaliar, por meio de evidências, questões relativas à Ciência e Tecnologia; ter participação social em decisões importantes; e a possibilidade de negociação frente a opiniões distintas.
Para Viecheneski e Carletto (2011, p. 2), em nossa sociedade, fortemente marcada pela presença da Ciência e da Tecnologia, almeja-se que o Ensino de Ciências, desde os primeiros anos de escolarização, contribua “para que o aluno adquira conhecimentos científicos e desenvolva capacidades de análise, interpretação, reflexão, comunicação e tomada de decisão, essenciais para o exercício de práticas responsáveis no meio social”. Ainda segundo as pesquisadoras:
No que se refere ao Ensino Fundamental, entende-se que o ensino de Ciências nos anos iniciais pode estimular o educando a elaborar e construir os seus primeiros significados sobre o mundo, ampliando seus conhecimentos, sua cultura, e sua possibilidade de compreender e participar efetivamente na sociedade em que se encontra inserido (VIECHENESKI, J. P.; CARLETTO, 2011, p. 2).
Concordando que o Ensino de Ciências contribui para a participação social de crianças dos anos iniciais, Fabri e Silveira (2013, p. 78) entendem que, ensinar Ciências nesse nível de ensino, tem como fundamento a promoção da aprendizagem de “conhecimentos que contribuam para uma melhor compreensão dos fenômenos naturais que permeiam a realidade do aluno e lhe ofereçam aporte para participar no meio em que vive de maneira crítica e reflexiva […]”.
De forma semelhante, Campos e Maciel (2020, p. 19) reiteram que:
As propostas atuais para o ensino de Ciências nos Anos Iniciais, mostram a necessidade de uma perspectiva de aprendizagem mais significativa, na qual o aluno possa participar de atividades que possibilitem o desenvolvimento de algumas habilidades essenciais, como observação, experimentação, comunicação, além de propiciar oportunidades para o debate sobre fatos e ideias.
Ainda para Campos e Maciel (2020, p. 20), as atividades propostas devem “contribuir para a formação de um sujeito autônomo e com uma visão ampla de mundo, tendo a capacidade de intervir e transformar a sua realidade, atuando como um cidadão crítico, competente e informado”. Nesse sentido, de acordo com Augusto e Amaral (2015, p. 495): “A criança de seis a dez anos, faixa etária própria das séries iniciais, apresenta uma curiosidade natural em relação aos fenômenos do mundo físico e biológico com o qual interage cotidianamente”. Entretanto, apesar disso, os autores chamam a atenção para a formação das professoras, polivalentes e generalistas, com pouca ênfase na Educação Científica.
As investigações relativas ao Ensino de Ciências nos primeiros anos do Ensino Fundamental nos permitem observar, habitualmente, que muitos autores (OVIGLI; BERTUCCI, 2009; VIECHENESKI; LORENZETTI; CARLETO, 2012; VIECHENESKI; CARLETO, 2013; AUGUSTO; AMARAL, 2015; CAMPOS; CAMPOS, 2016; MIRANDA; MOTA; LEITE, 2019) fazem referência ao que chamam de “insuficiente” formação dos professores que atuam nesse nível de ensino. Embora estejamos de acordo com os autores, entendemos que há a necessidade de superação dessas questões formativas no sentido de não ressaltá-las, mas situá-las em seu devido lugar de enfrentamento, o que pode ocorrer por meio de cursos de formação continuada, no exercício da docência ou, ainda, de forma a garantir políticas públicas mais eficazes.
Ward e Roden (2010, p.35) destacam a relevância do que chamam habilidades processuais individuais simples das crianças. Segundo as autoras, no Ensino de Ciências com crianças, “as habilidades mais simples envolvem observar, classificar, questionar e levantar hipóteses, mas não são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades mais avançadas, como planejar, prever e interpretar dados”. Embora concordemos com parte do afirmado pelas autoras, fundamentados em nossa prática docente com alunos de anos iniciais, estamos certos de que as habilidades mais avançadas que envolvem o planejamento, a previsão e a interpretação de dados são possíveis às crianças desde que respeitadas suas capacidades e quando bem mediadas pela professora.
Ward (2010), ao tratar da investigação científica enquanto processo importante no Ensino de Ciências com crianças, afirma que elas fazem previsões que lhes permitem pensar e fazer escolhas sobre um dado fenômeno, a exemplo da opção pelas vacinas. Para isso, segundo a pesquisadora, alguns estágios da investigação científica[1] são imprescindíveis e, espontaneamente, as crianças se envolvem em todos eles.
Anterior ao processo de investigação científica, conforme proposto por Ward (2010), existe uma fase denominada pré-conceitualização científica. Viveiro e Neto (2020, p. 7-8) assim caracterizam a fase de pré-conceitualização científica:
Observar e explorar o ambiente em que se vive, os fenômenos físicos e naturais que ali ocorrem, os fenômenos sociais a eles integrados e buscar estabelecer compreensões próprias da criança sobre esses fenômenos e sobres suas relações causais precisam ser colocadas em primeiro plano no ensino e aprendizagem das Ciências da Natureza nas primeiras etapas de escolarização. Costumamos denominar esse processo de pré-conceitualização científica.
Considerando a perspectiva de pré-conceitualização científica, proposta por Viveiro e Neto (2020), achamos pertinente e concordamos com Zancul (2020, p. 38-39) que, já nos anos iniciais, as atividades experimentais “devem ser propostas com o objetivo de desenvolver os aspectos da metodologia científica, propiciando uma prática investigativa na qual as respostas não sejam conhecidas de antemão, mas cujos resultados devem ser analisados e interpretados”.
Em conformidade com as perspectivas teóricas apresentadas, acreditamos que, ensinar Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contribui para que as crianças saibam fazer escolhas importantes, além de envolvê-las em discussões públicas relativas a tomadas de decisão sobre questões sociais de base científica e tecnológica, a exemplo da decisão pelo uso de vacinas. Portanto, tratar do Ensino de Ciências nos anos iniciais significa, conforme visto, pensar em atividades investigativas que promovam o pensamento, a argumentação e a comunicação das crianças, o que naturalmente contribui para a construção de uma verdadeira cultura científica. De acordo com Lorenzetti e Delizoicov (2001), o Ensino de Ciências nos anos iniciais, deve contribuir para a alfabetização científica dos alunos, temática da próxima seção.
Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT)
A partir de perspectivas semelhantes, nesta seção apresentamos sínteses das ideias de alguns estudiosos, nacionais e internacionais, que há algum tempo se dedicam a investigar a Alfabetização Científica e Tecnológica no Ensino de Ciências de modo geral, e ainda nos anos iniciais da Educação Básica.
Preliminarmente, é válido lembrar que existe uma diversidade de termos utilizados no Ensino de Ciências para designar a ACT, o que caracteriza uma falta de consenso quanto ao seu uso. Sasseron e Machado (2017) apontam pelo menos três: Alfabetização Científica, Letramento Científico e Enculturação Científica. Shamos (1995) e Roden e Ward (2010) também falam em Compreensão Pública da Ciência.
Nossa opção por Alfabetização Científica e Tecnológica fundamenta-se na proposta de Gérard Fourez (1997; 2003). Segundo o autor, para ser considerada alfabetizada científica e tecnologicamente, uma pessoa deve: ser autônoma em seus saberes, daí emerge sua capacidade de negociar suas decisões frente às pressões naturais ou sociais; dispor de uma certa capacidade de comunicação e, nesse sentido, encontrar as melhores formas para se expressar; e desfrutar de um certo domínio quando envolvida em práticas do cotidiano, sejam de cunho social, técnico, emocional, ético ou cultural. Essas características apontam para a tomada de decisão como aspecto central para tratar da ACT, sobretudo quando alusiva aos anos iniciais.
De acordo com Krupczak, Lorenzetti e Aires (2020, p. 1) é consensual que um dos objetivos do ensino de ciências é a alfabetização científica (AC), a qual é composta de três eixos: “o entendimento dos conceitos científicos, a percepção de como tais conhecimentos são construídos e a compreensão das relações entre ciência, tecnologia e sociedade”. Articulados, os eixos da AC podem contribuir para que os cidadãos adquiram conhecimentos básicos sobre o funcionamento da Ciência.
Shen (1975) reconhece que o preparo de uma refeição com valor nutricional ou a compreensão das leis da Física, podem, igualmente, caracterizar um indivíduo como alfabetizado científica e tecnologicamente. Nesse sentido, ele diferencia três formas de Alfabetização Científica: i) Prática, relativa à melhoria da qualidade de vida e que tem impacto em questões sociais, como alimentação, saúde e moradia; ii) Cívica, ocorre quando há participação efetiva do cidadão em discussões e decisões que lhes dizem respeito e que se relacionam à Ciência e à Tecnologia; iii) Cultural, motivada pelo desejo do indivíduo em saber sobre a Ciência enquanto importante conquista humana.
Para Shamos (1995, p. 77, tradução nossa), independentemente de como se decida definir a alfabetização científica, seu objetivo principal estará sempre relacionado à formação de indivíduos “para participar de forma inteligente nas questões sociais baseadas na ciência”. Com pensamento semelhante, Bybee (1995) também acredita na AC como uma das condições necessárias para a participação social. Assim, reunimos no quadro 3 as dimensões da AC propostas pelos autores.
A partir da leitura que fazemos a respeito das dimensões da AC propostas por Shamos (1995) e Bybee (1955), ousamos dizer que, para ser considerado alfabetizado cientificamente, um indivíduo precisa dominar um léxico científico sabendo interagir, de forma significativa, em contextos sociais, além de conhecer a natureza da Ciência e da Tecnologia e o papel que desempenham na sociedade.
Na defesa de um currículo que prepare os alunos para lidar com as mudanças que influenciam o bem-estar humano, Hurd (1998) cita vinte e cinco temas que contribuem para a formação de um sujeito alfabetizado científica e tecnologicamente. Dentre estes temas destacamos dois que têm relação com o que estamos defendendo neste trabalho e que podem ser aprofundados com alunos dos anos iniciais: a) Resolução de problemas da vida real, voltada à tomada de decisões, ao pensamento prático, ao saber fazer julgamentos e ao agir de forma responsável; b) Saúde pública, em que um dos fatores é relativo ao controle de pandemias. Assim, Hurd (1998, p. 410, tradução nossa) entende a AC como “uma competência cívica necessária para o pensamento racional sobre a Ciência em relação a problemas pessoais, sociais, políticos, econômicos e questões que provavelmente ocorrerão ao longo da vida”.
De acordo com Laugksch (2000), um argumento, aliado à perspectiva econômica de uma nação, sugere que níveis mais elevados de AC entre a população se traduzem em maior apoio à Ciência; dessa forma, a legitimação pública à Ciência depende de, pelo menos, um nível mínimo de conhecimento geral das pessoas sobre a atividade científica e o trabalho dos cientistas. Isto posto, entendemos que, às crianças, cidadãs em potencial e em desenvolvimento, deve ser possibilitado, minimamente, algum grau de ACT para que reconheçam o valor da Ciência e da Tecnologia e, assim, saibam resistir a informações pseudocientíficas tomando decisões fundamentadas nas utilidades da Ciência e da Tecnologia (CHASSOT, 2003).
Seguindo as argumentações de Chassot (2003, p. 97):
poderíamos pensar que a alfabetização científica signifique possibilidades de que a grande maioria da população disponha de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários para se desenvolver na vida diária, ajudar a resolver os problemas e as necessidades de saúde e sobrevivência básica, tomar consciência das complexas relações entre ciência e sociedade.
Dispor de conhecimentos científicos e tecnológicos para se desenvolver na vida cotidiana, conforme salientado pelo autor, requer participação social. Nesse contexto, Marques e Marandino (2018) defendem que a AC, além de promover apropriação de conhecimentos, também deve contribuir para a construção de uma consciência epistemológica no sentido de potencializar a participação social dos indivíduos.
Pensando na instituição escolar, Krupczak, Lorenzetti e Aires (2020, p. 2), consideram a AC um processo “especialmente estimulado na escola, levando o indivíduo a utilizar conceitos e a linguagem da ciência, para entender o mundo que o cerca, tornando-o consciente e responsável por sua forma de estar no mundo”. Assim, ao utilizarem o conhecimento científico em seu cotidiano, os indivíduos têm a possibilidade de discutir suas implicações sociais, econômicas e políticas, levando em conta que, em sociedades democráticas, o nível de AC dos cidadãos é determinante para as decisões de políticas concernentes à Ciência e à Tecnologia (Lorenzetti, 2020).
Para Lorenzetti e Delizoicov (2001), a AC, nos anos iniciais, deve se constituir em meio importante para que os alunos possam ler o mundo e seu universo. Chassot (2003a) também compartilha a ideia da AC como uma miríade de conhecimentos que facilitam ler o mundo. Nessa direção, Lorenzetti e Delizoicov (2001) propõem algumas atividades possíveis de serem desenvolvidas com crianças: uso sistemático da literatura infantil, da música e do teatro, de vídeos educativos, artigos e seções da revista Ciência Hoje das Crianças, visitas a museus, zoológicos, indústrias, estações de tratamento de água, feiras de Ciências, uso do computador e da internet. Entendemos, com base nas proposições de Lorenzetti e Delizoicov (2001), que essas atividades, organizadas com intencionalidade, promovem ACT propiciando, como aponta Auler (2003, p. 2), “uma leitura crítica do mundo contemporâneo, cuja dinâmica está crescentemente relacionada ao desenvolvimento científico-tecnológico, potencializando para uma ação no sentido de sua transformação”.
Por fim, de acordo com Krupczak, Lorenzetti e Aires (2020, p. 17), a AC ocorre na prática quando o ensino de ciências contribui para a formação de “cidadãos que conseguem compreender os conceitos científicos, seu processo de construção e os valores envolvidos para a tomada de decisão, estando conscientes das limitações e consequências de suas escolhas”.
Resultados e discussões: análise do livro infantil Vacinas
Nesta seção analisamos o livro infantil Vacinas, elaborado e desenvolvido pelo grupo de extensão MT Ciência[2], da Universidade Federal de Mato Grosso, que tem como missão popularizar a Ciência estreitando os laços entre a Universidade pública e a sociedade brasileira. Parte da Série Pequenos Cientistas, a obra é voltada ao público infantil e objetiva explicar os aspectos e a importância das vacinas, desde a relação com o sistema imunológico humano até o processo de desenvolvimento e testes. Elegemos o livro por acreditarmos em sua potencialidade no tocante à promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica de crianças dos anos iniciais.
Gisele Bomfim, uma das autoras da obra, em entrevista ao PNB on line[3], um site de notícias e mídia de Mato Grosso, assim se expressa quanto aos objetivos do texto:
Neste material a proposta foi apresentar às crianças o que está por trás dessas picadas que elas tanto temem e por que, cientificamente, elas precisam se vacinar. Além disso, compreender que a vacina, como um elemento de saúde pública, faz parte de uma conscientização de convivência social de grande relevância para evitar ou amenizar episódios como o que estamos vivendo com a Covid-19”.
Na seção Para Pais e Professores, os autores indicam que, ao discutir a imagem da capa, pais e professores questionem as crianças sobre a percepção delas quanto ao que veem e as incentivem a refletir além do texto. Para isso, exemplificam com a pergunta: “Os adultos também precisam tomar vacinas?” (BOMFIM et al., 2021, s/p). Esse momento inicial, quando bem explorado, contribui para a construção, por parte das crianças, de questões subjetivas a respeito da temática abordada e dão indícios para que decisões sejam assumidas. A figura 1 reproduz a imagem da capa do livro:
O entendimento de conceitos científicos, um dos três eixos da alfabetização científica, citados por Krupczak, Lorenzetti e Aires (2020), é um dos objetivos trabalhados pelos autores do livro, o que é percebido quando tratam de temas como imunidade natural e adquirida, anticorpos, memória imunológica, mutações e fases e desenvolvimento das vacinas.
Após uma explicação introdutória sobre a vacina como “uma descoberta da ciência que nos protege de algumas doenças causadas por microrganismos” (BOMFIM et al, 2021, p. 1), os autores, por meio de comparações, metáforas, relações com o cotidiano das crianças e linguagem apropriada, passam a explicitar aspectos e a importância das vacinas, com especial atenção à atual pandemia de Covid-19. Concentramos nossa atenção em momentos do livro em que notamos a presença dos elementos citados quando estes se referem à formação de sujeitos alfabetizados científica e tecnologicamente.
Na figura 2, por exemplo, Bomfim et al. (2021), usando linguagem de fácil compreensão pelo público infantil, destacam a legitimidade do trabalho dos cientistas na produção de vacinas, além de ressaltarem a composição do imunizante. Por conseguinte, Laugksch (2000) considera que, para ser alfabetizado cientificamente, algum conhecimento sobre a atividade científica e o trabalho dos cientistas deve ser possibilitado aos indivíduos, o que garante maior aprovação à Ciência.
Por intermédio do conhecimento do cotidiano das crianças – pessoas que servem às forças armadas – nas figuras 3 a 5 percebemos o uso da metáfora para tratar do conhecimento científico sobre dois tipos de imunidade, a natural e a adquirida, e, ainda, de conceitos a ela relacionados, como células de defesa e moléculas. Também são oportunizadas compreensões a respeito do que são anticorpos e como funciona a memória imunológica. Além de facilitar a comunicação, essa metáfora mostra a potencialidade da Alfabetização Científica e Tecnológica quando relacionada aos cuidados com a saúde pública.
Mediante o recurso da comparação, nas figuras 6 e 7 podemos perceber a presença das evidências científicas como estratégia marcante para o desenvolvimento da Alfabetização Científica e Tecnológica das crianças, conforme proposto por Munford, Franco e Teles (2020).Bomfim et al. (2021) não usam a expressão “evidência científica”, mas enquanto pesquisadores que somos, sabemos que é a esse aspecto que se reportam ao tratar: das mutações dos microrganismos comparando-os a disfarces que eles usam para enganar os soldados (as células de defesa de nosso organismo); e da importância da vacinação ao comparar as vacinas a escudos que nosso corpo utiliza como estratégia para se proteger dos microrganismos que nos causam mal.
Novamente, por meio da comparação, mas dessa vez com um jogo de vídeo game, na figura 8Bomfim et al. (2021) mostram as fases de desenvolvimento científico das vacinas. Para as crianças, a ludicidade é um aspecto muito importante no dia a dia. Por isso, comparar as fases de um jogo com as fases para o desenvolvimento de um imunizante é significativo e, de acordo com a perspectiva de Alfabetização Científica de Krupczak, Lorenzetti e Aires (2020), permite que as crianças utilizem os conceitos e a linguagem da Ciência, apresentados na figura, para entender o mundo que as cercam (no caso, o processo de produção de vacinas). Além disso, uma vez conhecedoras da segurança e eficácia das vacinas, as crianças podem informar e argumentar no sentido de contribuírem para tomadas de decisão quanto ao uso do imunizante por adultos que, porventura, não tenham as devidas informações.
De modo geral, julgamos que a obra analisada cumpre com os três critérios apontados por Fourez (1997) para considerar um cidadão alfabetizado científica e tecnologicamente: i) autonomia, possibilitada mediante a negociação de decisões em virtude do conhecimento científico a respeito das vacinas e das temáticas do Ensino de Ciências a elas relacionadas; ii) capacidade de comunicação, assegurada por meio das relações sociais estabelecidas pelas crianças e com as quais deverão contribuir fazendo circular o conhecimento aprendido; iii) domínio do meio, que pode ocorrer mediante a participação social das crianças em contextos nos quais elas precisam argumentar de forma coerente com base em algum conhecimento científico.
Considerando que a Alfabetização Científica e Tecnológica proporciona aos cidadãos lerem o mundo em que vivem com perspectivas de transformá-lo para melhor (CHASSOT, 2003a), podemos dizer que o livro Vacinas garante possibilidades para tomadas de decisão pelas crianças motivando-as à participação social em situações em que optar por se vacinar seja uma questão de salvar vidas, mas também para proteger a saúde de todos e evitar a circulação de notícias falsas.
Considerações finais
Ao longo das reflexões realizadas, nosso objetivo foi entender como o livro infantil Vacinas pode vir a promover a Alfabetização Científica e Tecnológica de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Considerando que a obra faz parte do Ensino de Ciências, apresentamos o que alguns autores têm discutido sobre esse ensino localizando-o nos anos iniciais da Educação Básica. Também acentuamos o que outros pesquisadores têm discutido a respeito da Alfabetização Científica e Tecnológica como principal objetivo do Ensino de Ciências.
À luz do referencial teórico que assumimos, reconhecemos que a obra traz importantes contribuições para o Ensino de Ciências com crianças, especialmente por envolver a ACT como conceito norteador. De acordo com a professora Roberta Martins Nogueira, vice-coordenadora do projeto e também uma das autoras do texto, em entrevista ao PNB on line, “o livro é uma produção que vai além da alfabetização científica das crianças, atuando também como uma importante ferramenta de transformação social”. Aqui, apenas chamamos a atenção para a transformação social não como algo além da ACT, mas como um processo que lhe é inerente.
Para a área de Formação de Professores o livro se constitui em uma proposta de ensino atual e que contribui para a prática pedagógica docente no sentido de auxiliar no processo de ensino, sendo um, dentre vários disponíveis, recurso material à disposição do professor. Como mencionamos na seção sobre o Ensino de Ciências nos anos iniciais, a questão da formação do professor que ensina Ciências nesse nível de escolaridade é temática que tem sido objeto de investigação por muitos pesquisadores por entenderem a relevância dessa formação para o exercício da docência.
Em tempos de pandemia de Covid-19 o livro é bem recebido por traduzir para a linguagem das crianças conceitos científicos muitas vezes de difícil compreensão, inclusive para muitos de nós, adultos. Assim, acreditamos em sua potencialidade para a formação de sujeitos alfabetizados científica e tecnologicamente que saibam tomar decisões responsáveis para o bem-estar individual e da coletividade com base em evidências científicas e na argumentação fundamentada.
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Notas
Ligação alternative
https://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/rencima/article/view/2951/1565 (pdf)