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EDITORIAL
Caminhos da História, vol.. 26, núm. 2, 2021
Universidade Estadual de Montes Claros

Editorial

Caminhos da História
Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil
ISSN: 1517-3771
ISSN-e: 2317-0875
Periodicidade: Semestral
vol. 26, núm. 2, 2021


Este trabalho está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-Não Derivada 4.0 Internacional.

Caras(os) leitoras(es),

Há cerca de um ano e meio, a crise da pandemia do coronavírus assola o planeta. Não bastasse o colapso sanitário mundial por si só, no que se refere ao âmbito nacional, ainda enfrentamos uma crise política, à qual tem sido necessário sobreviver diante de um Governo Federal que priorizou a economia, interesses privados e pessoais à saúde da população no combate ao surto da COVID-19. Tal constatação advém de documentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, processo que acompanhamos como um dos poucos bastiões de resistência, em nível institucional, aos conflitos e tensões que afligem um Brasil em coma político e sanitário. Como exemplo, tomemos um extenso relatório do Ministério das Comunicações que mostra que a campanha publicitária sobre a vacinação só ganhou força após a investigação iniciada pelo Senado Federal. Até então, éramos submetidos a postagens que mostravam um aberto apoio à Cloroquina e ao tal propalado “Kit Covid”. Para completar o quadro de desfalecimento brasileiro, simultaneamente, assistimos, atônitos, à ocorrência de um megaevento futebolístico internacional (Copa América 2021) no país. Em decorrência disso, uma intensa pressão política recaiu sobre o atual comandante da seleção brasileira de futebol, cuja continuação no cargo foi posta em dúvida em um momento em que foi alvo de intensa campanha contrária de apoiadores do Governo Federal. Na sequência dos fatos de coação ao qual foi submetido, o treinador acabou continuando no cargo e os jogadores brasileiros decidiram participar do torneio. Tal posição, perante o macabro número de 518.000 mortos notificados pela COVID-19, afasta-nos, cada vez mais, de um orgulho nacional que nem mesmo a camisa “canarinho” consegue sustentar.

Em meio a uma quarentena que já dura mais de um ano, a pandemia leva famílias para as ruas, em especial das capitais do país, acelerando uma transformação no perfil da população sem-teto no Brasil. Com um desigual crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), as/os mais vulneráveis são abandonados à própria sorte, sendo atingidas/os pela elevação do desemprego. Desta forma, tem aumentado a presença de casais, mulheres sozinhas e até mesmo de crianças nas ruas. Acirram-se, assim, as contradições de nosso Brasil: nas cidades e estados mais ricos, mais pessoas passam a habitar as calçadas. Temos, aí, cenas da acentuação de uma crise que, além de política e sanitária, também é social e econômica. Acerca do acréscimo desse contingente populacional nas ruas, aparente aos olhos de quem caminha pelas grandes cidades brasileiras, Juliana Reimberg, mestranda em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP), explica, em reportagem publicada pelo jornal espanhol El país, no dia 02 de junho de 2021: “É muito grande a chance de registrarem mais de 30.000 pessoas. A pandemia acentuou, mas mesmo sem ela essa população já vinha aumentando”, alerta a pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM-USP) e especialista em políticas públicas voltadas para a população nas ruas.

Assim, imersos na pandemia de COVID-19, no intuito de trazer maior alicerce histórico, social e político acerca de cruzamentos, intersecções e desafios para uma história da saúde e do tempo presente, nesta edição, a Caminhos da História traz o dossiê História e Saúde: as interfaces entre a ação pública, as iniciativas da sociedade civil e as inovações tecnológicas, organizado por Vanessa Lana (UFV) e Luiz Antônio Teixeira (PPGHCS/COC/Fiocruz). O dossiê, que será explanado de forma mais detida no seu artigo de apresentação, agrupa sete artigos que oferecem um rico cenário sobre interconexões envolvendo a atuação pública, ações da sociedade civil e mudanças tecnológicas. Nesse relevante grupo de pesquisadoras/es, encontram-se Keila Auxiliadora Carvalho, Ramon Feliphe Souza, Carlos Henrique Assunção Paiva, Thaislayne Nunes de Oliveira e Mônica de Castro Maia Senna, Luiz Alves Araújo Neto, Thayane Lopes Oliveira e Danielle Souza Fialho da Silva.

O periódico Caminhos da História, como de costume, apresenta a sua seção para artigos de temáticas livres e que discorrem a respeito de temáticas condizentes à História. Em função do acréscimo da submissão e artigos que temos recebido no último ano, a Comissão Editorial decidiu expandir esta seção. Nosso alvo é seguir crescendo, de forma adequada, e acatando, em uma configuração o mais ética possível, a crescente demanda por publicações determinada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). De tal modo, a seção Artigos Livres conta, atualmente, com cinco artigos. O primeiro deles, intitulado “Entre a cruz e a coroa, o trono e o altar, a fé e o império”: o padroado real e a colonização brasileira a partir das minas do Serro do Frio e Vila do Príncipe, Minas Gerais, 1702-1721, é de autoria de Danilo Arnaldo Briskievicz. O texto analisa documentos do cotidiano relativos aos dois regulamentos essenciais ao sistema do padroado real brasileiro do século XVIII, um deles o processo de habilitação sacerdotal. O autor tece reflexões em torno da colonização das Minas Gerais com os ordenamentos da Coroa portuguesa. No artigo seguinte, A lança de Aquiles e opinião pública nos jornais do Rio de Janeiro (1875-1889), George Vidipó investiga como o termo “opinião pública” era empregado em tais diários no último quartel do século XIX. Na sequência, no artigo Deficiência, educação e trabalho na I Conferência Nacional de Educação (1927), Audrei Rodrigo da Conceição Pizolati examina a questão da educação e da deficiência correlacionadas ao mundo do trabalho nos anos 1920 e seus reflexos na atualidade.

O quarto artigo publicado, Intelectuais paranaenses e a construção do pensamento social no Paraná, é de Letícia Leal de Almeida. A partir de autores como Altiva Pilatti Balhana, Bento Munhoz da Rocha Netto, Brasil Pinheiro Machado e Cecília Westphalen, Letícia analisa, neste texto, o desenvolvimento do Pensamento Social no estado do Paraná. Já o quinto e último artigo desta seção, Pesquisador ou Professor: o conflito identitário do historiador, de Ricardo de Aguiar Pacheco, é oriundo da reflexão sugerida pelo Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), acerca do tema da identidade social e da memória coletiva para o/a historiador/a.

Na seção Resenhas, por sua vez, a qual encerra a atual edição, contamos com a resenha de Nabylla Fiori de Lima, a respeito da nova edição do livro Civilização, tronco de escravos, de Maria Lacerda de Moura, e organizado por Patrícia Lessa e Cláudia Maia, publicado em 2020 pela Editora Entremares. Lima, responsável pela resenha, demonstra como esse livro apresenta-se enquanto uma obra de ampla importância para as reflexões contemporâneas, e apresenta a sua relevância reforçada por meio das considerações de Patrícia Lessa, Cláudia Maia e Diva do Couto Gontijo Muniz. A contemporaneidade das reflexões de Maria Lacerda de Moura pode agitar as ações atuais em busca de liberdade.

Por fim, mas não menos importante, gostaríamos de realçar a imagem da nossa capa desta edição, selecionada pelxs organizadorxs do dossiê. Ela retrata Marie Skłodowska-Curie (mais conhecida simplesmente por Marie Curie), uma física e química polonesa - naturalizada francesa -, que viveu entre 1897 e 1934, e conduziu análises e pesquisas pioneiras acerca da radioatividade e que tanto contribuíram para o avanço do conhecimento acerca da saúde humana.

Desejamos que tenham uma agradável leitura e que consigamos continuar determinados na labuta para reprimir a celeridade da pandemia!

Editora-chefe, Ester Liberato Pereira, Editor Adjunto, Rafael Dias de Castro, e Comissão Editorial.

Autor notes

1 Editora-Chefe
2 Editor Adjunto


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