Artigos
Recepção: 01 Julho 2021
Aprovação: 15 Julho 2021
Resumo: Este artigo é resultado de parte do esforço da equipe do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem da UFVJM ao trabalhar em conjunto com a comunidade local (e regional) onde atua, para além da Extensão ou Extroversão, mas de maneira colaborativa entendendo a comunidade como coprodutora de conhecimentos. Nessa perspectiva, partimos do conceito de Paisagem para a compreensão das vivências e experiências das pessoas em Felício dos Santos e suas relações com os bens arqueológicos com os quais convivem cotidianamente e organizam narrativas sobre origens, sentidos e possibilidades de vida. Iniciamos a discussão com a apresentação das características fisiográficas e dos dados arqueológicos obtidos pelas investigações, para em seguida discutirmos as narrativas locais que envolvem essa multiplicidade de saberes, tanto na materialidade quanto na imaterialidade. O objetivo é sublinhar o quanto os bens arqueológicos e os marcos da paisagem estão e são presentes na vida das pessoas de modo muito intrínseco, desde questões básicas de subsistências a reflexões sobre o cosmos. Nossa preocupação esteve pautada na diversidade cultural no Vale do Jequitinhonha e no comprometimento ético e político-social da UFVJM. Por fim, concluímos esse texto pela defesa do patrimônio cultural regional e das pessoas, essas responsáveis pela preservação das vidas no Alto Vale do Araçuaí.
Palavras-chave: Serra do Espinhaço Meridional, Arqueologia, Comunidades, Paisagem, Alto Vale do Araçuaí, Felício dos Santos, MG.
Abstract: This paper presents the results of part of the efforts of the team at the UFVJM's Laboratory of Archeology and Landscape Study to working closely with the communities of the Felício dos Santos, Minas Gerais state, Brazil. It's a action beyond Extension or Extroversion, but in a collaborative way, we have understanding the communities as co-producers of knowledge. From this perspective, we have used the concept of Landscape to understand the experiences of communities in Felício dos Santos and their relationships with the archaeological record with which they live daily and they organize narratives about origins, meanings, cultural heritage and possibilities of life. We started the discussion with the presentation of the physiographic characteristics and the archaeological data obtained by the investigations, to then argue about the local narratives that involve this multiplicity of knowledge, both in materiality and in immateriality. The aim is to underline how many archaeological sets and landscape landmarks are present in communities’ lives in a very intrinsic way, from basic subsistence issues to reflections on the cosmos. Our attention was based on the cultural diversity of Jequitinhonha Valley and on the ethical and political-social engagement of the UFVJM. Finally, we conclude this text for the defense of the regional cultural heritage and of the communities which are responsible for the preservation of multiplicity of existences in the Alto Araçuaí Valley.
Keywords: Southern Espinhaço Mountain Range, Archaeology, Communities, Landscape, High Araçuaí Valley, Felício dos Santos – MG.
1. Introdução
Este artigo apresenta um pouco sobre a pluralidade de existências e vivências estabelecidas ao longo do tempo no atual município de Felício dos Santos, Minas Gerais. Pretendemos refletir acerca das relações compartilhadas pelos múltiplos viventes e seus ambientes, bem como das narrativas que se constituíram sobre os vestígios arqueológicos e demais entes, que compõem e habitam o lugar. Para tanto, temos considerado o conceito de paisagem aplicado aos estudos arqueológicos como o alicerce teórico de nossas prerrogativas (Fagundes et al., 2021).
Em especial, iremos discutir as presentificações e narrativas estabelecidas pelos viventes atuais sobre seus lugares e antepassados. Nosso intuito fundamenta-se no entendimento de como lugares são significados e ressignificados e, dessa forma, permitem a composição de lugaridades (Pádua, 2013), i-materialidades e, consequentemente, da paisagem (enquanto conceito) (Fagundes, 2021).
A paisagem é uma produção e expressão humana composta de múltiplas camadas de significados, em que produtores e/ou detentores dos signos que a compõem são capazes de identificar experiências, ideias e materializações dispostas em sua constituição. Neste sentido que entendemos a paisagem como uma narrativa, que pode ser lida e interpretada, bem como renovada ao longo do tempo. A paisagem sintetiza materializações e concepções de como se opera a vida (Fagundes et al., 2021, p. 80).
Por meio da análise das características geoambientais (das serras, matas e rios) e dos vestígios arqueológicos (principalmente a arte rupestre), estabelecemos a hipótese de ser possível a interpretação da imbricada teia de construções que envolvem as inter-relações entre viventes e ambientes. Desse modo, junto a conversas com a comunidade local, a análise arqueológica tem contribuído para com a compreensão de como a fisiografia regional coopera construções simbólicas, múltiplas existências, narrativas (em reafirmação ou contradição) e, consequentemente, reciprocidades (Macedo, 2017; Fagundes et al., 2021; Fagundes, 2021).
Em linhas gerais, apresentaremos o município de Felício dos Santos, suas características geoambientais e um apanhado geral dos dados arqueológicos para a área, a exemplo do repertório cultural evidenciado e das cronologias obtidas até então (Fagundes, 2019; Fagundes et al., 2020). Depois, tomam enfoque as narrativas sobre os bens arqueológicos, algumas do século XX e outras da contemporaneidade, sobre as quais se decorrem as principais considerações ao final deste artigo.
2. O município de Felício dos Santos, Minas Gerais
O município de Felício dos Santos está localizado no Alto Vale do Jequitinhonha, próximo à cidade de Diamantina, MG, distante 75 km a nordeste. O acesso se dá pela BR 367 (direção norte), seguindo pelas MG-214 e MG-317. Na porção leste da Serra do Espinhaço Meridional (doravante SdEM), com muitos afloramentos de quartzitos, em seu atual território encontra a maioria dos sítios arqueológicos de arte rupestre estudada pela equipe de Arqueologia da UFVJM (Figura 1).
A geomorfologia regional é marcada pela presença de muitas serras caracterizadas por Knegt (2015) como parte dos mares de morro em meia laranja típicos de Minas Gerais. Trata-se de área bem irrigada, com muitas nascentes e, em função da presença de vários contrafortes (a exemplo da Serra da Bocaina, Pedra Menina, Serra do Gavião, entre outras), está justamente na área de divisão entre duas importantes bacias federais: rio Jequitinhonha (a oeste) e rio Doce (a oeste). Não obstante, a característica principal são as nascentes do rio Araçuaí, muitas delas em turfeiras. O rio Araçuaí é um importante afluente da margem direita do Jequitinhonha e um marco sociogeográfico dos usos e ocupações da área (Fagundes et al., 2020).
Do ponto de vista geológico, Felício dos Santos está inserido no Supergrupo Espinhaço, localmente constituído pelas formações: Batólito Itanguá (centro-norte); Formação Capelinha (leste-sudeste) e Formação Sopa Brumadinho (sudoeste). Somando-se à diversidade de solos locais, apresenta diferentes tipos de fitofisionomias de cerrado, além de manchas de áreas de Floresta Estacional Semidecidual, sendo caracterizada como um ecótono (Bispo et al., 2016;Fagundes et al., 2020).
3. Uma síntese das ocupações humanas da área
Atualmente o conhecimento produzido pelas pesquisas arqueológicas atestam que essa porção da Serra do Espinhaço Meridional, que abrange o Planalto Diamantinense e nossa área de investigação, foi ocupada há pelo menos 10 mil anos (Isnardis, 2009). Tal fato se comprova pela existência de vestígios materiais evidenciados em abrigos distribuídos por toda essa região.
Com grande potencial arqueológico, a área é ainda muito pouco conhecida e seu destaque não é pela antiguidade das ocupações dos sítios. Recentes escavações de quatro abrigos obtiveram datas do Holoceno Médio, um período que a literatura tem apresentado ausência desse tipo de estabelecimento, o que possibilita muitas reflexões. Na área denominada de Serra Negra, Felício dos Santos tem 43 sítios arqueológicos conhecidos, sendo que as datas mais antigas estão em torno de 7 mil anos, obtidas na escavação do sítio Cabeça 4, localizado na comunidade de Cabeças (Araújo, 2014; Bueno e Isnardis, 2018; Fagundes, 2019) (Figura 2) (Quadro 1).
Entre os vestígios arqueológicos ganham destaque os painéis de arte rupestre, conhecidos e ressignificados pelas comunidades regionais. Os grafismos rupestres dos abrigos em Felício dos Santos são em maioria pinturas monocromáticas vermelhas, porém as tintas amarela, branca e preta também ocorrem (Figura 3). Acerca das técnicas de elaboração, verificou-se o uso de dedos, pinceis e o crayon que utiliza pequenos nódulos de minerais como lápis (Greco, 2019;Fagundes et al., 2021).
A temática desses grafismos é diversa, mas sua maioria delimita antropomorfos e zoomorfos. Sobreposições de cervideoformes e pares de pisciformes são uma das marcas recorrentes ao que foi definido para a Tradição Planalto (Prous, 2019). As intensas sobreposições marcam muitos dos sítios, principalmente aqueles em área de Floresta Estacional Semidecidual, como exemplo, os abrigos Indaiá, Sampaio e Cabeças. Por vezes, estes casos podem ser discutidos enquanto justaposições, como que se tratasse de um encaixe de formas (Greco, 2019).
Porém, essa interpretação é dificultada pela ação do tempo. Intempéries de vários tipos são responsáveis pelo apagamento completo e parcial de muitos desses painéis e, nesse caso, cumpre uma análise ainda mais minuciosa. Ainda assim, mesmo sob outra perspectiva, é importante ressaltar o apoio das comunidades regionais que têm intimidade com os painéis rupestres e identificam muitas questões trazidas em diálogos com a equipe de Arqueologia por várias razões complexas: desde a visibilidade na paisagem ao reconhecimento de histórias dos seus cotidianos nesses sítios arqueológicos.
Já os estudos dos conjuntos líticos (das ferramentas feitas a partir de minerais e rochas) apontam para duas cadeias operatórias distintas: (i) uma relacionada ao Holoceno Médio, onde o quartzo anédrico é a matéria-prima dominante, em que o processo de debitagem é realizado pela técnica unipolar, na sua maioria, mas com alguns vestígios bipolares; (ii) uma mais recente associada às ocupações mais recentes, do Holoceno Superior, também com predomínio do uso do quartzo anédrico (Fagundes, 2019;2021).
Em síntese, o município de Felício dos Santos fora ocupado ininterruptamente a partir do Holoceno Médio. Após o contato com os colonizadores europeus, entre os séculos XVII e XVIII, a área tornou-se ponto estratégico de pouso de comerciantes tropeiros envolvidos com o abastecimento da atividade minerária corrente no Arraial do Tejuco (Diamantina). A partir do século XIX permaneceram naquele local alguns descendentes de tropeiros, garimpeiros, fazendeiros e comerciantes que, em meados de 1950, iniciaram o processo de emancipação do lugarejo chamado Grota Grande. Atualmente, Felício é habitado majoritariamente por pequenos núcleos familiares de proprietários de terras que se aglomeraram, mormente, nas comunidades rurais; na cidade a maioria das famílias é constituída por comerciantes, funcionários públicos e aposentados (Bispo Jr., 2020) (Figura 4).
4. Os bens arqueológicos entre narrativas
A população do município, estimada em pouco mais de cinco mil habitantes (IBGE, 2010), ainda conserva muitas de suas tradições relacionadas ao período colonial. Manifestações religiosas, como a Folia de Reis, celebrações da Semana Santa, Marujada, Pouso do Divino, assim como outros modos de fazer tradicionais de atividades socioprodutivas relacionadas à lavoura e pecuária, coletas de espécies vegetais, etc. (Bispo Jr., 2020).
Creditava-se que a memória das ocupações originárias (indígenas) no Vale do Jequitinhonha havia desaparecido frente à violenta conquista europeia. Isso se acentua, principalmente, ao se tratar da porção do Alto Vale, a partir da exploração de diamantes e metais preciosos e do estabelecimento do Distrito Diamantino (Furtado, 1996). A carência de fontes documentais ainda mantém uma grande lacuna sobre o contato entre não-indígenas e indígenas desse grande território (Souza, 2003; Ruellas,2015).
De qualquer maneira, as pesquisas arqueológicas indicam uma ocupação indígena para a área entre os séculos XVII e XVIII (Fagundes, 2019). O que confirma o contato. Portanto, partimos da prerrogativa que esse “desaparecimento” se tratou de uma ação ideológico-política, que englobou não apenas a eliminação física das existências e corpos indígenas, mas a tentativa de supressão da própria memória, identidade e alteridade desses povos.
Como já exposto, o que se sabe é que esses povos originários habitaram o Vale do Jequitinhonha desde mais de dez mil anos AP (Isnardis, 2009). No caso da área de estudo, datações mais recentes indicam a possibilidade dessa realidade em Felício dos Santos, no entanto é certo que esses indígenas já se estabeleciam na localidade há mais de 7 mil anos AP, compondo lugares e permanecendo paisagens que são hoje nosso foco de investigação (Fagundes, 2019;2021).
Existem fontes secundárias que atestam a identificação da presença de vestígios arqueológicos na região, como, por exemplo, o relato de Auguste Saint-Hilaire (2004) sobre um abrigo com arte rupestre em sua viagem entre Diamantina e o distrito de Mendanha (26 km ao nordeste da sede municipal).
José Xavier da Veiga também fez um registro em sua obra Efemérides mineira, escrita ao final do século XIX (1998). Cumpre trazer na própria letra do autor o trecho a seguir:
(...) O outro desenho que vi foi além do rio lnhácica, ao lado da picada agora aberta entre as cidades de Diamantina e do Bonfim, numa várzea representava um veado. Tive informações de existirem desenhos nos seguintes lugares. Perto do Itambé da Mata, nos Milagres, um índio em ponto grande; a 4 léguas e a 1 légua da cidade da Conceição, um veado e índios; a 6 léguas da cidade do Serro, uma pedra pintada; no Gouveia, a 4 léguas de Diamantina e na Begonha (Vertentes da Chapada), indo pelo Rio Pardo abaixo; nos Cachimbos, perto do arraial de Datas (a 5 léguas de Diamantina); a meia légua do lugar conhecido por Quebra-pé, numa serra; na serra do Veado e no Chico Pinto (ou córrego do Mulato), onde há um índio em grandes proporções, tudo perto do arraial do Inhaí; no arraial de São João da Chapada, a 3 léguas do lugar conhecido por Pinheiro; a 3 léguas do Morro do Chapéu, no caminho para São João da Chapada (nos campos de São Domingos). No Riacho Fundo (fazenda da Cachoeira), entre os arraiais de Congonhas do Norte e Taquaruçu, constou-me existir não só uma pedra coberta de figuras de pássaros e animais a várias cores, como também vestígios de habitações em uma gruta ou caverna. No lugar Pinheiro (a 4 léguas de Diamantina), em terras do Sr. Tomás, existe uma gruta com pedras dispostas para leitos, uma série de pedras como trempes para cozinhar etc. Aí têm aparecido grande número de vasos funerários (igaçabas) e aí está situada a fábrica de artefatos de argila. De caminho, e já que falei em igaçaba, permita-se-me externar a minha opinião sobre os motivos do seu emprego: no meu entender, o uso da igaçaba era devido somente à necessidade de evitar que os tatus devorassem o cadáver, e não como li algures pela crença da ressureição. Segundo as informações, esses desenhos são sempre feitos em pedras lisas, situadas em pontos culminantes - visíveis, pelo menos - do terreno adjacente, quando não o são de bastante longe. Para um estudo profícuo seria necessário uma máquina fotográfica tomar as dimensões dos desenhos, notar a orientação e composição das pedras etc. Só assim se resolveria o problema de saber se os desenhos eram ou não executados por uma classe determinada, se teriam alguma relação hierática etc. Os machados de pedra são abundantes na região, mas infelizmente sofrem uma guerra desapiedada. Para o povo ignorante, o machado de pedra é o corisco que cai, enterra-se 7 braças pela terra dentro, aparece à flor no fim de 7 anos e, elevando-se, toma a cair sob a forma de raio. De sorte que, onde o encontram, atiram-no logo no córrego ou rio mais próximo (Veiga, 1998, p. 530-531). [grifos nossos].
O texto de Veiga, como discutido em outro trabalho (Fagundes, 2015), é um importante documento para arqueólogos. Inicialmente o jornalista nos indica que já no século XIX se havia conhecimento das pinturas rupestres e, principalmente, as associavam às ocupações indígenas na região. Quando diz que “segundo informações”, apesar de que não seja explícito de suas fontes, podemos inferir que se tratava das comunidades e seus guias que, além de expor ideias sobre o que é e o porquê dos painéis rupestres, há 200 anos associavam lugares e as ocupações originárias.
Assim, apesar da carência de fontes historiográficas, muito em razão da complexidade envolta da preservação e divulgação de acervos regionais (Souza, 2003), certo é que há uma sucessão de narrativas em diferentes fontes sobre as ocupações originárias do Vale do Jequitinhonha.
5. Vivências contemporâneas com os bens arqueológicos
Entre as comunidades atuais de Felício dos Santos (Macedo, 2017; Fagundes, 2019;2021; Bispo Jr., 2020), essa presença dos povos originários se faz valer pelos vestígios materiais dessas existências. Com seus modos de vida intimamente relacionados ao ambiente, comunidades identificam, relacionam-se e estabelecem narrativas sobre os incontáveis sítios com painéis rupestres espalhados pelos paredões de quartzito das serras do Espinhaço Meridional, e outras materialidades (a exemplo de lâminas de machado polidas, popularmente conhecidas por coriscos ou pedra de raio) (Fagundes et al., 2021).
Portanto, a memória indígena permanece em diferentes sínteses e narrativas, e esse é um fato que não pode ser negado pela Arqueologia e, muito menos, visto como fantasioso. São histórias que compõem o modo de vida do presente, suas vivências e experiências com o lugar.
A partir dessa perspectiva, nossas pesquisas têm indicado que essa memória não foi apagada, ao contrário, ela se faz vívida em experiências e narrativas das comunidades locais, por meio de ressignificações, presentificações e inter-relações que envolvem afetos, ancestralidades e heranças que compõem as múltiplas existências em Felício dos Santos, bem como em toda Serra Negra (Macedo, 2017; Fagundes, 2019;2021; Bispo Jr., 2020). Sabemos que essas narrativas foram potencializadas com a presença da pesquisa arqueológica na região (e é uma característica importante para nossas interpretações), mas certo é que sempre existiram a sua maneira (Fagundes, 2021).
Nossa intenção é, portanto, por meio do conceitos de paisagem, nos debruçarmos sobre o entendimento de como pessoas têm ressignificado i-materialidades decorrentes dessas múltiplas existências e vivências, sobretudo a partir das relações que mantêm entre si mesmas e com os outros: diferentes viventes, vestígios arqueológicos e os seus ambientes.
Partimos do pressuposto que patrimônio arqueológico é parte das múltiplas vivências de um território e, dessa forma, está presente nas narrativas estabelecidas por seus moradores (Macedo, 2017; Greco, 2019; Fagundes, 2021). Os processos de ressignificação são legítimos e cooperaram para nosso entendimento das relações que pessoas mantêm consigo mesmas, com outros viventes e seus meios; e mais que isso, permite que possamos entender histórias e vidas, independente de nossa visão ocidentalizada de conhecimento.
Além disso, como destacado por Fagundes (2021), as comunidades estabelecem autoridade sobre as narrativas e sínteses que dizem respeito à suas trajetórias históricas e aos seus modos de vida. Trata-se de questões relacionadas às alteridades e identidades que, em conjunção, produzem conhecimento sobre a fisiografia, histórias, relações de ancestralidade, etc. Devemos estar atentos e respeitar essas diferentes existências, temporalidades e interpretações acerca das relações que esses viventes mantêm como suas maneiras de compor a paisagem e das várias inter-relações que estabelecem, inclusive com o patrimônio arqueológico (Hamilakis, 2011).
Logo, temos buscado essa interação entre o conhecimento arqueológico e o conhecimento das comunidades. Não se trata de uma ação de inserção (extensão), mas de troca, de intercâmbio entre diferentes maneiras de entender a vida e o mundo. Essa construção se faz a partir de convivências, de entendimentos, contradições e múltiplos interesses que se estabelecem ao longo dos anos. No nosso caso, após 12 anos de inter-relações que o “amadurecimento” e o entendimento dessas múltiplas existências têm sido mais bem compreendido e ganhado nosso foco de análise (Fagundes, 2021).
Entre outras atividades com as comunidades de Felício dos Santos, Macedo (2017) buscou analisar esse entendimento das formas que moradores se relacionavam com os vestígios arqueológicos. Para tanto, em sua dissertação, apresenta a transliteração dessas memórias. Uma entre as várias contribuições de seu trabalho foi a constatação que as comunidades de alguma forma, puderem ressignificar e, mais que isso, presentificar ancestralidades.
Preferimos nos referir ao passado como ancestralidades/ temporalidades para fugirmos da nossa maneira linear de observar o tempo. Os entendimentos de como é o tempo são múltiplos e, nas conversas com essas comunidades, percebemos que 7 mil anos era uma referência extremamente vaga: “Quantos anos antes que Cristo nasceu?” Mesmo a referência do nascimento de Jesus Cristo era um marco subjetivo (e muito em um sentido muito próprio) de contar o tempo. Sem nos alongarmos nessa discussão, cabe sublinhar que o tempo se estabelece em uma existência, com momentos que têm significados de ordem econômica, social ou cultural. Portanto, se trata da ancestralidade, de buscar em sua paisagem heranças que fortalecem narrativas, sínteses e ritmos (Fagundes, 2021).
Segundo Macedo (2017), durante as conversas sempre houve uma intencionalidade de “contar sobre”, isto é, estabelecer uma narrativa que apresentasse síntese e domínio sobre essa herança materializada na arte rupestre, por exemplo. A presentificação desse passado longínquo feito ancestralidade, perpassa por suas experiências, vivências e existências, inclusive como meio de domínio das sínteses e narrativas que lhe eram apresentadas e, como discutido por Fagundes (2021), o controle dessas narrativas / sínteses é fundamental visto que diz respeito à alteridade e identidade.
Os sítios arqueológicos sempre estiveram nessa paisagem, já faziam parte das vivências e, independente da história que a “Universidade” (dessa maneira que os pesquisadores são entendidos e chamados pelas comunidades) possa contar, as experiências pretéritas e contemporâneas dessa herança pertencem a eles (Wyndham, 2011; Hamilakis, 2011). E, portanto, nossa ação educativa se pauta na colaboração, de validar as histórias que são contadas, ouvir mais que dizer (afinal as comunidades têm domínios sobre suas heranças) e cooperar para que a materialidade do registro arqueológico possa ser preservada. Não se trata de cumprir a Lei da Arqueologia (Brasil, 1961) ou de explicar para pessoas como são suas vidas. É uma trajetória de aprendizado, de uma composição que se estabelece ao longo de anos de convivências e entendimentos, em meio a interesses, conflitos, desconfianças, amizades e, para sermos sintéticos, uma infinidade de afetos (Fagundes, 2021).
Para a compreensão desses entendimentos das inter-relações entre viventes e seus ambientes, Bispo Junior (2020) se propôs a realizar uma investigação voltada ao entendimento de como as pessoas se relacionam com os elementos fisiográficos, isto é, como marcos sociogeográficos – definidos por Fagundes et al. (2019), o estudarem estruturas arqueológicas no norte do Peru – eram compreendidos pelas comunidades, estabelecendo sentidos de lugaridades e ressignificando a paisagem regional (Fagundes et al., 2019).
Em Felício dos Santos, os elementos da fisiografia fazem parte das trajetórias históricas dessas pessoas e seus sentidos com a ancestralidade. Os principais rios, as matas e as serras que, a partir de percepções, inter-relações, negociações e outras características da vida, constituem os lugares que compõem paisagens. São marcadores sociogeográficos que, de uma forma ou de outra, são inerentes à vida das pessoas, pois são comuns ao seu cotidiano. Observando a Figura 5, os principais marcadores sociogeográficos citados pelas comunidades são: rio Araçuaí e ribeirão Santana; matas do Isidoro e do Matão e serras da Bocaina/Miranda, do Pico Dois Irmãos (integrante de Serra do Gavião) e da Serra Dois Irmãos (integrante de Serra Negra).
Digno de nota que há uma toponímia quando se refere a essas serras. Por exemplo: o Pico Dois Irmãos ou Serra Grande (Figura 6) tem formato de “V”, por vezes, lembra duas pessoas (dois irmãos) em parelha. A Serra da Bocaina (ou do Miranda) teve nomes derivados da localização (propriedade da família Miranda) ou formato (boca) (Fagundes, 2019; Bispo Jr., 2020) (Figura 7).
Já a Mata do Isidoro (Figura 8) é uma floresta estacional semidecidual situada na Área de Proteção Ambiental de Felício dos Santos (APA Felício). Seu nome tem origem com as memórias e histórias sobre o senhor Isidoro (negociador de diamantes no Distrito Diamantino). Segundo relatos da comunidade (Quadro 1), Isidoro era um homem perseguido pelos portugueses e por isso refugiou naquela mata com um grupo de garimpeiros para dar continuidade ao contrabando de pedras preciosas. Contudo, de acordo com Santos (1976), este contrabandista foi capturado pelo Intendente dos Diamantes, Manuel Ferreira da Câmara, que mandou torturá-lo até a morte no Tejuco, em 1809. O Matão também é uma área de mata entre serras cortado pelo ribeirão Santana. Regionalmente também é conhecida como Mata do Jambreiro (Bispo Jr., 2020) (Figura 9).
O ribeirão Santana (Figura 10) é um afluente da margem esquerda do Araçuaí que com ele se unem antes de atingir o município de Senador Modestino Gonçalves. O rio Araçuaí é o principal curso d’água que traceja o município de Felício dos Santos no sentido Norte-Sul. Ambos são rios responsáveis pela irrigação do território de Felício e, por isso, é tão inerente à vida dos moradores que com eles se abastecem, orientam, além de usufruírem de sua força motriz, dentre outras funcionalidades e sentidos.
Os lugares não podem ser compreendidos apenas por meio da sua materialidade (fisiografia), sendo imperativo o entendimento de todas as inter-relações e conexões que mantém com afetividades, ancestralidades/ temporalidades e outros sentidos estabelecidos por humanos ao longo do tempo (Fagundes, 2021). Portanto, fica claro que as pessoas têm percepções individuais e coletivas, estabelecidas nas trajetórias históricas, acerca dos marcos sociogeográficos e dos vestígios arqueológicos que, muitas vezes, se intercruzam nas narrativas apresentadas. Há explicações dessas comunidades sobre o que são, como se estabeleceram e como fazem parte de suas vivências e de seus antepassados. Além disso, como apresentado por Fagundes (2016;2019; 2021) podemos indicar a presença de lugares persistentes (Schlanger, 1992), responsáveis pelo estabelecimento de moradas, existências, experiências e resiliências ao longo do tempo.
Logo, as características geoambientais de um território (as serras, as matas, os cursos d’água), não podem ser entendidas como cenários para a atividade humana, uma vez que se associam as pessoas, as coisas e outros viventes, de forma a constituir uma composição de múltiplas temporalidades, i-materialidades e lugaridades (Fagundes, 2021).
Nossa prerrogativa tem sido construída ao longo das experiências compartilhadas com os moradores contemporâneos e suas concepções acerca dos lugares onde vivem e estabelecem suas inter-relações com e no ambiente circundante.
Em função dos limites deste artigo, fez-se necessário sintetizar trechos das entrevistas que foram mais representativas para as discussões deste texto, extraídas das dissertações de Macedo (2017) e Bispo Jr. (2020) (Quadro 2).
Se os lugares compõem paisagens (Fagundes, 2019), as experiências vivenciadas neles podem ser entendidas como produtos constitutivos das memórias e da própria identidade como se observa nos relatos dessas pessoas. Todavia, as vivências não são apenas parte da história das pessoas habitam um lugar e estabelecem lugaridades (Pádua, 2013), uma vez que essas múltiplas existências do passado continuam atuando no presente, por meio de sínteses e narrativa que são significadas e ressignificadas ao longo do tempo (Macedo, 2017; Fagundes, 2021). Neste viés, pode-se dizer que “(...) as âncoras da memória são buscadas em elementos fixos da paisagem” (Alencar, 2007, p. 100), como demonstrado pelas pessoas entrevistadas (Quadro 2).
Dessa forma, como definido por Fagundes et al. (2019), os marcos sociogeográficos são muito além de pontos de referência para a grande parte dos habitantes atuais. Na verdade, são lugaridades, afetos e i-materialidades que são sentidas e vivenciadas que fazem parte da alteridade e identidade regional à medida que estabelecem relações socioafetivas com os elementos fisiográficos. Tudo isso permite compreender que esses marcadores são elementos centrais para o entendimento das inter-relações estabelecidas entre pessoas, o meio, as coisas (registro arqueológico, por exemplo) e outros viventes das comunidades de Felício dos Santos, mesmo se tratando do presente, o que quebra com a concepção de universalidade do mundo ocidental moderno.
Nessas inter-relações se estabelece a memória e a alteridade e, portanto, são nesses territórios (vistos como um ambiente em constante transformação, tanto em seus aspectos materiais quanto simbólicos), para além da fisiografia enquanto cenário (passiva à intervenção humana), que se constituem vivências e essas ressignificam essa fisiografia que é feita paisagem.
6. Considerações finais
A partir de uma abordagem interdisciplinar focada nos conceitos de paisagem e lugar, buscamos o entendimento das relações mantidas entre pessoas e ambiente, tendo como interesse de análise as comunidades que compõem o município de Felício dos Santos, Minas Gerais. Os resultados derivados de vários momentos ao longo de 12 anos cooperaram para o entendimento (que acreditamos ser inicial) das afeições, identidades e alteridades que se estabelecem com os lugares.
A fisiografia regional, os vestígios arqueológicos, as histórias dos antepassados, enfim, as inter-relações que mantêm entre si, são responsáveis pela existência de vínculos que unem pessoas-artefatos, pessoas-pessoas e pessoas-território que, de acordo com os pensamentos de Fagundes et al. (2021), não se restringem exclusivamente às características materiais. O uso do conceito de paisagem, nesse sentido, é adequado uma vez que: “(...) enquanto camadas de vivências e percepções que se perpetuam e se inter-relacionam no espaço-tempo (...) Assim, temos compreendido a paisagem como espacialidade, (i) materialidade e temporalidades” (Fagundes et al., 2021, p. 95).
A memória resguarda os contos orais e, “no mesmo cadinho”, reúne uma miscelânia de informações “lidas, vistas ou ouvidas”, são elementos acumulados que se agregam às experiências no tempo presente (Pereira, 1996, p. 31). Pode-se considerar que as relações cultivadas pelos “mais antigos” percorreram o tempo e podem ser alcançadas por meio das “histórias de família, lendas, causos e no registro da cultura material” (Macedo, 2017 p. 94). Para essa materialidade arqueológica, temos percebido que há um processo de construção de narrativas e sínteses que são “presentificadas”, inclusive como meio de autoridade dessas comunidades sobre suas próprias existências (Macedo, 2017; Fagundes, 2021).
A função social das narrativas reside na concepção delas enquanto um espaço de (re) criação e continuidade das práticas culturais, onde são elaboradas representações sociais e culturais. Assim, os relatos e narrativas orais podem ser assimilados como uma forma de tentarmos compreender ou até mesmo (re) conhecer as relações estabelecidas entre e nas comunidades, no que diz respeito aos modos de vidas estabelecidos pelos grupos sociais, sobre as diferentes visões de mundo, sobre os saberes, crenças, festejos...
As narrativas estão em constante reelaboração para inferir uma versão própria da sua história. Como dito, são discursos por meio de causos, mitos e lendas; que carregam descrições de circunstâncias, lembranças, contradições e conflitos vividos. São memórias zelosamente guardadas em estruturas de comunicação.
Acredita-se, portanto, que as memórias sejam de grande valia para a compreensão do passado do Alto Vale do Jequitinhonha. Uma vez que, a “arqueologia das narrativas orais” (Souto e Brandão, 2012), tendo como fonte de estudo a memória social e dos discursos produzidos, pode colaborar de modo a conhecer um pouco da história da região contada por pessoas que dela fazem parte (Guerrero, 2010, p.306). Pois,
[...] valem a pena saber se as narrativas orais do norte de Minas e do Jequitinhonha trazem as “bordas” para o centro, mostrando como o centro está imbricado nas “bordas”, através das várias vozes do Outro, enquanto discurso da “diferença”. Se o discurso das narrativas orais constitui espaço de construção de signos e significados, numa espécie de confluência entre o imaginário e o real (Souto e Brandão, 2012, p. 40).
Com os dados obtidos e das interpretações realizadas ao longo de nossas discussões e pesquisas concluídas (Macedo, 2017; Fagundes, 2019;2021; Bispo Jr., 2020; Fagundes et al., 2021), temos indicado que entre as comunidades atuais de Felício dos Santos ainda há multiplicidades de inter-relações, significações e entendimentos acerca dos marcadores sociogeográficos, dos vestígios e lugares persistentes (Schlanger, 1992). Nesse emaranhado de materialidades se compõem narrativas acerca de si próprios, sobre os outros, sobre a ancestralidade e, inclusive, sobre outras existências (Fagundes, 2021). Trata-se de uma questão de alteridade, de autoconhecimento e preservação de suas tradições, fatores que, em conjunção, têm sido responsáveis por uma autodeterminação, diferenciação e manutenção de tradições. Além disso, o meio, as coisas, os vestígios arqueológicos e outras materialidades são humanizados à medida que se estabelecem lugares e temporalidades (lugaridades e i-materialidades) e, ao fim, todos se acomodam em camadas de paisagem (Cosgrove, 1984; Fagundes, 2021; Fagundes et al., 2020).
Nossa compreensão (atual e principalmente futura) de como se dão as interações pessoas-pessoas, pessoas-ambiente, pessoas-artefatos, pessoas-viventes entre as comunidades regionais, poderá contribuir para que sejam criadas políticas e estratégias preservacionista do diversificado patrimônio regional, principalmente, os lugares de potencial arqueológico que, nos últimos anos, têm sido alvo de microempresas extrativistas e ações criminosas, por exemplo, pichações.
Em linhas gerais, conclui-se que as múltiplas maneiras de inter-relacionar com e no meio circundante são respostas, escolhas intencionais ou não, de como as pessoas entendem e constroem seu próprio mundo e sua cultura por meio das experiências nas e com a paisagem.
Referências
Alencar, Edna F. (2007). Paisagens da memória: narrativa oral, paisagem e memória social no processo de construção da identidade. Teoria e Pesquisa, 15 (02), pp. 95-110. https://mamiraua.org.br/documentos/9e4109d55493e3a754265ba1d6627397.pdf
Araujo, A. G. M. (2014). Paleoenvironments and Paleoindians in Eastern South America. In: Stanford, D.; Stenger, A. (Org.). Pre-Clovis in the Americas: International Science Conference Proceedings. 1ed. Washington, DC: Smithsonian Institution: 221-261.
Bispo, D. F. A., Silva, A. C., Christófaro, C., Silva, M. L. N., Barbosa, M. S., Barral, U. M. (2016). Characterization of Headwaters Peats of the Rio Araçuaí, Minas Gerais State, Brazil. Catena 143, 18-25. https://doi.org/10.1590/01000683rbcs20140337
Bispo Júnior, H. A. Lugares e Gentes: as relações entre pessoas, paisagens e Arqueologia em Felício dos Santos, Alto Vale do Araçuaí, Minas Gerais – (2010-2019). (2020). Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas, Diamantina, MG. http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/handle/1/2510
Bispo Júnior, Heitor A. Devotos do Rosário: a celebração da Marujada na Festa do Rosário de Felício dos Santos-MG (2003 a 2009). (2016). Trabalho de Conclusão de Curso (monografia). Belo Horizonte, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Bacharelado em História.
BRASIL. Lei n° 3.924, de 26 de julho de 1961. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3924.htm
Bueno, L.; Isnardis, A. (2018). Peopling Central Brazilian Plateau at the onset of the Holocene: Building territorial histories. Quaternary Internacional, pp. 1-17. https://doi.org/10.1016/j.quaint.2018.01.006
IBGE. (2010). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. www.ibge.gov.br
Cosgrove, Denis. (1984). Social formation and symbolic landscape. London: Croom Helm.
Fagundes, Marcelo. (2021). Uma Geografia Arqueológica em Serra Negra: Construções, Conexões, Histórias e Causos Laepianos. In: Fagundes, Marcelo (org.). Paisagem e Arqueologias em Serra Negra, Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Curitiba: Editora CRV. [no prelo]
Fagundes, Marcelo. (2019). Arqueologia em Serra Negra: uma síntese interdisciplinar das ocupações humanas antes da conquista nas paisagens do Alto Vale do Araçuaí, Minas Gerais. In: Bonadiman, Heron et al. (Eds.). Diálogos Interdisciplinares no Vale do Jequitinhonha. Curitiba, Editora CRV: pp. 221-247. http://dx.doi.org/10.24824/978854443280.8
Fagundes, Marcelo. (2016). O Projeto Arqueológico Alto Jequitinhonha. Sítios Arqueológicos, Cultura Material e Cronologias para Compreensão das Ocupações Indígenas Holocênicas no Alto Vale do Rio Araçuaí, Minas Gerais - Brasil. Vozes dos Vales, 10, pp. 01-25. http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2016/09/Marcelo.pdf
Fagundes, Marcelo. (2015). Arqueologia e paisagens das terras altas mineiras: Serra do Espinhaço Meridional. Morro do Pilar – carta arqueológica. Artefactto Consultoria, pp. 38-71. http://www.artefactto.com/livro-morro-do-pilar-carta-arqueologica/
Fagundes, M., Greco, W., Arcuri, M., Bandeira, A. (2021). Paisagem e suas interfaces em pesquisas sobre arte rupestre – um estudo de caso em Serra Negra, Alto Vale do Araçuaí, Minas Gerais, Brasil. Revista de Arqueologia, 34 (02), pp. 74-103. https://doi.org/10.24885/sab.v34i2.904
Fagundes, M., Kuchenbecker, M., Vascondelos, A. C.; Gonzaga, A. (2020). Paisagens e Lugares - Caracterização Geoambiental e Cultural dos Sítios Arqueológicos do Complexo Três Fronteiras, Alto Vale do Rio Araçuaí, Minas Gerais. RA’EGA – O Espaço Geográfico em Análise, 47 (01): 67-84. http://dx.doi.org/10.5380/raega.v47i1.59489
Fagundes, M., Arcuri, M., Gontijo, B., Vasconcelos, A. C., Bueno, F. B.; MAFRA, L. F. (2019). As estruturas arqueológicas em Cerro Ventarrón – marcos sociogeográficos, lugares e paisagem durante o Formativo Inicial, Lambayeque, Peru. Revista Espinhaço, 8 (2), pp. 13-24, https://doi.org/10.5281/zenodo.3583290
Furtado, Júnia F. (1996). O Livro da Capa Verde, o Regimento Diamantino de 1771 e a vida no Distrito Diamantino no período da Real Extração. São Paulo: Annablume.
Greco, Wellington S. (2019). Espelho de pedra: a estrutura emergente da arte rupestre nas matas do alto Araçuaí (Felício dos Santos, MG). Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Faculdade Interdisciplinar em Humanidades, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina. Disponível em: http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/handle/1/2283
Guerrero, Patrícia. (2010). “Canoa não é força, é opinião”: O Vale do Jequitinhonha contado e cantado por canoeiros. Revista Anthropológicas, 21 (2), pp. 305-328. DOI: https://doi.org/10.51359/2525-5223.2010.23720
Hamilakis, Y. (2011). Archaeological Ethnography: A Multitemporal Meeting Ground for Archaeology and Anthropology. Annual Review of Anthropology, 40 (1), pp.399-414. https://doi.org/10.1146/annurev-anthro-081309-145732
Isnardis, Andrei. (2009). Entre as pedras: as ocupações pré-históricas recentes e os grafismos rupestres da região de Diamantina, Minas Gerais. 280f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo. https://teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-24072009-111435/pt-br.php
Knegt, L. M. P. (2015). Indicadores da paisagem para a ocorrência de sítios arqueológicos na Área Arqueológica de Serra Negra, face leste do Espinhaço. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Geografia e Análise Ambiental, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. http://hdl.handle.net/1843/EQVA-BBWT2K
Macedo, Thaisa D. A. (2017). “Vou Te Proteger”: a Educação Patrimonial como estratégia para proteção e valorização do patrimônio arqueológico do município de Felício dos Santos, MG. Dissertação (Mestrado em Antropologia), Programa de Pós-Graduação em Antropologia – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas – RS. http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/handle/1/1628
Pádua, Letícia C. T. (2013). A geografia de Yi-Fu Tuan: essências e persistências. Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-09122013-114313/pt-br.php
Prous, André. (2019). Arqueologia Brasileira: a pré-história e os verdadeiros colonizadores. 1ª. ed. Cuiabá-MT: Archeo; Carlini & Caniato Editorial.
Pereira, Vera Lúcia Felício. (1996). O artesão da memória no Vale do Jequitinhonha. Editora UFMG.
Ruellas, Taciana Begalli de Oliveira. (2015). Alto dos Bois e os indígenas na Província de Minas Gerais: civilização e progresso no ideário oitocentista. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas, Diamantina, MG. http://site.ufvjm.edu.br/mpich/ano-2015/
Saint hilaire, Auguste. 2004. Viagem pelo Distrito dos Diamantes e Litoral do Brasil. São Paulo/ Belo Horizonte: Edusp/ Itatiaia.
Santos, Joaquim Felício dos. (1976). Memórias do Distrito Diamantino da Comarca do Serro Frio. Belo Horizonte e São Paulo: Itatiaia/ Edusp, 1976.
Schlanger, Sarah H. (1992). Recognizing Persistent Places in Anasazi Settlement System. In: Rossignol, J; Wandsnider, L. Space, Time, and Archaeological Landscapes, pp. 91-112. https://doi.org/10.1007/978-1-4899-2450-6_5
Souto, M. G. F.; Brandão, C. A. F. (2012). Mito, ficção, tradição e modernidade: uma arqueologia das narrativas orais dos Vales do Jequitinhonha e do São Francisco. Revista Litteris, 9 (1), p. 39-53. https://www.revistalitteris.com.br/revista9
Souza, João Valdir Alves de. (2003). Fontes para uma reflexão sobre a história do Vale do Jequitinhonha. RUC, RevistaUnimontes Científica, 05 (02), pp. 1-21. http://ruc.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/163
Veiga, José Xavier da. Efemérides mineira. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1998. http://www.bibliotecadigital.mg.gov.br/consulta/consultaDetalheDocumento.php?iCodDocumento=49521
Wyndham, Felice S. (2011). The Semiotics of Powerful Places Rock Art and Landscape Relations in the Sierra Tarahumara, Mexico. Journal of Anthropological Research, 67, pp.387-420, 2011. https://doi.org/10.3998/jar.0521004.0067.304