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Desafios à enfermagem na era da globalização. Importância da formação (Original)
Challenges To Nursing In The Globalization Era. Importance of Training (Original)
ROCA. Revista Científico-Educacional de la provincia Granma, vol.. 18, núm. 2, 2022
Universidad de Granma

Artículos cientificos

ROCA. Revista Científico-Educacional de la provincia Granma
Universidad de Granma, Cuba
ISSN-e: 2074-0735
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 18, núm. 2, 2022

Recepção: 24 Setembro 2021

Aprovação: 26 Dezembro 2021

Universidad de Granma

Este trabalho está sob uma Licença Internacional Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0.

Resumo: Os desafios da globalização para a profissão do enfermeiro estão diretamente relacionados com à complexidade de conflitos existentes no dia-a-dia do seu agir e cuidar. Neste trabalho tem como objectivo descrever alguns dos desafios que a enfermagem enfrenta na era da globalização do ponto de vista da formação de recursos humanos em Angola. Utilizaram-se os métodos teóricos, analítico sintético, indutivo-dedutivo para realizar uma análise que permite a sistematização do conhecimento na elaboração das principais reflexões. A realidade da formação académica do profissional de enfermagem mudou radicalmente nas últimas décadas, o que leva à uma necessária tomada de posição radical na defesa do ensino de qualidade, universal e da responsabilidade dos governos. A enfermagem encontra-se numa posição muito favorável para assumir como prioridade os cuidados de saúde das populações. Apoiando-se nas competências e saberes que lhe são conferidos. Os desafios na formação em enfermagem estão em construir um profissional, com competências e habilidades técnicas/científicas para intervir nos serviços de saúde. Estão em formar um enfermeiro crítico, reflexivo e que consiga aliar a teoria com a prática sem comprometer os princípios científicos, mas que seja criativo e aprenda a adaptar-se às singularidades e complexidade das situações.

Palavras-chave: processo de formação, competências, habilidades, ensino superior.

Abstract: The challenges of globalization for the nursing profession are directly related to the complexity of the day-to-day conflicts of its actions and care. This article aims to describe some of the challenges nursing faces in the globalization era from the point of view of human resources training in Angola. The theoretical, synthetic, inductive-deductive analytical methods were used to perform ananalysis that allows the systematization of knowledge in the elaboration of the main reflections. The reality of the academic formation of the nursing professional haschanged radically in the last decades, which leads to a necessary radical position in the defense of quality teaching, universal and the responsibility of governments. Nursing is in a very favorable position to take as a priority the health care of the population. Supported by competence and knowledge conferred to it. The challenges of nursing training are to build a professional, with technical and scientific skills to take part in health services. They are to form a critical, reflective nurse Who can combine theory with practice without compromising scientific principles, but Who is creative and learns to adapt to the singularities and complexity of situations.

Keywords: training process, competences, ability, higher education.

Introdução

Em todo o processo para a profissionalização percorre-se um caminho árduo do conhecimento dos usos e a técnica até o conhecimento científico. O ponto de partida foi a inspiração de uma mulher que professou seu amor à humanidade. Florence Nightingale mãe da enfermagem moderna, deu forma e sentido ao “CUIDAR” através da observação, da qualidade do ambiente, da vigilância, da higiene e do conforto, estatísticas que refletiram sua devoção ao cuidado. Tudo isto deu característica à Ciência de Enfermagem e - o que fazer - do enfermeiro (a) chegando a um modelo educacional neste caso, um modelo educacional universitário. (Sena & Coelho, 2004)

A contribuição da enfermagem ao serviço da saúde foi indubitavelmente valiosa, mesmo que não tenha sido suficientemente reconhecida. Os cuidados de enfermagem mantiveram ao longo da história da humanidade uma base e uma razão de ser: acalmar a dor, proporcionar conforto e bem-estar e ajudar em geral ao doente necessitado. Esta ajuda ao doente foi diferenciando-se no transcorrer do tempo e ampliando as formas e possibilidades de ajudar conforme a ciência e a tecnologia médicas cresceram, ampliando as possibilidades de atuar contra a doença, que há uns anos a traz jamais suspeitaríamos que fossem possível. (Carolina, et al., 2016)

Na enfermagem, de igual modo que outras profissões, é imprescindível a apropriação de novas tecnologias que deem suporte aos processos de formação, daí que se deve fazer uma sólida formação científica e o desenvolvimento de competências que garantam a qualidade no cuidado; isto é, aspectos que se devem emoldurar nos princípios éticos e humanísticos próprios dos paradigmas da disciplina. A universidade deve apoiar e promover a geração e difusão de novos conhecimentos, para isso, se requer contar com alianças estratégicas, redes de trabalho e cooperação que permitam compartilhar, ampliar e difundir este conhecimento, de maneira que se beneficiem amplos sectores de população, particularmente aqueles em situação de vulnerabilidade e de pobreza extrema (Campice da Silva; et al., 2015).

Os desafios da globalização para a profissão do enfermeiro estão diretamente relacionados com à complexidade de conflitos existentes no dia-a-dia do seu agir e cuidar que se deparam com diferentes tipos de pacientes sejam eles: excluídos, vulneráveis, violentos e com diferentes opções sexuais, onde a humanização é uma das ferramentas que contribuem para um cuidado adequado (OMS, 2018).

O trabalho, parte da questão científica: Quais são os desafios que a enfermagem tem na era da globalização do ponto de vista da formação de recursos humanos em Angola? E tem como objetivo descrever alguns dos desafios que a enfermagem enfrenta na era da globalização, do ponto de vista da formação de recursos humanos em Angola.

Materiais e métodos

Na realização deste trabalho utiliza-se os métodos teóricos para realizar uma análise dos desafios que a enfermagem tem na actualidade, particularmente numa perspectiva da procura de formação de recursos humanos, e a própria atualização de conhecimentos dos pós graduados.

A partir de dois métodos analítico-sintético, indutivo-dedutivo faz-se uma revisão bibliográfica relacionada com o tema da investigação, o que permite a sistematização do conhecimento na elaboração das principais reflexões.

No mundo da assistência sabemos que se as necessidades de saúde sofrem mudanças constantes, razão pela qual é indispensável que as respostas dos profissionais de saúde se adequam também. Dada a complexidade desses processos e desafios inerentes a eles, torna-se vital o fortalecimento da disciplina de enfermagem. Esse fortalecimento passa pela construção de bases epistemológicas inovadoras e condizentes com os avanços contemporâneos, consistentes e sensíveis às necessidades humanas, ambientais e sociais. Tais bases epistemológicas irão, por sua vez, apoiar e direcionar a constelação da prática profissional, ligada ao ensino, pesquisa e cuidado, no âmbito local, nacional e global. (Egry & Nichiata, 2018)

Análise e discussão de resultados

É necessárias mudanças na forma de pensar e de atuar. Maior quantidade de profissionais nas áreas mencionadas. A consolidação e melhoria dos sistemas nacionais de saúde, requerem profissionais de enfermagem com uma formação de qualidade, conhecimentos e habilidades de acordo às novas provocações.

É imprescindível, neste século XXI, sinergia de esforços em conjunto na enfermagem, em cada país e entre os diferentes países, para abrir e consolidar espaços de acção efetiva referentes a: (Ferreira, Fresta, Simões, & Sambo, 2014)

1. Formar cientistas competentes, com habilidade para pensar criticamente, definir e priorizar as necessidades sociais para nortear a escolha do seu objecto de estudo, avaliar os aspectos vulneráveis na sua formação e tomar decisões para fortalecer e consolidar a excelência na sua capacitação e produção científica;

2. Produzir conhecimento inovador e com impacto substancial na realidade social e na saúde e bem-estar dos indivíduos, famílias e comunidades, em especial das populações mais carentes e excluídas dos bens e serviços;

3. Dar oportunidade de capacitação no uso de novas referências teóricas metodológicas e o treinamento em estratégias tecnológicas avançadas;

4. Estimular o desenvolvimento de postura pró activa das lideranças de Enfermagem a fim de que estas possam motivar à criação de espaços e mecanismos de inserção desta área de conhecimento e apresentação de demandas por meio de projectos em sintonia com as políticas públicas, voltados às necessidades sociais.

Entretanto, esse processo requer, sobretudo, domínio multicultural, sensibilidade para lidar com as diferenças e capacidade para construir pontes entre as diferentes fronteiras que habitam o viver humano em âmbito global. A força da pesquisa em enfermagem deve estar em considerá-la como espaço importante para o cuidado, enquanto ativismo político, não só no sentido da construção de novos marcos de conhecimento teórico-prático, mas, principalmente, para as acções em prole de níveis crescentes de qualidade de vida na sociedade.

No campo do ensino formal em enfermagem, há que buscar, obrigatoriamente, uma educação emancipadora, em consonância com a pedagogia moderna, onde os estudantes são atores do seu próprio processo de aprendizagem, enquanto dimensão importante na formação de profissionais com capacidade crítica de pensar globalmente as estruturas vigentes, a partir de suas raízes históricas, e agir localmente na resolução de problemas, de forma transformadora e com responsabilidade ecológico-social.

A formação deve estar comprometida em preparar enfermeiros capazes de:

· Conhecer a realidade local e global: o perfil de saúde da população, em âmbito regional, nacional e mundial.

· Atuar nos diversos níveis de complexidade de atenção à saúde individual e coletiva, com responsabilidade social e compromisso com a cidadania.

· Desenvolver uma prática culturalmente competente, baseada na humanização dos cuidados, que valorize e respeite as diferenças no âmbito de género, raça, orientação sexual.

· Construir conhecimento a partir da prática educativa. No contexto do Cuidar, torna-se necessário algumas estratégias que o centrem essencialmente nas pessoas, guiando-as em direcção à emancipação e autonomia, tornando-as capazes de pensar e agirem criticamente para a melhoria de suas vidas.

Todo o processo de formação em enfermagem pressupõe a investigação. A sua força está em considerá-la como um importante âmbito do cuidar, como um ato de gerir processos de mudança, não só, no sentido de construção de novos marcos de conhecimento teórico-prático, com a função de trabalhar em benefício do aumento dos níveis de qualidade de vida das sociedades. Os resultados da investigação não podem estar dissociados do - que fazer - próprio da enfermagem, quer dizer, da práxis. O diálogo entre a prática e a investigação retro alimenta os processos de desenvolvimento de forma contínua, favorecendo a geração de novo conhecimento e o melhoramento da qualidade nos cuidados de enfermagem.

Para tais funções, precisa-se estabelecer mecanismos de avaliação de desempenho, em consonância com os padrões actuais, de modo a aferir conhecimentos, destrezas e condutas que possui a pessoa no exercício do seu função.

As competências profissionais em enfermagem não são conhecimentos ou habilidades fragmentadas, mas um conjunto de saberes combinados que se transmite; a competência constrói-se a partir da sequência de actividades de aprendizagem. Estas andam à volta da importância e da valorização que se dá ao profissional, sendo o seu potencial, a sua inteligência, o seu conhecimento e a sua criatividade a que adquire relevância para adaptação das mudanças, gerando dentro da gestão do cuidar uma nova via para melhorar a qualidade de atenção da enfermagem.

Do ponto de vista exposto anteriormente, as competências em enfermagem são um marco de referência emergente que facilita – o que fazer - profissional permitindo assim uma sinergia na equipa inter e multidisciplinar.

Um profissional competente, é aquele capaz de aplicar conceitos aprendidos para adaptar a sua atuação à situação que enfrenta. É assim que o nível de competência na enfermagem depende de uma série de determinantes individuais e do contexto. As características individuais que constituem as competências e compreendem um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que se articulam em seis dimensões diferentes:

Dimensão cognitiva da aprendizagem: inclui além dos conhecimentos básicos, a capacidade de aprender da experiência vivida, a capacidade de formular perguntas e hipóteses sobre as experiências da prática clínica, a curiosidade, a capacidade de atenção, a gestão da informação, a auto aquisição de conhecimentos, a capacidade de análise e resolução de problemas abstratos, e a observação e autocrítica dos próprios processos de pensamento.

Dimensão técnica: engloba o conjunto de habilidades e destrezas manuais para a execução técnica e as habilidades mentais para a organização e gestão do tempo e os recursos.

Dimensão integradora: faz referência às estratégias de raciocínio clínico, a aplicação dos conhecimentos a situações reais, a incorporação relacional de elementos de julgamento clínico, cientista e humano, assim como a gestão da incerteza.

Dimensão relacional: explica a capacidade para compartilhar e/ou transmitir os conhecimentos, habilidades e atitudes (docência), as aptidões para o trabalho em equipa, as habilidades de comunicação e a capacidade para administrar situações conflituosas.

Dimensão moral e afetiva (ética e valores): inclui os aspectos relacionados com a inteligência emocional, a capacidade para cuidar e atender, a sensibilidade, o respeito para outros e tolerância ao stress.

Dimensão política: habilidade para incorporar-se na política e as organizações de poder inerentes à manutenção do profissionalismo.

A competência constrói-se através das inter-relações destas dimensões, isto é, adquire-se um equilíbrio inter dimensional.

Para adquirir competência é preciso que os docentes de enfermagem direcionem os seus esforços para uma formação ética e política dos profissionais de enfermagem, para além de sua formação técnica, teórica ou prática. Para isto, sugere-se que os estudantes leiam mais livros, artigos jornais ou revistas, escutem atentamente os telejornais ou outros veículos importantes de comunicação propiciados pela tecnologia que se preocupam em estabelecer diálogos ou expor opiniões sobre o mundo e os seus fenómenos, especialmente os da saúde.

A vantagem que será obtida com este tipo de intervenção pedagógica é a formação de enfermeiros, técnicos e licenciados com maior capacidade crítico, reflexiva e engajamento político para enfrentar as limitações impostas pelo modelo de globalização e das políticas neoliberais que determinam a exclusão social, económica e cultural da população, é imperativo que a universidade rompa com as fronteiras que a separam da sociedade.

A universidade encontra-se frente ao desafio de fazer-se presente numa sociedade a alta velocidade, caracterizada por uma informação sem fronteiras, pela mundialização das tensões, pela acelerada acumulação de capital e pelas crescentes diferenças e desigualdades.

Segundo Sena, (Sena R. R., 2001) a universidade encontra-se com a imperiosa necessidade de estabelecer alianças com sectores da sociedade que defendem e lutam por uma nova ordem social, pela construção de uma Universidade que venha ocupar um lugar de vanguarda na produção e reprodução do conhecimento, garantindo o desenvolvimento sustentado nos aspectos económico, ecológico, ético e político. É necessário pensar numa formação superior apoiada numa nova relação social entre a universidade a sociedade.

Para se estabelecer esta nova relação, a universidade não pode responsabilizar-se só da formação e graduação dos estudantes mas, deve romper como abismo que a separa da sociedade, colocar-se em defesa de uma sociedade mais justa, mais solidária e pacífica.

Já na Conferência Mundial de Educação, realizada na sede da UNESCO, em Paris, (UNESCO, 2003) onde estavam representantes de mais de 120 nações, o debate esteve carregado de tensões e conflitos. Dos pontos discutidos sobre o ensino superior que consideramos importantes como desafios para a educação em geral e para o ensino superior de enfermagem destacamos os seguintes:

O ensino superior e a investigação têm importância crescente, particularmente para os países pobres. Reconhece-se que o fosso entre os países ricos e pobres aumentou ainda mais desde a conferência da Unesco de 1998. Propôs-se a criação de um Programa Global para o desenvolvimento e cooperação no ensino superior.

O ensino superior não pode prescindir da diversidade que deve estar sustentada nas necessidades, na história e nas tradições de cada nação.

O ensino superior é um bem público e não deve ser tratado como os outros serviços. A educação, como um bem público, deve ser una preocupação de todos os níveis de governo — central, municipal — assegurando a qualidade e o exercício das suas funções sociais. O sector privado deve colaborar com o desenvolvimento do ensino superior, mas a definição e a organização dos cursos não podem estar determinadas pelo mercado.

Estabelecer políticas de apoio aos estudantes de nível económico baixo para garantir a sua permanência na universidade e a qualidade do seu ensino.

Diversificação das estruturas, inovação dos conteúdos, práticas e métodos como base para a renovação e a reforma do ensino superior. Porém a universidade não pode oferecer aos estudantes instrução válida para toda a vida. Os avanços tecnológicos tornam-se obsoletos rapidamente. A universidade deve dotar os estudantes de habilidades e competências para confrontar os requisitos das sociedades do conhecimento. Todas estas definições devem ter em linha de conta a realidade concreta de cada uma das sociedades.

Para a enfermagem, os desafios do ensino superior devem associar-se às políticas de saúde, tanto nas instituições públicas como nas privadas. É fundamental considerar os níveis epidemiológicos e demográficos que são os parâmetros para a organização das políticas de saúde e da formação dos profissionais de saúde. Além disso, a enfermagem tem como desafio superar a estratificação social dos estudantes, a tradição e a marca conservadora que ainda predomina nas escolas, nas faculdades e nas práticas pedagógicas dos programas e cursos.

O cuidado de enfermagem único e universal deve garantir os princípios de equidade, de oportunidade e de qualidade no atendimento. As tendências do ensino, a prática e a investigação demonstraram que o cuidado de enfermagem é imprescindível, para as populações, as quais, necessita de cuidados terapêuticos de enfermagem nas instituições tradicionais de serviços de saúde e em espaços como os domicílios, serviços de cuidado paliativo, lares para pacientes com doenças crónicas e degenerativas e idosos. As transformações do ensino, do cuidado e da investigação em enfermagem, devem estar de acordo com a sua inserção na sociedade de profundas desigualdades que coloca a população em situação de alto risco social.

Outro aspecto fundamental que devemos considerar é a necessidade urgente e imprescindível de incorporar novos paradigmas nos processos de ensino-aprendizagem, a prática e a investigação. A caracterização da situação de saúde local demanda estudos com rigor científico suficiente para dar suporte aos ajustes curriculares desejados, colocando a formação de competências em investigação científica como uma prioridade a ser considerada (Ferreira, et al., 2014).

Devem-se incluir as relações humanas, sempre presentes na prática de enfermagem o trabalho na área de Saúde. Os conceitos que sustentam o fazer e o pensar em enfermagem devem considerar a empatia, a afetividade, a sexualidade, a solidariedade e a paz.

A construção de propostas pedagógicas inovadoras incorpora elementos tais como inserção precoce do estudante no mundo do trabalho, integração ensino-serviço – gestão comunidade e produção compartilhada de conhecimentos. Da mesma forma, a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e metodologias de avaliação da educação permanente, frequentemente usadas nas modalidades pedagógicas inovadoras, elas estimulam a formação de competências dialógicas, favorecendo mais opções de soluções para os problemas quotidianos do meio social onde a profissão se desenvolve. Tal assertividade se aplica à formação para a promoção da saúde, considerada uma perspectiva inovadora para as práticas de saúde, que exigem mudanças nos processos de formação alinhadas às políticas nacionais de saúde e de educação e orientadas para as necessidades sociais

Esta incorporação deve apoiar a construção de novos modos de se relacionar nas equipas de trabalho e na assistência, e contrapor-se às formas predominantes de trabalho individual determinado por tecnologias e conhecimento científico é fundamental considerar as necessidades de transformação no ensino, na atenção à saúde e nos modelos de gestão e gerência na saúde. Outra necessidade imperiosa que não se deve esquecer é o compromisso com a produção do conhecimento ético e politicamente vinculado à demanda e necessidades de saúde da população.

Na área do ensino de enfermagem é imperativo levar em linha de força o trabalho do pessoal que constitui, na maioria dos países, mais de 50% das pessoas que trabalham na área de saúde. As transformações no ensino superior de enfermagem não podem provocar uma ruptura com a formação em geral do conjunto de trabalhadores de enfermagem. As estratégias de transformação devem considerar a todos os níveis do pessoal de enfermagem: técnicos, profissionais de enfermagem, licenciadas, especialistas, mestres e doutores. Um imperativo ético e político contestar perguntas fundamentais, tais como:

Como evitar a cisão entre o mundo do conhecimento e o mundo das necessidades do ser humano em todas as suas dimensões?

Como superar os modelos de formação em enfermagem sustentados nos conceitos biológicos para uma nova construção paradigmática que dê sustentação a todas as dimensões dos cuidados de enfermagem?

Como comprometer os docentes, os estudantes, o corpo administrativo das escolas, das faculdades e do pessoal de serviço, com as propostas de transformação?

Feuerwerker (2002), numa análise sobre os movimentos de mudança do ensino médio, que é pertinente para contestar as preguntas anteriores e aproximar-se às necessidades e demandas do ensino em enfermagem. A autora aponta três níveis de processos de câmbio: inovação, reforma e transformação. Propõe que as instituições de ensino de enfermagem assumam a responsabilidade de produziras mudanças que conduzam às transformações no ensino que com as suas repercussões na qualidade da assistência, poderão superar os níveis de inovações e de reforma. Assim, a acção dos educadores de enfermagem deve partir de uma atitude crítica e reflexiva que os leve a atuar sem perder a esperança, lutar sem deixar de fazer a transformação como o legado da construção de novos sujeitos sociais, como trabalhadores e/ou profissionais de enfermagem.

As transformações no campo da educação devem estar articuladas às estratégias de transformação da assistência em saúde, onde os desafios são enormes, a saber: As políticas de saúde e as suas relações com as reformas do estado; a organização das tecnologias nos campos da promoção da saúde, na prevenção de danos à saúde, no tratamento e na recuperação. Os desafios apresentam-se também no que diz respeito aos modelos dos cuidados de enfermagem, da gestão e de participação da população e do controlo social da saúde

A relação entre ensino superior, sociedade e mercado de trabalho tem contribuído para o planeamento e gestão dos planos de estudo, com o objectivo de identificar formas, métodos e conteúdos que devem ser assumidos pelo ensino superior, melhorando o desenvolvimento social, económico e cultural, de acordo com as necessidades dos pacientes, (de um ponto de vista biopsicossocial).

Algumas das mais importantes dimensões da relação entre ensino superior e sociedade, estão associadas ao grau de satisfação do graduado em seu ambiente de trabalho (Almeida, 2014). Dentro da organização da saúde, a formação dos profissionais e a sua futura actividade profissional devem ser supervisionadas, para cumprir e garantir os padrões de qualidade na prestação dos cuidados.

A alta demanda dos serviços de saúde e a consequente sobrecarga de trabalho gerada, faz com que, cada vez mais, seja necessário que as organizações do serviço criem uma proposta de modelo teórico que se adapte ao cargo, capacidades ou habilidades técnicas e pessoais do enfermeiro.

Os cursos de enfermagem, deveriam fortalecer a gestão de qualidade, como um processo chave para diminuir as distâncias entre a formação universitária e o que se espera hoje do profissional nos diferentes contextos da sua atuação. Tudo isso, através da implementação de estratégias inovadoras e de melhoria para a construção de uma base sólida na formação profissional.

Nesse sentido Angola vai paulatinamente fazendo caminho, para promover os recursos humanos no sector da saúde, o governo está a implementar desde 2008, uma estratégia de formação de quadros superiores de medicina, ciências e tecnologias da saúde com um plano de estudos da República de Cuba, adaptado e repensado para o contexto do ensino Angolano. (MES, 2015)

A formação e enfermagem neste projeto já está a funcional nas províncias de Kuanza Sul, Cabinda, Malanje, Huambo, Bié, Moxico, Uíge, Cuando Cubango e Cunene. Alguns destas unidades educativas já com mais de uma outorga de diplomas.

Os novos profissionais irão contribuir gradativamente para melhoria dos cuidados de saúde, de acordo com o sistema de saúde uma vez que vão incrementar em quantidade e qualidade os recursos humanos de que necessita para reforçar os serviços e deste modo aumentar os níveis de satisfação das comunidades e contribuir para dar mais vida aos anos e mais anos à vida.

O Plano Nacional de Formação de Quadros 2012-2020, refere que o sector da saúde necessita de 5 500 quadros superiores e o Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário ainda tem problemas provocados pela falta de recursos humanos qualificados e técnicos de saúde, com défices quer nas áreas rurais quer nas periurbanas (MES, 2015).

A formação no país é assegurada por cinco escolas e quatro institutos superiores. O curso é bietápico, três anos para bacharelato enfermeiro técnico e cinco para licenciatura. Este modelo caracteriza-se por uma vinculação laboral precoce. Já que tem início logo no 1º ano. O seu objectivo geral é: Oferecer cuidados de enfermagem à, pessoa, família e comunidade sãs ou em risco ou doentes inserido e interagindo com o seu meio natural e social, tomando como base as necessidades de saúde humana e a sua satisfação, aplicando o processo de enfermagem, extensivo à família e comunidade nos diferentes níveis.

No final do curso, o licenciado em enfermagem é: um profissional que já adquiriu competências científicas e técnicas para cuidar e ajudar as pessoas sãs ou doentes, família e comunidade aplicando o processo de enfermagem, realizado funções assistenciais, administrativas, de docência e investigação em instituições aos três níveis de atendimento em saúde, com autoridade para tomar decisões e profundos conhecimentos profissionais nas áreas biológicas, psicossociais, e do ambiente; e habilidades teóricas-práticas nas técnicas específicas e de alta complexidade no exercício da profissão (MES, 2015). O enfermeiro licenciado poderá desempenhar diferentes níveis atendimento em centros com estrutura administrativa, assistencial, docente e de investigação do sistema de saúde; fica apto para desempenhar as funções de:

Diagnosticar: realizar o diagnóstico de enfermagem.

Tratar: planificar e ou executar cuidados de enfermagem.

Investigar: aplicar o método científico de solução de problemas científicos.

Administrar: aplicar o processo administrativo na prática e gestão de enfermagem.

Educar: desenvolver o processo de ensino aprendizagem na formação.

Comparando este perfil de saída do enfermeiro licenciado com o artigo 12º sobre deveres e obrigações do Licenciado em Enfermagem, espelhado no REGIME JURÍDICO DA CARREIRA DE ENFERMAGEM, (Diário da República. , 2010) é similar ao perfil de saída preconizado pelo pacote da cooperação cubana.

Como resultado neste convénio de cooperação já se incorporaram na sociedade angolana várias centenas de graduados e só na nossa instituição a número é de 198 licenciados, que se enfrentam atualmente no mercado de trabalho e suas próprias exigências. Espera-se que estes, nas diferentes instituições de saúde e com o empoderamento que lhe confere as competências profissionais adquiridas, durante a sua formação, sejam capazes de propiciar as mudanças definitivas que necessita a sociedade, de acordo com as estratégias do país em matéria de saúde. Para além disso, a universidade e as instituições de saúde, bem como o próprio indivíduo, têm a responsabilidade de criar estratégias/oportunidades para garantir a formação permanente, que lhe permita a atualização de conhecimentos e competências.

Conclusões

1. Os desafios na formação em enfermagem em Angola estão em construir um profissional, com competências e habilidades técnicas/científicas para intervir nos serviços de saúde. Em formar um enfermeiro crítico, reflexivo, que consiga aliar a teoria com a prática sem comprometer os princípios científicos, mas que seja criativo e aprenda a adaptar-se às singularidades e complexidade das situações.

2. A realidade da formação académica do profissional de enfermagem em Angola mudou radicalmente nas últimas décadas, dado o avanço tecnológico que permite a informação e comunicação em tempo real e o aumento do nível académico e cultural das pessoas, o que leva à necessária tomada de posição radical na defesa do ensino de qualidade, universal e da responsabilidade do governo.

3. A enfermagem encontra-se numa posição muito favorável para assumir como prioridade os cuidados de saúde da população, baseada nas competências e saberes que lhe são conferidos pela formação sólida e adequada de nível superior, em consonância com a problemática social e as novas demandas do plano do desenvolvimento do pais é das políticas públicas.

Referências

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