Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Descargas
HTML
ePub
PDF
Buscar
Fuente


O Bibliotecário Como Gestor: a percepção dos estudantes de biblioteconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
The Librarian as Manager: the perception of the library students
RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência. da Informação, vol.. 14, núm. 1, 2016
Universidade Estadual de Campinas

Artigos

RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência. da Informação
Universidade Estadual de Campinas, Brasil
ISSN: 1678-765x
Periodicidade: Cuatrimestral
vol. 14, núm. 1, 2016

Recepção: 15 Outubro 2015

Aprovação: 09 Dezembro 2015


Este trabalho está sob uma Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.

Resumo: O contexto sócio-político-econômico vigente exige das organizações e dos indivíduos aptidão para gerenciar mudanças, mobilizar pessoas, além de administrar recursos de forma a obter vantagem competitiva. Dessa forma, profissionais e empresas buscam estratégias de gestão e de carreiras para corresponder a esse mercado. Com isso, as universidades tentam atrair estudantes por meio de programas de graduação em diversas áreas com ênfase na formação gerencial. O objetivo principal da pesquisa foi investigar a percepção dos estudantes de Biblioteconomia a respeito de sua formação na área de gestão e a sua futura atuação como gestor. Para compor o material de estudo, os estudantes elaboraram colagens a partir de suas observações e atuação como alunos do curso e como gestores no mercado de trabalho. Os sujeitos de pesquisa são estudantes do curso de biblioteconomia e gestão de unidades de informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Constatou-se que durante o estudo de gestão, os estudantes passam por inúmeras dificuldades e uma constante necessidade de crescimento. Entretanto, os estudantes parecem acreditar que ao se tornarem gestores irão obter sucesso profissional, dinheiro e bens materiais. Isso faz parecer que todas as adversidades ocorridas durante o estudo valerão a pena, devido ao futuro promissor que vislumbram. Por fim, nota-se que a inserção das disciplinas de gestão possibilita uma inovação curricular relevante aos futuros bibliotecários, além de contribuírem para a formação de profissionais que correspondam à demanda do mercado.

Palavras-chave: Biblioteconomia ? Gestão, Bibliotecário Gestor, Mercado de trabalho ? Bibliotecário.

Abstract: The current socio-political-economic context requires ability of organizations and individuals to manage change, mobilize people, in addition to managing resources to obtain competitive advantage. This way, professionals and companies seeking strategies of management and careers to match this market. With this, universities try to attract students through degree programs in various fields with emphasis on management training. The main objective of the research was to investigate the perception of librarianship students about their training in management and their future performance as manager. To compose the study material, students have developed collages from their remarks and acting as students of the course and as managers in the labor market. It was found that during the study management, students undergo numerous difficulties and constant need for growth. However, students seem to believe that by becoming managers will get professional success, money and material goods. This makes it seem like overwhelming odds that occurred during the study will be worth, due to the promising future we envision. Finally, it notes that the integration of management disciplines enables curriculum innovation relevant to future librarians and contribute to the training of professionals that match the market demand.

Keywords: Library - Management, Librarian Manager, Labor market - Librarian.

1 Introdução

A sociedade do conhecimento provocou mudanças significativas no mercado de trabalho; notoriamente, as atividades exercidas dependem mais do conhecimento e o trabalhador precisa ser umsujeito crítico, ágil, inovador e capaz de adaptar-se a possíveis mudanças dessa sociedade.Nesse contexto, a empregabilidade em diversas áreas do conhecimento está relacionada com as aptidões do profissional e as qualificações pessoais, sendo valorizado o profissional hábil em estabelecer relações e com capacidade de liderar. Com isso, nota-se a necessidade de programas educacionais para formar profissionais que correspondam a essas novas demandas do mercado (SILVA; CUNHA, 2002; BITENCOURT; KLEIN, 2007;VERGARA; AMARAL, 2010).

Devido a essas mudanças no mercado de trabalho e à grande necessidade de profissionais eficientes e eficazes, surgem os grandes desafios para as universidades, fazendo-as reavaliarem a formação adequada aos estudantes, seus métodos de ensino e a utilização de tecnologias diferenciadas na tarefa de ensinar, assim como a capacitação dos professores e um compromisso com a aprendizagem (GONDIM, 2002;FERRAZ; SOUZA; VERDINELLI, 2009).

Observa-se, então, que as instituições de ensino, além de se preocuparem com a formação acadêmica e a transmissão de conhecimento, começam a incorporar valores e práticas do mercado de trabalho, fazendo com que a qualidade educacional associe-se cada vez mais às vantagens competitivas e aos princípios mercadológicos, exigindo dos profissionais habilidades de gestão (VERGARA; AMARAL, 2010).Nota-se que as aptidões e qualificações exigidas parecem corresponder ao perfil dos profissionais de gestão, que estão sempre atentos à competitividade, voltados ao planejamento e desenvolvimento da organização, além de serem facilitadores de processos. Sendo assim, muitos cursos de graduação têm incluído matérias de gestão em seus currículos (GONDIM; FISHER; MELO, 2006;MUNARI; BEZERRA, 2004).

Um desses cursos de graduação é o curso de Biblioteconomia, que tem inserido disciplinas de gestão em sua estrutura curricular, de modo a proporcionar inovações curriculares relevantes aos bibliotecários, além de contribuir para a formação de profissionais que correspondam à demanda do mercado (BARBOSA,1998).

Diante desse contexto, o presente trabalho teve por objetivo investigar a percepção dos estudantes de Biblioteconomia a respeito de sua formação na área de gestão e a sua futura atuação como gestor. Para atingir esse objetivo,foi analisada a percepção dos estudantes do Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação (CBG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) frente às disciplinas de gestão oferecidas pelo curso e possíveis áreas de atuação do profissional gestor. Esta ação tem a finalidade de obter um resultado sobre a visão dos alunos perante essas matérias e suas práticas no mercado de trabalho como gestores. Optou-se por estudar o curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação da UFRJ, devido à composição de sua grade curricular voltada à capacitação de gerenciamento de unidades de informação e atividades de pesquisa, com o objetivo de formar estudantes ?capazes de atuar, técnica e gerencialmente, no atual mercado de trabalho? (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2012).

2 Revisão de Literatura

2.1 A importância da gestão nos cursos de graduação

O contexto sócio-político-econômico vigente exige das organizações e dos indivíduos aptidão na capacidade de gerenciar mudanças, mobilizar pessoas, ter ações efetivas e eficazes e administrar recursos de forma a obter vantagem competitiva. Assim, profissionais e empresas buscam estratégias de gestão e de carreiras para corresponder a esse mercado de modo a alavancar negócios e carreiras (ARRUDA; MARTELETO; SOUZA, 2000; BITENCOURT; KLEIN, 2007).

Frente às exigências do mercado, faz-se necessário uma formação generalizada e a ampliação das possibilidades de experiência prática durante a graduação, de modo a atender a exigência do perfil de um profissional multifacetado, e ainda, proporcionar experiência profissional e realização pessoal para atuar nas situações de imprevisibilidade que as organizações estão sujeitas (GONDIM, 2002).

Esse novo paradigma mercantil demanda que os cursos universitários sigam um modelo educacional que capacite os indivíduos para serem profissionais ágeis e proativos, desvalorizando, assim, sistemas que mantenham um padrão escolar que não habilite os indivíduos para o atual mercado de trabalho (ARRUDA; MARTELETO; SOUZA, 2000).

Diante deste contexto, o futuro universitário, durante a escolha do curso de graduação, busca ingressar em uma profissão que lhe forneça boas oportunidades de inserção no mercado e condições de trabalho favoráveis, onde haja boa remuneração e perspectiva de promoções. Os jovens observam também a competitividade do mercado de trabalho, e aí buscam um curso que amplie suas possibilidades de admissão no mercado (OLIVEIRA, 2010).Por isso, muitos estudantes estão preferindo cursos graduação que ofereçam disciplinas de gestão, que prometem aumentar a capacidade de gerenciamento, coordenação, planejamento e competição para serem aplicadas em diversos setores organizacionais (GONDIM; FISHER; MELO, 2006;MARCHIORI, 2002;MUNARI; BEZERRA, 2004).

Com a finalidade de corresponder a essa busca da carreira ideal, as universidades tentam atrair estudantes por meio de grades curriculares que visam a uma formação voltada para o mercado, além de buscarem diminuir a diferença entre teoria e prática, de modo a disponibilizar alunos que atendam às exigências das organizações (BITENCOURT; KLEIN, 2007; MONTALLI, 1997). Nota-se que a escolha da universidade está diretamente ligada à imagem que ela perpassa aos estudantes, pois é por meio dessa imagem que os estudantes avaliam a qualidade de ensino e do comprometimento do corpo discente da instituição (FERRAZ; SOUZA; VERDINELLI, 2009).

Desse modo, os cursos de graduação e pós-graduação estão exigindo dos estudantes aptidão gerencial, capacidade de utilizar as novas tecnologias e compreensão e disseminação de informação. O objetivo é a formação de um profissional que, além das tradicionais disciplinas da área, seja proeminente no planejamento e uso estratégico das tecnologias da informação e nas especificações da qualidade e segurança da informação. Diversas profissões ocupam-se, de determinada forma, ?da teoria e prática da criação, aquisição, acesso, validação, organização, armazenagem, transmissão, recuperação e uso da informação? que são habilidades encontradas no profissional gestor (MARCHIORI, 2002, p.75).

A partir da necessidade dessa nova formação profissional, nota-se a importância da inserção das disciplinas de gestão no curso de Biblioteconomia, de modo a trazer inovações curriculares relevantes para o contexto biblioteconômico e ainda contribuir para a formação de profissionais com uma visão ampla das questões informacionais da sociedade do conhecimento (BARBOSA, 1998). Percebe-se que essa mudança de paradigma e ampliação do ensino em Biblioteconomia é essencial para que a profissão sobreviva ao constante desenvolvimento tecnológico e à competitividade do mercado de trabalho (CORREA; SANTOS, 2015;WALTER, 2008).

Vale ressaltar que a preocupação do ensino de gestão nos cursos de graduação não se restringe, exclusivamente, à Biblioteconomia. Outras áreas, como Saúde, Educação, Direito e Ciências Sociais Aplicadas, têm sido profundamente influenciadas por conceitos, práticas e ações, que visam a disseminar o ensino de gestão, a fim de formar gestores de informação (CAVALCANTE, 2006).

2.1 A aplicabilidade da gestão no curso de biblioteconomia

A educação superior tem dado grande importância aos estudos e práticas de competência em informação, principalmente para o uso das tecnologias em diferentes suportes, de modo a favorecer os estudantes por meio de um processo educacional que respeite suas diferenças. Desta forma, além de permitir a todos uma utilização eficaz da informação, visa eliminar o analfabetismo informacional, característico de uma sociedade tecnológica e com profundas desigualdades sociais (CAVALCANTE, 2006).

A partir desse cenário, faz-se necessário o comprometimento do profissional, principalmente o da informação, em relação à sociedade da informação, interpretando-a a partir de seus aspectos políticos, econômicos, históricos e educacionais. Cabe ainda ao profissional compreender a sociedade da desinformação, do analfabetismo tecnológico, de forma que, através de sua competência, consiga num futuro próximo diminuir o hiato entre ambas (CASTRO; RIBEIRO, 2004). Com isso, nota-se um crescimento exponencial nas áreas de atuação dos profissionais da informação em espaços que desafiam suas habilidades em contextos cada vez mais dinâmicos (HORTON JR., 1992 apud MARCHIORI, 2002).

Diante desse cenário, é de grande importância para o gestor da informação, além do domínio tecnológico, aptidão em aprender de forma ágil e contínua, flexibilidade para atuar em diversos sistemas, assumir riscos, capacidade de atender eficazmente aos usuários, possuir habilidades interpessoais, adaptar-se a mudanças e, é claro, dominar os recursos de informações e conhecimentos (MARCHIORI, 2002).

É importante enfatizar que o bibliotecário gerencia a informação em diversos meios, influenciando a vida das pessoas que necessitam dessa informação. Seu perfil profissional compreende criatividade, interatividade, cooperação, transparência, flexibilidade e aprendizagem contínua, além de integrar seu conhecimento com suas aptidões e cultura (SILVA; CUNHA, 2002).

Juntando essas habilidades profissionais do bibliotecário com a formação de gestor, o bibliotecário gestor atuará, em qualquer meio e tempo, no desenvolvimento de estratégias e na estruturação e no incremento de recursos informacionais, humanos, tecnológicos, financeiros, materiais e físicos, para que outros indivíduos possam desempenhar suas atividades baseados em informações contextualizadas (INTERNATIONAL FEDERATION FOR INFORMATION AND DOCUMENTATION, 1994 apud MARCHIORI, 2002).

Por isso, faz-se necessário a formação do bibliotecário como gestor, de modo que este profissional seja capaz de assumir um papel de liderança, garantindo um ambiente seguro, eficiente e eficaz, por meio do gerenciamento da organização, das operações e dos recursos da mesma (DUDZIAK, 2007),visto que cabe ao gestor de informação ser estrategista, visionário, facilitar na capacitação e no uso produtivo dos recursos informacionais necessários à organização, tendo em vista seu posicionamento estratégico (TARAPANOFF; SUAIDEN; OLIVEIRA, 2002).

Apesar dessa nova formação do bibliotecário como gestor e das suas novas áreas de atuação, a profissão bibliotecária ainda convive com o estereótipo que a sociedade criou ao seu respeito, onde o profissional é visto como ?guardião do saber?, imagem representada por Umberto Eco em seu romance ?O nome da Rosa?; o sexo feminino é predominante na profissão e as bibliotecárias são vistas como velhas rabugentas que sempre solicitam silêncio. Essa visão negativa sobre a profissão é, geralmente, originada pela falta de conhecimento e contato com a biblioteca, o que está associado com a falta de investimentos na educação (ALMEIDA; BAPTISTA, 2009;WALTER, 2008).

Entretanto, ao conhecer o atual perfil do bibliotecário, as atividades e funções que ele desempenha na organização, é possível perceber que o estereótipo defendido pela sociedade não é mais vigente. O bibliotecário está sempre tentando se aperfeiçoar por meio da educação continuada, uma vez que esta possibilita qualidade ao trabalho desempenhado pelo profissional, reconhecimento no mercado, além de auxiliar na visão positiva da imagem. No entanto, apesar do crescimento considerável de profissionais do sexo masculino, a profissão continua sendo predominantemente feminina (ALMEIDA; BAPTISTA, 2009).

2.3 Inserção no mercado de trabalho em gestão da informação

As organizações estão sendo obrigadas a lidar com ambientes cada vez mais dinâmicos, o que demanda novas exigências de gestão e novos perfis de liderança. As mudanças provocadas pelos avanços tecnológicos e pelo complexo ambiente organizacional exigem transformações permanentes para garantir vantagem competitiva. Assim, são requeridas diversas competências aos profissionais da informação, como conhecimento interdisciplinar e especializado, conhecimento da demanda, domínio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), capacidade de gerenciamento e aprendizagem contínua (FARIA et al., 2005).

A partir dessas competências, é possível indicar algumas áreas de trabalho tradicionais e não tradicionais nas áreas de organização e recuperação da informação como bibliotecas, videotecas, arquivos, editoras, livrarias, museus, organização de clipping, assessoramento a profissionais de outras áreas, organização de conteúdo e recuperação de informação por meio das TIC, entre outras. Há ainda a atividade de consultoria, que possibilita ao profissional da informação a prestação de serviços a diversas áreas (VIEIRA; ARDIGO, 2015;BAPTISTA, 2000).

Entre as áreas de trabalho não tradicionais aos bibliotecários, três ambientes têm se destacado: o trabalho autônomo, as áreas de negócios e a tecnologia. A prestação de serviços por meio do trabalho autônomo foi facilitada com o advento das TIC, onde foi possível a oferta de serviços diretamente aos interessados, sem o envolvimento da instituição biblioteca, fortalecendo a entrada no mercado dos profissionais da informação. Outro nicho potencialmente em expansão no mercado é a informação para negócios, devido à competitividade entre empresas exigir informação atualizada e a prática de inteligência competitiva. Na área tecnológica, a Internet tem ampliado as ofertas de trabalho aos profissionais, proporcionando oportunidades relacionadas às tarefas de planejar, construir e operacionalizar sites e atividade de busca de informação, serviços direcionados aos usuários, entre outras funções (BAPTISTA; MUELLER, 2005).

Seguindo esse raciocínio, o profissional precisa se ajustar ou direcionar suas competências ao que a organização define como prioridade ou interesse; assim, o indivíduo é obrigado a enfrentar mudanças, riscos e incertezas devido ao complexo e turbulento ambiente do mercado atual. Com isso, ele necessita estar preparado para gerenciar a informação de acordo com as tendências do mercado (DUTRA; CARVALHO, 2006; FONSÊCA; ODDONE, 2005).

Segundo Abreu e Campello (2000) e Ribeiro (2008), a partir das transformações estruturais e tecnológicas, houve uma diversificação no mercado de trabalho para o bibliotecário, impactando diretamente na profissão e no ensino de biblioteconomia. Visando corresponder ao que se espera de um profissionalalinhado com esse novo cenário, o estágio representa um treinamento, de modo a desenvolver habilidades e pôr em prática os conhecimentos adquiridos teoricamente, constituindo uma visão crítica ao estudante (ABREU; CAMPELLO, 2000; NICOLINI, 2003).

Por meio dos estágios, os estudantes são inseridos no mercado, para adquirirem experiência em suas qualificações profissionais e conseguirem melhores oportunidades no futuro. Entretanto, os universitários identificam algumas dificuldades em suas experiências laborais como, baixo valor da bolsa-estágio, conflito entre o horário acadêmico e o horário do estágio e desvalorização do trabalho (PICCININI; OLIVEIRA, 2008). Entretanto, é imprescindível o contato prático com a profissão. As atividades exercidas nos estágios proporcionam aos recém-formados melhores condições na disputa de uma vaga no mercado de trabalho (DUTRA; CARVALHO, 2006). A necessidade de possuir experiência prévia é comprovada na pesquisa realizada por Dutra e Carvalho (2006), que apresentam que 73% dos anúncios avaliados exigem experiência profissional.

Por isso, há uma grande preocupação de alguns estudantes de cuidarem de sua qualificação e empregabilidade; desta forma, os jovens são atraídos por boas perspectivas de efetivação e crescimento em seus estágios, uma vez que ?diversas empresas veem na contratação de jovens profissionais uma forma eficiente e segura de criar um fluxo estável de talentos e lideranças?, visando à continuidade do trabalho e possíveis projetos de expansão (OLIVEIRA, 2010, p.15).

Devido às inovações tecnológicas, que possibilitaram a quebra das barreiras geográficas, algumas habilidades são indispensáveis ao gestor de informação, entre elas estão o domínio na língua estrangeira em virtude das amplas áreas de atuação e o conhecimento de informática por causa das grandes operações realizadas com os computadores (DUTRA; CARVALHO, 2006, p.190).

Tendo em vista as novas exigências do mercado de trabalho, ainda segundo estas últimas autoras, nota-se uma mudança de paradigma sobre os profissionais da informação, em virtude de que antes estes profissionais eram relacionados somente aos livros e às bibliotecas, porém, com o advento das TIC e da explosão informacional, novas oportunidades surgem para os bibliotecários, que passam a ser vistos como gestores, possibilitando-lhes o trabalho em espaços diversos, utilizando de suas habilidades e conhecimentos.

De modo a acompanhar as mudanças tecnológicas e as exigências do mercado, os profissionais também buscam a educação continuada, visando o aperfeiçoamento e a renovação dos seus conhecimentos. Essa postura educacional auxilia na execução dos serviços que este profissional realiza, devido a sua capacitação e proatividade, pois somente por meio da atualização profissional sua atuação no mercado pode-se reforçar a imagem positiva do bibliotecário perante a sociedade (ALMEIDA; BAPTISTA, 2009;WALTER, 2008).

A partir destes princípios, os profissionais que conseguirem se preparar e somar habilidades, tendo uma visão geral da tecnologia e da organização, assim como a capacidade de entender qualquer tipo informação como recurso econômico e estratégico, serão aqueles que conseguirão articular áreas, até então, estagnadas da organização (CIANCONI, 1991).

3 Metodologia

A coleta de dados da etapa empírica da pesquisa foi realizada por meio da atividade de colagens. Essa forma de coleta visou estimular manifestação de sentimentos, por meio de representações subjetivas, e uma participação mais espontânea dos entrevistados (SILVA; VERGARA, 2000;KOLCK, 1968). Essa dinâmica possui uma reflexão mais isenta da racionalidade e com ênfase afetiva, permitindo que os sentimentos procedam naturalmente (SILVA; VERGARA, 2000). Também possibilita ao pesquisador a interpretação das representações sociais, ?atribuindo significado a expressões subjetivas, que, paradoxalmente, já lhe chegam prenhes de sentido? (AIELLO-VAISBERG, 2005, p.124).

As colagens já foram utilizadas em pesquisas envolvendo temas relacionados à gestão por Caldas e Tonelli (2002), explorando o tema de fusões e aquisições; Carvalho et al. (2010), no estudo da análise semiótica institucional e; Wood Jr. e Caldas (2005), na pesquisa sobre a reação dos consultores perante as anedotas organizacionais.

O presente trabalho compreendeu a coleta de dados por meio de colagens solicitadas a estudantes de três turmas do curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação da UFRJ. Os sujeitos de pesquisa foram estudantes do quarto ao oitavo período. A escolha por esse universo de alunos deve-se ao fato de eles já terem cursado diversas disciplinas de gestão nesse momento do curso e por eles, em sua maioria, já estarem estagiando. Optou-se pelo curso da UFRJ, devido à composição de sua grade curricular, onde os alunos possuem diversas disciplinas, obrigatórias e eletivas, referentes à Administração e à gestão, como marketing, planejamento, estatística, recursos humanos e outros, não limitando o curso somente às disciplinas voltadas à Biblioteconomia.

Foi pedido para que os estudantes elaborassem colagens a partir de suas percepções a respeito das disciplinas de gestão e de suas atuações como gestores no mercado de trabalho. A pesquisadora disse somente para que os alunos elaborassem colagens com os temas: ?Eu como aluno de gestão? e ?Eu como gestor?. Dessa forma, pretendeu-se deixar os sujeitos da pesquisa livres para escolherem como iriam realizar a colagem. Foram fornecidas revistas para que as colagens fossem realizadas. Os estudantes foram instruídos a não utilizar outros materiais como canetas e tintas, somente as imagens das revistas e jornais. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2012 a janeiro de 2013.

A análise das colagens foi feita por intermédio da identificação de semelhanças e diferenças entre as colagens realizadas pelos estudantes. Essa identificação ocorreu por meio da observação da frequência com a qual alguns signos aparecem nas colagens. A análise procurou comparar as categorias e os resultados, com o objetivo de obter uma percepção mais clara sobre a utilização da metodologia que emprega o método de colagem e identificar os benefícios e limitações desse método (SILVA; VERGARA, 2002).

As limitações da pesquisa ocorreram devido à impossibilidade de aplicar-se a mesma em outras universidades que oferecem o curso de Biblioteconomia, porém acredita-se que o foco no curso da UFRJ seja adequado pelas razões citadas anteriormente. Outra limitação diz respeito ao caráter interpretativo da metodologia adotada, que demanda maturidade do pesquisador para interpretar os dados coletados e ainda a disponibilidade dos sujeitos de pesquisa para a elaboração das colagens.

4 Análise dos Resultados

Com a pesquisa foram recolhidas colagens de 22 estudantes, sendo oito estudantes do quarto período, cinco estudantes do sexto período e nove estudantes do oitavo período. Assim, foram obtidas 44 colagens que correspondiam às afirmativas ?Eu como aluno de gestão? e ?Eu como gestor?.

Inicialmente, foi realizada uma análise individual de cada colagem, observando-se os significantes nelas apontados. Em seguida, realizou-se uma análise comparativa das colagens, identificando os pontos em comum entre elas.

Como as colagens possuíam diversos pontos em comum, optou-se pela categorização das imagens. Formando-se quatro categorias das colagens intituladas ?Eu como aluno de Gestão? e essas categorias representam: as dificuldades de cursar gestão; os materiais e as tecnologias necessárias para o estudo de gestão; o caminho percorrido durante o estudo; e cursos complementares ao estudo de gestão. Representando as colagens do ?Eu como gestor?, as cinco categorias destacadas foram: aptidões de um gestor; conquistas ao trabalhar em gestão; locais de trabalho; mulheres como gestoras e bibliotecárias; comparação com grandes líderes.

4.1 Análise das colagens sobre ?eu como aluno de gestão?

A seguir serão analisadas as colagens referentes ao tema ?Eu como aluno de gestão?, por meio das quatro categorias estabelecidas.

4.1.1 Dificuldades ao cursar gestão

Conforme afirmou Oliveira (2010), os jovens, observando a competividade do mercado de trabalho, buscam cursos que ampliem suas possibilidades de inserção ao mercado. Entretanto, ao buscarem cursos de diversas áreas que possuem disciplinas de gestão, os estudantes deparam-se com diversas dificuldades durante o estudo (GONDIM; FISHER; MELO, 2006; MARCHIORI, 2002; MUNARI; BEZERRA, 2004).

Os estudantes de Biblioteconomia comprovaram a afirmação dos autores, apresentando colagens que remetem a situações de estresse, cansaço, tédio e correria durante o estudo. O sofrimento e a angústia dos alunos também parecem ter relação com muitas dúvidas e a pressão que as matérias de gestão parecem proporcionar-lhes. Pode-se aventar que o tempo e o fluxo de informações das matérias também são adversários dos estudantes no estudo. Nas representações das colagens do ?Eu como aluno de gestão?, os estudantes ainda trouxeram imagens referentes à prisão e à repressão, questões que aparentam estar relacionas aos sacrifícios feitos para realizarem o estudo de gestão.

Também apresentaram colagens que fazem referência à necessidade de serem ágeis e aprenderem a lidar com as adversidades para participarem de todas as disciplinas oferecidas e não se atrapalharem durante o desenvolvimento do curso. Os estudantes indicaram ainda a necessidade de serem estrategistas e terem grande capacidade de raciocínio durante o estudo das matérias de gestão. Essas necessidades podem ter sido suscitadas devido ao novo modo de aprendizado e à comparação com o mercado de trabalho.

Nota-se que essa exigência, imposta aos estudantes, refere-se à atual formação acadêmica oferecida pelas universidades, a fim de preparar um profissional que atenda às necessidades das organizações (BITENCOURT; KLEIN, 2007;MONTALLI, 1997), e, ainda, se preocupar com a formação de um bibliotecário com uma ampla visão sobre as questões informacionais (BARBOSA, 1998).

4.1.2 Tecnologias e o estudo de gestão

As organizações demandam por profissionais que consigam lidar com a informação em diversos suportes (ARRUDA; MARTELETO, SOUZA, 2000). Segundo Cavalcante (2006), essa exigência também tem sido imposta pelas universidades, visando permitir aos estudantes uma formação eficaz na gestão da informação.

A partir das colagens, os estudantes fizeram referência à utilização de diversos suportes informacionais sendo os livros e os computadores como os recursos mais citados. Há, ainda, a menção de calculadoras, provavelmente porque essa é uma ferramenta necessária para efetuar diversas disciplinas de gestão. O pendrive, o cartão de memória, o CD e o DVD são tecnologias citadas que parecem estar relacionadas ao estudo de gestão. Mostraram também imagens que apontam a leitura como uma atividade demasiada e constante, além de ser efetuada em diversos suportes como livros, computadores, notebooks e tablets.

Com o advento das TIC e com as imagens obtidas, nota-se que o domínio dos principais softwares e hardwares tornou-se essencial durante o estudo, uma vez que a disseminação de informações das matérias cursadas ocorre por meio dos novos recursos informacionais, ocasionando a atualização constante dos estudantes em relação a esses recursos.

A utilização desses recursos tem como objetivo o aprimoramento das competências dos universitários, visando à formação de um profissional capaz de lidar com ambientes organizacionais dinâmicos (FARIA et al., 2005), e ainda vai ao encontro das exigências do mercado, que requer profissionais com habilidades e conhecimentos das novas tecnologias para aturem em ambientes diversos (DUTRA; CARVALHO, 2006).

4.1.3 Caminho percorrido durante o estudo de gestão

Pode-se inferir a partir das colagens do ?Eu como aluno de gestão? que os estudantes possuem uma longa jornada a ser percorrida ao ingressarem no curso de gestão. Algumas colagens fazem referência aos estudantes sentirem-se iniciantes na área de gestão, remetendo à necessidade de orientações durante o processo de ensino. Em outras colagens, os estudantes aparentam que estão em constante crescimento e desenvolvimento de suas habilidades de gestores.

Percebe-se também que os alunos, ao optarem por um curso que lhes proporciona boa remuneração e perspectiva de crescimento (OLIVEIRA, 2010), estão sujeitos a passarem por algumas dificuldades e até mesmo padronizações exigidas pelo curso e pelo mercado. Entretanto, por meio das colagens, tudo isso parece se tornar aceitável diante da busca pelo melhor e pelas futuras oportunidades de trabalho, as quais, segundo Abrahim (2009), estão de acordo com as prioridades que os estudantes determinaram para suas vidas e carreiras. Os alunos aparentam investir, durante esse período, na ampliação das suas redes de amigos e a formação de relações profissionais.

Como declararam Silva e Vergara (2000) e Klock (1968), a coleta de dados por meio de colagens, estimula a manifestação de sentimentos e uma participação mais espontânea. Essa afirmativa fez-se verdadeira nesta pesquisa, uma vez que os estudantes se sentiram à vontade para representarem colagens que remetem que, durante a faculdade, também vão às festas, abusam do consumo de álcool, podendo até serem punidos por isso, e ainda realizam diversas ?jogatinas?.

4.1.4 Cursos complementares ao estudo de gestão

Alguns estudantes apresentaram em suas colagens indícios de necessitarem realizar cursos complementares aos seus estudos de gestão como pós-graduação e MBA, o que pode ser identificado devido aos estudantes se sentirem iniciantes nessa atividade durante a atuação no mercado de trabalho, fazendo com que busquem aprimoramentos na área. Outra possível interpretação seria em virtude de os alunos se identificarem tanto com as disciplinas de gestão de modo a buscarem cursos complementares na área. Essa busca por complementação está relacionada ao novo perfil profissional exigido, onde se faz necessário uma grande competência informacional e interdisciplinar (BARBOSA, 1998).

As colagens também podem representar a procura por eventos, seminários, palestras e congressos de gestão, os quais permitiriam aos estudantes uma interação com outros alunos e profissionais dessa área, além do conhecimento de novas formas de trabalho e/ou atualizações. Dessa forma, os estudantes já colocariam em prática o perfil do bibliotecário gestor, o qual compreende aprendizagem contínua, cooperação, flexibilidade e interação entre os pares (SILVA; CUNHA, 2002).

A busca por cursos complementares partidas do ?Eu como aluno de gestão? pode ser ocasionada devido ao conhecimento dos estudantes sobre a educação continuada, uma vez que, já na graduação, os estudantes obtêm informações sobre a importância do aperfeiçoamento e renovação dos conhecimentos profissionais por meio da educação continuada. Essa qualificação também proporciona reconhecimento profissional no mercado (ALMEIDA; BAPTISTA, 2009).

4.2 Análise das colagens sobre ?eu como gestor?

A seguir serão analisadas as colagens referentes ao ?Eu como gestor?, por meio das cinco categorias estabelecidas.

4.2.1 Aptidões de um gestor

Por intermédio das colagens, os estudantes indicaram que serão futuros gestores com capacidade de gerir informação em diversos suportes e distintos ambientes, inclusive virtualmente. Apresentaram indícios de que serão profissionais ágeis, estratégicos, atualizados, com aptidão comunicacional, competência informacional e conhecimento em língua estrangeira. Há ainda colagens que fazem referência ao profissional sempre atento ao tempo, à competividade do mercado e ao grande fluxo de informação ao qual será imposto.

Os alunos também representaram instrumentos que remetem aptidão na utilização das TIC, pressupondo, então, que eles estarão atualizados com os novos softwares e hardwares, o que corrobora com as afirmações de Dutra e Carvalho (2006), de que o mercado de trabalho exige profissionais com conhecimento das novas tecnologias, possibilitando sua atuação em espaços diversos.

As atuações do ?Eu como gestor? são atribuídas a uma escala global e interdisciplinar, simbolizadas pelo globo e pelo computador nas imagens. Os estudantes parecem se intitular como profissionais que analisam o contexto informacional e institucional, que possuem perspectivas, capacidade de liderança e planejamento, por meio de citações como ?boss? (chefe, líder), ?instituição social?, ?perspectiva? e ?sensibilidade ao contexto?. Há ainda as colagens que fazem referência ao profissional competitivo e atualizado, que busca diferenciação organizacional frente ao mercado.

Essas premissas ratificam as afirmações de autores como Marchiori (2002), Silva e Cunha (2002), Dudziak (2007), Tarapanoff, Suaiden e Oliveira (2002), os quais asseguram que um gestor necessita possuir domínio tecnológico, flexibilidade para atuar em diversos ambientes, capacidade de liderar de modo a gerenciar a organização e sempre manter um posicionamento estratégico em qualquer situação que lhe for apresentada.

4.2.2 Conquistas ao trabalhar com gestão

As colagens, que indicam as gratificações obtidas ao se tornarem gestores, fazem referência a profissionais felizes, bem-sucedidos, vitoriosos em suas jornadas e principalmente ricos. As conquistas materiais aparecem atreladas à formação de gestor, onde sugerem que o ?Eu como gestor? ao conquistar o sucesso profissional, obterá também bem-estar e qualidade de vida. As colagens deduzem que os estudantes ao se tornarem gestores, vislumbram a formação de uma família feliz, muitas viagens de lazer, uma ótima renda financeira e bens materiais diversos como propriedades particulares, carros, relógios, celulares, tablets, entre outros.

Nota-se que os estudantes parecem sempre visualizar sua formação de gestores de forma promissora, aparentando-se profissionais ricos, felizes e bem-sucedidos, campeões em suas jornadas, o que sugere que os alunos não possuem uma visão negativa na profissão de gestor.

Essa visão sobre as gratificações obtidas ao se tornarem gestores está relacionada à escolha do curso de graduação, uma vez que os estudantes, ao definirem o curso que irão cursar, buscam aqueles que lhes proporcionem boa remuneração e perspectivas de promoções de acordo com as prioridades que determinam para suas vidas (OLIVEIRA, 2010;ABRAHIM, 2009).

4.2.3 Locais para trabalhar com gestão

Algumas colagens do ?Eu como gestor? indicaram os possíveis locais de trabalho para os futuros gestores. A partir das colagens, nota-se a diversificação de mercado para o bibliotecário, conforme afirmaram Abreu e Campello (2000) e Ribeiro (2008). Pode-se aventar que os estudantes observam-se além das tradicionais áreas de trabalho, buscando ambientes de negócios como BNDES, Petrobrás, Bradesco, Eletrobrás, entre outros. Isso ocorre por causa da demanda por profissionais da informação no mercado de negócios, devido à competitividade entre as organizações (BAPTISTA; MUELER, 2005).

Nota-se ainda uma grande citação aos cargos públicos, que pode ser interpretada devido aos altos salários e estabilidade no emprego. Porém, os estudantes também não excluíram a menção às empresas privadas, o que sugere que eles estão dispostos a atuar em diversos ambientes.

Entretanto, ainda há algumas colagens que aparentam a busca pelas áreas tradicionais como a biblioteca, onde os estudantes parecem querer atuar como o bibliotecário provedor de informação, sendo o mediador entre a informação e os usuários (ABREU; CAMPELLO, 2000;NICOLINI, 2003).

Novamente, há a alusão à educação continuada, possivelmente devido à necessidade de alavancar a carreira e proporcionar um melhor desenvolvimento profissional aos futuros gestores.

4.2.4 Mulheres como gestoras e bibliotecárias

Por meio das colagens do ?Eu como gestor?, muitos alunos apresentaram imagens que indicam os profissionais como eles se veem no futuro. A partir dessas colagens, nota-se a predominância da representação de mulheres como gestoras. Isto ocorre devido ao sexo feminino prevalecer na profissão bibliotecária, apesar de ter ocorrido um aumento do número de bibliotecários do sexo masculino (ALMEIDA; BAPTISTA, 2009).

As representações remetem a bibliotecárias gestoras bem sucedidas e em diferentes áreas de atuação. Em algumas colagens aparece a figura feminina em imagens que fazem referência à liderança, aparentando serem chefes de determinadas unidades informações. Outras colagens referem-se às bibliotecárias na área escolar, atuando no serviço de referência, como mediadora de leitura e até mesmo como agente educadora, possivelmente utilizando as habilidades de competência informacional. Há ainda colagens que indicam as mulheres como chefes de profissionais masculinos, o que sugere que as estudantes buscarão se impor em seus cargos e suasfunções.

Mesmo que em menor escala, as colagens sobre bibliotecários gestores do sexo masculino ainda aparecem; e os estudantes apresentam colagens do ?Eu como gestor? que os indicam como profissionais líderes, bem-sucedidos, com muito trabalho, o que é representado em diversas imagens pela utilização do computador. Porém a maioria dos profissionais aparenta estar feliz com o trabalho que possui.

4.2.5 Comparação com grandes líderes

Durante a solicitação de colagens para o ?Eu como gestor?, os estudantes trouxeram imagens relacionadas a grandes líderes como a presidente Dilma Roussef, o Papa Bento XVI, o imperador Dom Pedro I, o general Aladeen, do filme O ditador, e outros grandes empresários.

Essa comparação pode ser relacionada às características específicas dos bibliotecários gestores, onde estes devem ser profissionais estrategistas, visionários, líderes e capazes de gerenciar a organização de forma eficiente e eficaz, como afirmaram os autores Tarapanoff,Suaiden e Oliveira (2002) e Dudziak (2007).

A partir das colagens, nota-se que os estudantes parecem visualizar suas capacidades profissionais bem desenvolvidas, uma vez que suas comparações são com líderes que dirigem ou dirigiram grandes nações. Essa comparação também sugere que os estudantes observam-se em uma atuação de escala global, podendo liderar, planejar, organizar e coordenar qualquer organização.

Novamente o líder é remetido ao estereótipo feminino, onde a figura da presidente Dilma Roussef aparece duas vezes nas colagens, confirmando a presença do sexo feminino na profissão, conforme afirmaram Almeida e Baptista (2009) e Walter (2008).

5 Considerações Finais

O presente estudo tinha como objetivo investigar a percepção dos estudantes de Biblioteconomia a respeito de sua formação na área de gestão e a sua futura atuação como gestor. Em linhas gerais, a revisão de literatura apontou um cenário de valorização de competências gerências nos profissionais de biblioteconomia e de efetiva busca de tais competências por meio de projetos curriculares que foquem em disciplinas da área de gestão. As pesquisas utilizadas para compor o quadro teórico foram de fundamental importância para que as seções de análise de resultados pudessem ser estruturadas de modo a trazer contribuições práticas e, principalmente, para a academia.

A partir dos resultados obtidos sobre o tópico ?Eu como aluno de gestão?, pode-se inferir que os estudantes sempre têm uma grande dificuldade ao se deparar com disciplinas de gestão no curso de Biblioteconomia. Percebe-se que eles parecem considerar um longo caminho e muitas leituras durante o estudo de gestão e parecem vincular seus estudos a diversos suportes informacionais. Por meio das colagens, todo esse percurso de estudante é sugerido de forma árdua, estressante, cansativa e com grande fluxo informacional, necessitando ainda uma educação continuada para o seu desenvolvimento profissional.

Já, durante a elaboração das colagens do ?Eu como gestor?, os estudantes sugerem uma carreira promissora, de sucesso e com muito dinheiro. As colagens remetem que os futuros profissionais terão grandes habilidades de gestor, aparentando capacidade de liderança, interdisciplinaridade e uma atuação em escala global. Apesar de toda a pressão no trabalho e na tomada de decisão, os alunos destacaram imagens que sugerem que eles serão profissionais felizes na vida pessoal e na vida profissional, além de muito ricos e bem-sucedidos.

Há, também, um alto índice das colagens do ?Eu como gestor? que fazem referência à profissional bibliotecária, que podem ser ocasionadas devido ao grande número de mulheres no curso. Essa demonstração de bibliotecária gestora sugere que as profissionais se veem atuantes no mercado de trabalho tanto quanto os homens, podendo gerir as mesmas áreas de trabalho.

Os resultados obtidos na pesquisa permitem uma comparação entre o ?Eu como aluno de gestão? e o ?Eu como gestor?, onde se pode aventar que durante o estudo de Gestão, os estudantes passam por inúmeras dificuldades e uma constante necessidade de crescimento. Entretanto, ao se tornarem gestores, eles sugerem que irão obter sucesso profissional, dinheiro e bens materiais. Isso faz parecer que todas as adversidades ocorridas durante o estudo valerão a pena devido ao futuro promissor que os estudantes sugerem para as suas carreiras.

Assim, apesar das dificuldades, os estudantes parecem considerar que as matérias de gestão inseridas no curso de Biblioteconomia ocasionam uma maior possibilidade de sucesso profissional, além de proporcionar novos ambientes de trabalho.

Por fim, nota-se que a inserção das matérias de gestão no curso de Biblioteconomia possibilita uma inovação curricular relevante aos futuros bibliotecários, além de contribuírem para a formação de profissionais que correspondam à demanda do mercado, conforme afirmou Barbosa (1998). Essa nova grade curricular permite a atuação dos profissionais nas áreas de negócios, tecnológicas e até mesmo autônomas, expandindo a atuação dos bibliotecários para além das áreas tradicionais da biblioteca, corroborando com a afirmativa de Baptista e Mueller (2005).

Referencias

ABRAHIM, Gisele Seabra. A influência dos valores humanos nas decisões de carreira. In: ENCONTRO DE GESTÃO DE PESSOAS E RELAÇÕES DE TRABALHO, 2., 2009, Curitiba. Anais... Curitiba, 2009, p. 2-16.

ABREU, Vera Lúcia Furst Gonçalves; CAMPELLO, Bernadete Santos. Graduação em Biblioteconomia: a formação do profissional da informação para o Século XXI. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 5, n. especial, p.93-103, jan./jun. 2000.

AIELLO-VAISBERG, Tânia Maria José. O uso de procedimentos projetivos na pesquisa de representações sociais: projeção e transicionalidade. Psicologia USP, São Paulo, v. 6, n. 2, p.103-127, 1995.

ALMEIDA, Neilia Barros Ferreira de; BAPTISTA, Sofia Galvão. Profissional da informação: imagem, perfil e a necessidade da educação continuada. Revista Ibero-americana de Ciência da Informação, Brasília, v. 2, n. 2, p.1-14, ago./dez. 2009.

ARRUDA, Maria da Conceição Calmon; MARTELETO, Regina Maria; SOUZA, Donaldo Bello de. Educação, trabalho e o delineamento de novos perfis profissionais: o bibliotecário em questão. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p.14-24, set./dez. 2000.

BAPTISTA, Sofia Galvão. Profissional da informação: autônomo ou empresário, novas perspectivas de mercado de trabalho. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p.91-98, jan./jun. 2000.

BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Considerações sobre o mercado de trabalho do bibliotecário. Información, Cultura Y Sociedad, Buenos Aires, n. 12, p.30-50, jan./jun. 2005. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/pdf/ics/n12/n12a03.pdf. Acesso em: 10 out. 2015.

BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Perspectivas profissionais e educacionais em biblioteconomia e ciência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 27, n. 1, p.53-60, jan./abr. 1998.

BITENCOURT, Cláudia Cristina; KLEIN, Maria Josefina. Desenvolvimento de competências: a percepção dos egressos do curso de graduação em administração. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 31., 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2007. p. 1-15.

CALDAS, Miguel P.; TONELLI, Maria José. Casamento, estupro ou dormindo com o inimigo?: Interpretando imagens e representações dos sobreviventes de fusões e aquisições. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 9, n. 23, p.171-186, jan./abr. 2002.

CARVALHO, José Luís F. et al. A universidade como (re)produtora de estruturas de significados: uma análise semiótica. Revista do Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial da Universidade Estácio, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p.1-21, jan./abr. 2010.

CASTRO, César Augusto; RIBEIRO, Maria Solange Pereira. As contradições da sociedade da informação e a formação do bibliotecário. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 1, n. 2, p.41-52, jan./jun. 2004.

CAVALCANTE, Lídia Eugenia. Políticas de formação para a competência informacional: o papel das universidades. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação: Nova Série, São Paulo, v. 2, n. 2, p.47-62, dez. 2006.

CIANCONI, Regina de Barros. Gerência da informação: mudanças nos perfis profissionais. Ciência da Informação, Brasília, v. 20, n. 2, p.204-208, jul./dez. 1991.

CORREA, Elisa Cristina Delfini; SANTOS, Luana Carla de Moura dos. De formação e desenvolvimento de coleções para gestão de estoques de informação: um panorama da mudança terminológica no Brasil. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 13, n. 2, p.343-355, maio/ago. 2015. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/8634631/3390. Acesso em: 14 out. 2015.

DUDZIAK, Elisabeth Adriana. O bibliotecário como agente de transformação em uma sociedade complexa: integração entre ciência, tecnologia, desenvolvimento e inclusão social. Ponto de Acesso: revista do Instituto de Ciência da informação da UFBA, Salvador, v. 1, n. 1, p.88-98, jun. 2007.

DUTRA, Tatiana N. Augusto; CARVALHO, Andréa Vasconcelos. O profissional da informação e as habilidades exigidas pelo mercado de trabalho emergente. Encontros Bibli: revista eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. 22, p.178-194, jul./dez. 2006.

FARIA, Sueli et al. Competências do profissional da informação: uma reflexão a partir da classificação brasileira de ocupações. Ciência da Informação, Brasília, v. 34, n. 2, p.26-33, maio/ago. 2005.

FERRAZ, Jucelino Jorge; SOUZA, Maria José Barbosa de; VERDINELLI, Miguel Angel. Percepção da imagem e satisfação em egressos universitários: uma análise correlacional. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 33., 2009, São Paulo. Anais... São Paulo: ANPAD, 2009. p. 1 - 14.

FONSECA, Ângela Maria Freitas; ODDONE, Nanci. Breves reflexões sobre o profissional da Informação e sua inserção no mercado de trabalho. In: ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 6., 2005, Salvador. Anais... Salvador: UFBA, 2005. p. 1 - 11.

GONDIM, Sônia Maria Guedes. Perfil profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v. 7, n. 2, p.299-309, jul./dez. 2002.

GONDIM, Sônia Maria Guedes; FISCHER, Tânia; MELO, Vanessa Paternostro. Formação em gestão social: um olhar crítico sobre a experiência de pós-graduação. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 30., 2006, Salvador. Anais.... Salvador: ANPAD, 2006. p. 1 - 16.

KOLCK, Odette L. V. Interpretação psicológica de desenhos: três estudos. São Paulo: Pioneira, 1968.

MARCHIORI, Patricia Zeni. A ciência e a gestão da informação: compatibilidades no espaço profissional. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 31, n. 2, p.72-79, maio/ago. 2002.

MONTALLI, Katia Maria Lemos. Perfil do profissional de informação tecnológica e empresarial. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 26, n. 3, p.290-295, set./dez. 1997.

MUNARI, DenizeBouttelet; BEZERRA, Ana Lucia Queiroz. Inclusão da competência interpessoal na formação do enfermeiro como gestor. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 4, p.484-486, jul./ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n4/v57n4a20.pdf. Acesso em: 02 out. 2015.

NICOLINI, Alexandre. Qual será o futuro da fábrica de administradores? Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 43, n. 2, p.44-54, abr./jun. 2003.

OLIVEIRA, Lucia Barbosa de. Construindo uma carreira em administração: um modelo teórico desenvolvido a partir da groundedtheory. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 24., 2010, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2010. p. 1 - 17.

PICCININI, Valmiria Carolina; OLIVEIRA, Sidinei Rocha de. Inserção profissional: contribuições dos estudos franceses. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 22., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2008. p. 1 - 17.

RIBEIRO, Fernanda. A formação dos profissionais de informação na Universidade do Porto: modelo teórico-prático inovador assente numa perspectiva integrada. In: JORNADAS INTERNACIONAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS MASS MEDIA, 2., 2007, Porto, Portugal. Anais... Porto: FLUP, 2007. p. 1 ? 11.

SILVA, Edna Lúcia da; CUNHA, Miriam Vieira da. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 31, n. 3, p.77-82, set./dez. 2002.

SILVA, José Roberto Gomes da; VERGARA, Sylvia Constant. Análise comparativa acerca da utilização de desenhos na pesquisa sobre a criação do sentido da mudança organizacional. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 9, n. 23, p.157-170, jan./abr. 2002.

SILVA, José Roberto Gomes da; VERGARA, Sylvia Constant. O significado da mudança: as percepções dos funcionários de uma empresa brasileira diante da expectativa de privatização. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v.34, n.1, p.79-99, jan./fev. 2000.

TARAPANOFF, Kira; SUAIDEN, Emir; OLIVEIRA, Cecília Leite. Funções sociais e oportunidades para profissionais da informação. DataGramaZero: revista de Ciência da Informação, v. 2, n. 5, p. 1-11, out. 2002. Disponível em: http://www.dgz.org.br/out02/Art_04.htm. Acesso em: 23 set. 2015.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação (CBG). Disponível em: http://www.pr1.ufrj.br/index.php?option=com_content&view=article&id=104%3Abiblioteconomia-e-gesto-de-unidades-de-informao-cbg&catid=157%3Ab&Itemid=124. Acesso em: 21 set. 2015.

VERGARA, Sylvia Constant; AMARAL, Mirian Maia do. Reflexões sobre o conceito 'aluno-cliente' de instituições de ensino superior brasileiras. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 24., 2010, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2010. p. 1 - 14.

VIEIRA, Diego de Casto; ARDIGO, Julibio David. Paradigmas da biblioteconomia e ciência da informação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v.20, n.1, p.124-137, jan./abr. 2015.

WALTER, Maria Tereza Machado Teles. Bibliotecários no Brasil: representações da profissão. 2008. 345 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciência da Informação, Departamento de Ciência da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

WOOD JUNIOR, Thomaz; CALDAS, Miguel P.. Rindo do que?:como consultores reagem ao humor crítico e à ironia sobre sua profissão. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 12, n. 34, p.83-101, jul./dez. 2005.

Notas

[1] Graduanda em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bacharel em Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: gomes.iingrid@gmail.com
[2] Possui graduação em Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(2013). Bibliotecária da Fundação Nacional de Artes. E-mail: dssdanielle.santos@gmail.com
[3] Doutora em Administração pelo Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: marinafaria86@hotmail.com. Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Autor notes

* Graduanda em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bacharel em Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Possui graduação em Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(2013). Bibliotecária da Fundação Nacional de Artes.
* Doutora em Administração pelo Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Buscar:
Ir a la Página
IR
Modelo de publicação sem fins lucrativos para preservar a natureza acadêmica e aberta da comunicação científica
Visor de artigos científicos gerado a partir de XML JATS4R