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Uma Reflexão Sobre as Três Décadas de Ensino de Jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
A Reflection on Three Decades of Journalism Teaching at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Coimbra
Una Reflexión Sobre las Tres Décadas de Enseñanza de Periodismo en la Facultad de Humanidades y Artes de la Universidad de Coimbra
Revista Comunicando, vol. 13, núm. 2, e024012, 2024
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação

Secção Temática/Thematic Section/Sección Temática. Artigos/Articles/Artículos

Revista Comunicando
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, Portugal
ISSN: 2184-0636
ISSN-e: 2182-4037
Periodicidade: Semestral
vol. 13, núm. 2, e024012, 2024

Recepção: 29 Maio 2024

Aprovação: 27 Novembro 2024

Publicado: 17 Dezembro 2024


Este trabalho está sob uma Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.

Resumo: No ano em que se celebram 30 anos do curso de Jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), que teve como um dos principais fundadores o ex-jornalista e político Mário Mesquita (Peixinho, 2023), celebram-se também os 50 anos do 25 de Abril. Neste contexto, urge refletir-se sobre a formação académica dos jornalistas e profissionais da comunicação (Peixinho, 2016) em resposta aos diversos desafios no acesso à profissão, mudanças tecnológicas e de competitividade (e precariedade) no mercado de trabalho (Figueira, 2023). A reflexão sobre o ensino do saber jornalístico não pode ser desligada do contexto e do seu papel central na(s) democracia(s). Uma postura crítica e uma atitude de abertura ao debate é de salutar na formação dos jovens jornalistas, algo que a reforma na estrutura curricular dos cursos de 1.º ciclo, em vigor desde 2015/2016, procurou alimentar. Desta forma, procura-se resposta à seguinte questão de pesquisa: como se foi alterando a estrutura curricular e os planos de estudo do curso de 1.º ciclo de Jornalismo na FLUC? Neste sentido, propõe-se fazer uma análise documental (Junior et al., 2021) à estrutura curricular dos cursos de licenciatura em jornalismo lecionados na FLUC, de 1993/1994 a 2023/2024, recolhendo a informação sobre os planos de estudo, nomeadamente, nome das unidades curriculares, regime e número de ECTS. O objetivo é perceber quais as principais áreas do saber que marcam a formação universitária do jornalismo na Universidade de Coimbra, sendo uma das principais conclusões a marca da interdisciplinaridade transversal aos diferentes planos dos últimos 30 anos.

Palavras-chave: Humanidades, Jornalismo, Ciências da Comunicação, Academia, Ensino.

Abstract: The 30th anniversary of the Journalism course at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Coimbra (FLUC), whose main founder was the former journalist and politician Mário Mesquita (Peixinho, 2023), was also the 50th anniversary of the Portuguese Carnation Revolution. In this context, it is urgent to reflect on the academic training of journalists and communication professionals (Peixinho, 2016) in response to the various challenges in accessing the profession, technological changes and competitiveness (and precariousness) in the job market (Figueira, 2023). Reflection on the teaching of journalistic knowledge cannot be disconnected from the context and its central role in democracy(ies). A critical stance and openness to discuss is an advantage in the training of young journalists, something that the reform in the curricular structure of 1st cycle courses, since 2015/2016, sought to foster. In this way, we seek an answer to the following research question: how did the curricular structure and study plans of the 1st cycle Journalism course at FLUC change? In this sense, it is proposed to carry out a document analysis (Junior et al., 2021) of the curricular structure of the degree courses in journalism taught at FLUC, from 1993/1994 to 2023/2024, collecting information about the study plans, such as the name of the curricular units, regime and number of ECTS. The goal is to understand which are the main areas of knowledge that distinguish the teaching of journalism at the University of Coimbra, being one of the main conclusions the mark of interdisciplinarity transversal to the different plans of the last 30 years.

Keywords: Humanities, Journalism, Communication Sciences, Academia, Teaching.

Resumen: En el año en que se celebra el 30.º aniversario de la carrera de Periodismo de la Facultad de Humanidades y Artes de la Universidad de Coimbra (FLUC), que tuvo como uno de los principales fundadores al experiodista y político Mário Mesquita (Peixinho, 2023), también se celebra el 50.º aniversario del Revolución de los Claveles en Portugal. En este contexto, urge reflexionar sobre la formación académica de periodistas y profesionales de la comunicación (Peixinho, 2016) en respuesta a los diversos desafíos en el acceso a la profesión, los cambios tecnológicos y la competitividad (y precariedad) en el mercado laboral (Figueira, 2023). La reflexión sobre la enseñanza del saber periodístico no puede desvincularse del contexto y de su papel central en democracia(s). Una postura crítica y una actitud de apertura al debate resulta beneficiosa en la formación de jóvenes periodistas, algo que buscó fomentar la reforma en la estructura curricular de los cursos de 1er ciclo, vigente desde 2015/2016. De esta manera, buscamos respuesta a la siguiente pregunta de investigación: ¿Cómo fueron cambiando la estructura curricular y los planes de estudio de la carrera de periodismo de 1er ciclo del FLUC? En este sentido, se propone realizar un análisis documental (Junior et al., 2021) de la estructura curricular de las carreras de periodismo impartidas en FLUC, desde 1993/1994 al 2023/2024, recopilando información sobre los planes de estudio, a saber, nombre de las unidades curriculares, régimen y número de ECTS. El objetivo es comprender cuáles son las principales áreas de conocimiento que marcan la formación universitaria del periodismo en la Universidad de Coimbra, siendo una de las principales conclusiones la marca de interdisciplinariedad transversal a los diferentes planes de los últimos 30 años.

Palabras clave: Humanidades, Periodismo, Ciencias de la Comunicación, Academia, Ensino.

1. Introdução

Em 2024, no mesmo ano em que se celebram os 50 anos da Revolução dos Cravos, o curso de 1.º ciclo de Jornalismo (e Comunicação) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) celebra os seus 30 anos. A coincidência da celebração impele à reflexão do papel do jornalismo e do seu ensino para uma democracia, ainda jovem, que este ano foi marcada pelas eleições legislativas de março de 2024.

Numa profissão que vive em permanente crise (Figueira, 2023), a reflexão acerca da sua formação é urgente, pois “o futuro da educação para o jornalismo está vinculado ao futuro do jornalismo” (Peixinho, 2016, p. 109). No contexto de uma sociedade que se rege pelo ímpeto da urgência e da informação à milésima de segundo, os cursos de jornalismo em Portugal, as suas direções e docentes têm procurado responder a esses desafios e habilitar os estudantes, capacitando-os nas mais variadas formas e formatos.

O ensino do jornalismo no país percorreu um longo caminho marcado pelas discussões entre diversas personalidades, desde os seus profissionais a políticos e académicos. Desta forma, só “em 1993, pela mão do jornalista e professor Mário Mesquita e de outros, haveria a coragem de criar um curso superior que desde o início se reivindicava como sendo de Jornalismo (Universidade de Coimbra)” (Sousa, 2009, para. 59), havendo já uma formação superior em comunicação social, na Universidade Nova de Lisboa.

Neste sentido, propõe-se fazer uma análise documental à estrutura curricular e planos de estudo dos cursos de licenciatura em jornalismo lecionados na FLUC, de 1993/1994 a 2023/2024. O objetivo é fazer o mapeamento e sinalizar as principais mudanças nos planos de estudo que marcam a formação universitária de futuros jornalistas na FLUC — e, agora, também da área da comunicação. Procuramos, assim, responder à seguinte questão de pesquisa: como se foi alterando a estrutura curricular e os planos de estudo do curso de 1.º ciclo de Jornalismo na FLUC?

Para tal, iremos enquadrar o caminho e a afirmação do ensino do jornalismo em Portugal, procurando mapear os principais momentos da sua história. De seguida, analisaremos com detalhe o caso particular que constitui o foco do artigo: o curso de Jornalismo e Comunicação, designação desde 2015/2016 (Peixinho et al., 2016) na FLUC.

2. O Ensino do Jornalismo em Portugal

A afirmação da profissão de jornalista está particularmente repleta de desafios e contestações no caminho para a sua autonomização. “Até quase aos finais do século XIX, os jornalistas, em Portugal, eram, essencialmente, cidadãos que escreviam para os jornais, preocupados, sobretudo, em deixar uma marca na política ou nas Belas Letras” (Sousa, 2009, para. 2).

A ligação da história do jornalismo português ao panorama literário nacional e a algumas das suas figuras intelectuais e culturais com maior relevo, principalmente, no século XIX, como o caso de Eça de Queirós (Magalhães & Peixinho, 2021), não impediu que as redações se começassem a diversificar. Durante esse período, “a industrialização do jornalismo gerou a necessidade de aparição de um profissional com um novo perfil” (Sousa, 2009, para. 4). Foi, aliás, no congresso internacional da imprensa em Lisboa, no ano de 1898, que o tema da discussão da necessidade de formação superior e específica dos jornalistas se colocou na agenda (Sousa, 2009).

Ainda assim, importa recordar que as primeiras tentativas de fazer emergir o ensino da prática jornalística no meio académico começaram nos Estados Unidos da América, em 1869 (Sobreira, 2010; Sousa, 2009). Em Portugal, contudo, ainda havia alguma resistência por parte de alguns jornalistas, como recorda Rosa Maria Sobreira ao citar João Paulo Freire, diretor do Diário da Noite, em 1936: “o verdadeiro jornalista não se faz. Nasce feito” (Sobreira, 2010, p. 19).

Mais de 40 anos depois do congresso internacional em Lisboa, em 1941, “o Sindicato Nacional dos Jornalistas apresentou ao Governo um primeiro projecto de curso teórico e prático de jornalismo, que funcionaria na sede do Sindicato” (Sousa, 2009, para. 37). Trata-se de uma proposta pensada por Luís Teixeira (Sobreira, 2010) que se revelou, contudo, infrutífera.

Em todo o caso, o debate e o caminho percorridos não pararam por ali. Na década de 60, as reivindicações dos seus profissionais alteraram-se e “o discurso à volta da questão do ensino do jornalismo radicaliza-se e torna-se mais agressivo. Os jornalistas exigiam a eliminação do amadorismo na imprensa” (Sobreira, 2010, p. 25). O primeiro curso de formação jornalística nasceu em 1962, no Instituto Superior de Estudos Ultramarinos, composto, sobretudo, por palestras (Sobreira, 2010).

Como assinala Jorge Pedro Sousa (2009), o primeiro curso de graduação da área é de 1979, na Universidade Nova de Lisboa[1], — com a designação de comunicação social. Já a primeira escola dedicada ao ensino do jornalismo foi criada em 1986: a Escola Superior de Jornalismo do Porto (Sousa, 2009), com o curso de Jornalismo Internacional. Nos finais do século XX, no ano de 1993 (Sousa, 2009), a licenciatura em “jornalismo” é criada, na Universidade de Coimbra (UC).

Na opinião de Rosa Maria Sobreira (2010), o investimento tardio no ensino do jornalismo em Portugal deveu-se, sobretudo, a duas razões: (1) regime político do país marcado pelas políticas repressivas do Estado Novo e (2) a opinião dos próprios jornalistas, que se opuseram algumas vezes (Marinho, 2022). Antes do seu estabelecimento nas instituições de ensino superiores portuguesas, o ensino do jornalismo era visto como complementar, valorizando-se sobretudo a tarimba (Sobreira, 2010, p. 33).

Parece-nos pertinente recuperar a sistematização proposta por Sandra Marinho da história do ensino do jornalismo em Portugal, que teve como base um trabalho que estabeleceu paralelismos entre os países da península ibérica (cf. Marinho & Sánchez-García, 2020). A proposta da investigadora divide a história do ensino em jornalismo em quatro etapas: (1) etapa “pré-científica”; (2) etapa marcada pelo controlo do regime ditatorial; (3) etapa de consolidação e convergência europeia e (4) etapa dominada pelo digital, os seus desafios e os novos perfis (Marinho, 2022). No caso da Península Ibérica, as investigadoras encontraram paralelismos na história do ensino nos dois países, havendo uma maior influência da igreja, no caso espanhol, e um papel importante desempenhado pelos sindicatos em Portugal (Marinho & Sánchez-García, 2020).

No cenário atual, o panorama do ensino do jornalismo e, em geral, das ciências da comunicação mudou. Sandra Marinho (2022) recupera a expressão de Mário Mesquita, num artigo de 1995, para ilustrar o cenário atual: “o milagre da multiplicação de cursos”. Além de cursos, há também escolas com o ensino direcionado e dedicado exclusivamente ao jornalismo e à comunicação, como o caso, por exemplo, da Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa. Ainda assim, algumas das questões que continuam a marcar a discussão sobre o ensino do jornalismo em Portugal é a pertinência do seu estudo nas universidades ou institutos politécnicos, bem como um potencial investimento em formações de curto prazo (Peixinho et al., 2016).

A partir do site da Direção Geral do Ensino Superior (DGES, s.d.), procedemos ao mapeamento dos cursos de 1.º ciclo da área das ciências da comunicação e jornalismo existentes nas instituições de ensino superior portuguesas. No separador “Informação e Jornalismo”, os cursos apresentados estão organizados na Tabela 1, com a respetiva nota do último colocado indicada.

Tabela 1
Cursos da área de informação e jornalismo disponíveis na página da Direção Geral do Ensino Superior

Nota. Elaboração própria, a partir dos dados disponíveis em Direção Geral do Ensino Superior (s.d.)

A lista apenas inclui somente os cursos de 1.º ciclo identificados na área de informação e jornalismo pela DGES. De fora estão os cursos ligados a áreas afins, como o audiovisual ou o multimédia. A informação recolhida permite perceber que dos 29 cursos da área de informação e jornalismo, cerca de metade (14) pertencem a instituições de ensino superior privadas. No caso do ensino universitário em comparação com o politécnico, somente nove cursos estão sediados em institutos politécnicos. A designação “ciências da comunicação” é maioritária nas instituições de ensino superior, sendo a nomenclatura adotada em 15 delas.

No que diz respeito ao ensino universitário público, a instituição com a nota do último candidato mais alta (na 1.ª fase, em 2023/2024) foi a Universidade Nova de Lisboa, com 176,5, no curso de Ciências da Comunicação. Na UC, a nota de entrada do último candidato mais alta, em 2023/2024, foi de 163,0. Em relação à designação do curso, apenas o Instituto Politécnico de Portalegre possui o mesmo nome do de Coimbra. No caso das instituições privadas, a informação maioritariamente disponível na plataforma da DGES limita-se à indicação do número de vagas.

A reflexão sobre o ensino não pode descurar as opiniões e perceções dos seus e das suas estudantes, a fim de as ver como oportunidade de repensar os seus modelos e estruturas. Num estudo realizado por João Miranda e Carlos Camponez (2021),

se 90,4% de inquiridos indicam algum tipo de acordo com a ideia de terem escolhido esta área de formação por pretenderem “seguir uma carreira na comunicação social”, a percentagem baixa para 74,4% quando a frase se refere, especificamente, a “seguir uma carreira no jornalismo”. (p. 33)

Este resultado ilustra um ligeiro afastamento e desilusão perante a possibilidade de seguirem a carreira profissional de jornalista, o que parece acompanhar a tendência de crescente precariedade na qual vivem muitos dos seus profissionais (Figueira, 2023).

Já no que diz respeito às unidades curriculares que reúnem menos consenso entre os inquiridos do estudo de Miranda e Camponez (2021) são elas as de Economia dos Média, História dos Média, Assessoria e Comunicação Organizacional, Sociologia da Comunicação e Teorias da Comunicação. As que recolhem maior atenção e valorização por parte dos estudantes inquiridos são as ligadas à componente prática do exercício da profissão, como Jornalismo Televisivo, Práticas de Jornalismo Multimédia e Técnicas de Redação Jornalística.

Em relação às unidades curriculares com maior pendor teórico e que possuem maior aceitação, destacam-se as disciplinas de Ética e Deontologia do Jornalismo e Direito do Jornalismo e da Comunicação Social (Miranda & Camponez, 2021). O estudo também permitiu perceber que, “de uma forma geral, os alunos inquiridos tendem a sublinhar a necessidade de uma formação superior para o desempenho da profissão de jornalista” (Miranda & Camponez, 2021, p. 36).

Rosa Maria Sobreira frisa que “em termos sociológicos, não é possível separar a questão da profissionalização do jornalismo da formação/educação académica dos mesmos” (Sobreira, 2010, p. 17). Destarte, propõe-se, de seguida, uma análise ao caso particular da primeira licenciatura com a designação de jornalismo em Portugal, com particular foco na sua evolução e mudanças ao longo dos últimos 30 anos.

3. Três Décadas de Ensino de Jornalismo (e Comunicação) na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

No caso da UC, a Licenciatura em Jornalismo e Comunicação, designação desde 2015/2016, após a reforma e extinção da anterior Licenciatura em Jornalismo fundada pela mão de Mário Mesquita, com João Roque na direção do conselho diretivo e apoio (Peixinho et al., 2016), tem a sua casa na FLUC. Uma faculdade, portanto, da área das humanidades e não da área das ciências sociais, como acontece noutras instituições de ensino superior em Portugal.

No modelo de ensino da FLUC está permanentemente presente, na sua história, a promoção de transdisciplinaridade e interdisciplinaridade nos seus cursos de 1.º ciclo. Como destacam Ana Teresa Peixinho, Sílvio Santos, João Figueira e Clara Almeida Santos, atuais docentes do curso,

o curso da Universidade de Coimbra aposta na ideia de que uma formação em jornalismo implica uma componente cultural forte, capaz de dotar os diplomados com competências ao nível da criatividade, do pensamento crítico, além de conhecimento fora da área específica da formação jornalística. (Peixinho et al., 2016, p. 22)

A Licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra arranca, então, em 1993, com oito unidades curriculares. Entre essas disciplinas, incluíam-se áreas como a História Contemporânea ou a Economia Política. Os estúdios chegaram mais tarde, em 1997, sendo inaugurados pelo presidente da república à época, Jorge Sampaio (Peixinho et al., 2016). Até ao processo de Bolonha, que encurtou a duração dos cursos de ensino superior, os e as estudantes podiam escolher investir num dos ramos e especializar-se quer em televisão, rádio ou imprensa escrita (Peixinho et al., 2016), além dos estágios curriculares incluídos nos planos.

A reforma pedagógica que entrou em vigor em 2015/2016[2] fomenta a interdisciplinaridade e confere mais autonomia aos e às estudantes na escolha do seu percurso:

o licenciado em Jornalismo e Comunicação pela FLUC adquire não apenas conhecimentos e competências técnicas e teóricas da área do Jornalismo e da Comunicação, mas enriquece o seu plano de estudos com outras áreas do saber que serão seguramente vantajosas no desempenho futuro da sua profissão. (Peixinho et al., 2016, p. 28)

Tratando-se de um dos cursos inaugurais de uma área científica e disciplinar que sempre se viu desafiada (Figueira, 2023; Peixinho, 2016), o seu estudo é pertinente também para permitir um balanço da formação dos anteriores e futuros jornalistas e profissionais da área da comunicação.

4. Abordagem Metodológica

A abordagem metodológica adotada será fundamentalmente qualitativa. O método utilizado foi a análise documental, tendo como fontes os guias de estudante, assim como a informação disponível na plataforma informática da UC. É, portanto, um método “entendido como instrumento de compreensão detalhada, em profundidade dos fatos que estão sendo investigados” (Junior et al., 2021, p. 37).

O percurso metodológico adotado pretendeu, acima de tudo, responder à questão de partida: como se foi alterando a estrutura curricular e os planos de estudo do curso de 1.º ciclo de Jornalismo na FLUC? Como tal, a análise documental foi guiada com esse intuito, a fim de responder aos objetivos da pesquisa, nomeadamente, o mapeamento dos planos de estudo da Licenciatura em Jornalismo na FLUC, enquanto curso pioneiro na área.

O acesso aos dados que iremos apresentar em detalhe foi possível com a autorização da atual direção da FLUC, que permitiu a consulta dos guias de estudantes dos anos 1993/1994 a 2005/2006. Além de permitir a consulta na plataforma InforDocente[3] da estrutura curricular dos anos letivos 2006/2007 a 2023/2024. Desta forma, o período temporal de análise justifica-se pela data comemorativa, bem como pela possibilidade de se fazer o historial do curso ao longo das últimas três décadas.

A fase que seguiu a autorização de acesso aos dados, começou com a consulta dos guias de estudante que eram elaborados pelos serviços administrativos da FLUC, sendo alvos de avaliação científico-pedagógica, antes da sua disponibilização aos e às estudantes dos diferentes cursos. Com a crescente digitalização promovida e introduzida na UC, a informação começou a estar disponível no sistema informático da universidade, além da que era disponibilizada nos diferentes sites das unidades orgânicas. Como tal, de 2006/2007 foi possível a consulta dos planos de estudo em vigor a partir do acesso à plataforma InforDocente.

A estrutura curricular de cada ano foi recolhida e organizada em tabelas do Microsoft Excel com o intuito de sistematizar, organizar e arquivar a informação. Apenas recolhemos informações[4] como o nome das disciplinas, o número de ECTS[5], a modalidade (anual ou semestral) e as áreas científicas de cada unidade curricular, quando indicadas.

A recolha dos diferentes estruturas e planos de estudo em vigor na FLUC permitiu a identificação de vários planos de estudo (com alterações mais ou menos graduais) com estruturas diferentes ao longo dos trinta anos. Em todo o caso, esses mesmos planos foram sofrendo algumas alterações pontuais, como o caso mais recente de 2023/2024, com a atualização e/ou extinção de algumas unidades curriculares.

5. Análise e Discussão de Resultados

Nesta secção iremos apresentar e discutir os diferentes planos curriculares que estiveram em vigor na FLUC. Assim, no ano inaugural da Licenciatura em Jornalismo, a estrutura curricular era rígida, estando dividida por anos curriculares e sendo a maioria das disciplinas anuais e obrigatórias, como demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2
Plano de estudos da Licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra, em 1993/1994

Nota. Elaboração própria, com base na informação do Guia de Estudante

A formação em jornalismo criada na UC (deliberação n.º 14/92 do Senado) previa, no seu ano inaugural, a realização de 153 ECTS obrigatórios e a realização de um estágio, num total de 166 créditos. Em relação à língua estrangeira, como frisa Peixinho et al. (2016), a formação inicial previa a aprendizagem de inglês e francês, sendo depois a oferta alargada a outras línguas como o espanhol, alemão, italiano e russo. Uma possibilidade que decorre do facto da licenciatura estar sediada numa Faculdade de Letras e da capacitação do seu corpo docente.

Ainda assim, logo no segundo ano, em 1994/1995, foram introduzidas alterações (deliberação n.º 17/94 do Senado), como foi possível perceber pela informação recolhida através dos guias de estudante da altura. Foram introduzidas disciplinas como Introdução ao Estudo dos Media (1.º ano), Semiologia (2.º ano), Teoria e História da Imagem (3.º ano) e História Social da Literatura Portuguesa (3.º ano). Além disso, introduziram-se as unidades curriculares de especialização em Teorias e Formas de Narração Radiofónica, Teorias e Formas de Narração Televisiva e Jornalismo Escrito. O estágio poderia ser realizado durante o 3.º ou 4.º ano.

Já em 1995/1996, a ética e deontologia estavam divididas em duas disciplinas semestrais: Ética da Comunicação e Deontologia do Jornalismo. No ano letivo de 1996/1997, é introduzido o Seminário de Análise dos Media e é extinto o de Investigação Jornalística.

No ano 2000/2001, o curso sofreu a primeira grande reestruturação, com a introdução de novas disciplinas, sendo fomentado o diálogo com disciplinas de outras áreas científicas da faculdade, a partir da possibilidade de escolha de disciplinas optativas, como ilustrado na Tabela 3.

Tabela 3
Plano de estudos em vigor desde 2000/2001 até 2003/2004

Nota. Elaboração própria, com base na informação dos guias de estudante

Apesar de a matriz ainda ser semelhante, bem como a designação de algumas unidades curriculares, além da manutenção do estágio, uma das principais novidades foi a introdução da unidade curricular Jornalismo em Linha, em consonância com o crescimento e o desenvolvimento do jornalismo online em Portugal (Bastos, 2011). A introdução de unidades curriculares que acompanham o desenvolvimento tecnológico é, aliás, uma marca do ensino do jornalismo em Portugal (Marinho & Sánchez-García, 2020). Neste plano, mantém-se a estrutura dividida por anos curriculares e, no caso das disciplinas de opção, o leque de oferta incluía: Fotojornalismo, Ciberjornalismo, Estudos de Opinião, Estudos de Público e Audiência, Comunicação e Política, Economia Política e História e Estética do Cinema.

No ano letivo de 2004/2005, a principal alteração, com base no Despacho n.º 9988/200, que afetou também os restantes cursos de 1.º ciclo da FLUC, foi o término das disciplinas anuais e a divisão das unidades curriculares por semestres (1.º e 2.º), antecipando as alterações exigidas pelo processo de Bolonha. Esta alteração implicou também um maior número de disciplinas em cada ano (12) e um menor número de ECTS em cada unidade curricular, que foi plenamente adotado em 2005/2006 para os estudantes dos restantes anos, como indicado na Tabela 4.

Tabela 4
Plano de estudos em vigor em 2005/2006

Nota. Elaboração própria, com base na informação do Guia de Estudante

Como é possível observar, neste ano letivo, a principal alteração foi a existência de apenas uma cadeira anual. Além disso, o plano previa um maior número de disciplinas optativas, desde as transversais (como, por exemplo, Temas do Pensamento Greco-Romano, História do Tempo Presente ou Problemáticas dos Estudos Culturais), bem como as opcionais oferecidas pelo curso (Estudos de Opinião, Estudos de Público e Audiência, Comunicação e Política e Ciberjornalismo).

Depois de 2005/2006, o estágio na licenciatura deixou de estar previsto, sendo apenas possível a realização de estágios extracurriculares, para lá do plano de estudos do curso. Essa extinção eliminou uma das componentes mais práticas da licenciatura, enquanto primeiro contacto obrigatório dos estudantes com o mercado profissional.

Destarte, em 2006/2007, no decorrer de Bolonha, entra em vigor um novo plano e a ser realizado apenas em três anos. A sua organização herdava algumas disciplinas dos planos anteriores, mas incluía novas (Jornalismo Multimédia), como esquematizado na Tabela 5.

Tabela 5
Plano de estudos em vigor em 2006/2007

Nota. Elaboração própria, com base na informação disponível no InforDocente

Para lá da relação com os planos anteriores, o plano de 2006/2007 tem uma maior proximidade com o atual (2023/2024). Aliás, algumas das unidades curriculares permanecem até com a mesma designação, como História dos Media, Sociologia da Comunicação, Técnicas da Redação, Discurso e Comunicação, Teorias da Comunicação e Géneros Jornalísticos.

No ano letivo 2010/2011, entra em vigor o Plano 3907/2010, Diário da República n.º 43, 03/03/2010. Além das disciplinas comuns ao que estava anteriormente em vigor, o curso passa a incluir 155 ECTS obrigatórios e 25 opcionais, dentro da oferta formativa da faculdade. Os estudantes podiam escolher frequentar unidades curriculares como Cinema Português, Teatro Antigo, História do Tempo Presente ou frequentar unidades curriculares de russo ou neerlandês.

Já no que se refere às unidades curriculares de índole mais prática, se, no passado, se promovia a especialização dos diplomados e diplomadas da FLUC numa das vertentes jornalísticas (por meio), aposta-se, agora, numa formação em todas as linguagens jornalísticas, desde a rádio, à televisão, escrita e multimédia.

O ano letivo de 2015/2016 marcou a extinção da anterior Licenciatura em Jornalismo para a substituição pela atual designação: Licenciatura em Jornalismo e Comunicação. Além da nova nomenclatura, a reforma pedagógica da FLUC implementada nesse ano às suas 13 licenciaturas uniformizou a sua estrutura e continuou a sua caminhada na promoção da interdisciplinaridade que está inscrita no seu ADN. Assim, resumidamente, a Figura 1 mostra como os cursos de 1.º ciclo na FLUC estão divididos.


Figura 1
Estrutura dos cursos de 1.º ciclo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em vigor desde a reforma de 2015/2026
Nota. Elaboração própria, com recurso ao Canva, com base na informação disponível em Universidade de Coimbra (s.d.)

A reforma da FLUC permite, além da interdisciplinaridade, uma maior liberdade aos estudantes nas escolhas do seu percurso. De licenciatura para licenciatura há algumas diferenças, mas a grande maioria possui mais disciplinas opcionais do que obrigatórias nos 180 ECTS a realizar para conclusão. No ano letivo de 2015/2016, os estudantes de jornalismo e comunicação possuíam apenas quatro disciplinas obrigatórias: Discurso e Comunicação, Sociologia da Comunicação, Produção Noticiosa e Deontologia do Jornalismo e Comunicação.

Além disso, as unidades curriculares deixaram de estar divididas em anos curriculares, o que alimenta a responsabilidade dos estudantes no momento em que estão a realizar as suas escolhas. Neste sentido, foi implementado pela FLUC um sistema de tutoria dos docentes do curso aos estudantes, a fim de os aconselharem no seu percurso. Esse aconselhamento é multifacetado e permite aos discentes fazer escolhas mais informadas e esclarecidas sobre o seu percurso na FLUC, incluindo, por exemplo, a escolha do menor[6], cuja lista inclui os cursos de 1.º ciclo da FLUC e alguns da Faculdade de Economia da UC, como Relações Internacionais ou Sociologia.

A Tabela 6 organiza as unidades curriculares que integraram a oferta formativa da secção de Comunicação do Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da FLUC, no âmbito do plano de 2015/2016.

Tabela 6
Lista de unidades curriculares do plano de estudos que entrou em vigor em 2015/2016, estando as obrigatórias destacadas a negrito

Nota. Elaboração própria, com base na informação disponível no InforDocente

Por fim, no ano letivo em que celebra os seus 30 anos, em 2023/2024 (Despacho n.º 23/2023 de 27/02), a licenciatura sofreu uma nova alteração com a inclusão de mais duas unidades curriculares obrigatórias (Comunicação Audiovisual e Teorias da Comunicação). Além disso, foram substituídas e/ou extintas algumas unidades curriculares — Língua Portuguesa, Relações Públicas, Media e Cultura Contemporânea, Jornalismo Multimédia —, dando lugar a novas: Comunicação Digital, Métodos de Análise dos Media, Jornalismo Multiplataforma e Assessoria de Imprensa.

Retrospetivamente, o ensino do jornalismo na FLUC foi sempre marcado pelo diálogo com outras disciplinas e áreas científicas, desde a história, estudos clássicos à geografia, como é apanágio de uma casa das humanidades (Peixinho et al., 2016). Logo na sua criação, além das disciplinas dedicadas à área, como Introdução à Investigação Jornalística, o seu plano incluía disciplinas como História Contemporânea ou Economia Política.

Anterior ao processo de Bolonha, os planos eram divididos por anos curriculares e com um maior número de disciplinas obrigatórias. Além disso, o Estágio estava integrado no percurso dos estudantes do curso, o que lhes permitia um contacto direto com a realidade da profissão (a tarimba) ainda durante a sua formação académica. Atualmente, essa componente não está prevista na estrutura curricular, mas, ainda assim, a FLUC fomenta e possibilita a realização de estágios extracurriculares autopropostos pelos estudantes, que prevê também a redação de um breve relatório de estágio acompanhado e avaliado por uma ou um dos docentes do curso.

A designação de algumas unidades curriculares, como referimos anteriormente, foi sofrendo alterações. Ainda assim, algumas delas, como Sociologia da Comunicação mantém a nomenclatura desde o ano da fundação do curso em Coimbra. Por outro lado, se, numa fase inicial se promovia a especialização numa das áreas do jornalismo, atualmente, os estudantes podem escolher uma formação multifacetada nas mais variadas áreas, incluindo a vertente profissional da comunicação, o que lhe permite valorizar e diversificar o seu currículo.

Disciplinas específicas da área da comunicação começaram a ser introduzidas nos anos 2000, permitindo uma formação mais vasta aos seus estudantes. Em todo o caso, só quando a designação do curso se alterou em 2015/2016 é que disciplinas como Relações Públicas e Comunicação Organizacional começaram a fazer parte da oferta formativa.

No que se refere ao digital, também é no ano de 2000/2001 que a unidade curricular de Jornalismo em Linha — posteriormente, Ciberjornalismo — é introduzida. Posteriormente, em 2006/2007, a designação passou a ser Jornalismo Multimédia. Atualmente, em 2023/2024, a unidade curricular foi substituída por Jornalismo Multiplataforma.

6. Considerações Finais

A reflexão sobre a formação dos futuros jornalistas (e profissionais da área da comunicação) é imperiosa para o futuro da profissão, pelo que a nossa análise versa sobre os planos de estudo de um curso que, ao longo da sua história, parece ter procurado adaptar-se à realidade profissional — através da criação de disciplinas direcionadas especificamente para a área da comunicação, como Comunicação Organizacional — sem nunca esquecer as bases teóricas e humanistas que estiveram na sua génese (Peixinho et al., 2016). Afinal, “a preparação académica influencia diretamente a construção e evolução do próprio ‘corpo teórico’ e indiretamente o comportamento da comunidade profissional” (Sobreira, 2010, pp. 17-18).

Nas três décadas de ensino de jornalismo na FLUC, a licenciatura não tem sido estanque e os seus e as suas docentes têm procurado adaptá-la à prática profissional aliada a uma formação com uma forte e sobremaneira relevante base teórica. Parece-nos de destacar, uma vez mais, a marca do curso, que é também transversal ao modelo pedagógico da FLUC: a interdisciplinaridade.

Estando o futuro da profissão interconectada com o da sua formação (Peixinho, 2016), só “uma formação universitária de banda larga, enriquecida com sólidas bases do saber humanístico, será capaz de fazer a diferença” (Peixinho, 2016, p. 114). Numa profissão como é a do jornalista, que procura tornar a realidade acessível e legível a quem a lê, ouve ou escuta, uma formação interdisciplinar é uma mais-valia para alimentar o espírito crítico e fomentar a reflexão, numa altura em que a velocidade e o imediatismo imperam.

Nesse contexto, é de salutar o facto de os planos de estudo terem incluído — desde cedo — unidades curriculares com foco nas novas tecnologias que se iam desenvolvendo, desde o Jornalismo em Linha ao Jornalismo Multiplataforma. Uma tendência que parece ter cada vez mais influência e presença nos planos curriculares, o que pode fazer adivinhar algumas escolhas futuras, quando o curso renovar, uma vez mais, a sua oferta formativa.

Recuperando a pergunta de partida — como se foi alterando a estrutura curricular e os planos de estudo do curso de 1.º ciclo de Jornalismo na FLUC? —, é possível concluir que os planos se foram adaptando, no nosso ponto de vista, não só à realidade do mundo académico e das suas normas, como também à realidade da sua prática nos dias de hoje. Se, num primeiro momento, a estrutura do curso era rígida e com um maior número de disciplinas obrigatórias, desde 2015/2016, os estudantes possuem uma maior liberdade de escolha do seu percurso, mas também uma maior responsabilidade e consciência do que será uma mais-valia para a sua vida académica e profissional.

Em todo o caso, existe alguma dificuldade inicial de apreensão do funcionamento do plano de estudos e das suas implicações futuras no percurso dos estudantes, sobretudo, no caso dos que se matriculam pela primeira vez no ensino superior. Por outro lado, tendo o estágio deixado de estar previsto no plano curricular do curso, os estudantes da FLUC podem, ainda assim, realizar estágios extracurriculares e de verão para contactarem com a realidade das profissões que pretendem seguir.

Com os constantes desafios e ameaças que rodeiam a profissão e a missão do jornalista e do jornalismo (Figueira, 2023), a antiga Licenciatura em Jornalismo capacita, hoje, os seus estudantes também na área da comunicação. Esta aposta alarga o leque de saídas profissionais dos seus estudantes que, como identificado no estudo de Miranda e Camponez (2021), estão menos motivados para seguir a carreira de jornalista.

A metáfora de Barber, recuperada por Sobreira (2010), vê a formação académica como um watchdog da prática profissional, à semelhança do papel que o jornalismo assume na sociedade. E, embora algumas tensões geradas entre os dois mundos, a sua relação resulta também numa “elevação dos padrões éticos da própria ‘profissão’” (Sobreira, 2010, p. 18). Neste sentido, defendemos que o estudo da formação dos jornalistas deve ser promovido e alargado a mais instituições de ensino superior, além de incluir, por exemplo, uma análise aos conteúdos programáticos das disciplinas.

Agradecimentos

A autora agradece ao atual diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra a autorização concedida para a consulta da informação dos guias de estudante e plataformas nas quais constava a informação sobre os programas e estruturas curriculares do curso de Jornalismo, desde 1993/1994 até 2023/2024. O agradecimento estende-se aos funcionários da Secretaria de Assuntos Académicos pela sua ajuda e disponibilidade permanentes.

Nota Biográfica

Catarina Magalhães é aluna do Doutoramento em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, concluiu o Mestrado em Jornalismo e Comunicação em 2022, na mesma instituição, e defendeu uma dissertação sobre a representação de imigrantes e minorias étnicas durante a pandemia na imprensa semanal (Jornal Expresso e Revista Sábado). É licenciada em jornalismo e comunicação com menor em línguas modernas – inglês (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra). Os seus principais interesses de pesquisa são as representações e narrativas mediáticas, a comunicação política e o populismo e é investigadora colaboradora do grupo Comunicação, Jornalismo e Espaço Público do Centro de Estudos Interdisciplinares – CEIS20.

Referências

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Direção Geral do Ensino Superior. (s.d.). Índices de cursos. Retirado a 16 de maio de 2024, de https://www.dges.gov.pt/guias/indmain.asp

Figueira, J. (2023). Da incerteza como princípio: Jornalismo, democracia, decadência da verdade. Editora LabCom.

Junior, E. B. L., Oliveira, G. S. de., Santos, A. C. O. dos, & Schnekenberg, G. F. (2021). Análise documental como percurso metodológico na pesquisa qualitativa. Cadernos da FUCAMP, 20(44), 36–51. https://www.revistas.fucamp.edu.br/index.php/cadernos/article/view/2356

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Sobreira, R. M. (2010). O ensino do jornalismo e a profissionalização dos jornalistas em Portugal (1933-1974). In N. Traquina (Org.), Do chumbo à era digital - 13 leituras do jornalismo em Portugal (pp. 17–36). Livros Horizonte.

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Universidade de Coimbra. (s.d.). 1º ciclo. Retirado a 16 de maio de 2024, de https://www.uc.pt/fluc/cursos/1-ciclo/

Notas

1 É fundada a Licenciatura em Comunicação Social, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Sobreira, 2010).
2 Como recordam Peixinho et al. (2016), a reforma foi distinguida pela Formação Calouste Gulbenkian, como projeto inovador no domínio educativo.
3 A consulta guiou-se por critérios éticos, procurando apenas versar sobre as informações das estruturas curriculares e conteúdos programáticos, não procurando divulgar, nem recolher nenhuma informação sobre os e as docentes das referidas disciplinas.
4 De forma a cumprir com o Regulamento Geral de Proteção de Dados, bem como com as indicações dadas aquando da autorização de acesso, nenhuma informação acerca dos docentes foi recolhida e/ou analisada.
5 Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos (European Credit Transfer and Accumulation System) criado pela União Europeia, de modo a uniformizar a integração dos cursos em instituições de ensino superior europeias.
6 A realização do menor (minor, na tradição académica inglesa) implica a realização de 30 ECTS, ou seja, cinco unidades curriculares noutro curso. No caso de optarem pela formação em oferta de concentração complementar, os estudantes realizam 30 ECTS em áreas científicas próximas.


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