Comunicação, Gêneros e Sexualidades

Nudes: vigilância, subjetividades e os processos comunicacionais na internet

Nealla Valentim Machado
Universidade Federal do Mato Grosso, Brasil

Esferas

Universidade Católica de Brasília, Brasil

ISSN-e: 2446-6190

Periodicidade: Cuatrimestral

vol. 1, núm. 27, 2023

revesferas@gmail.com

Recepção: 11 Janeiro 2023

Aprovação: 15 Junho 2023



DOI: https://doi.org/10.31501/esf.v1i27.14334

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Resumo: Vemos crescer o impulso participativo na produção de conteúdo na internet, e nas práticas de vigilância que vêm sendo associadas à autodescoberta, ao reconhecimento. Os nudes são entendidos enquanto local privilegiado de produção de subjetividades. Blogueiros, influencers e usuários comuns mostram suas vidas editadas e associam aos processos de formação do self. Essas “identidades” expostas nas redes sociais, seriam produto das operações de subjetivação baseadas na interatividade e na simulação digitais que geram transformações em si, mesmo segundo os cânones performativos

Palavras-chave: Nudes, Vigilância, Subjetividades, Comunicação Digital, Visibilidade.

Abstract: We see the participatory impulse grow in the production of content online, and in surveillance practices that have been associated with self-discovery. Nudes are understood as a privileged place to produce subjectivities. Bloggers, influencers, and common users show their edited lives and associate them with the processes of self-formation. These “identities” exposed on social networks would be the product of operations of subjectivation based on interactivity and digital simulation that generate transformations in themselves, even according to the performative canons. Keywords: Nudes. Surveillance. Subjectivity. Digital Communication. Visibility.

Keywords: Nudes, Surveillance, Subjectivity, Digital Communication, Visibility.

Resumen: Vemos crecer el impulso participativo en la producción de contenidos en internet, y en prácticas de vigilancia que se han asociado al autodescubrimiento. Los nudes se entienden como un lugar privilegiado para la producción de subjetividades. Blogueros, influencers y usuarios comunes muestran vidas editadas y las asocian a procesos de autoformación. Estas “identidades” expuestas en las redes serían producto de operaciones de subjetivación basadas en la interactividad y la simulación digital que generan transformaciones en sí mismas, incluso según los cánones performativos.

Palabras clave: Nudes, Vigilancia, Subjetividades, Comunicación Digital, Visibilidad.

Introdução

Quando se observam as socialidades entremeadas pelas redes digitais, deve-se refletir como esse modelo atual da vigilância (Bruno, 2018; Rodriguez, 2018) são tanto efeito/causa/produto quanto instrumento produtor/reprodutor do atual modelo que possibilitou transformações nos modos de subjetivação dos sujeitos na contemporaneidade. Em um primeiro momento, o que poderia ser considerada uma preocupação com a segurança dos dados e dos conteúdos nas redes se mostra muito mais profunda em uma observação mais atenta; as questões acerca do controle e da vigilância sobre os sujeitos, através das redes sociais, desestabilizam nossas crenças acerca do ideal de “indivíduo”, obrigando-nos a rever as definições de publicidade, privacidade e intimidade.

Em seu curso “Nascimento da Biopolítica”, Foucault (2008) tem como foco a reflexão do nascimento das formas de racionalidade política que levarão à criação das governabilidades neoliberais que vivemos atualmente. Segundo Foucault, depois de estabelecer toda uma genealogia dessa racionalidade específica, admite-se que o poder disciplinar foi uma ferramenta útil para entender os mecanismos que operavam na criação e na consolidação dos sujeitos, porém, inadequados para outras finalidades. As formas neoliberais de governabilidade, segundo o autor, indicam um movimento de extensão do poder disciplinar para mecanismos de vigilância e de normalização que estão operando.

O princípio-chave da governabilidade liberal não é que todos os indivíduos podem perseguir seus interesses, mas é absolutamente crucial que o faça. Os sujeitos liberais são correlatos importantes da ‘mão invisível’: um sistema econômico complexo que os faz funcionar como sujeitos individuais de interesse dentro de uma totalidade que os ilude, e na qual, ainda assim, encontram a totalidade de suas escolhas egoístas (Oksala, 2019, p. 124).

O processo capitalista deixa de focar na produção e volta-se para a venda, para o consumo e para o mercado, por essa razão, o controle é essencialmente dispersivo. A vigilância atual é formada por meio de dependência organizacional, poder político-econômico, conexões de segurança e envolvimento em mídias sociais (Deleuze, 2000).

Atualmente, possuímos mecanismos de controle e de vigilância muito mais refinados e eficientes do que nos tempos do panóptico foucaultiano. Fernanda Bruno (2013) fala da noção de vigilância distribuída, ou seja, as tecnologias voltadas para a produção das coisas, e vigilância dessas mesmas coisas, as tecnologias de vigilância que são usadas no processo de significação para os signos que são viralizados pelas redes, as tecnologias de vigilância e de poder voltadas para a produção dos sujeitos; por último, as tecnologias do eu, voltadas para além da produção, para a interioridade dos sujeitos, e que são produtor e produto diretos dos regimes de visibilidade e vigilância contemporâneos. Ou seja, a matriz da disciplina (Deleuze, 2000; Foucault, 2014) está atrelada à vigilância (Bruno, 2013) e à matriz do espetáculo.

[...] uma complexa rede de saberes sobre o cotidiano dos indivíduos, seus hábitos, comportamentos, preferências, relações sociais, vêm se constituindo a partir do monitoramento de dados pessoais, especialmente no ciberespaço. Os conhecimentos que derivam daí tem efeitos de poder que intervém de forma significativa nas escolhas e ações de indivíduos e populações (Bruno, 2013, p. 22).

Vemos crescer o impulso participativo e colaborativo (Jenkins, Green, Ford, 2014; Santos, Cypriano, 2014) não apenas na produção de conteúdo na internet, mas também nas práticas de vigilância que vêm sendo associadas à autodescoberta, ao reconhecimento. Blogueiros, influencers e usuários comuns mostram suas vidas editadas nas redes sociais e associam aos processos de formação do self (Bruno, 2013). Analisadas segundo essa convergência, essas “identidades”, que são expostas nas redes sociais, seriam o produto das operações de subjetivação baseadas na interatividade e na simulação digitais que geram transformações em si, mesmo segundo os cânones performativos. O caráter mutante e ao mesmo tempo decisivo para a atribuição da identidade do processo de vigilância, através da exibição da vida cotidiana e, principalmente da “vida íntima” dos sujeitos, agora se estabelece formando uma espécie de “vida pública” midiatizada (Bruno, 2013; Sibilia, 2016).

Sexualidade na contemporaneidade: corpos, afetos, socialidades e vulnerabilidades

Você baixa o aplicativo Tinder[1] em seu celular; escolhe as fotos, ou aceita a sugestão do aplicativo e anexa sua conta do Instagram[2] no Tinder, para que as pessoas vejam suas fotos escolhidas, e começa a zapear por um cardápio de possibilidades de encontros e parceiros, que podem ser casuais ou não. Entre likes[3] e rejeições, você faz uma série de matches[4] e começa a conversar com seus pretendentes e, muito provavelmente, vai receber a mensagem: “manda foto de agora?”.

Trata-se de um pedido de envio de uma foto recente, de preferência com pouca roupa. Esse quase “conto” contemporâneo dos “novos relacionamentos” ilustra para nós como situações, que até pouquíssimo tempo atrás eram arranjadas de maneira “analógica”, “pessoal”, como conhecer um parceiro amoroso/sexual, atualmente, estão completamente imersas, naturalizadas (e comercializadas) nos ambientes digitais.

Sugiro refletimos sobre essa “nova ênfase” na intimidade dos sujeitos, no sexo como prazer, não se iniciou na virada do milênio, mas sim no final do século XX. Desta forma, via-se refletida principalmente na explosão da literatura especializada, revistas, programas de televisão, reportagens jornalísticas, entre outros produtos culturais a respeito de uma “educação sexual” (Foucault, 2020; Weeks, 1998; Giddens, 1993) para conseguir um parceiro e para manter o casal (presumidamente heterossexual) unido e “feliz” (Weeks, 1998).

Todas essas peças culturais tinham por objetivo não somente ensinar homens e mulheres a alcançar o prazer sexual, como evitar a frigidez, a ejaculação precoce, entre outros; mas principalmente estabelecer esse biopoder sobre não só o dispositivo da sexualidade (Foucault, 2020), como sobre uma “ética” (Giddens, 1993) a guiar os relacionamentos.

Foucault (2020), na História da Sexualidade: a Vontade do Saber, afirma que a própria ideia de uma sexualidade como um domínio unificado é, essencialmente, uma ideia burguesa, que se desenvolve pelo século XIX como parte da tentativa de “autoafirmação” de uma classe que se estabelecia ansiosa para diferenciar a si mesma das práticas sexuais “imorais” da aristocracia e de uma suposta “promiscuidade” que seria inerente às classes inferiores.

Giddens afirma que essa observação que Foucault diz respeito à ideia da criação dessa “nova” área do saber, a qual poderia ser compreendida enquanto um “projeto colonizador” dessa nova classe, que teria por objetivo remodelar tanto a política de estados quanto o comportamento sexual de sujeitos excluídos à própria imagem dessa sexualidade ocidental, burguesa e de matriz heterossexual.

Dessa maneira, de acordo com Foucault (2020), a sexualidade poderia ser entendida enquanto práticas, linguagem, modos de pensar, sentir e agir que não se reduzem somente ao ato sexual. Para o autor (e vários outros), a sexualidade é intrinsecamente ligada à história e à cultura e, por essa razão, transforma-se acompanhando as mudanças culturais e sociais. Neste trabalho, interessa-nos especialmente que a sexualidade se apresenta enquanto local privilegiado de produção de subjetividades (Foucault, 2020; Giddens, 1993; Weeks, 1998). Quer dizer, “O dispositivo da sexualidade tem, como razão de ser, não o reproduzir, mas o proliferar, inovar, anexar, inventar, penetrar nos corpos de maneira cada vez mais detalhada e controlar as populações de modo cada vez mais global” (Foucault, 2020: 116).

Giddens afirma que essa observação que Foucault diz respeito à ideia da criação dessa “nova” área do saber, a qual poderia ser compreendida enquanto um “projeto colonizador” dessa nova classe, que teria por objetivo remodelar tanto:

Políticas do sexo mais realistas serão possíveis quando ele for compreendido em relação a uma análise social e histórica. Será possível pensar as políticas do sexo em relação a fenômenos como populações, vizinhanças, padrões de assentamento territorial, migração, conflito urbano, epidemiologia e tecnologia policial. Essas categorias de pensamento são mais profícuas que as mais tradicionais, como pecado, doença, neurose, patologia, decadência, poluição ou ascensão e queda de impérios (Rubin, 2017, pp. 79-80).

Um ponto necessário é compreender que entendemos os nudes a partir da perspectiva do erotismo de Bataille (2017), cujo entendimento do domínio do erotismo doravante ao domínio da violência, da ruptura, da descontinuidade, da transgressão. Para o autor, toda eroticidade tem por princípio a destruição da estrutura da normatividade estabelecida. Em consonância, segundo Gregori (2008), o erotismo, visto da perspectiva de gênero, se constitui através das relações entre prazer e perigo (Vance, 1984). A essas articulações Gregori chama de “limites da sexualidade”, e os nudes entram aqui enquanto articuladores desses limites. Nessa perspectiva, as práticas eróticas das trocas de nudes são compreendidas enquanto empreendimentos de risco, pois podem colocar em xeque as normas e as convenções vigentes de gênero e de sexualidade e, desse modo, ampliar o escopo de experiências com prazeres e com corpos (principalmente no meio digital), mas também podem confirmar essas normas, construindo, assim, um “gozo incompleto”.

Transitando na fronteira entre o saudável e o perigoso, a produção e a toca de nudes incorre em um prazer arriscado, portanto, de maneira intrínseca e ambivalente, possibilidades de satisfação e risco. Ao mesmo tempo em que corresponderiam a novas formas de erotismo possibilitadas pelos avanços das tecnologias da informação, os nudes estariam (especialmente para as mulheres) na tênue zona de segurança entre prazeres e perigos, uma vez que a possibilidade dos vazamentos estaria sempre presente (Lins, 2021, p. 53).

Essa fronteira é tênue de tal modo que faz com que diversas alternativas dos erotismos atuais sejam acionadas. Como dito, a internet abre possibilidades de conexão e de contato entre pessoas e comunidades geograficamente muito distantes. Essa possibilidade de encontro e de conexão também é verdade quando falamos de expressões de sexualidade e de possibilidades de se expressar. Se antes homens gays tinham que ir a bares específicos, saunas e “banheirões” (Perlongher, 1987; Miskolci, 2015), hoje bastam alguns clicks em diferentes aplicativos de “pegação” para acontecerem encontros eróticos sexuais/afetivos. O perigo e a transgressão continuam acompanhando esses encontros sexuais e é justamente essa vulnerabilidade uma das causas do gatilho de desejo erótico.

Se antes a possibilidade era uma batida policial ou uma agressão em locais públicos, atualmente se torna um perigo “escondido”, mas não menos letal, pois os assassinatos continuam a acontecer, bem como as agressões físicas ou psicológicas em ambientes privados/digitais.

Esse “perigo” da transgressão é compartilhado por todas as sexualidades ditas “dissidentes”, como a das mulheres racializadas, das populações LGBTIA+, dos fetichistas (Gregori, 2016) e de outras pessoas que não se encaixem na categoria “sexo heterossexual, para procriação, dentro do casamento”, como Gayle Rubin (2017) demostra tão bem em seus escritos sobre essa “hierarquia sexual”, a qual se estabelece socialmente, em que as sexualidades consideradas “normais” como relações somente depois do casamento heterossexual, são consideradas “aceitáveis” e quanto mais se afastam desse ideal, menos aceitáveis elas se tornam e mais discriminadas são.

Todavia, toda essa “facilidade” não indica uma modificação notável das normas de gênero (Illouz, 2011). No século XXI, os padrões de privilégio sexual masculino não foram rompidos, pode-se argumentar que alguns foram até reforçados, como, por exemplo, pela maior variedade de parceiras sexuais disponíveis sem a necessidade de laços emocionais. Esses padrões evidenciam que tal privilégio não é inevitável nem imutável, pois as mulheres e as pessoas LGBTIA+ começam a questionar esses privilégios (Illouz, 2011; Giddens, 1993).

Em consonância com uma lógica capitalista voltada para o consumo (Han, 2018), a tecnologia das mídias digitais e dos aplicativos facilita e incentiva uma especificação no momento de escolher possíveis parceiros afetivo/sexuais. Esse refinamento é sempre intrinsecamente instável, pois, nesse grande “cardápio” de possibilidades, estamos buscando melhores maneiras de encontrar novos parceiros e de colocar a nós mesmos em melhor posição no mercado de afetos (Pelúcio, 2017).

Segundo Illouz (2011), o capitalismo consumista exacerba, em vez de destruir, algumas das “experiências-chave” da ideia contemporânea de “romance”. A ideia da “diversão” é chave nesse pensamento (Illouz, 2011; Han, 2018). De acordo com a autora, a busca por “liberdade sexual” e por “intimidade afetiva” foram sistematicamente introduzidas na indústria do lazer a ponto de não conseguirmos mais separar os sentimentos românticos das experiências de consumo:

As relações românticas não apenas são organizadas no mercado, como se tornam, elas próprias, mercadorias produzidas numa linha de montagem a serem consumidas com rapidez, eficiência, por um baixo custo e em grande abundância. O resultado é que o vocabulário dos afetos é hoje mais exclusivamente ditado pelo mercado” (Illouz, 2011, pp. 130-131).

Pensar sobre como essa “ética” dos relacionamentos repercute em outros mercados, não somente no de afetos. Em relação à sexualidade, em uma possível tradução de sua forma comercial/capitalista, que seria a pornografia (Leite, 2009; Diáz-Benítez, 2009; Gregori, 2016), talvez pode-se compreender que essa simbiose entre diversão/prazer/lazer acontece de forma ainda mais explícita, já que se abre todo um mercado de imagens que são feitas sem fins lucrativos e que entram nas redes sociais, confundindo todo o mercado erótico (Gregori, 2016) já estabelecido anteriormente.

Com as facilidades de transmissão e compartilhamento, agora, todo o encontro sexual pode ser transmitido ao vivo, ou gravado e colocado na rede, sendo disponibilizado para download e ficando lá para o prazer das comunidades virtuais e dos nômades da rede, o que abre a possibilidade de criação de comunidades entre esses sujeitos, através da socialização das práticas eróticas, assim como a possibilidade da “pornificação de si” (Baltar, Barreto, 2014).

A noção de cultura participativa (Jenkins, Green, Ford, 2014) é crucial para compreender o surgimento de novos tipos de produção e consumo cultural no início do século XXI. Essas mudanças também são evidentes na produção e no compartilhamento de “matérias sexuais” online. Agora é possível criar, distribuir e acessar um conjunto muito mais diversos de representações sexuais do que antes. Participação e consumo são as novas dinâmicas da “cultura sexual” contemporânea (Attwood, 2007): conteúdos gerados pelos usuários na Web, mobilizando, enquanto estética e dispositivo, o espectro do que antes poderia ser genericamente denominado enquanto “pornô amador” ou mesmo “pornografia de revanche”. Dessa forma, é exigido dos sujeitos um “empenho” para tornar a experiência de quem consome as imagens eróticas/pornográficas a mais “real”, crível, excitante e “amadora” possível. Podemos dizer que são criadas “comunidades de troca” (Attwood, 2007) em que os participantes são/estão simultaneamente vendendo e consumindo não somente as imagens eróticas/pornográficas, mas também a ideia da “intimidade”.

Essas mudanças também são evidentes no desenvolvimento de representações on-line de relações sexualmente explícitas. Até recentemente, a maioria das discussões sobre pornografia online via simplesmente em termos de aumentar e estender a distribuição da pornografia comercial existente, mas novas oportunidades de produção e consumo sexual estão se tornando mais claras. Agora é possível criar, distribuir e acessar um conjunto muito mais diversificado de representações sexuais do que antes (Attwood, 2007, p. 442).[5]

O erotismo, visto enquanto produto da cultura da mídia (Baltar, Barreto, 2014), estabelece novas construções discursivas que conformam identidades, performances de si e práticas de consumo ligadas às sexualidades (Gregori, 2016), como indica Feona Atwood (2006) ao analisar o que é definido como “cultura do sexo”. Para criar tanto a conexão com os outros quanto o encontro com esse “eu” do sujeito, “a ação decisiva aqui é o desnudamento. A nudez se opõe ao estado fechado, ou seja, a existência descontinua” (Bataille, 2017, p. 41). No caso específico dos nudes, é por meio da quebra, através da nudez – e da exposição dessa nudez pela internet – e das redes sociais, que o prazer é buscado; logo, os limites entre prazer e perigo se tornam mais complexos, e a vulnerabilidade (Gregório, 2016) se apresenta enquanto questão.

Maria Filomena Gregori (2016) quando comenta Bataille (2017), faz uma relação sobre o conceito de vulnerabilidade relacionada ao conceito do erotismo; a autora afirma que a vulnerabilidade se apresenta enquanto uma questão fundamental para pensarmos os mecanismos de composição e de criação de desejo erótico entre os sujeitos que se envolvem. Segundo Gregori, na atualidade, as expressões eróticas devem ser traduzidas em práticas e retóricas que operam na identificação de situações claras que indiquem consentimento entre as pessoas envolvidas. O erotismo, dessa forma, está associado diretamente aos conceitos de consentimento e de vulnerabilidade e as relações de poder são estabelecidas através das práticas sexuais.

A vulnerabilidade, nas práticas eróticas voltadas para as trocas de nudes, pende principalmente para as mulheres. São elas que podem perder reputações, carreiras, casas e até a própria vida. Essa vulnerabilidade se estende a partir da soma de outros marcadores interseccionais, como raça, classe social e idade. Uma mulher mais velha (Chohen, 2014), branca e com uma profissão estabelecida sofre pressões sociais e psicológicas, mas permanece atuante socialmente enquanto agente perante os sofrimentos causados pela exibição de suas imagens íntimas na internet. Uma jovem, menor de idade (Ilha, 2013), na mesma situação se apresenta muito mais vulnerável e pode tirar a própria vida.

Os nudes, enquanto atos que desafiam as normas sexuais vigentes e, por isso mesmo, quando acionados podem ser utilizadas enquanto “gatilhos” para a produção de desejos e erotismos, jogam com essas barreiras em relação ao consentimento tanto na produção quanto na divulgação dessas imagens. O consentimento está associado à noção de autonomia individual, à capacidade racional e consciente do sujeito ao se envolver em interações sexuais. Por isso, quando os nudes escapam desse contexto, explicitam socialmente a perda do consentimento, principalmente para as sexualidades femininas e LGBTI+, que estão associadas a promiscuidade, a obscenidade, a amoralidade.

De acordo com Gregori (2016), os “tensores libidinais”, ou seja, aquilo que provoca o gatilho do “desejo sexual”, são resultantes da noção de que o desejo é feito daquilo que provoca, que incita e que assinala a diferença. Para a autora, os marcadores sociais de diferença (ou marcadores interseccionais), como, por exemplo, raça, gênero, idade, e diferenças socioeconômicas, podem ser usados enquanto causadores de tensões que visam romper com os discursos estabelecidos sobre a sexualidade. Ou seja, podem existir uma série de fantasias, de “taras”, que são construídas a partir desses marcadores, abrindo, dessa forma, novos mercados baseados na construção de fantasias eróticas (Leite, 2009; Diáz-Benítez, 2009), as quais também precisam passar pelo crivo dos poderes disciplinadores do discurso para se estabelecerem, inclusive enquanto oposição à sexualidade dita enquanto “normal”. “Construção de si” entre o público e o privado.

Sibilia (2016), em seu livro “O Show do Eu: a intimidade como espetáculo”, faz uma série de reflexões sobre as socialidades (encontros, conversas, paqueras, brigas, discussões etc.) digitalizadas através das tecnologias de comunicação. Por esse espectro pensamos os nudes como ferramentas que possibilitam questionar acerca dos limites entre o que é considerado público e do que é considerado privado, como também refletimos sobre possiblidades que vão além do que considerávamos enquanto processos de socialização e que também vão falar do entendimento do sujeito contemporâneo e da própria construção de subjetividades mediadas através das redes sociais e da internet.

Mais do que causas, esses dispositivos eletrônicos, e a comunicação que realizamos através dos mesmos, são reflexos do tempo vivido, consequências de mudanças históricas (Sibilia, 2016). Entretanto, uma vez que entram na vida social e são incorporados pelas pessoas, esses mesmos dispositivos alimentam e reafirmam as próprias mudanças históricas que causam.

Elas delatam até que ponto tais comportamentos se naturalizam entre nós, com uma rapidez inusitada, passando a desempenhar um papel fundamental no cotidiano de qualquer um. Afinal o que se busca exibir nas redes? Seduzir, agradar, provocar, ostentar, demonstrar aos outros- ou a alguém em particularquanto se é belo e feliz, mesmo que todos estejam a par de uma obviedade: o que se mostra nessas vitrines costuma ser uma versão ‘otimizada’ das próprias vidas. Nessa performance de si, cada usuário faz uma cuidadosa curadoria do próprio perfil visando a obter melhores efeitos na maior audiência possível [...] (Sibilia, 2016, p. 42).

Segundo a autora, nesses ambientes mediados pelas tecnologias da informação, a “construção de si”, ou seja, a realização dos sujeitos sobre si mesmos, é orientada, atualmente, para o olhar alheio, do outro. São subjetividades “exteriorizadas” e usam os aparelhos tecnológicos tanto para direcionar quanto para capturar esse olhar externo. Essas construções não são mais baseadas nos ideais de subjetividade introspectivas nem intimistas dos sujeitos modernos e sim na exposição (Sibilia, 2016). Desta forma, levando-se em consideração o olhar externo que influencia não só comportamentos, mas a própria integridade performativa do sujeito, o “parecer” qualquer coisa que se desejaria ser é mais verídico e, inclusive, mais importante do que efetivamente “ser verídico”, se é que se pode pensar em uma “substância do sujeito”, visto que a própria performatividade é também constitutiva do sujeito (Butler, 2014).

Nesse sentido, as autoras concordam que nesse momento contemporâneo a constituição de si sobe para a superfície, o “Eu” aparece em uma camada mais epidérmica e flexível, nem por isso menos real (Sibilia, 2016). Desta forma, de acordo com a autora, os sujeitos nesse “novo” mercado cultural contemporâneo se desenvolvem e se aprimoram sob a luz da visibilidade, da conexão e do compartilhamento sem pausa que essas ferramentas tecnológicas nos permitem. Entrar nesse mercado pode aparentar, e algumas vezes provar, uma cilada, sob o risco da exposição, da humilhação, do eterno, mas muitos cobiçam esse espaço/tempo e querem ser reconhecidos, tanto nas redes e através delas, até conseguirem ser famosos (Sibilia, 2016). Neste movimento, até o próprio conceito de “fama” passa por essa modificação, pois, muitas vezes, os influenciadores “mais famosos” possuem milhões de seguidores e, ao mesmo tempo, existem outras milhões de pessoas que não fazem ideia de quem aquele sujeito é. Uma fama eterna e passageira, gigante e pequena, nessa dualidade das redes.

Podemos pensar que, nesse paradoxo de fama/anonimato, exposição/privacidade, os nudes se apresentam enquanto expressões “honestas”, “verdadeiras” e “originais” dos sujeitos, por mais montadas, produzidas e editadas que essas imagens possam vir a ser (Sibilia, 2016). De acordo com Sibilia (2016), o que interessa ao público/produtor, ávido por consumir a intimidade alheia, é somente uma “forma”, a “expressão”, a aparência da espontaneidade, do que algo que efetivamente poderia ser considerado de foro íntimo – se pensarmos em termos da modernidade seria único e particular dos sujeitos – e que agora, de alguma forma, pode ser simulado através das redes.

Entretanto, essa expressão não tem a necessidade de estar ancorada em conceitos como “verdade” ou de “originalidade”, como já foi dito, e sim estão baseadas nos conceitos da “percepção”, da aparência. Quanto mais honestos parecem ser os gestos da personagem/personalidade, ou seja, quanto menos óbvio seja o fato de que a pessoa está sendo paga, ou está forçando, ou representando qualquer tipo de ação, mais interessante será para a companhia investidora (as empresas) e principalmente para o público (Sibilia, 2016, 2018). Essa reflexão pode se estender não somente para os usuários/produtores, as pessoas comuns na internet, mas para todos que de alguma forma conseguem se destacar na “produção de conteúdo” nas redes, desde Youtubers, jornalistas, influenciadores, CamGirls, entre outros.

Essa necessidade da “aparência” do que não deve ser visto, do que é privado, do íntimo, ligado a outras séries de modificações advindas com as tecnologias de comunicação, leva a uma “confidencialização” de espaços antes considerados públicos e a uma “publicização” da vida do foro privado, do que seria íntimo. Os stories[6] são um bom exemplo da “publização” da vida ordinária, em que os usuários se filmam em situações cotidianas, como: cozinhando, passeando, limpando a casa, fazendo compras, entre outras; mas também podem registrar em situações mais privadas/íntimas, ou mesmo perigosas, como tomando banho, usando entorpecentes, fazendo sexo, ou até registrando assassinatos [7].

A internet, hoje, e principalmente as redes sociais se tornaram ambientes voltados para as práticas “confessionais” – à maneira que Foucault idealizou –, pois permitem a qualquer um dar um testemunho público e cotidiano de quem se é, um testemunho editado e escolhido, mas nem por isso menos verdadeiro. Sibilia (2016) vai chamar esse processo de “sujeito efeito”, pois é essa exposição que constrói a ficção necessária para a aparência e para a viabilidade desse sujeito, ao mesmo tempo que somos todos nós feitos desses relatos. Nós nos montamos, performamos e nos apresentamos enquanto indivíduos como nome, trajetória e identidade. Essa performatividade muitas vezes vai se realizar enquanto os preceitos heteronormativos (Butler, 2014) para a construção dessa unidade de coerência do ser, pois toda a construção baseia-se nos fundamentos sociais e culturais já estabelecidos. Giddens (1993) também vai discursar acerca dessa construção do “Eu”, enquanto projeto autorreflexivo, pensado, planejado, baseado nesses discursos e práticas confessionais da contemporaneidade. Essa reflexão de Giddens se repete na análise de Sibilia:

.[...] se as subjetividades são modos de ser e estar no mundo, longe de toda essência fixa e estável que remete ao ser humano como entidade não-histórica de relevos metafisico, seus contornos são elásticos e mudam ao sabor das diversas tradições culturais [...] (Sibilia, 2016, p. 26)

Nesse sentindo, a internet contribui para uma textualização da subjetividade (Illouz, 2012: 113). Em consonância com a lógica do consumo, a tecnologia faculta e incentiva uma especificação e refinamento no momento de escolher parceiros afetivo/sexuais, esse refinamento é intrinsecamente instável, pois sempre estamos buscadas melhores maneiras de buscar novos parceiros e de colocar a nós mesmos em melhor posição no mercado de afetos. Essa textualização, por sua vez, também depende de fatores relacionados à identidade de gênero dos sujeitos, às experiências e às vivências.

Considerações finais

A troca de nudes se inserem dentro da lógica liberal/neoliberal dos relacionamentos contemporâneos. O mercado de afetos já tão citado e estabelecido nas pesquisas sobre gênero e sexualidade. A individualização dos estilos de vida e a intensificação dos projetos emocionais de vida, e a economia das relações sociais, se juntam à difusão de modelos econômicos que são utilizados para moldar o eu dos sujeitos e suas próprias emoções. Assim, segundo Sampaio (2019), uma vez que cada indivíduo pode ser visto em si mesmo enquanto um “capital”, significa que cada sujeito pode ser o “empresário” responsável por esse capital. “Nesse sentido, não só uma sociedade de empresas, mas uma sociedade do empresariamento de si mesmo” (Sampaio, 2019, p. 84). Desta forma:

as subjetividades podem se tornar mais um tipo de mercadoria; um produto dos mais requeridos, como marcas que é preciso colocar em circulação, comprar e vender, descartar e recriar, seguindo os voláteis ritmos das modas ou da oferta e da demanda (Sibilia, 2016, p. 354)

Entretanto, como os nudes ainda estão inseridos no discurso das sexualidades vigentes, principalmente relacionados à estética das imagens (fotos de corpos considerados dentro dos padrões de beleza hegemônicos), eles não conseguem escapar dessas normas, então ou eles solidificam os discursos vigentes que trabalham no sentido de “regular” e “normalizar” sexualidades (Foucault, 2020), ou tentam escrever normativas que competem nesses sistemas de poder.

Segundo Lins (2021), os nudes podem ser entendidos dentro de uma demanda por “direitos sexuais”, um lugar de disputa por entendimentos e por posicionamentos que entendam o prazer sexual como algo importante para os sujeitos contemporâneos, como as mulheres e populações LGBTIA +. Isto é compreender a sexualidade como uma posição de “direitos humanos”, para a intimidade e o prazer. Ideias que se encaixam perfeitamente nas razões neoliberais.

Os nudes são dessas práticas que se encontram nos limites da sexualidade, demarcando espaços antagônicos e coexistentes de intimidade e publicidade, segredo e revelação, segurança e risco. A prática dos nudes desafia as noções de sexualidades femininas apropriadas e tensiona as morais e as convenções de sexualidade hegemônicas. Concomitantemente, os nudes estão inseridos no espírito do tempo ao revelar as lógicas capitalistas e liberais dos relacionamentos contemporâneos e como essas lógicas são utilizadas por sujeitos subalternizados, ou não, para ganharem algum dinheiro com a venda de imagens de seus corpos e dessa exibição da intimidade, desse show do eu, em nossa sociedade.

Referências

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Notas

[1] O Tinder é uma aplicação multiplataforma de localização de pessoas para serviços de relacionamentos online, cruzando informações do Facebook, Instagram e Spotify, localizando as pessoas geograficamente próximas.
[2] O Instagram é uma rede social de compartilhamento de fotos e vídeos entre usuários, que permite aplicar filtros digitais às imagens, e compartilhá-los em uma variedade de serviços de redes sociais, como Facebook, Twitter, Tumblr e Flickr.
[3] Palavra inglesa para “gostar”. Significa “curtir” nas redes sociais.
[4] Palavra inglesa para “combinação”, mas que, no contexto do Tinder, significa o encontro dos likes dos usuários.
[5] Tradução da autora. Original: “These changes are also evident in the development of sexually explicit representations online. Until recently, most discussions about online pornography saw it simply in terms of increasing and extending the distribution of existing commercial porn, but new opportunities for sexual production and consumption are becoming clearer. It is now possible to create, distribute and access a much more diverse set of sexual representations than before”.
[6] Os stories são uma função presente em diversas redes sociais, que permite aos usuários publicarem fotos e vídeos rápidos, que podem ser editados (a depender das ferramentas e filtros disponibilizados pelas plataformas) e que só podem ser visualizados por um período curto, pois saem do ar em 24 horas (apesar de ficarem registrados em diferentes plataformas por muito mais tempo).
[7] As garotas Abigail Williams e Liberty German, de 13 e 14 anos, desapareceram em fevereiro de 2017, depois de darem um passeio por trilhas na região de Delphi, Indiana, nos Estados Unidos. Elas foram encontradas sem vida e provavelmente foram assassinadas. Mas antes de desaparecerem elas postaram no Snapchat, vídeos, áudios e fotos do suposto assassino. O caso ficou conhecido como “O Assassino do Snapchat” e ainda está em aberto.
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