Artigos

A DINÂMICA DO FLUXO MIGRATÓRIO DE POPULAÇÃO COM ALTO GRAU DE INSTRUÇÃO EM DUAS REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRAS

Rennan Moraes Rodrigues
Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Rachel Facundo Vasconcelos de Oliveir
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brasil
Yago Oliveira dos Santos
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brasil

Revista Ensaios de Geografia

Universidade Federal Fluminense, Brasil

ISSN-e: 2316-8544

Periodicidade: Cuatrimestral

vol. 9, núm. 19, 2022

revistanesaiosdegeografia@gmail.com



https://periodicos.uff.br/ensaios_posgeo/about

Resumo: Este artigo buscou tratar sobre os fenômenos migratórios, levando em conta fatores econômicos associados com o debate inserido numa análise macroestrutural. Nesse sentido, serão apresentadas reflexões sobre o deslocamento de pessoas qualificadas, aquelas com ensino superior completo e que atuam em ocupações relacionadas à sua formação, tendo como recorte as qualificadas que vivem na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). Como metodologia, utilizaram-se os dados do Censo Demográfico de 2010, a partir de suas variáveis de migração data fixa, renda, escolaridade, faixa etária, condição de moradia (habitação própria quitada ou financiada, alugada ou outras condições), tempo de moradia, preço médio de aluguéis em salários mínimos e distribuição espacial dos migrantes segundo local de moradia. Com base nos resultados, foi possível destacar o comportamento dos migrantes qualificados e não qualificados na produção do espaço em ambas as metrópoles, utilizando as informações sobre preço do aluguel e as condições de moradia. Espera-se que o artigo apresente contribuições relevantes sobre o debate envolvendo migração, população qualificada e produção do espaço no Brasil.

Palavras-chave: Deslocamentos Migratórios, Produção do Espaço, População Qualificada.

Abstract: This article sought to deal with migratory phenomena, taking into account economic factors associated with the debate inserted in a macrostructural analysis. In this sense, reflections on the displacement of qualified people will be presented, those with complete higher education and who work in occupations related to their training, focusing on the qualified people who live in the Metropolitan Region of Fortaleza (RMF) and in the Metropolitan Region of Greater Vitória (RMGV). As a methodology, data from the 2010 Demographic Census were used, from its migration variables, fixed date, income, education, age group, housing condition (own housing paid off or financed, rented or other conditions), time of residence, average rental price in minimum wages and spatial distribution of migrants according to place of residence. Based on the results, it was possible to highlight the behavior of skilled and unskilled migrants in the production of space in both metropolises, using information on rent prices and housing conditions. It is expected that the article will present relevant contributions to the debate involving migration, qualified population and production of space in Brazil.

Migratory Displacements; Space Production; Qualified Population

Keywords: Migratory Displacements, Space Production, Qualified Population.

Resumen: Este artículo buscó abordar los fenómenos migratorios, teniendo en cuenta factores económicos asociados al debate inserto en un análisis macroestructural. En este sentido, se presentarán reflexiones sobre el desplazamiento de personas calificadas, por lo tanto, aquellas con educación superior completa y que trabajan en ocupaciones relacionadas con su formación, teniendo como corte a las personas calificadas que viven en la Región Metropolitana de Fortaleza (RMF) y en la Región Metropolitana de la Gran Vitória (RMGV). Como metodología se utilizaron datos del Censo Demográfico 2010, de sus variables de migración, fecha fija, ingreso, escolaridad, grupo de edad, condición de vivienda (vivienda propia pagada o financiada, alquilada u otras condiciones), tiempo de residencia, alquiler promedio precio en salarios mínimos y distribución espacial de los migrantes según lugar de residencia. Con base en los resultados, fue posible destacar el comportamiento de los migrantes calificados y no calificados en la producción del espacio en ambas metrópolis, utilizando información sobre precios de alquiler y condiciones de vivienda. Se espera que el artículo presente contribuciones relevantes para el debate sobre migración, población calificada y producción de espacio en Brasil.

Palabras clave: Desplazamientos Migratorios, Producción Espacial, Población Calificada.

Introdução

Os estudos migratórios apresentam uma variedade de possibilidades reflexivas, abrangendo diferentes escalas e grupos populacionais. Este artigo traz um enfoque específico nos indivíduos escolarizados, que consideramos como sendo aqueles com pelo menos ensino superior completo e que realizaram deslocamentos migratórios para duas áreas metropolitanas do Brasil, sendo elas a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV).

Desta forma, iremos estudar sobre atração de sujeitos exercida por estas duas regiões metropolitanas levando em contas variáveis como: com maior grau de instrução devido a melhores níveis salariais e número maior de oportunidades de trabalho, bem como melhores índices de qualidade de vida mesmo sabendo que cada uma das regiões metropolitanas apresenta suas particularidades tendo como base os dados dos Censos de 1991, 2000 e 2010.

Diante exposto, apresentamos os seguintes questionamentos que nortearão a discussão deste artigo: quais são as semelhanças e diferenças no perfil dos imigrantes escolarizados que residem na RMF e na RMGV? Quais são a dinâmica e a distribuição espacial da migração desse grupo populacional no espaço urbano? Como esse tipo específico de migração está inserido na produção do espaço das metrópoles?

Com base em tais problemáticas, nosso objetivo consiste em analisar os movimentos migratórios de sujeitos com alto grau de instrução entre a RMF e a RMGV, buscando analisar como ocorrem as diferenças e semelhanças do perfil migratório em cada uma das duas regiões metropolitanas (RMs) pesquisadas. Assim, é possível mostras características e perfis ligados a questões socioeconômicas e estruturais do processo migratórios das duas Regiões metropolitanas situadas em localidades regionais distintas do país.

A escolha pela análise comparativa resulta do fato de as Regiões Metropolitanas contarem com duas capitais brasileiras e estarem em regiões diferentes do país, com dinâmica migratória diferenciada ao longo do tempo. Primeiramente, a hipótese que adotamos é a de que, apesar da diferença em relação à forma como essas Regiões metropolitanas estão inseridas no contexto urbano-regional brasileiro – que tem culminado em dinâmicas migratórias tão desiguais em relação aos movimentos internos, principalmente de grupos populacionais específicos, como os mais escolarizados (ou seja, com formação e capacitação mais qualificadas) –, elas acabam reverberando dinâmicas que se assemelham com os resultados dos condicionantes da migração intrametropolitana a serem distintos de outras modalidades migratórias.

Em seguida foi realizado um resgate de trabalhos que abordam a migração e sua relação com os aspectos econômicos e com as pessoas qualificadas. Na terceira seção serão apresentadas as características da migração de pessoas qualificadas para as regiões metropolitanas de Fortaleza-CE e Vitória-ES.

Por último, em uma quarta seção, a partir das considerações relacionadas à migração como um fenômeno variado, de acordo com os perfis (qualificados ou não qualificados) e com as diferenças regionais, foi possível observar certos padrões que nos ajudam a pensar universalmente o fenômeno. Evidencia-se que a tendência observada por meio dos dados analisados foi a de migrantes qualificados se concentrarem mais em áreas centrais das metrópoles, principalmente devido a possuírem uma condição financeira melhor; em geral, não se observou grande discrepância na distribuição espacial entre as duas capitais metropolitanas, mesmo estando em regiões diferentes.

O artigo mostra que o fenômeno migratório possui uma realidade bastante heterogênea, na medida em que expõe as complexas dinâmicas do perfil populacional dos migrantes, levando em conta determinados espaços distintos.

A migração interna: do século XX aos desafios do início do XXI

As migrações internas em território brasileiro ao longo do século XX e início do século XXI retrataram diversas dinâmicas e processos socioespaciais que foram resultado de transformações políticas, sociais, econômicas e culturais. Brito; Horta e Amaral (2001) apresentam tais movimentos ao longo de todos esses períodos, e a cada década representada por mapas é possível apreender as complexidades que os fluxos apresentaram.

As migrações internas tornaram-se expressivas após a década de 1930, principalmente por causa das políticas industriais e de concentração nas grandes cidades brasileiras, com maior presença no Sudeste (BRITO; HORTA; AMARAL, 2001). As migrações nesse período foram intensificadas pelo êxodo rural, no qual cerca de 28 milhões de pessoas saíram do campo em direção à cidade entre as décadas de 1950 e 1970 (BAENINGER, 2012 apud MARTINE; CAMARGO, 1984). Contudo, Singer (1998) pontua que as pessoas não decidiram aleatoriamente ir para as áreas urbanas, uma vez que houve condicionantes estruturais que impactaram diretamente as áreas rurais, como os baixos investimentos para o desenvolvimento, que levaram essas áreas a passarem por uma estagnação econômica, além de mudanças que ocorreram em toda a estrutura de produção das áreas rurais, como a mecanização do trabalho.

Assim, essas transformações no campo fizeram com que a população brasileira começasse a ter um novo lugar de residência: as áreas urbanas (SANTOS 2018). As migrações de caráter rural-urbano eram caracterizadas pelos movimentos inter-regionais, nos quais se destacam os grandes fluxos migratórios saindo do Nordeste em direção ao Sudeste (BRITO 2009).

Devido aos movimentos migratórios da população brasileira em direção aos espaços urbanos entre as décadas de 1950, 1960 e 1970, inaugurou-se um novo sentido para as migrações internas; os movimentos rural-urbano (longa distância) decaíram, e emergiu um novo padrão migratório, no qual houve a intensificação dos fluxos urbano-urbano (curta distância) (PACHECO; PATARRA, 1997; VALE; LIMA; BONFIM, 2012).

Com a crise econômica da década de 1980[4], acentuou-se a importância das migrações de curta distância, e os movimentos migratórios arrefeceram as migrações de longa distância (inter-regionais), fazendo com que as primeiras (intrarregionais) obtivessem uma maior relevância (BAENINGER, 2012).

Cunha e Baeninger (2007) expõem que nesse período houve uma maior desconcentração econômica, acarretando uma desconcentração demográfica dos polos que receberam grandes contingentes populacionais nas décadas anteriores. Isto posto, é visto que houve alterações na dimensão espacial no que tange ao desenvolvimento brasileiro (PACHECO; PATARRA, 1997).

O país, desde a década de 1980, passa por transformações estruturais e uma desconcentração industrial que reverbera nas tendências migratórias internas do país – como é o caso da modalidade da migração de retorno, que se intensificou significativamente nesse período –, bem como no aumento dos movimentos intrarregionais que surgiram nesse período, revelando novas lógicas e “espaços de migração” (BAENINGER, 1999).

Cunha (2005) expõe, a partir do Censo de 1991, que os fluxos migratórios intraestaduais e interestaduais evidenciam as relações existentes entre as áreas metropolitanas (ou grandes aglomerações urbanas) e as não-metropolitanas (como as pequenas cidades); há ainda os intrametropolitanos, que se reproduzem com formas semelhantes em praticamente todas as áreas metropolitanas do país, muito embora não necessariamente com os mesmos condicionantes.

Dessa forma, é visualizada ainda mais uma complexificação dos movimentos migratórios, uma vez que estavam concorrendo diversos tipos de movimentos, em diversos níveis escalares. Assim, como são colocadas, por Cunha e Baeninger (2007), as abordagens da virada da década de 1990 para o século XXI apresentaram desafios ainda maiores em relação às discussões teóricas anteriores, considerando que alguns processos persistiram na virada do século e que surgiram novidades, sendo registradas transformações no volume migratório e no panorama das principais áreas de atração e expulsão demográfica do Brasil.

Singer (1998) afirmou que o fenômeno migratório do final do século XX possui determinadas especificidades – relacionadas ao processo de reestruturação socioespacial nas áreas urbanas nos setores econômicos – que indicam sua complexidade, evidenciando o seu importante papel na conformação de espaços regionais e locais. O entendimento do fenômeno como processo histórico e social constitui a raiz da compreensão dos processos migratórios urbanos atuais.

Já se sabe que as regiões metropolitanas tendem a ser áreas de migração atrativa para pessoas com maior grau de instrução devido a melhores níveis salariais e maior número de oportunidades de trabalho, bem como melhores índices de qualidade de vida (GUIMARÃES, 2002). Entretanto, vale ressaltar que existem diferenças regionais e que estas podem apresentar diferentes padrões migratórios, mesmo considerando especificamente a migração de pessoas escolarizadas. Em relação à migração para Fortaleza, deve-se considerar a realidade do Estado do Ceará e a sua inserção na região Nordeste do Brasil, que apresenta um tradicional êxodo de pessoas rumo às porções mais ao sul do país (BRITO, 2016).

Além disso, embora os dados dos últimos três censos demográficos (1991, 2000 e 2010) tenham demonstrado que o Ceará manteve saldo migratório negativo, é importante destacar que, a partir dos anos 2000, também vem ocorrendo um aumento da chamada migração de retorno de emigrantes de outrora (QUEIROZ; BAENINGER, 2010).

O Espírito Santo, por outro lado, embora inserido na região Sudeste, esteve à margem dos grandes fluxos migratórios do país ao longo do século XX, apresentando perda populacional via emigração para o eixo Rio de Janeiro-São Paulo e para a região Norte, com destaque para o estado de Rondônia (LIRA, 2019). Porém, trabalhos recentes de Dota (2016) e Dota; Coelho e Camargo (2017) revelaram uma significativa mudança no saldo migratório do Espírito Santo, especialmente a partir da virada do século XX para o XXI, fazendo com que o estado deixasse de ser um “expulsor” para se tornar um receptor de população.

Dentro dessa discussão dos movimentos internos em território brasileiro, é importante ressaltar as dinâmicas das duas Regiões metropolitanas, que são objetos deste estudo. Além do mais, é relevante colocar que essas regiões estão localizadas em dois lados antagônicos nas migrações internas: o Espírito Santo está localizado no Sudeste, grande polo de atração populacional; de outro lado, o Ceará está localizado no Nordeste, grande polo de expulsão migratória.

Contudo, devem-se levar em conta as especificidades que esses dois estados possuem dentro das suas regiões. No caso do Espírito Santo, Castiglioni (2009) coloca que este esteve distante dos grandes movimentos nacionais ao longo do século XX. Dota (2016) aponta para uma mudança nessa estrutura na virada do século XX para o século XXI, principalmente por causa das transformações na infraestrutura econômica ligada à intensa industrialização e à exploração do petróleo; de modo que o estado passa a integrar os movimentos migratórios nacionais, tendo saldo migratório positivo nas trocas interestaduais.

Dota (2016) e Dota e Dadalto (2021) detalham que, em nível intraestadual, os movimentos migratórios sempre foram expressivos e relevantes nas trocas regionais, contudo, ressalta a posição da RMGV como aquela que possui maior migração bruta dentro do estado, consequentemente sendo uma área que faz trocas de alto volume com os municípios que vão além da sua própria região.

Já no Nordeste, o Ceará reflete todo um contexto regional de perda migratória nas trocas de longa distância, que se intensificaram com o período de industrialização no século XX, mas que começaram a ter novos fluxos e novas direções após a década de 1980, sendo afetadas pela crise econômica (PACHECO; PATARRA, 1997). Contudo, é importante situar que, com as melhorias na infraestrutura econômica do Ceará, as perdas migratórias passaram a ser menores nos períodos de data fixa dos censos de 2000 e 2010 (PEREIRA; QUEIROZ, 2017).

Além do mais, Pereira e Queiroz (2017) ressaltam que, assim como visto no Espírito Santo, os movimentos internos interestaduais e intrarregionais demonstram números expressivos. Essa intensificação está relacionada diretamente com o desenvolvimento das cidades metropolitanas, assim como das cidades médias nordestinas (QUEIROZ et al., 2019).

Portanto, as migrações internas passaram por diversas transformações ao longo do século XX, e no século XXI a sua complexidade ficou ainda maior devido aos movimentos multifacetados, multivariados e multidirecionais, que perpassam por diversas escalas de análise e que necessitam de estudos para que seja possível compreender quais impactos estão sendo observados no território brasileiro no geral, mas também nas suas pequenas análises territoriais.

Migração de sujeitos qualificados: recortes e definições

Para seguir tal perspectiva, é possível resgatar as contribuições de Haas (2010), que demonstra as relações entre a migração e o desenvolvimento econômico. Partindo por esse caminho, o autor alerta que a migração e o desenvolvimento econômico devem ser vistos de forma integrada e ampla.

Outro ponto importante está relacionado ao nível de análise que os fenômenos serão submetidos na reflexão, ou seja, a uma perspectiva macro ou micro. Embora as questões relacionadas ao nível do sujeito sejam de grande relevância para os estudos migratórios, propomos refletir o fenômeno a partir dos condicionantes relacionados às questões estruturais e conjunturais.

Partindo, portanto, de uma ótica em escala macro dos fenômenos migratórios, é possível pensar na importância do mercado de trabalho e como as oportunidades são distribuídas espacialmente. King (2012) aponta que a distribuição desigual de oportunidades e riquezas é fator preponderante para compreender as dinâmicas demográficas.

No entanto, não somente as desigualdades espaciais impactam a mobilidade populacional, o caminho oposto também ocorre. Assim, King (2012) revela ainda que a migração pode criar e modificar os padrões espaciais das localidades receptoras, podendo agravar (ainda mais) as desigualdades geográficas.

Por meio desse pressuposto, é possível pensar que a migração de um grupo social específico, como os de pessoas de maior qualificação e que tendem a receber salários maiores, pode corroborar com a criação de dinâmicas espaciais relacionadas à reprodução social. Em outras palavras, a chegada dessa população em espaços urbanos pode, por exemplo, contribuir para o aumento no preço dos aluguéis de determinada área, afetando a população não migrante de menor renda.

Ao analisarmos teorias dos fatores de expulsão e fatores de atração de migração, podemos notar que existem diversos motivos que colaboram para que determinado espaço seja local de atração ou repulsão. Os autores Cunha (2005) e (2016), Baeninger (1999) e Patarra et al. (1997) expõem que em determinado período podem ocorrer situações e fenômenos em uma conjuntura de escalas micro e macroestruturais, o que acaba fazendo com que um local se torne doador e receptor do fluxo migratório. Existem, assim, alguns eixos consolidados, como os retirantes que saem do campo para as cidades ou de médias cidades para as capitais.

Carling e Collins (2017) expõem que existem diversos motivos que influenciam na mobilidade, como as conjunturas econômicas e políticas, mas ressaltam que existe também motivação para migração de grupo, por meio de redes que fomentam o deslocamento de sujeitos. A partir de aspirações que são criadas e repassadas por essas redes de contato, evidencia-se que existem disparidades entre os locais de origem e destino que poderão criar tendências relacionadas aos fluxos e padrões migratórios, condicionantes da migração, como forças externas que agem sobre esse processo (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA [IPEA], 2014).

Além dos condicionantes e dos fatores de espaços perdedores e ganhadores de migrantes, as disparidades entre os diferentes espaços fazem com que alguns tenham fatores mais atrativos do que outros. Vale ressaltar também que o perfil social e econômico dos migrantes deve ser analisado com maior profundidade, na medida em que cada grupo de migrantes apresentará diferentes efeitos na dinâmica.

Dessa forma, salientamos que estudos realizados por Courgeau e Leliévre (2006) mostram uma realidade específica relacionada à migração internacional, na qual se observou que os migrantes possuem maiores chances de serem absorvidos pelo mercado de trabalho em relação aos não migrantes. Tal característica é potencializada se o migrante for do sexo masculino, tendo em vista que essa realidade tende a ocorrer nacionalmente quando levamos em conta o perfil de emigrantes qualificados.

Courgeau e Leliévre (2006) também demonstraram que variáveis como estado civil e número de filhos corroboram para modificações de tendências – por exemplo, a busca por residências maiores. Tal aspecto, somado principalmente com as questões de renda, demonstra que tal migração se apresenta com grande potencialidade para o mercado imobiliário, podendo dialogar diretamente com as tendências de produção do espaço urbano via mercado de terras.

Partindo para as análises entre migração e produção do espaço, considerando também as questões de escolaridade e emprego, Cunha (2016), ao analisar o caso da Região Metropolitana de Campinas, revelou que quanto maior for à escolaridade do migrante, menor será sua mobilidade intermunicipal. Em outras palavras, os migrantes mais bem qualificados tendem a habitar espaços mais próximos do local de trabalho, podendo favorecer a expulsão de população não migrante menos qualificada, acentuando, assim, as segregações socioespaciais (CUNHA, 2016).

Dessa forma, é possível pensar que a investigação da migração de pessoas com alto grau de instrução não somente serve para compreender o fenômeno relacionado especificamente ao grupo estudado, mas também a outros grupos, como a população não migrante ou a população de migrantes com menor grau de instrução. Porém, este estudo pretende investigar o fenômeno em duas regiões metropolitanas distintas do Brasil, de forma que também se faz necessário entender os padrões regionais da migração de pessoas qualificadas no país. Para alcançar tal pretensão, é possível recorrer ao trabalho de Serrano et al. (2013), que demonstra as diferenças territoriais na distribuição de migrantes escolarizados no país, conforme os dados dos censos de 1991, 2000 e 2010. Os autores demonstraram, primeiramente, que ocorreu aumento na difusão de cursos superiores em todo o país ao longo dos últimos anos, fazendo com que aumentasse a distribuição de pessoas qualificadas em todo o território.

Serrano et al. (2013) demonstraram ainda que, embora a dispersão de migrantes escolarizados tenha arrefecido nos últimos anos, velhos fluxos se mantêm. Assim, muitos imigrantes qualificados acabam ainda procurando como destino as cidades que possuem um histórico de áreas concentradas socioeconomicamente, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Do ponto de vista da dinâmica migratória das microrregiões, os autores demonstraram que existem padrões distintos consolidados no país, como podemos observar a partir da citação a seguir: “[…] constatou-se que algumas microrregiões colaboram para uma distribuição mais equitativa das pessoas de alta escolaridade, enquanto outras, em contrapartida, tendem a concentrar mais estes contingentes […]” (SERRANO et al., 2013, p. 651).

Partindo de uma visão mais ampla, é visto no trabalho de Guimarães (2002) que a migração das pessoas com maior grau de formação no Brasil vai em direção a localidades com melhores níveis salariais, mais oportunidades de emprego e com os melhores índices de qualidade de vida. Entre os anos de 2005 e 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012), a taxa de imigração para Sul e Sudeste foi de 39,01% do total da migração do estado nesse período.

Na cidade de Vitória-ES, Dota (2016) expõe que há grande expressão de trabalhadores de alta e média formação que são residentes da RMGV. O autor também ressalta que “[…] há uma seletividade dos migrantes que se direcionam para os municípios da RMGV, mais escolarizados, nas duas modalidades e nos dois períodos considerados [...]” (DOTA, 2016, p. 151), no que tange à migração em nível tanto interestadual quanto intraestadual.

O Ceará também sofreu com o fenômeno da fuga de cérebros, numa visão interestadual que se destina às outras metrópoles que compõem as outras regiões metropolitanas que existem no estado (QUEIROZ, BAENINGER, 2010). Nas próximas seções será apresentado um maior detalhamento da migração de pessoas com maior grau de instrução, tanto para a RMF quanto para a RMGV.

Metodologia

Este trabalho se apoia nos microdados do Censo demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Para separar a população segundo o nível de escolarização, utilizou-se a variável “Nível de Instrução”, aplicando uma reclassificação, considerando:

- grau de instrução baixo: população sem instrução, com ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo e ensino médio incompleto;

- grau de instrução médio: população com ensino médio completo e superior incompleto;

- grau de instrução alto, compreendendo aqueles com ensino superior completo ou além (pós-graduação, especialização etc.).

No que tange à migração, optou-se pela variável “Data Fixa” para obter dados relacionados à migração, portanto, são considerados migrantes aqueles sujeitos que residiam em outro município e/ou unidade da federação no dia 31 de julho de 2005, portanto, cinco anos antes do Censo Demográfico de 2010.

Para melhor refinamento dos dados, optou-se por adotar um recorte de idade de 25 anos ou mais para a população estudada. Essa escolha se justifica pelo fato de que nessa idade há maiores chances de término do ensino superior, evitando inconsistências nas análises. O recorte espacial da pesquisa, por sua vez, consistiu na RMGV, composta por sete municípios, e na RMF, composta por 19 municípios.

Foram também realizados cruzamentos das informações a partir das variáveis relacionadas com a estrutura etária (idade e sexo), com as questões de renda (com base no salário mínimo – SM) e com condição de moradia (se própria ou alugada, localização do domicílio etc.).

A migração de população com alto grau de instrução na RMGV e na RMF

Antes de analisar a fundo os resultados obtidos a partir do Censo Demográfico de 2010, é importante pontuar algumas distinções entre as Regiões metropolitanas analisadas. Primeiro, a diferença de tamanho entre as duas metrópoles é notável, já que a RMF apresentou população de 3,7 milhões de habitantes, enquanto a RMGV possuía aproximadamente 1,6 milhão de habitantes em 2010.

Embora tenham tamanhos distintos, os volumes da migração bruta são relativamente próximos, com uma diferença de 61 mil migrantes a mais na RMF em relação à RMGV, algo que pode ser explicado pelas dinâmicas regionais em que se insere cada unidade da federação, ou seja, as regiões Nordeste e Sudeste.

Porém, quando se estuda os dados, faz-se necessário dividi-los e analisá-los levando em conta o grau de instrução desses imigrantes, evidenciando algumas diferenças importantes. A Figura 1 mostra o grau de instrução dos imigrantes na RMF e na RMGV, podendo-se verificar que a maioria dos imigrantes possui um baixo grau de instrução, e o médio grau de instrução possui pouca diferença entre as duas Regiões metropolitanas. Contudo, há uma diferença na distribuição dos níveis de grau de instrução entre as duas Regiões metropolitanas, pois há uma maior quantidade de imigrantes com alto grau de instrução em direção à RMGV (cerca de 5% superior à RMF, que representa aproximadamente 7 mil pessoas a mais).

Figura 1: Tabela de migração por grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010 – Total e proporcional

Grau de instrução RMF RMGV
N (%) N (%)
Baixo 82.930 55,8 62.575 48,8
Médio 47.211 31,8 40.522 31,6
Alto 18.518 12,5 25.046 19,5
Total 148.659 128.143

Fonte: Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Tabulações especiais dos próprios autores.

Para compreender o que há por detrás do baixo volume de migrantes com alto grau de instrução na RMF, é possível recorrer a Morais e Queiroz (2018), que apresentam que o fluxo migratório de pessoas qualificadas para o Ceará foi negativo no quinquênio de análise dos dados obtidos pela variável data fixa do Censo no período 2005/2010.

Por outro lado, enquanto a RMF apresentou saldo migratório negativo, no mesmo período a RMGV passou a apresentar saldo migratório positivo. Dota (2016) também destaca que nesse período houve um crescimento relevante de trabalhadores intelectuais – com destaque para a área da Educação.

Também vale ressaltar que nesse período o Espírito Santo recebeu importantes investimentos industriais, como no caso da expansão e dinamização do setor de petróleo e gás (ZANOTELLI et al., 2019), em que se observou um crescimento significativo de postos de trabalho (RODRIGUES, 2018) e aumento da migração de trabalhadores que estavam ocupados no setor (DOTA, 2019; RODRIGUES, 2019).

Perfil da população migrante com alto grau de instrução

A Figura 2 é um gráfico que exibe qual é a ocupação desses migrantes com alto grau de instrução de ambas as Regiões metropolitanas. Em sua maioria, a distribuição das ocupações entre os migrantes é aproximada entre essas duas regiões. Há alguns destaques interessantes: a maioria dos migrantes que têm como destino a RMF e a RMGV possui atividades profissionais intelectuais, sendo também conhecidos como profissionais liberais (como advogados, médicos, professores, pesquisadores etc.), sendo esse grupo praticamente a metade do total entre aqueles que possuem alto grau de instrução.

As diferenças exibidas na Figura 2 ainda mostram que há diferenças entre as ocupações desses imigrantes. Na RMGV, as ocupações dos profissionais de serviços administrativos e técnicos entre os migrantes são maiores em comparação com a RMF. Já na RMF é visto que há uma maior participação de militares e trabalhadores industriais.

Figura 2: Gráfico de ocupação dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010

Gráfico de ocupação dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010
Figura 2
Gráfico de ocupação dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010

Fonte: Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Tabulações especiais dos próprios autores.

A estrutura etária dos migrantes de alto grau de instrução (Figura 3) apresenta características importantes quando comparadas as duas Regiões metropolitanas. A maior parte desses migrantes concentra-se na faixa etária entre 25 e 34 anos; além disso, é visualizado que a maior parte desses migrantes é do sexo feminino, tanto na RMF quanto na RMGV,

Contudo, a distribuição entre as outras faixas etárias possui diferenças interessantes: na RMF, as faixas etárias a partir dos 40 anos possuem maior expressividade que as mesmas faixas etárias da RMGV. Essa disparidade é ainda mais expressiva na faixa etária de 60 anos ou mais na RMF em relação à RMGV. Porém, é importante ressaltar que essa última faixa etária também se mostra relevante entre os migrantes com alto grau de instrução em ambas as Regiões metropolitanas.

Figura 3: Pirâmides de estruturas etárias dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010


Fonte: Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Tabulações especiais dos próprios autores.

A renda em número de Salário Mínimo (SM) dos migrantes com alta instrução (Figura 4) também apresenta dinâmicas parecidas na distribuição entre as faixas salariais nas duas Regiões metropolitanas. A maior parte dos migrantes com alta instrução está entre as faixas até quatro SM. É visto ainda que, ao aumentar a quantidade da renda em SM, a quantidade de migrantes irá diminuindo. No entanto, é visto que a faixa maior que 20 SM apresentam um volume expressivo em relação a faixas anteriores (entre 10 e 20 SM).

Nesse segmento, quando é comparada a distribuição da renda entre os migrantes nas duas Regiões metropolitanas, é visto que, além das faixas de renda menores que dois SM e de oito a dez SM, a RMGV tem uma equiparação com as rendas ou possui um volume maior de migrantes em relação à RMF.

Figura 4: Gráfico de renda em número de SM dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010

Gráfico de renda em número de SM dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010
Figura 4
Gráfico de renda em número de SM dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010

Fonte: Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Tabulações especiais dos próprios autores.

Tal diferença salarial suscita uma série de questões referentes ao padrão espacial da migração, podendo afetar, inclusive, a população não migrante. Basta pensar que um salário maior reflete também em um maior padrão de consumo e na criação de necessidades específicas para atender às demandas da classe social.

Nesse sentido, a entrada de migrantes qualificados em determinadas porções do espaço metropolitano pode simbolizar a criação de novos meios de reprodução social, o que contribui para uma transformação profunda em determinadas localidades, mas com grande potencial de afetar toda a metrópole.

Na tentativa de compreender um pouco mais sobre os efeitos da migração qualificada no espaço urbano, na próxima seção será abordada a relação entre a migração e as questões de habitação, a fim de encontrar padrões da distribuição urbana no espaço para cada metrópole aqui analisada.

Migração e a produção do espaço metropolitano

Pensar a migração também é pensar em habitação. Porém, a heterogeneidade do fenômeno acaba revelando diferenças de consumo no mercado imobiliário. Assim, o perfil migratório pode revelar diferentes formas de produzir o espaço.

Os dados relacionados à condição de moradia dos migrantes com alto grau de instrução são apresentados na Figura 5, que demonstra que, em 2010, a maior parte deles estava morando em casa própria. No entanto, quando são divididos entre aqueles que já quitaram o imóvel e aqueles que ainda possuem imóvel financiado, é visto que esses migrantes, em sua maioria, possuem o imóvel já quitado. Já na comparação entre os imóveis próprios quitados e financiados entre as duas Regiões metropolitanas, há mais migrantes com imóvel financiado na RMGV em relação à RMF, chegando a quase 5% de diferença; já no que tange aos imóveis quitados, é visto o oposto.

Essa questão habitacional apresenta-se como de suma importância dentro deste trabalho, no que se refere ao financiamento de imóveis e à transformação do ambiente urbano, uma vez que os migrantes qualificados podem revelar a força desse grupo populacional na participação ativa no mercado imobiliário. Em outras palavras, Harvey (2019) aponta que a cidade produzida pelo capital não é pensada apenas como o lugar de moradia, mas também como lugar de investimento.

A Figura 5 ainda revela que a condição de moradia desses migrantes em imóvel alugado é expressiva nas duas Regiões metropolitanas, chegando a ser maior do que aqueles que possuem casa própria quitada. Outra informação importante está na condição de moradia a partir de sedimento por empregador, representando que por vezes essa migração ocorre com garantia de habitação para o imigrante.

Figura 5: Gráfico de condição de moradia dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010 (percentual)

Gráfico de condição de moradia dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010 percentual
Figura 5
Gráfico de condição de moradia dos migrantes com alto grau de instrução na RMF e na RMGV em 2010 percentual

Fonte: Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Tabulações especial realizada pelos próprios autores.

Assim sendo, quando é analisado o preço dos aluguéis pagos por esses migrantes com alto grau de instrução nas duas Regiões metropolitanas, é denotado que a maior parte dos migrantes na RMF pagam até um SM, sendo a única classe que se sobrepõe em relação aos migrantes da RMGV (Figura 6).

Enquanto mais da metade da população migrante com alto grau de instrução na RMF paga até um SM de aluguel, mais da metade da população migrante na RMGV paga entre um e dois SM. Além do mais, os migrantes de alto grau de instrução da RMGV estão em maior concentração nas faixas de dois a três SM e maior que três SM em relação à RMF.

Figura 6: Gráfico de preço dos aluguéis em SM pago pelos migrantes com alto grau de instrução e que residiam em habitação alugada na RMF e na RMGV em 2010

Gráfico de preço dos aluguéis em SM pago pelos migrantes com alto grau de instrução e que residiam em habitação alugada na RMF e na RMGV em 2010
Figura 6
Gráfico de preço dos aluguéis em SM pago pelos migrantes com alto grau de instrução e que residiam em habitação alugada na RMF e na RMGV em 2010

Fonte: Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2012). Tabulações especiais dos próprios autores.

Tais características se associam com o preço médio dos aluguéis em SM em ambas as Regiões Metropolitanas. Dessa forma, para uma melhor compreensão espacial, elaboramos a Figura 7, referente ao preço médio dos aluguéis em SM e à distribuição espacial de migrantes de alto grau de instrução da RMF (2010). É possível, assim, compreender um pouco mais sobre as diferenças entre as duas capitais, principalmente destacando a metrópole Fortaleza, que apresentava preço médio de aluguel que não alcançava o valor estimado de um SM; por outro lado, a cidade de Vitória apresentava aluguéis mais caros, como será evidenciado na Figura 8. Mesmo com tais diferenças, em ambas as metrópoles se observou uma mesma tendência: as regiões centrais concentravam o maior preço médio de aluguéis.

Figura 7: Mapa do preço médio dos aluguéis em SM e distribuição espacial de migrantes de alto grau de instrução da RMF (2010)

Mapa do preço médio dos aluguéis em SM e distribuição espacial de migrantes de alto grau de instrução da RMF 2010
Figura 7
Mapa do preço médio dos aluguéis em SM e distribuição espacial de migrantes de alto grau de instrução da RMF 2010

Fonte: IBGE (2012) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPCE, 2013).

O município de Fortaleza apresenta menor média de aluguéis se comparado com a capital Vitória; esses valores foram obtidos por meio dos dados do IBGE (2012) e do IPCE (2013). Dessa maneira, é possível notar que há uma relação diretamente proporcional entre o preço médio dos aluguéis e a distribuição dos imigrantes de grau elevado de instrução na RMF, havendo uma contração maior deles nos municípios mais próximos da metrópole cearense, como evidenciado na Figura 7.

Os aluguéis mais baixos estão nos últimos municípios que foram incorporados à RMF em 2014, devido às melhorias dos transportes interurbanos de ônibus, vans e veículos leves sobre trilhos (VLT) e à integração e até gratuidade de passagens. A diferença entre VLT e metrô é que no metrô a tecnologia é muito parecida com a do trem e roda apenas no sentido centro, até dois municípios da região metropolitana, Pacatuba passando por Maracanaú. Difere também por possui alguns eixos da cidade tendo mais trechos em áreas subterrâneas, funcionando no horário 5h30min as 22h 35min de segunda a sábado. Enquanto o VLT é mais leve do que os trens ou metrôs em vários aspectos: suas composições são menores, transportam menos passageiros, custam menos à administração pública e circulam por 10 estações apenas dentro da capital cearense, nos horários de 5h30min às 21h59min de segunda a sábado.

Isso possibilitou uma maior mobilidade de sujeitos, permitindo que morem em locais mais distantes pelo custo dos imóveis e mesmo assim consigam ter deslocamento maior e eficiente para trabalho, lazer, estudo e outros. A concentrada infraestrutura ligada a lazer, educação e trabalho faz com que seja uma opção mais atraente para os imigrantes ficarem mais próximos da metrópole e dos seus municípios limítrofes, pois acaba havendo uma quantidade maior de oportunidades para os imigrantes com perfil relacionado a um maior grau de instrução.

Por outro lado, a RMGV apresenta aproximadamente o dobro do valor médio dos aluguéis, se comparada à RMF. De forma mais específica, é possível visualizar que as cidades de Vila Velha e Guarapari possuem o valor médio de aluguéis mais elevado do que a própria capital cearense (Figura 8).

Quando analisada a geolocalização quanto ao valor dos aluguéis, a partir da distribuição espacial dos migrantes de alto grau de instrução na RMGV em 2010 (Figura 8), é notado que estes se concentram na capital Vitória e nas duas cidades vizinhas (Serra e Vila Velha), corroborando as mesmas dinâmicas visualizadas no Mapa 1 sobre a concentração dos migrantes com alto grau de instrução.

No trabalho de Santos (2018) são discutidas as relações construídas nas interações de mobilidade dentro da RMGV, demonstrando que a capital Vitória, por toda sua dinamicidade, acaba concentrando e recebendo bastantes migrantes pelas facilidades de morar no centro, como a concentração de empregos, atividades culturais, entretenimento e baixo tempo de deslocamento – sendo, assim, condizente diretamente com o perfil de migrantes com alto grau de instrução. Os dados para elaboração dos mapas foram do Censo (2010) e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) (2013).

Figura 8: Mapa de distribuição espacial dos migrantes de alto grau de instrução na RMGV em 2010

Mapa de distribuição espacial dos migrantes de alto grau de instrução na RMGV em 2010
Figura 8
Mapa de distribuição espacial dos migrantes de alto grau de instrução na RMGV em 2010

Fonte: IBGE (2012) e IJSN (2013).

Vale destacar ainda o caso de Vila Velha, que foi o município com distribuição mais igual entre os perfis migratórios aqui estudados. É provável que a explicação para tal fato esteja presente na própria organização espacial do município, apresentando áreas de maior valorização imobiliária, especialmente na orla, com dinamização muito próxima em relação a Vitória, estabelecida a partir da inauguração da terceira ponte, na virada da década de 1980 para 1990 (HOLZ, 2019). Diferente disto, Vila Velha também apresenta áreas de menor valorização imobiliária, principalmente em bairros que fazem conurbação com os municípios de Cariacica e Viana, como evidenciado na (Figura 8).

Considerações finais

Embora a migração tenha se mostrado como um fenômeno variado de acordo com os perfis (qualificados ou não qualificados) e com as diferenças regionais, foi possível observar certos padrões que nos ajudam a pensar universalmente sobre o fenômeno. Apesar da maior tendência de os migrantes qualificados se concentrarem em áreas centrais das metrópoles, principalmente devido ao seu poder aquisitivo, em geral, não se observou grande discrepância na distribuição espacial entre os migrantes qualificados.

Vale ressaltar que no período em que o Censo de 2010 foi realizado, o Brasil acabara de atravessar uma década de significativo crescimento econômico (especialmente com a alta dos preços das commodities). Esse desenvolvimento acabara reverberando em diversas áreas, entre elas o setor habitacional, em que algumas regiões ficavam com valores mais atrativos de compra e aluguel de imóveis, podendo isso ter sido atrativo para a mobilidade dos sujeitos entre a metrópole e seus municípios limítrofes.

Salientamos que existe, segundo os dados e análises realizadas, uma migração e mobilidade da força de trabalho de imigrantes com uma formação qualificada, que levam em conta fatores como preços dos imóveis e melhores oportunidades de atuação profissional.

Os dados do Censo de 2010 mostram que existe uma dinâmica migratória, o que pode ter contribuído para discutir a importância da migração na produção do espaço da RMF e da RMV. No caso específico de Vitória, é possível constatar que o grupo de população com maior grau de instrução absorvida pelas Regiões metropolitanas tenha participado de forma importante no mercado imobiliário local, principalmente no que diz respeito ao financiamento de imóvel. Outro fator importante a se destacar é o valor da renda, que impacta diretamente na diferença do custo de vida, aqui especificado pelo valor médio dos preços dos aluguéis, evidenciando que o custo de vida na RMV é ainda maior que na RMF.

No caso da RMF, podemos notar que o fluxo migratório e a mobilidade dos trabalhadores estão ligados ao melhoramento da infraestrutura entre os municípios que compõem a Região metropolitana. Assim, foi possível notar que ocorre um deslocamento entre os trabalhadores qualificados, levando em conta o custo de vida e as oportunidades trabalhistas.

Com base em todos os elementos apresentados, o artigo demonstrou que o fenômeno migratório é de fato bastante heterogêneo, na medida em que apresenta distintas dinâmicas a depender das complexidades espaciais e do perfil populacional dos migrantes.

Referências bibliográficas

ARAÚJO, A. R.; BELCHIOR, G. P. N.; VIEGAS, T. E. S. (org.). Os impactos das mudanças climáticas no Nordeste brasileiro. Fortaleza: Fundação Sintaf; São Paulo: Instituto O Direito por um Planeta Verde, 2016. p. 1-382. Disponível em: https://fundacaosintaf.org.br/arquivos/files/Ebook%20impactos%20das%20mudancas%20climaticas%20no%20nordeste%20brasileiro.pdf. Acesso em: 19 abr. 2022.

BAENINGER, R. Região, metrópole e interior: espaços ganhadores e espaços perdedores nas migrações recentes no Brasil, 1980/1996. 1999, 200f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

BAENINGER, R. Migratory turnover: A new look for internal migration in Brazil. REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, 20, 77–100, 2012.

BASTOS, S. Q. de A.; MARIONI, L. da S. Migração e cidades médias: uma análise para minas gerais no ano 2000. TD. 002/2011. Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada - FE/UFJF, Juiz de Fora, 2011, p. 1-20. Disponível em: https://www2.ufjf.br/poseconomia//files/2011/03/TD-002-Suzana-Quinet-de-Andrade-Bastos-et-al.pdf. Acesso em: 19 abr. 2022.

BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9662-censo-demografico-2010.html. Acesso em: 20 mar. 2021.

BRASIL Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O vaivém dos cérebros migrantes. Revista Desafios do Desenvolvimento, Brasília, ano 10, ed. 80, 2014. Disponível em: http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3042&catid=28&Itemid=39. Acesso em: 10 dez. 2021.

BRITO, F. Brasil, final de século: a transição para um novo padrão migratório? In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 12., 2016, Caxambu. Anais […]. Belo Horizonte: Abep, 2016. p. 1-44. Disponível em: http://www.abep.org.br/~abeporgb/publicacoes/index.php/anais/article/view/981/946. Acesso em: 18 jun. 2022.

BRITO, F.; HORTA, C. J. G.; AMARAL, E. F. L. A Urbanização Recente no Brasil e as Aglomerações Metropolitanas, Encontro da IUSSP, Salvador, Brasil, 4 p, 2001.

BRITO, F. As migrações internas no Brasil: um ensaio sobre os desafios teóricos recentes. - Texto para discussão- Nº 366, Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2009, p1-20. Disponível em: http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20366.pdf. Acesso em: 18 jun. 2022.

CARLING, J.; COLLINS, F. Aspiration, desire and drivers of migration. Journal of Ethnic and Migration Studies, London, v. 44, n. 6, pp. 909-926, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2Zo2HDR. Acesso em: 20 ago. 2021.

CASTIGLIONI A. H. Mudanças na estrutura demográfica do Espírito Santo ocorridas durante a segunda metade do século XX. Geografares, n.7, p. 93-109, 2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/275249337_Mudancas_na_estrutura_demografica_do_Espirito_Santo_ocorridas_durante_a_segunda_metade_do_seculo_XX. Acesso em: 18 jun. 2022.

CEARÁ. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE). Relatório de desempenho de gestão 2013, Fortaleza, ano 14, 2014. Disponível em: https://www.ipece.ce.gov.br/wpcontent/uploads/sites/45/2015/02/REL_DESEMPENHO_GESTAO_2013.pdf. Acesso em: 10 dez. 2021.

COURGEAU, D.; BAENINGER, R. A migração nos estados brasileiros, no período recente: principais tendências e mudanças. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE MIGRAÇÃO, 2., 1999, Ouro Preto. Anais […]. Belo Horizonte: Abep, 2000. p. 117-165.

COURGEAU, D.; LELIÈVRE, E. Individual and social motivations for migration. In: CASELLI, G.; VALLIN, J.; WUNSCH, G. (ed.). Demography: analysis and synthesis. [....]: Academic Press, 2006. v. II. p. 345-367.

CUNHA, J. M. P. da. Migração e urbanização no Brasil: alguns desafios metodológicos para análise. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19, n. 4, p. 3-20, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-88392005000400001. Acesso em: 16 mar. 2022.

CUNHA, J. M. P. da. Aglomerações urbanas e mobilidade populacional: o caso da Região Metropolitana de Campinas. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 33, n. 1, p. 99-127, 2016.

CUNHA, J. M. P. da.; BAENINGER, R. Las migraciones internas en el Brasil contemporâneo, Notas de Poblacion 82, Santiago de Chile: CEPAL. Santiago do Chile, v. 82, n 42, p.1-88, 2007. Disponível em: https://repositorio.cepal.org/handle/11362/12783. Acesso em: 16 mar. 2022.

DE HAAS, H. Migration and development: a theoretical perspective. International Migration Review, New York, v. 44, n. 1, p. 227-264, 2010. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/20681751. Acesso em: 16 mar. 2022.

DOTA, E. M. A migração no Espírito Santo no período 1991-2010: novidades e continuidades. Geografares, [....], v. 21, p. 142-153, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/geografares/article/view/12001. Acesso em: 18 jun. 2022.

DOTA, E. M. Migração e o setor de petróleo e gás no Espírito Santo. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA, 16., 2019, Vitória. Anais […]. Vitória: UFES, 2019. v. 1. p. 1257-1272.

DOTA, E. M.; CAMARGO, D. M. Atlas da migração no Espírito Santo – Dados eletrônicos. Vitória: UFES; Proex, 2017.

DOTA, E. M.; COELHO, A. L. N.; RODRIGUES, R. M.; FREITAS, M. H. de. Envelhecimento e migração no Espírito Santo: dinâmica espacial e sociodemográfica para políticas públicas. (E-book) Vitória: Edufes,. v. 13, p1-128, 2021. Disponível em: https://edufes.ufes.br/items/show/590. Acesso em: 18 jun. 2022.

DOTA, E. M.; DADALTO, M. C. Processo migratório no Espírito Santo, Brasil: uma reflexão de longo prazo. Mimeo. Vitória, 2021. (No prelo)

DOTA, E. M.; RODRIGUES, R. M.; BARROS, A. M. L.; FERREIRA, F. C. Os dados sobre atividades e ocupação numa perspectiva comparada: Censo Demográfico, PNAD e RAIS. Geografares, [....], n. 27, p. 201-221, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/geografares/article/view/19041. Acesso em: 18 jun. 2022.

GUIMARÃES, R. A diáspora: um estudo exploratório sobre o deslocamento geográfico de pesquisadores brasileiros na década de 90. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 45, n. 4, p. 705-750, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52582002000400006&script=sci_abstract&tlng=es. Acesso em: 21 mar. 2021.

HARVEY, D. A loucura da razão econômica: Marx e o capital no século XXI. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019.

HEAR, N. V.; BAKEWELL, O.; LONG, K. Push-pull plus: reconsidering the drivers of migration. Journal of Ethnic and Migration Studies, [....], v. 44, n. 6, p. 927-944, 2018. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1369183X.2017.1384135?journalCode=cjms20. Acesso em: 19 jun. 2022.

HOLZ, S. A verticalização na orla da Praia da Costa, Vila Velha/ES: 1980 a 2010. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA, 16., 2019, Vitória. Anais […]. Vitória: UFES, 2019. v. 1. p. 394-414.

INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES (IJSN). Mapas- Geobase, Vitória, ano 2013, Disponível em: http://www.ijsn.es.gov.br/mapas/. Acesso em: 10 dez. 2021.

JUSTO, W. R.; SILVEIRA NETO, R. M. Migração inter-regional no Brasil: evidências a partir de um modelo espacial. Economia, Brasília, v. 7, p. 163-187, 2006. Disponível em: http://www.anpec.org.br/revista/vol7/vol7n1p163_187.pdf. Acesso em: 16 mar. 2022.

LIRA, P. S. Geografia do crime: homicídios e aspectos demográficos no Brasil e estado do Espírito Santo. 2019. 488 f. Tese. (Doutorado em Geografia)- Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2019.

KING, R. Geography and migration studies: retrospect and prospect. Population, Space and Place, [....], v. 18, n. 2, p. 134-153, 2012. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/psp.685. Acesso em: 19 jun. 2022.

MARTINE, G., & CAMARGO, L. Crescimento e distribuição da população brasileira: tendências recentes. Revista Brasileira De Estudos De População, [....], p. 99–144, 1984. Disponível em: https://www.rebep.org.br/revista/article/view/5. . Acesso em: 19 jun. 2022.

MORAIS, L. P. de; QUEIROZ, S. N. de. Fuga de cérebros: o Ceará ganha ou perde migrantes qualificados? Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 49, n. 4, p. 103-120, 2018. Disponível em: https://www.bnb.gov.br/revista/index.php/ren/article/view/870. Acesso em: 19 jun. 2022.

MORTIMER, J. T.; SHANAHAN, M. J. (ed.). Handbook of the life course. Berlim: Springer Science & Business Media, 2007.

MOURA, H. A. (org.). Migração interna, textos selecionados: teorias e métodos de análise. Fortaleza: BNB, 1980.

NOLASCO, C. Migrações internacionais: conceitos, tipologia e teorias. Oficina do CES, Coimbra, n. 434, p. 1-32, 2016. Disponível em: https://ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/14615_Oficina_434.pdf. Acesso em: 16 mar. 2022.

OLIVEIRA, K. F. de; JANNUZZI, P. de M. Motivos para migração no Brasil e retorno ao Nordeste: padrões etários, por sexo e origem/destino. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19, n. 4, p. 134-143, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-88392005000400009. Acesso em: 10 mar. 2022.

PACHECO, C. A.; PATARRA, N. L. “Movimentos migratórios anos 80: novos padrões?”. In: Anais do Encontro Nacional sobre Migração, v. 1, p. 445-462, 1997.

PATARRA, N.; BAENINGER, R.; BOGUS, L.; JANUZZI, P. (org.). Migrações, condições de vida e dinâmica urbana. Campinas: Instituto de Economia Unicamp/Fapesp, 1997.

PAPASTERGIADIS, N. Wars of mobility. European Journal of Social Theory, [....], v. 13, n. 3, p. 343-361, 2010. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1368431010371756. Acesso em: 19 jun. 2022.

PEIXOTO, J. As teorias explicativas das migrações: teorias micro e macro-sociológicas. Socius Working Papers, Lisboa, p. 1-36, 2004. Disponível em: https://socius.rc.iseg.ulisboa.pt/publicacoes/wp/wp200411.pdf. Acesso em: 15 mar. 2022.

PEREIRA, C. B. R.; QUEIROZ, S. N. O Ceará no contexto das migrações interestaduais (1965/1970, 1975/1980, 1986/1991, 1995/2000, 2005/2010). In: REUNIÃO REGIONAL DA SBPC NO CARIRI, 2017, Juazeiro do Norte. Anais […]. Crato: URCA, 2017. p. 1-4. Disponível em: www.sbpcnet.org.br/livro/cariri/resumos/1158.pdf. Acesso em: 10 maio 2022.

QUEIROZ, S. N. de; BAENINGER, R. Tendências recentes das migrações cearenses: o caso da migração de retorno. In: BAENINGER, R. (org.). População e cidades: subsídios para o planejamento e para as políticas sociais. Campinas: Núcleo de Estudos de População, 2010. v. 1. p. 253-275.

QUEIROZ, S. N. de; BAENINGER, R.; OJIMA, R.; CAMPOS, J.; FUSCO, W. Cidades médias do interior do Nordeste: rumos e relevância na atração de migrantes. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 18., 2019, Natal. Anais […]. Belo Horizonte: ANPUR, 2019. p. 1-24. Disponível em: http://anpur.org.br/xviiienanpur/anaisadmin/capapdf.php?reqid=825. Acesso em: 19 jun. 2022.

RODRIGUES, A. L.; CUNHA, M. S.; HÖRING, C. F.; LEAL, L. D.; MARTINELLI, S. E.; SOUZA, P. R. Profissionais de nível superior: desigualdades nas ocupações de mais alta qualificação. In: RIBEIRO, M. G.; ARAGÃO, T. A. (org.). Transformações no mundo do trabalho: análise de grupos ocupacionais no Brasil metropolitano e não metropolitano em quatro décadas. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2020. p. 414-452.

RODRIGUES, R. M. Impactos dos investimentos do setor petrolífero na população ocupada do Espírito Santo: enfoque no mercado de trabalho formal. Anais do Encontro Internacional e Nacional de Política Social, Vitória, v. 1, n. 1, p. 1-3, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/einps/article/view/20222. Acesso em: 19 jun. 2022.

RODRIGUES, R. M. O impacto dos investimentos econômicos do petróleo na dinâmica migratória do Espírito Santo pós-2000. 2019. Relatório de Pesquisa (Graduação em Geografia) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2019.

ROITMAN, I. Fuga de cérebros, uma calamidade para o Brasil. Jornal USP, São Paulo, 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/fuga-de-cerebros-uma-calamidade-para-o-brasil/. Acesso em: 15 fev. 2022.

SANTOS, A. B. Mobilidade pendular para trabalho no município de Vitória: relações com a migração intrametropolitana. In: ENCONTRO NACIONAL DE GEÓGRAFOS, 19, 2018, João Pessoa. Anais […]. São Paulo: AGB, 2018. Disponível em: http://www.eng2018.agb.org.br/resources/anais/8/1533686170_ARQUIVO_MobilidadependularparatrabalhonomunicipiodeVitoria_relacoescomamigracaointrametropolitana.pdf. Acesso em: 19 jun. 2022.

SERRANO, A de F.; ARAÚJO, H. E.; PINTO, L. M.; CODES, A. L. M. de. A migração como fator de distribuição de pessoas com alta escolaridade no território brasileiro. In: BOUERI, R.; COSTA, M. A. (ed.). Brasil em desenvolvimento 2013: estado, planejamento e políticas públicas. Brasília: IPEA, 2013. v. 3. p. 633-663. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20731. Acesso em: 20 fev. 2022.

SINGER, P. Migrações internas: considerações teóricas sobre o seu estudo. In: SINGER, P. Economia política da urbanização. São Paulo: Contexto, 1998. p. 29-60

ZANOTELLI, C. L.; DOTA, E. M.; FERREIRA, F. C.; RODRIGUES, R. M. Bacia urbano-regional do petróleo: a zona costeira do Espírito Santo associada ao estado do Rio de Janeiro. Confins: Revue Franco-Brésilienne de Géographie [Revista Franco-Brasilera de Geografia], [....], n. 41, 2019. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/21754. Acesso em: 19 jun. 2022.

Modelo de publicação sem fins lucrativos para preservar a natureza acadêmica e aberta da comunicação científica
HMTL gerado a partir de XML JATS4R