DOSSIÊ - MEMÓRIAS DE AULAS DE MATEMÁTICA

ENSINO PRIMÁRIO NO INTERIOR DA BAHIA: recordando memórias de aulas de matemática em três instituições escolares

Aline da Silva Brito
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia , Brasil
Marlucia Jesus dos Santos
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia , Brasil
Taniele de Sousa Pereira
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Brasil
Irani Parolin Sant’Ana
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia , Brasil
Claudinei Camargo de Sant’Ana
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Brasil

Revista de História da Educação Matemática

Sociedade Brasileira de História da Matemática, Brasil

ISSN-e: 2447-6447

Periodicidade: Frecuencia continua

vol. 7, 2021

revista.histemat.sbhmat@gmail.com

Recepção: 30 Setembro 2021

Aprovação: 22 Outubro 2021



Resumo: Este artigo é resultado de três pesquisas históricas realizadas em instituições escolares da Bahia. Ele apresenta algumas transcrições de entrevistas semiestruturadas, as quais tiveram como intuito identificar práticas de ensino da matemática em diferentes recortes de tempo. A primeira pesquisa, em fase de desenvolvimento, realiza-se no Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes, que funcionou entre os anos de 1940 e 1990, na cidade de Valença/BA. A segunda pesquisa, em fase final, foi realizada no Grupo Escolar Instituto São Tarcísio entre os anos de 1954 e 2009, no município de Vitória da Conquista/BA. A terceira pesquisa, também em fase final, foi feita com o Grupo Escolar Adélia da Matta entre os anos de 1960 e 1990, na cidade de Ipiaú/BA. As três instituições foram extintas no período correspondente aos anos finais do recorte temporal de cada pesquisa. O Grupo de Estudos em Educação Matemática (GEEM) dispõe de um projeto guarda-chuva intitulado “O Ensino de Matemática no Curso Primário no Estado da Bahia: a caracterização de um percurso”, no qual essas e outras pesquisas buscam colaborar em seu principal objetivo, que é mapear, por vários municípios da Bahia, práticas de ensino da matemática. As memórias das aulas de matemática que constituem a produção deste trabalho em diferentes períodos contribuem para a educação matemática, na perspectiva histórica, que vem sendo construída no decorrer dos últimos anos no estado da Bahia.

Palavra-chave: Grupo Escolar. Pesquisa Histórica. Memórias. Ensino. Matemática.

Abstract: This article is the result of three historical studies conducted in school institutions in Bahia. It presents some transcripts of semi-structured interviews, which aimed to identify practices of teaching mathematics in different time cuts. The first research, in the development phase, is carried out in the School Group Conselheiro Zacarias de Góes, which operated between the years 1940 and 1990, in the city of Valença/BA. The second research, in the final phase, was carried out in the Instituto São Tarcísio School Group between 1954 and 2009, in the municipality of Vitória da Conquista/BA. The third research, also in the final phase, was carried out with the Adélia da Matta School Group between the years 1960 and 1990, in the city of Ipiaú/BA. The three institutions were extinguished in the period corresponding to the final years of the time frame of each research. The Study Group on Mathematics Education (GEEM) has an umbrella project entitled "The Teaching of Mathematics in primary school in the State of Bahia: the characterization of a path", in which these and other researches seek to collaborate in their main objective, which is to map, by several municipalities of Bahia, practices of teaching mathematics. The memories of the mathematics classes that constitute the production of this work in different periods contribute to mathematical education, in the historical perspective, which has been built over the last few years in the state of Bahia.

Keywords: School Group, Historical Research, Memories, Teaching, Mathematics.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Grupo de Estudos em Educação Matemática (GEEM)[6] vem desenvolvendo pesquisas no âmbito educacional desde a sua fundação em 2004. Boa parte dessas pesquisas é publicada no site do grupo, em periódicos nacionais e internacionais e na revista científica Com a Palavra, o Professor[7], periódico de publicação eletrônica. Algumas pesquisas desenvolvidas por membros do GEEM apresentam aspectos históricos do Ensino Primário de Matemática e sua Organização Institucional, contribuindo, então, para a pesquisa historiográfica do ensino de matemática no país, especificamente na Bahia, além de constituir, à luz da História Cultural, um acervo de pesquisas dessa natureza.

O GEEM dedica-se aos aspectos gerais do ensino e da educação matemática na Bahia (Sant’Ana; Santana, 2019), às discussões das pesquisas realizadas e aos estudos sobre o ensino primário no estado. A pesquisa Os Saberes Elementares de Matemática Desenvolvidos no Ensino Primário de Matemática na Bahia (D’esquievel; Amaral; Sant’Ana; Sant’Ana, 2014) discute os saberes elementares de Matemática da Bahia a partir dos Programas de Ensino e procura difundir as fontes para a pesquisa em história da matemática na Bahia (Santana, 2014). Há ainda o projeto O ensino de Matemática no Curso Primário no Estado da Bahia: a caracterização de um percurso[8].

No que se refere às dissertações desenvolvidas pelo GEEM entre 2015 e 2021, em sua maioria, elas tiveram como foco o ensino de matemática na Bahia, em especial nos grupos escolares. As pesquisas de 2020 e 2021, que são pesquisas históricas cuidadosamente realizadas por meio de análise documental, entrevistas semiestruturadas e narrativas, em diferentes cidades do interior da Bahia, ainda estão em fase de desenvolvimento e finalização. As produções dessa categoria dedicam-se aos estudos desenvolvidos pelo grupo que dizem respeito à História do Ensino Primário de Matemática na Bahia, considerando a cultura e as particularidades de cada município investigado.

As pesquisas apresentadas neste artigo objetivam entender como se dava o ensino de matemática no curso primário no interior da Bahia. O período das investigações compreende o intervalo entre 1945 e 2009, recorte temporal entre a implementação e a extinção de cada instituição escolar selecionada, marcado por algumas mudanças importantes nessa etapa de ensino no estado, com leis e decretos que a regulamentaram politicamente.

Considerando o campo da História da Educação Matemática, as pesquisas fundamentaram-se em Chervel (1990), Chartier (2002) e Julia (2001), que analisam a História das Disciplinas, a História Cultural e a Cultura Escolar, respectivamente.

Seguindo o recorte teórico das pesquisas, foram analisados relatos de professores e estudantes, observando as memórias de sala de aula de um período em que ocorreram acontecimentos político-educacionais relevantes para a história da educação matemática no Brasil, em especial na Bahia. As pesquisas têm evidenciado a importância da história cultural que possibilita identificar as discussões sobre o ensino de matemática, as práticas de ensino dos professores e a constituição do ensino de matemática no ensino primário, caracterizando, portanto, o que Chartier (2002) defende em seu campo historiográfico como apropriação.

Este texto é uma versão das pesquisas dos autores e dos textos publicados no XIX EBEM-XIX “Encontro Baiano de Educação Matemática 2021”. Foram discutidas, então, as dissertações de mestrado que tiveram como intuito investigar o desenvolvimento histórico do ensino de matemática no Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes (1940-1990), localizado no município de Valença, no Instituto São Tarcísio (1954-2009), localizado no município de Vitória da Conquista, e no Grupo Escolar Adélia da Matta (1960-1990), localizado no município de Ipiaú, todos situados no interior da Bahia.

Com o objetivo de tomar ciência do ensino de matemática e da cultura escolar no ensino primário do interior da Bahia, buscou-se responder à seguinte questão norteadora: como se desenvolvia o ensino de matemática e quais as aproximações e distanciamentos entre o Ensino Primário do Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes, do Instituto São Tarcísio e o do Grupo Escolar Adélia da Matta por meio das memórias de professores e alunos?

1. REFERENCIAL TEÓRICO

No decorrer das pesquisas, deparou-se com questionamentos que envolvem inevitavelmente a temporalidade; a existência da instituição; onde encontrar as informações e os documentos... Diversas foram as indagações que podiam, por exemplo, indicar o tempo em que o pesquisador iria desenvolver as suas ações: no presente e no passado, ou somente no presente ou no passado? (Santos, Sant´Ana, 2019).

Assim, entendendo que “A história como escritura desdobrada tem, então, a tripla tarefa de convocar o passado, que já não está num discurso no presente; mostrar as competências do historiador, dono das fontes; e convencer o leitor” (Chartier, 2017, p. 15), intentamos analisar os relatos memorísticos de atores professores e estudantes de três municípios da Bahia, que vivenciaram, como docentes ou discentes, as aulas de matemática no ensino primário do estado, respeitando a demarcação temporal de cada entidade escolar que fez parte do período temporal da pesquisa.. Valeu-se de aspectos da História Cultural no afã de compreender e “identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler. Uma tarefa deste tipo supõe vários caminhos.” (Chartier, 2002, p. 166-167).

Apresentam-se, neste artigo, os possíveis modos de desenvolvimento das aulas de matemática nas três instituições de ensino primário de três municípios selecionados do estado da Bahia, por meio de relatos memorísticos (Santos, Sant´Ana, 2019).

Os Grupos Escolares surgiram no Brasil nos primeiros anos da República como parte de um projeto nacional que intencionava modernizar o ensino primário. Para Souza (1998, p. 30),

A criação dos grupos escolares surge, portanto, no interior do projeto político republicano de reforma social e de difusão da educação popular - uma entre as várias medidas de reforma da instrução pública no Estado de São Paulo implementadas a partir de 1890. A implantação dessa nova modalidade escolar teve implicações profundas na educação pública do Estado e na história da educação do país. Introduziu uma série de modificações e inovações no ensino primário, ajudou a produzir uma nova cultura escolar, repercutiu na cultura da sociedade mais ampla e encarnou vários sentidos simbólicos da educação no meio urbano, entre eles a consagração da República.

Gradativamente esse modelo foi se expandindo ao longo do território nacional. Na Bahia, o primeiro grupo escolar foi implantado em 1913 em Salvador, e, a partir de 1930, começou a se espalhar de forma significativa em todo o estado, especialmente no interior. O ensino primário praticado nos grupos escolares obedecia aos programas mínimos e às diretrizes necessárias (Soares, 2017), que eram adotados e adaptados sem alterar os princípios gerais do Decreto-lei n° 8.529, de 2 de janeiro de 1946, conforme se observa em (Pereira; Sant’Ana; Sant’Ana, 2021).

2. MEMÓRIAS DE AULA DE MATEMÁTICA NO GRUPO ESCOLAR CONSELHEIRO ZACARIAS DE GÓES (1940-1990)

O Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes, construído na década de 1940 no centro de Valença[9], apresentava uma estrutura física singular, espaço amplo, salas ventiladas com várias janelas compridas. Marco importante na cidade, nele atualmente funciona o Núcleo Regional de Educação, antiga DIREC 5.

Ao analisar o processo de escolarização primária no Brasil, atentando para questões referentes aos espaços e tempos escolares e sociais (e aos métodos pedagógicos), temos a possibilidade de interrogar o processo histórico de sua produção, mudanças e permanências, contribuindo para descobrirmos infinitas possibilidades de viver e, dentro da vida, formas infinitas de fazer a e do fazer-se da escola e de seus sujeitos (Faria Filho; Vidal, 2000, p. 21).

A instituição foi nomeada em homenagem ao valenciano que, durante sua vida, deixou contribuições na educação, inicialmente como professor e, na política, assumindo diversas cadeiras na Bahia, em Minas Gerais, no Paraná, entre outros estados. No período era comum homenagear os expoentes da sociedade colocando seu nome em instituições escolares, em consonância com o Decreto-lei, N° 8.529 de 2 de janeiro de 1946, Art. 32, parágrafo único, que determinava:

Aos estabelecimentos de ensino primário poderão ser atribuídos nomes de pessoas já falecidas, que hajam prestado relevantes serviços à humanidade, ao país, Estado ou ao Município, e cuja vida pública e particular possa ser apontada às novas gerações como padrão digno de ser imitado. (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 - 4/1/1946, p.113)

Segundo os relatos dos colaboradores da pesquisa, o estabelecimento se tornou modelo de ensino e de organização no município durante sua existência entre as décadas de 1940 e 1990. No estado da Bahia, os grupos escolares seguiram os modelos de escola primária e as prescrições legais de organização pedagógica e estrutural dos primeiros grupos criados no estado de São Paulo no século XIX. De acordo com Souza (1998), uma escola urbana, moderna e de melhor qualidade [...] trazia todos os princípios fundamentais que propiciaram as mudanças no ensino primário: a racionalização e a padronização do ensino, a divisão do trabalho docente, a classificação dos alunos [...] (Souza, 1998, p.49).

No ensino primário, “[...] à diversidade de saberes elementares, está presente a matemática. E ela se dá a conhecer por intermédio de diferentes rubricas: cálculo, aritmética, geometria, formas, desenho linear, cartografia, trabalhos manuais etc” (Valente, 2015, p. 358).

Para entender como se davam, então, as aulas de matemática no ensino primário do Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes, analisaram-se as memórias relatadas por meio das entrevistas semiestruturadas realizadas com pessoas que atuaram no grupo durante o recorte temporal definido. À luz dos relatos dos participantes da pesquisa tentou-se, por meio de várias análises, responder à questão norteadora da investigação.

Foi possível perceber, por meio dos dados fornecidos pelos participantes da pesquisa, a presença marcante das quatro operações, adição, subtração, multiplicação e divisão, nas aulas de matemática, onde a tabuada era o dispositivo utilizado frequentemente no auxílio pedagógico das professoras.

Primeiro nós tínhamos os algarismos [...] depois as operações e os exercícios, a gente tinha que fazer todas as operações [...]. (Entrevistado1, 13-01-2021)

Eu tinha a tabuada, né? Ia pra escola de manhã e, de tarde, ia pra banca com um professor leigo. As operações: somar, subtrair, dividir, a gente aprendeu lá mesmo. (Entrevistado2, 31-08-2021)

Eu estudei a terceira e a quarta série. [...] utilizava o quadro-negro naquela época [...] é, a gente aprendia a contar, o algarismo, existia a tabuada. [...] às vezes ela chamava a gente no quadro e, às vezes, da carteira mesmo a gente respondia às perguntas. (Entrevistado3, 30-08-2021)

Ao analisar esses relatos, identificaram-se alguns vestígios que puderam auxiliar no entendimento de como eram as aulas de matemática no Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes, considerando que é função do historiador buscar compreender o passado (Carr,1989).

No que diz respeito à tabuada como dispositivo pedagógico para a memorização (Valente; Pinheiro, 2015), foram analisados estes excertos:

Eu só tive uma professora aqui no Conselheiro[...] minha professora trabalhou muito a ortografia, português, as quatro operações [...] alunos de Perpetinha não saíam sem saber direitinho as quatro operações com suas devidas provas reais e os noves fora. Tabuada era imprescindível. Tabuada, tinha que saber mesmo. [...]. Na realidade, tudo partia de você saber fazer as operações. (Entrevistado4, 13-01-2021)

[...] eu me lembro, a gente tinha um caderno, que era o caderno das contas, que era pra gente, tipo assim, gravar a tabuada [...]dizia assim: “essa semana a gente vai trabalhar com a tabuada [...] 3 e 4”. A gente passava a semana toda... quando era na sexta-feira, era aquela sabatina de questionar, um perguntar ao outro, e, aí, ela era bem... não chegava a bater, nada disso, mas ela era bem assim... ameaçava, eu digo assim, a pressão psicológica [...] era um ensino de “você tá errado, você não tá aprendendo [...]vou chamar seus pais”. [...] eu digo, assim, eu passei a não gostar de matemática, porque, assim, eu achava difícil e eu tinha muito medo de dizer a ela que eu não tinha entendido. Então, toda vez que ela perguntava a todo mundo na sala: “entendeu?” [...] “Entendi”, porque a gente tinha medo de dizer que não tinha entendido. [...]ela focava muito, eu me lembro bem, nas quatro operações [...] “você tem que ir para o ginásio sabendo as quatro operações” [...] parece que eu estou vendo a professora falar [...]. (Entrevistado5, 30-08-2021)

No que se refere à prática docente, observou-se a ênfase no uso da tabuada, como sugere Santos (2019), “O ensino era fortemente fundamentado no estudo da tabuada, cuja sondagem do conhecimento se dava por meio da sabatina, fortemente influenciada pelo rigor disciplinar, aqui entendido como castigo”. Dessa forma, para ter êxito na aprendizagem, a memorização era frequentemente utilizada, e a tabuada usada para que os estudantes atingissem os resultados esperados pelos docentes (Nürnberg, 2006).

3. MEMÓRIAS DE AULA DE MATEMÁTICA NO INSTITUTO SÃO TARCÍSIO (1954-2009)

Os relatos que se apresentam a seguir surgem de uma investigação histórica acerca do ensino de matemática ocorrido em um Grupo Escolar denominado Instituto São Tarcísio na cidade de Vitória da Conquista – BA, do período em que a escola iniciou suas atividades, em 1954 até 2009, quando é dada como extinta. Em 1958, a prefeitura da cidade de Vitória da Conquista permite a construção de uma casa para instalação do Instituto São Tarcísio (IST), e autoriza sua institucionalização.

Com o aumento da demanda, a escola amplia para um segundo endereço. No primeiro, mais conhecido como o São Tarcisinho, onde a história começou, ficou funcionando a Educação Infantil e Ensino Primário e no segundo endereço, Ensino Primário e Ensino Secundário.

Buscando identificar características históricas do ensino de matemática que marcaram os anos de funcionamento do Instituto São Tarcísio, utilizando como fontes documentos e entrevistas, a pesquisa constatou que, até meados da década de 1980, o ensino de matemática era muito tradicional, especialmente com práticas de memorização da tabuada e o uso acentuado do quadro-negro e giz.

Em contrapartida, a escola também se abriu para outras práticas, como o uso de materiais manipuláveis no processo de aprendizagem da matemática, atividades mimeografadas, ao invés de lousas carregadas de conteúdo, de maneira a otimizar o tempo dos professores e estudantes para realizá-las, além de propostas de atividades buscando associar os conteúdos com situações do cotidiano dos estudantes, o que dá a entender que a escola sofreu influência das práticas advindas do Movimento da Escola Nova.

Os relatos das entrevistas de ex-estudantes, ex-professoras e uma ex-coordenadora fornecem vestígios de como esse ensino ocorria:

O ensino, era um ensino bem tradicional, né? Um ensino bastante tradicional, de tomar a tabuada, de a gente ir pra frente, né? Ela chamava de um em um, a gente ia lá na frente pra ela tomar a tabuada, a gente tinha que decorar e aí tinha que esconder os dedos pra professora não ver que a gente estava contando nos dedos, né? Então tinha todo... (risos). Era, era complicado, viu? Mas, enfim, aprendi tabuada. [...] naquele ritmo tradicional, sempre em fileiras, as aulas eram sempre... cada um tinha o seu lugar marcado, é justamente por causa dessa questão da conversa, tinha tipo um mapa de sala. (Entrevistado6, 1977 – 1989, 17/11/2020)

Essa ex-estudante compartilha como as práticas de ensino eram tradicionais em relação à matemática. A próxima depoente, que estudou quase no mesmo período, narra o seguinte:

A gente tinha muitas atividades e não era só aquilo do professor descarregando conteúdo. [...]. Eu me lembro dessas coisas da gente sentado no chão, [...] fazia com que a gente ficasse bastante destemido diante da disciplina.

Eu lembro bem que sempre houve saber da gente aquele conhecimento prévio, aquela preocupação de sentir como é que tá a turma, que era justamente pra ver ali quem é quem, tinha, sempre tinha essa sondagem antes de qualquer conteúdo novo, [...] sabiam exatamente em que nível de dificuldade a pessoa, o aluno estava, né?

A gente era estimulada a fazer perguntas, a gente era estimulada a tirar as dúvidas, nunca a gente saía com dúvidas. Nossa! Quantas vezes depois da aula o professor ficava... “quem tá com dúvida? Fica três aqui, vai alguém lá na porta e avisa o pai e a mãe pra aguardar mais um pouquinho”. Lembro disso, e a gente tirava aquelas dúvidas. (Entrevistado7, Década de 70, 18/11/2021).

Segundo esse relato, entende-se que, mesmo sendo considerado um ensino tradicional, havia um trabalho de motivação por parte dos professores para tornar o estudante destemido diante da disciplina. Outra ex-estudante relata:

O método de ensino tradicional, mas um tradicional liberal, não era aquele tradicional rigoroso, era um tradicional que fazia você pensar, refletir, você tinha liberdade para essas coisas lá. Se fosse hoje, talvez seria um iniciozinho do Montessori, talvez, mas era um método tradicional. O aprendizado naquela época, embora não se estivesse falando de inter, multidisciplinaridade, já acontecia dessa forma no São Tarcísio, já era tudo muito integrado.”. (Entrevistado8, 1985 – 1992, 16/11/2020)

As três ex-estudantes da instituição no período de 1970 a início de 1990 relatam a presença do ensino tradicional, mas que se abre um pouco para outras práticas que redirecionam a matemática para um ensino mais flexível e menos tradicional. O próximo relato é de uma ex-coordenadora, que explica como era a proposta de trabalho dos professores e o que se pretendia alcançar como aprendizagem dos estudantes e até os estudos dos professores para melhor conduzir o ensino da matemática:

Então nossos professores de matemática trabalhavam sob algumas normas que [...] seria desenvolver o raciocínio, desenvolver não, oportunizar o desenvolvimento de um raciocínio lógico. [...] classificação é uma questão de desenvolvimento de raciocínio lógico, então as nossas crianças sabiam classificar, ora por número, ora por tamanho, ora por funcionalidade, ora por origem. [...] nossos meninos do ensino fundamental adoravam a matéria, [...] então, além do uso de muitos objetos pra que eles pudessem sentir, formar o princípio lógico, eram visitas em mercados, visitas em lojas, visitas em construções, era um método ativo [...] tem alguns autores matemáticos, teóricos dessa matemática, [...] D’Ambrósio, um deles era D’Ambrósio. (Entrevistado9, 30 anos, 18/11/2020)

As entrevistadas a seguir são ex-professoras, que compartilham sua prática docente na matemática trazendo as seguintes recordações:

No São Tarcísio, nós levávamos o aluno a encarar a matemática de uma maneira natural e aí fazíamos com que ele fosse capaz de construir o seu próprio conhecimento matemático vivenciando no dia a dia. Ensinávamos ao aluno a se comunicar com os símbolos matemáticos e a desenvolver o seu raciocínio lógico, ligado à matemática em tudo que eles faziam no seu dia a dia, como resolver situações problemas, criando técnicas de resolução e encontrando soluções para os mesmos [...] através de jogos ou de acordo com a situação do momento. (Entrevistado10, 04/03/2021)

Igual eu te falei, a gente sabe que era matemática, a gente sabe que tem a ver com a linguagem matemática, mas não era uma coisa que era assim, separado, acontecia tudo muito interligado. (Entrevistado11, 13/02/2019)

As memórias de cada participante da pesquisa, associadas à análise documental, sugerem como ocorria o ensino da matemática em diferentes períodos no Instituto São Tarcísio, enquanto esteve em plena atividade, desde seu surgimento em 1954 até a sua extinção em 2009. Fundamentados no que Julia (2001) discute sobre Cultura Escolar, percebe-se, no processo de investigação, um conjunto de normas e práticas que definem conhecimentos e condutas a serem transmitidas, possibilitando a interpretação da realidade histórica da instituição.

4. MEMÓRIAS DE AULA DE MATEMÁTICA NO GRUPO ESCOLAR ADÉLIA DA MATTA (1960-1990)

O município de Ipiaú, situado na região Sudoeste da Bahia, experimentou um processo de organização educacional um tanto quanto tardio. Foi a partir da década de 1930 que a primeira lei educacional do município foi implementada; versava basicamente sobre a política de subvencionamento para as pequenas escolas unidocentes e multisseriadas que funcionavam em casas particulares.

Gradualmente a educação local foi sendo reordenada e reorganizada com a construção de escolas nas zonas urbana e rural, a promulgação de leis educacionais e o estabelecimento de parcerias com o governo do estado da Bahia.

Nesse contexto, o Grupo Escolar Adélia da Matta foi fundado em 1961, autorizado pela Portaria Estadual n° 2.879, publicado no Diário Oficial da Bahia em 06 de maio de 1961, sendo municipalizado pelo Executivo Municipal em 24/09/1999, através do Decreto Municipal n° 3.643. Muito longe de ter a estrutura física pensada para abrigar esse tipo de instituição, o Grupo Escolar Adélia da Matta iniciou suas atividades em um prédio muito simples cedido pelo município, onde havia apenas duas salas de aula, sem energia elétrica e sem água encanada tratada.

A escolha dessa instituição se deve ao fato de ter sido a primeira a receber a nomenclatura “Grupo Escolar” no município de Ipiaú e a atender uma parcela considerável de estudantes oriundos das mais diversas regiões. A clientela, na sua grande maioria, era formada por filhos de trabalhadores rurais, haja vista que, no período de atuação da instituição, a economia ipiauense baseava-se na monocultura cacaueira, e os trabalhos nas fazendas eram as principais fontes de renda das famílias.

No sentido de encontrar vestígios históricos do ensino de matemática praticado nessa instituição, foi feito um levantamento de fontes documentais, entre as quais cabe citar: atas, leis educacionais, livros, cadernos e afins. Outras importantes fontes que foram fundamentais na elucidação do objeto de pesquisa foram as entrevistas realizadas com diferentes personagens que passaram em momentos diversos da existência do Grupo Escolar Adélia da Matta. Elas permitiram perceber que o ensino da matemática era baseado nas quatro operações básicas da aritmética – adição, subtração, multiplicação e divisão –, com uso intensivo da tabuada, recorrente em todas as séries.

Os trechos das entrevistas apresentadas a seguir evidenciam como, na prática, o ensino de matemática funcionava:

A matemática não era trabalhada com a prática, como hoje. Não tinha relação com nosso cotidiano, não. Não trazia para a vivência do dia a dia da gente. Era mais atividade no quadro, as professoras faziam corpo a corpo com a gente... exigia mesmo, a gente aprendia, não é como hoje... hoje acompanho meu filho nas atividades da escola... ele esquece tudo de um dia para o outro! (Entrevistado12, agosto de 2020)

Em mais um fragmento de uma das entrevistas, a depoente, em um exercício memorístico, destacou os seguintes aspectos sobre o ensino da matemática:

Na primeira série, eu me lembro que fazíamos muitas contas de “mais e de menos”, a gente aprendia assim: contas de “mais” de “menos”, acredito que dessa forma era mais fácil para a gente gravar, diferente de hoje: subtração, adição, multiplicação, hoje os meninos não gravam nem os nomes das operações! Lembro também que diariamente era cobrado da gente a tabuada. Todos os dias praticamente a professora “tomava” a tabuada da gente! (Entrevistado13, agosto de 2020)

Seguindo com os relatos, assim se manifestou uma ex-diretora, que atuou por quase duas décadas no grupo escolar pesquisado, quando questionada sobre suas lembranças acerca do ensino da matemática:

Me recordo do tempo em que fui diretora lá da Adélia, as professoras eram carinhosas, mas exigiam muito dos alunos, muito mesmo! As carteiras eram colocadas em fileiras, sempre tinha atividade no quadro... a oração era realizada sempre antes das aulas começarem... as professoras cobravam muito as quatro operações e a tabuada! Às vezes, quando o menino chegava sem fazer as atividades de matemática, ou sem saber a tabuada, eles ficavam sem recreio, sem merenda não ficavam não... mas ficavam sem brincar no recreio... tinha muitos meninos levados que precisavam de um “castigozinho” (risos) … (Entrevistado14, agosto de 2020)

O próximo excerto traz parte do depoimento de uma ex-professora que atuou por quase trinta anos na instituição. Quando questionada sobre como ministrava as aulas de matemática, ela declarou:

Eu cobrava muito! Chamava a família para acompanhar os filhos... eu sabia que sempre tinham aqueles que a família não tinha condições de ajudar... muitos pais não sabiam nem ler, nem escrever, mas, mesmo assim, pedia para eles acompanharem seus filhos! Eu passava atividade no quadro para eles copiarem no caderno, passava atividade para casa, e, se voltassem com a tarefa sem fazer, ficavam sem recreio! Eu cobrava a tabuada todos os dias! Ia de carteira em carteira para ver quem tinha estudado. (Entrevistado15, setembro de 2020)

O resgate das memórias externadas nos relatos orais e as análises das fontes documentais possibilitaram compreender como o ensino de matemática foi desenvolvido historicamente no Grupo Escolar Adélia da Matta. Na perspectiva de Chartier (1998, p. 13), buscou-se uma representação daquilo que já foi e não o é mais. Nesse ínterim, também foi possível a contextualização do ensino de matemática com outros elementos constitutivos da ambiência escolar, o que acabou por determinar o quê, quando e como ensinar os conteúdos matemáticos.

5. ANÁLISES E RESULTADOS

Diante das memórias de aula aqui transcritas e relatadas, buscamos fazer as análises na perspectiva historiográfica. Partindo de um olhar de cuidado, nosso intuito é recordar os fatos mencionados por estudantes e professores participantes das três instituições de ensino que existiram no interior da Bahia, compreendendo e refletindo os acontecimentos de forma que seja capaz de construirmos um discurso histórico e representativo sem desrespeitar a realidade e a memória de cada uma (Chartier, 2017). Percebemos práticas da cultura escolar, comuns que se aproximam entre si mesmo em períodos distintos.

O Grupo Escolar Conselheiro Zacarias de Góes, o Instituto São Tarcísio e o Grupo Escolar Adélia da Matta são considerados em sua época um marco educacional em suas respectivas cidades. Podemos perceber por meio das análises de relatos dos participantes que cada instituição buscava cumprir a idealização de formação cívica dos seus estudantes, a organização de ensino e o desenvolvimento da matemática em sala de aula com o auxílio pedagógico da tabuada com ênfase no ensino da aritmética priorizando as quatro operações.

Identificamos a mobilização do ensino de matemática por meio do método intuitivo pelo qual os conhecimentos matemáticos do ensino primário contemplavam os estudos das operações dos números naturais, a saber: adição, subtração, multiplicação e divisão. Procuramos compreender como se deu o ensino de matemática nas três instituições de ensino por meio das memórias transcritas e reconhecemos ainda que, previamente, a finalidade de ensino de matemática era de instruir a contar e memorizar a tabuada. O método memorativo era presente nos grupos escolares. Aqui na Bahia podemos identificar em outras pesquisas desenvolvidas pelo GEEM a ênfase do ensino de aritmética no ensino primário.

CONCLUSÕES

Ao findar as análises dos resultados das pesquisas que constituíram este estudo, o resgate das memórias do ensino de matemática possibilitou compreensões históricas por meio das narrativas de como eram desenvolvidos os conteúdos matemáticos e as práticas didático-pedagógicas nas instituições selecionadas em recortes temporais distintos.

As reminiscências elencadas pelos entrevistados permitiram entender que o processo de ensino-aprendizagem era permeado por subjetividades que são únicas e intransferíveis. Nesse exercício de rememorar as aulas de matemática, os depoimentos foram marcados por lembranças que vão além dos conteúdos matemáticos ministrados; eles envolveram também afetos, gestos, ações e simbologias que se fizeram aspectos inerentes nas memórias dos depoentes.

As aulas de matemática, segundo os depoimentos colhidos, sugerem que elas estavam imbricadas na rotina de sabatina, onde o rigor disciplinar era uma característica marcante.

AGRADECIMENTOS

Ao apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). Contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sob o projeto de pesquisa "O ensino de Matemática no Curso Primário no Estado da Bahia: a caracterização de um percurso", Número do Processo: 407925/2016-3, chamada pública MCTI/CNPQ Universal 2016, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), do Grupo de Estudos em Educação Matemática (GEEM), que vem dando total apoio na elaboração das pesquisas apresentadas, assim como o Acervo Municipal e os Núcleos Territoriais de Educação de cada cidade envolvida – a todos os agradecimentos pela possibilidade de realização das pesquisas.

REFERÊNCIAS

Chartier, R. (1998). História Cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Chartier, R. (2002). A história cultural: entre prática e representação. Portugal: Memória & Sociedade.

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