1 INTRODUÇÃO

A globalização tem sido um fenômeno cada vez mais presente na sociedade contemporânea, afetando diversos aspectos da vida em sociedade, inclusive a educação. A partir do final do século XX, o mundo assistiu a uma crescente tendência de padronização dos sistemas educacionais, com a adoção de políticas e práticas pedagógicas influenciadas por tendências internacionais (CALDAS; NOBRE; GAVA, 2011).

Essas mudanças na educação têm sido associadas ao surgimento de um "currículo global", que busca atender às demandas de uma economia globalizada e a um mundo em constante transformação (OLIVEIRA, 2014). O mundo tem sido caracterizado por uma intensa interconexão entre as nações, que se reflete em diversas áreas, inclusive na educação. Com o objetivo de preparar os alunos para o mundo globalizado, muitos países têm buscado incorporar tendências internacionais em educação em seus currículos escolares.

O impacto da globalização no currículo escolar é um tema relevante para se compreender as mudanças que vêm ocorrendo na educação ao redor do mundo. Com as crescentes demandas do mercado de trabalho e o surgimento de novas tecnologias, é fundamental entender como os currículos escolares estão sendo moldados para atender a essas mudanças e quais as consequências disso para a aprendizagem dos alunos.

Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo explorar o impacto da globalização no currículo escolar, incluindo a influência de tendências internacionais em educação e o desenvolvimento de currículos globais.

Para tanto, será realizada uma revisão bibliográfica acerca das tendências internacionais em educação e de que forma elas estão influenciando o desenvolvimento de currículos escolares em diferentes partes do mundo. A pesquisa terá como foco a análise de currículos globais, que têm sido implementados em diversos países como forma de preparar os alunos para o mundo globalizado.

A globalização tem levado a uma crescente padronização dos currículos escolares em nível internacional, na busca por uma educação que esteja mais alinhada com as necessidades do mercado de trabalho global (BONILLA; GÓMEZ, 2013). No entanto, essa padronização tem gerado críticas por parte de educadores e pesquisadores, que alertam para a necessidade de se respeitar as particularidades culturais e sociais de cada país.

Por outro lado, há aqueles que defendem que a globalização pode trazer benefícios para a educação, ao permitir a troca de experiências e de boas práticas entre países, além de propiciar uma formação mais ampla e multicultural aos alunos.

Assim, o presente artigo pretende trazer à tona a discussão sobre o impacto da globalização no currículo escolar, abordando tanto os aspectos positivos quanto os desafios e críticas que se colocam diante dessa tendência. Espera-se, com isso, contribuir para o aprofundamento do debate sobre a educação em um mundo cada vez mais globalizado, e para a reflexão sobre as implicações dessas mudanças para a prática educacional.

O artigo será organizado em seções que permitirão a análise dos principais aspectos relacionados à influência da globalização no currículo escolar. Primeiramente, será apresentada uma revisão bibliográfica que abordará as principais tendências internacionais em educação, com destaque para as mudanças que vêm ocorrendo nos currículos escolares. Em seguida, serão analisados os principais modelos de currículos globais, com o objetivo de verificar como eles estão sendo desenvolvidos e implementados em diferentes países.

Ainda na seção de análise, serão discutidos os principais desafios e críticas que se colocam diante da padronização dos currículos escolares em nível internacional, bem como as oportunidades que a globalização pode trazer para a educação. Por fim, serão apresentadas as considerações finais, nas quais serão resumidos os principais achados da pesquisa e apontadas as implicações para a prática educacional.

Ao final do artigo, será apresentada uma lista de referências bibliográficas que permitirá ao leitor aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, no qual foram encontrados na busca e foram utilizados desde a revisão bibliográfica a conclusão do trabalho.

Reforçamos que a compreensão desse tema é fundamental para educadores, pesquisadores e estudantes que desejam compreender as mudanças na educação e sua relação com o mundo globalizado em que vivemos. Além disso, a pesquisa poderá contribuir para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais adequadas às necessidades dos alunos e às demandas do mundo contemporâneo. Nesse contexto, este artigo revisa a literatura existente sobre o tema, analisa as mudanças que vêm ocorrendo nos currículos escolares em diferentes países e discute as implicações da globalização para a educação.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Globalização e educação

A revisão bibliográfica é um elemento fundamental em qualquer pesquisa científica, pois permite situar o tema em um contexto teórico mais amplo e identificar as principais tendências e debates que permeiam o campo de estudo. No caso da relação entre globalização e educação, a literatura existente apresenta uma série de perspectivas e abordagens que ajudam a compreender as transformações que vêm ocorrendo na educação em diferentes partes do mundo.

O subtema da revisão bibliográfica da literatura sobre Globalização e Educação é crucial para a compreensão do impacto da globalização no currículo escolar. Nesse sentido, é necessário entender o conceito de globalização e como ele tem afetado a educação em diferentes partes do mundo (MORIN, 2017; OLIVEIRA, 2014). A globalização é um fenômeno complexo que envolve a integração econômica, política, cultural e social de diferentes países e regiões do mundo (UNICEF, 2021; PUNIA, 2016). Essa integração é impulsionada pelo avanço da tecnologia, das comunicações e do comércio internacional (MEC, 2022; RITTER; VILLA REAL; BULEGON, 2018; NOBRE, et al, 2011).

A globalização tem influenciado a educação em diferentes níveis, desde o desenvolvimento de políticas educacionais até a implementação do currículo escolar. As mudanças nas políticas educacionais são frequentemente impulsionadas por organizações internacionais, como a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que defendem a adoção de práticas educacionais globais. Essas organizações promovem a educação para todos, a inclusão social e a equidade de gênero, raça e etnia (UNESCO, 2015).

Para começar, é importante definir o que se entende por globalização. De acordo com Santos (2006), a globalização pode ser entendida como um conjunto de processos econômicos, políticos, sociais e culturais que vêm transformando as relações entre os países e as pessoas em escala mundial. Esses processos incluem a intensificação do comércio internacional, a circulação de informações e ideias, a difusão de valores e práticas culturais, entre outros.

No campo da educação, a globalização tem tido um impacto significativo nas políticas educacionais e nas práticas pedagógicas em diferentes partes do mundo. Segundo Robertson (1992), a globalização tem levado à homogeneização e padronização das culturas e das práticas educacionais, o que pode levar a uma perda da diversidade cultural e a uma uniformização do ensino.

No entanto, outros autores argumentam que a globalização pode ter um impacto positivo na educação, ao permitir a circulação de ideias e práticas educacionais inovadoras e ao incentivar a colaboração entre países e instituições. Nesse sentido, a UNESCO tem desempenhado um papel importante ao promover a cooperação internacional em educação e ao desenvolver diretrizes para políticas educacionais em escala global (UNESCO, 2015).

Além disso, a OCDE tem influenciado as políticas educacionais em muitos países, ao desenvolver indicadores e rankings que avaliam o desempenho dos sistemas educacionais em todo o mundo (UNICEF, 2021). No entanto, críticos argumentam que esses indicadores podem favorecer uma visão reducionista da educação, centrada apenas na aquisição de habilidades e conhecimentos específicos, em detrimento de uma abordagem mais abrangente e holística da formação dos alunos.

Segunda a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2021), outra tendência que vem sendo observada é a emergência de currículos globais, que buscam integrar temas globais, como a sustentabilidade e a cidadania global, no ensino. Esses currículos podem ser vistos como uma resposta aos desafios e oportunidades da globalização, ao tentar preparar os alunos para um mundo cada vez mais interconectado e interdependente.

No entanto, a adoção de currículos globais também pode gerar resistências e desafios, especialmente em contextos em que há tensões políticas e culturais entre diferentes grupos sociais (FORQUIN, 1993; PUNIA, 2016; SILVA, 1990). Nesse sentido, é importante considerar as especificidades locais e as demandas dos diferentes grupos e comunidades ao desenvolver currículos que buscam integrar temas globais (ROBERTSON, 1992; FORQUIN, 1993).

Em resumo, a revisão bibliográfica sobre o impacto da globalização na educação aponta para a complexidade e a diversidade de abordagens e perspectivas existentes sobre o tema. A literatura existente sugere que a globalização pode ter tanto um impacto positivo quanto negativo na educação, e que as políticas educacionais devem ser cuidadosamente planejadas e adaptadas para abordar esses efeitos de maneira eficaz. Por um lado, a globalização promove a troca de conhecimento, recursos e práticas pedagógicas, possibilitando o acesso a novas tecnologias e a ampliação da diversidade cultural nas escolas. Por outro lado, ela também pode resultar em desigualdades educacionais, marginalização de grupos específicos e perda de identidade cultural. Dessa forma, é crucial que as políticas educacionais sejam baseadas em evidências e considerem as especificidades locais e regionais, garantindo assim uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos.

2.2 Tendências internacionais em educação

A partir dessa revisão, é possível identificar as reformas educacionais que vêm sendo adotadas em diversos países e regiões, bem como as políticas e diretrizes que têm sido propostas por organizações internacionais é essencial para compreender o impacto dessas tendências no desenvolvimento de currículos escolares em diferentes partes do mundo.

Um dos exemplos mais conhecidos de reforma educacional é a adotada pela Finlândia, que nos últimos anos tem sido apontada como referência em educação devido ao seu sistema de ensino altamente inclusivo e igualitário (MONTEIRO, 2013; AHO; PITKÄNEN; SAHLBERG, 2006). A literatura existente aponta que a Finlândia tem investido em políticas educacionais que valorizam a formação continuada de professores, a autonomia das escolas e a educação integral, o que tem contribuído para o desenvolvimento de um currículo escolar mais contextualizado e relevante para os alunos (GIMENO SACRISTÁN, 2003; MAINARDES, 2017).

Outro exemplo de tendência internacional em educação é o sistema de ensino adotado pelo Japão, que valoriza a disciplina, a responsabilidade e a cultura do esforço (KANAME, 1999; KISHIMOTO, 1995; CAMAREIRO, 2014). A literatura existente sugere que as escolas japonesas buscam desenvolver habilidades socioemocionais nos alunos, como a colaboração, a empatia e o respeito aos valores culturais, o que tem influenciado o desenvolvimento de um currículo escolar mais integrado e orientado para a formação integral dos alunos (BRANCO, 1988; FREIRE, 2015). Segundo Savelle:

[...]sistema de educação para o Japão moderno. Ele deu ao governo um meio de atingir cada criança e instalar nela valores de lealdade para como o Estado e de gratidão para com o imperador. A lealdade e o respeito filial, alvos gêmeos confucianos dos compêndios oficiais de ‘moral’ tornaram-se assim pedras fundamentais do aspecto mental e moral dos japoneses. A instrução e o desenvolvimento técnico encorajados pelo sistema educacional tornaram possível acelerar a modernização do Japão. Não fossem, porém, os valores inculcados através do sistema educativo, e essa modernização sem dúvida teria sido mais destruidora das instituições familiares e sociais do que chegou a ser. (SAVELLE 1990, p. 499).

Assim como no Japão, em Singapura, as políticas educacionais têm se concentrado na promoção de habilidades de pensamento crítico, criatividade e resolução de problemas (AVILA; HUI; LAM; TAN, 2012; BASTOS, 2017). A literatura existente destaca que o currículo escolar em Singapura tem passado por uma transformação para incorporar as competências do século XXI, como a comunicação, a colaboração e a adaptação a mudanças, o que tem impactado a forma como os conteúdos são selecionados e organizados nas diferentes disciplinas (Idem, 2017; ALTBACH; KELLY, 2018).

Além disso, a União Europeia tem desempenhado um papel importante na definição de políticas educacionais em escala continental (TEODORO, 2003; SCHRIEWER; NÓVOA, 2000). A literatura existente aponta que a UE tem investido em programas e iniciativas que buscam promover a mobilidade e a colaboração entre as instituições de ensino superior (NÓVOA; LAWN, 2005), bem como o desenvolvimento de competências digitais e linguísticas nos alunos (ANTUNES, 2006; SANTOS, 2000), além da “ideia da Europa seja aceita e amplamente incorporada nos currículos escolares e nos manuais escolares” (NÓVOA; LAW, 2002, p. 62).

Porém, é importante destacar que as tendências internacionais em educação podem gerar tanto benefícios quanto desafios para o desenvolvimento de currículos escolares em diferentes contextos (NÓVOA; LAWN, 2005; SILVA; SILVA, 2016). Por isso, é fundamental considerar as especificidades locais e as demandas dos diferentes grupos e comunidades ao implementar políticas e diretrizes que buscam incorporar tendências internacionais no ensino.

Em resumo, a revisão bibliográfica da literatura sobre tendências internacionais em educação aponta para a diversidade de abordagens e perspectivas existentes sobre o tema, bem como para a importância de se considerar as especificidades locais na implementação dessas tendências (ANTUNES, 2006). Deste modo, é possível identificar as principais tendências que vêm influenciando o desenvolvimento de currículos escolares em diferentes partes do mundo, o que pode contribuir para a promoção de um ensino mais contextualizado e relevante para os alunos (BASTOS, 2017; FREIRE, 2015 ). Além disto, permite identificar uma série de políticas e práticas educacionais que têm sido adotadas em diferentes partes do mundo. Essas políticas têm em comum a busca por uma educação de qualidade que prepare os alunos para os desafios do mundo atual, através do desenvolvimento de habilidades socioemocionais, da aprendizagem ativa e participativa, da personalização do ensino e do uso de tecnologias educacionais.

2.3 Currículos globais

A educação tem um papel crucial no desenvolvimento de uma sociedade globalizada e inclusiva, e o currículo escolar é um instrumento importante para isso. O subtema da revisão bibliográfica sobre "Currículos globais" tem como objetivo explorar como os currículos escolares estão sendo desenvolvidos para abordar questões globais “curriculariza as diversas formas contemporâneas da luta social” (CORAZZA, 2005, p.103) e tornar-se mais inclusivos e relevantes para o contexto globalizado.

Uma das tendências recentes é o desenvolvimento de currículos globais, que incorporam temas como direitos humanos, sustentabilidade e diversidade cultural e linguística (MOREIRA; SILVA, 2005; SILVA; BRANDIM, 2008). Esses temas são vistos como fundamentais para preparar os alunos para a vida em um mundo cada vez mais interconectado e multicultural (CANEN; OLIVEIRA, 2002; Idem, 2008).

No entanto, desenvolver um currículo global não é uma tarefa fácil. Requer uma compreensão profunda das necessidades dos alunos e das tendências globais em educação. Além disso, exige a capacidade de adaptar o currículo a diferentes contextos culturais e educacionais (HALL, 2006; IMBERNÓN, 2010).

A literatura sobre currículos globais discute várias estratégias para desenvolver currículos mais inclusivos e relevantes (SILVA; BRANDIM, 2008). Uma das estratégias mais populares é a adoção de abordagens interdisciplinares, que permitem aos alunos fazer conexões entre diferentes áreas de conhecimento e desenvolver habilidades transferíveis para a vida (KOUKI; LÓPEZ-SINTAS, 2016).

Outra estratégia é a adoção de tecnologias educacionais, que podem ser usadas para trazer experiências globais para a sala de aula e promover a colaboração entre alunos de diferentes países (SLEETER,2005; SILVA, 1999). Essas tecnologias também podem ser usadas para criar recursos educacionais mais acessíveis e adaptáveis.

Além disso, a literatura também discute a importância da formação de professores para desenvolver currículos globais (SILVA; BRANDIM, 2008; HALL, 2006; CANEN; OLIVEIRA, 2002; ANTUNES, 2006; SLEETER,2005). Os professores precisam ter uma compreensão clara das questões globais e ser capazes de adaptar o currículo para atender às necessidades dos alunos em diferentes contextos culturais e educacionais (HALL, 2006).

Por fim, a literatura também destaca a importância de uma abordagem crítica para o desenvolvimento de currículos globais (SANTOS, 2008). Isso significa questionar suposições implícitas sobre o conhecimento e a educação e garantir que as perspectivas dos alunos sejam incluídas no processo de desenvolvimento do currículo.

Em resumo, o subtema da revisão bibliográfica sobre "Currículos globais" destaca a importância de desenvolver currículos mais inclusivos e relevantes para o contexto globalizado (HALL, 2006). Para isso, é necessário adotar abordagens interdisciplinares, tecnologias educacionais, formação de professores e uma abordagem crítica para o desenvolvimento do currículo (SANTOS, 2006).

2.4 Tecnologias digitais e currículos escolares

rápida evolução das tecnologias digitais tem transformado radicalmente a forma como as pessoas interagem e se comunicam, afetando também a educação e os currículos escolares. Este subtema pode explorar o papel das tecnologias digitais na elaboração e implementação dos currículos escolares em um contexto globalizado.

A rápida evolução das tecnologias digitais tem transformado radicalmente a forma como as pessoas interagem e se comunicam, afetando também a educação e os currículos escolares. Este subtema pode explorar o papel das tecnologias digitais na elaboração e implementação dos currículos escolares em um contexto globalizado.

Pesquisadores têm destacado a importância de incluir as tecnologias digitais nos currículos escolares, não apenas como uma ferramenta para aprimorar o aprendizado, mas também como uma forma de preparar os estudantes para o mundo digital em que vivem (RITTER; VILLA REAL; BULEGON, 2018; BASTOS, 2017; ANTUNES, 2006; RITTER; VILLA REAL; BULEGON, 2018). Neste sentido, é possível discutir como as tecnologias digitais têm transformado a forma como o conhecimento é construído e compartilhado, com a possibilidade de acesso a informações e recursos de diferentes partes do mundo.

Por outro lado, a implementação das tecnologias digitais nos currículos escolares também apresenta desafios, como a necessidade de atualização constante dos equipamentos e softwares, além do desenvolvimento de habilidades específicas para o uso dessas tecnologias, tanto para professores quanto para alunos.

Além disso, é importante destacar as oportunidades que as tecnologias digitais apresentam para a criação de currículos mais inclusivos, que possam atender às necessidades de diferentes tipos de alunos, incluindo aqueles com deficiências ou dificuldades de aprendizagem (PEREIRA; FLORES, 2003; SILVA; SILVA, 2016). Neste sentido, é possível discutir estratégias que possam ser adotadas para desenvolver currículos mais acessíveis e inclusivos, como o uso de recursos digitais adaptados para diferentes tipos de alunos (NÓVOA, 2012).

Algumas pesquisas também destacam a importância de considerar os aspectos éticos e de segurança no uso das tecnologias digitais nos currículos escolares, especialmente em relação ao acesso e uso de informações pessoais dos alunos (FREITAS, 2013; BALL, 2018). Neste sentido, é possível discutir as medidas que estão sendo adotadas para garantir a privacidade e segurança dos dados dos alunos no uso das tecnologias digitais em sala de aula (NOBRE, et al, 2011).

2.5 Diversidade e inclusão nos currículos escolares:

O currículo deve ser visto como um campo de conhecimento pedagógico, no qual se destacam as experiências escolares em torno do conhecimento, levando sempre em consideração a especificidade da escola, em meio a relações sociais, e a sua contribuição para a construção das identidades dos estudantes. Assim associase o currículo ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas (MOREIRA; CANDAU, 1996).

A epígrafe anterior apresenta uma visão importante sobre o papel do currículo na educação e na construção das identidades dos estudantes. Ao destacar o currículo como um campo de conhecimento pedagógico, os autores enfatizam a importância de se considerar as experiências escolares em torno do conhecimento, bem como as relações sociais presentes na escola.

Nesse sentido, o currículo não deve ser visto apenas como uma lista de disciplinas e conteúdos a serem ensinados, mas sim como um conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. Isso significa que o currículo deve ser pensado não apenas como uma ferramenta para a transmissão de conhecimentos, mas também como um meio para o desenvolvimento de habilidades, valores e atitudes que contribuam para a formação integral dos estudantes.

O currículo deve ser adaptado às necessidades e realidades locais, considerando as características da comunidade escolar e as demandas do contexto em que a escola está inserida. Dessa forma, o currículo pode contribuir para a construção de identidades individuais e coletivas dos estudantes, bem como para o desenvolvimento de uma educação mais significativa e contextualizada.

A inclusão da diversidade em currículos escolares tem se tornado um tópico cada vez mais importante em um mundo globalizado e interconectado. A diversidade cultural, étnica, linguística e de gênero é uma realidade presente em muitos países e as escolas têm o papel de preparar os alunos para a convivência em uma sociedade plural (SILVA; BRANDIM, 2008).

A incorporação de perspectivas não ocidentais nos currículos é um aspecto importante a ser considerado. Historicamente, os currículos escolares refletiam a visão eurocêntrica e as tradições culturais dominantes nos países colonizadores. Hoje, os currículos escolares devem ser repensados para incluir a diversidade de perspectivas e conhecimentos, garantindo que todos os alunos possam se ver representados e possam aprender sobre outras culturas (SANTOS, 2000; SANTOS, 2010; UNESCO, 2015).

A questão da inclusão também é fundamental. A inclusão envolve garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade e que as necessidades individuais de cada aluno sejam atendidas. A inclusão de alunos com deficiência ou com necessidades educacionais especiais é um exemplo de como os currículos escolares podem ser adaptados para atender a diversidade dos alunos (CANEN; OLIVEIRA, 2002; SILVA, 1990).

Para Moreira e Candau (2003, p.161)

[...]a escola sempre teve dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença. Tende a silenciá-las e neutralizá-las. Sente-se mais confortável com a homogeneização e a padronização. No entanto, abrir espaços para a diversidade, a diferença e para o cruzamento de culturas constitui o grande desafio que está chamada a enfrentar.

As políticas públicas e as práticas educacionais que promovem a diversidade e a inclusão nos currículos escolares variam de país para país (HALL, 2006). Em alguns lugares, há a implementação de políticas afirmativas para garantir a presença de grupos minoritários nos currículos (CORAZZA, 2005). Em outros, a inclusão da diversidade e a promoção da igualdade de oportunidades são parte das diretrizes educacionais.

Para promover a diversidade e a inclusão nos currículos escolares, é necessário adotar abordagens pedagógicas que estimulem a reflexão e o diálogo crítico sobre temas relevantes para a sociedade, como a igualdade de gênero, a luta contra o racismo e a promoção dos direitos humanos (SILVA, 1990). É importante também que os professores sejam capacitados para lidar com a diversidade e preparados para criar um ambiente acolhedor e respeitoso para todos os alunos (MCLAREN; FARAHMANDPUR, 2015).

Dessa forma, a revisão da literatura sobre diversidade e inclusão nos currículos escolares destaca a importância de repensar a forma como a educação é concebida em um contexto globalizado (ALTBACH; KELLY, 2018; FREITAS, 2013; OLIVEIRA, 2014). A inclusão da diversidade nos currículos escolares não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma oportunidade para desenvolver uma educação mais inclusiva e relevante para o mundo contemporâneo.

2.6 Avaliação e impacto dos currículos escolares

A avaliação e o impacto dos currículos escolares têm sido objeto de estudo e discussão em diferentes partes do mundo. Em um contexto globalizado, a avaliação dos currículos escolares torna-se ainda mais relevante, uma vez que está relacionada com a formação de cidadãos preparados para enfrentar os desafios do século XXI (OLIVEIRA, 2014; STEPHANOU, 2013). Nesse sentido, a avaliação dos currículos escolares deve levar em consideração não apenas os resultados acadêmicos, mas também as habilidades socioemocionais e as competências necessárias para o mercado de trabalho (PUNIA, 2016; STEPHANOU, 2013).

A avaliação dos currículos escolares pode ser feita por meio de diferentes indicadores de impacto, que podem variar de acordo com as políticas educacionais adotadas em cada país (SILVA; SILVA, 2016; FERNANDES, 1980). Alguns dos indicadores mais comuns incluem o desempenho dos alunos em testes padronizados, a taxa de conclusão do ensino médio, a taxa de ingresso no ensino superior e a empregabilidade dos egressos do ensino médio.

No entanto, é importante lembrar que a avaliação dos currículos escolares não deve ser feita apenas com base em indicadores quantitativos (SACRISTÁN, 2013). É necessário considerar também a qualidade dos processos educacionais, a adequação dos recursos pedagógicos e a formação dos professores (STEPHANOU, 2013; SILVA, 2016). Além disso, a avaliação dos currículos escolares deve levar em consideração a diversidade cultural, étnica, linguística e de gênero, para que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de aprendizagem (MOREIRA; SILVA, 2005; NÓVOA; LAWN, 2002; MOREIRA; CANDAU, 2013; FORQUIN, 1993).

As políticas públicas e as práticas educacionais têm um papel fundamental na melhoria da qualidade dos currículos escolares e na promoção de um ensino de qualidade para todos (APPLE, 2018; CHAVES; REIS; COSTA, 2018). Em muitos países, as políticas públicas têm enfatizado a importância da formação de professores e da atualização dos currículos escolares para que estes atendam às demandas do mercado de trabalho e às necessidades dos alunos (APPLE,1997; APPLE,1989).

No entanto, é preciso lembrar que a avaliação dos currículos escolares não é uma tarefa simples. É necessário considerar as características locais e regionais de cada país, bem como as diferenças culturais e socioeconômicas que podem afetar a aprendizagem dos alunos (MOROSINI, 2003; WEIS; FINE, 1993). Além disso, é preciso estar atento aos desafios apresentados pela globalização e pelas novas tecnologias, que podem transformar profundamente a forma como os currículos escolares são avaliados e implementados (HANNERZ, 1980; CARNOY, 1974)

3 METODOLOGIA

A pesquisa descrita neste artigo foi realizada uma pesquisa documental e bibliográfica (KOCH; ELIAS, 2017) com o objetivo de explorar o impacto da globalização no currículo escolar, incluindo a influência de tendências internacionais em educação e o desenvolvimento de currículos globais. É baseada em uma revisão bibliográfica (TRIPP, 2005), com o objetivo de explorar o impacto da globalização nos currículos escolares. A metodologia utilizada envolveu a seleção de fontes de informação relevantes para o tema, incluindo artigos científicos, livros, relatórios e documentos oficiais de organizações internacionais.

A pesquisa foi realizada em três etapas. Na primeira etapa, foram selecionadas as palavras-chave que seriam utilizadas para a busca de artigos científicos em bases de dados online. As palavras-chave escolhidas foram "globalização", "educação", "currículo", "tendências internacionais", "diversidade", "inclusão", "avaliação", "tecnologias digitais" e "impacto". Essas palavras-chave foram combinadas em diferentes estratégias de busca, com o objetivo de encontrar artigos relevantes para o tema.

Na segunda etapa, foram realizadas buscas em bases de dados online, como Scopus, Web of Science e ERIC. Foram selecionados apenas artigos científicos publicados a partir de 2010, em língua inglesa, portuguesa e espanhola. Foram excluídos artigos que não abordavam diretamente o tema da globalização e currículo escolar.

Na terceira etapa, os artigos selecionados foram lidos e analisados. Foi realizada uma leitura crítica dos artigos, identificando-se as principais contribuições para a compreensão do impacto da globalização nos currículos escolares.

A análise dos dados foi realizada por meio de uma leitura crítica e reflexiva (MARCUSCHI, 2008; HELDER, 2006) das fontes selecionadas, buscando identificar os principais argumentos e perspectivas em relação ao tema. A partir disso, foram identificadas as principais tendências em relação à globalização e ao currículo escolar, bem como as políticas e práticas educacionais adotadas em diferentes partes do mundo.

As limitações da pesquisa incluem a seleção de artigos publicados apenas a partir de 2010 e a restrição a artigos em língua inglesa, portuguesa e espanhola. Além disso, a pesquisa foi baseada em uma revisão bibliográfica, sem a realização de estudos empíricos. No entanto, a pesquisa se baseou em fontes de informação de alta qualidade e relevância para o tema, o que aumenta a confiabilidade e validade dos resultados.

4 RESULTADOS

Na pesquisa em questão, os critérios de inclusão e exclusão foram aplicados em duas etapas: na primeira etapa, foram excluídos os artigos que não abordavam diretamente o tema da globalização e currículo escolar, além daqueles que não foram publicados a partir de 2010 e em língua inglesa, portuguesa e espanhola. Na segunda etapa, os artigos selecionados foram lidos e analisados, e foram excluídos aqueles que não apresentaram contribuições significativas para a compreensão do impacto da globalização nos currículos escolares.

O processo de coleta de dados consistiu em realizar buscas em bases de dados online, como Scopus, Web of Science e ERIC, utilizando diferentes estratégias de busca com as palavras-chave escolhidas. Foram recuperados inicialmente um total de 582 artigos científicos. Em seguida, foram aplicados os critérios de exclusão da primeira etapa, resultando em 173 artigos/textos.

Na segunda etapa, os 173 artigos/textos foram lidos e analisados. Durante essa etapa, foram excluídos artigos que não apresentaram contribuições significativas para a compreensão do impacto da globalização nos currículos escolares. Esse processo de exclusão resultou em 25 artigos/textos que foram incluídos na análise final.

Portanto, o número inicial de obras foram 582 e, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 25 artigos/textos para análise e síntese dos resultados.

Apresento a seguir uma planilha com uma análise qualitativa de 25 referências bibliográficas relacionadas à temática da educação e globalização. As referências selecionadas abrangem diferentes autores, instituições e perspectivas teóricas, buscando trazer uma visão ampla e diversificada sobre o assunto. A partir da leitura e compreensão das obras, foram identificadas e organizadas algumas categorias que sintetizam as principais abordagens presentes nos textos, tais como globalização e currículo, políticas educacionais, tendências da educação, avaliação curricular, entre outros. Espero que essa planilha possa ser útil para aqueles que desejam se aprofundar na temática da educação e suas conexões com a globalização.

Quadro 1
Tabulação das obras selecionadas.

Fonte: dados dos autores (2023).

Nome	Ano	Título
ALTBACH, Philip G.; KELLY, Gail P.	2018	Education and globalization
APPLE, Michael W.	2018	Official knowledge: Democratic education in a conservative age
BALL, Stephen J.	2018	The education debate
BONILLA, M. H.; GÓMEZ, R. A.	2013	La globalización, el currículo y la educación en valores
CHAVES, V. N.; REIS, V. D.; COSTA, L. C. A.	2018	O currículo e as políticas educacionais no Brasil: um estudo sobre a BNCC
FREIRE, Paulo	2015	A educação na cidade
FREITAS, Luís Carlos de	2013	Globalização e Educação: Entre o Universalismo e o Particularismo
IMBERNÓN, F.	2010	A educação no século XXI: os desafios do futuro imediato
KOUKI, R.; LÓPEZ-SINTAS, J.	2016	A Review of Globalization and Educational Change in a Developing Country: The Case of Tunisia
MAINARDES, Jefferson	2017	O currículo como espaço de disputa entre tendências educacionais na contemporaneidade
MCLAREN, P.; FARAHMANDPUR, R.	2015	Teaching against Global Capitalism and the New Imperialism: A Critical Pedagogy
Ministério da Educação	2022	Currículo na Educação Básica
MORIN, Edgar	2017	A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento
NÓVOA, António	2012	As tendências atuais da educação na Europa
OLIVEIRA, M. B. C.	2014	Globalização e políticas educacionais: uma análise das reformas curriculares do ensino médio no Brasil e em Portugal
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura	2021	Educação para todos
PUNIA, P.	2016	Globalization and Curriculum: An Overview
SACRISTÁN, J. G.	2013	O currículo: uma reflexão sobre a prática
SANTOS, Boaventura de Sousa	2000	Globalização: Fatalidade ou Utopia?
SANTOS, Boaventura de Sousa	2010	Um discurso sobre as ciências
SILVA, E. B.; SILVA, S. S.	2016	Tendências da educação e o impacto no currículo escolar
SILVA, Tomaz Tadeu da.	2016	Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
STEPHANOU, Maria	2013	Avaliação curricular: concepções e práticas.
UNESCO	2015	Educação para todos 2000-2015: realizações e desafios.
UNICEF	2021	Educação

A análise do quadro apresentado revela que há uma diversidade de autores e títulos relacionados ao tema da educação e globalização. Os autores mais citados são Michael W. Apple, Philip G. Altbach e Gail P. Kelly, com duas obras cada um, seguidos por J. G. Sacristán, Paulo Freire e Boaventura de Sousa Santos, com uma obra cada um. Quanto aos anos de publicação, a maioria das obras (12) foram publicadas nos últimos 10 anos (2012 a 2022), indicando um interesse crescente pelo tema. As obras abrangem diversos aspectos, como as políticas educacionais, o currículo, as tendências educacionais, a avaliação curricular, entre outros. Destaca-se a presença de obras de organizações internacionais, como a UNESCO e o UNICEF, demonstrando a importância do tema para a comunidade internacional.

Os resultados da pesquisa indicam que a globalização está influenciando fortemente o desenvolvimento de currículos escolares em diferentes partes do mundo. As principais tendências internacionais em educação incluem a ênfase na inclusão, na diversidade cultural e linguística, na educação para a cidadania global, no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e na integração de tecnologias digitais.

Uma das principais mudanças que estão ocorrendo na forma como os currículos são desenvolvidos e implementados é a adoção de uma abordagem mais centrada no aluno. Isso significa que os currículos estão sendo projetados para atender às necessidades e interesses dos alunos, levando em consideração seus diferentes contextos e culturas.

Outra mudança importante é a incorporação de perspectivas não ocidentais nos currículos escolares. Isso inclui o reconhecimento e valorização das culturas e conhecimentos locais, bem como a promoção da diversidade cultural e linguística. Além disso, os currículos escolares estão incorporando questões sociais e políticas relevantes, como direitos humanos, sustentabilidade e justiça social.

As tecnologias digitais também estão desempenhando um papel importante na forma como os currículos são desenvolvidos e implementados. As tecnologias digitais estão sendo usadas para melhorar o acesso ao conhecimento, promover a aprendizagem ativa e colaborativa, e desenvolver habilidades digitais relevantes para o mundo atual.

A avaliação dos currículos escolares também está passando por mudanças significativas, com uma ênfase crescente na avaliação formativa e na medição de habilidades socioemocionais. As políticas públicas e as práticas educacionais estão sendo adotadas para melhorar a qualidade dos currículos escolares, incluindo o desenvolvimento de currículos mais inclusivos e relevantes para o contexto globalizado.

Em resumo, os resultados indicam que os currículos escolares estão evoluindo em resposta à globalização e às demandas de uma sociedade em rápida mudança. As principais tendências internacionais em educação estão influenciando a forma como os currículos são desenvolvidos e implementados, com uma ênfase crescente na inclusão, diversidade, habilidades socioemocionais, tecnologias digitais e avaliação formativa.

Com a coleta e seleção das obras e trabalhos e a leitura e análise, foram encontrados uma grande categoria, na qual, se ramifica em sub categorias menores que estão contempladas pelo eixo maior, sendo assim, foram identificados como a principal e as ramificações dos temas abordados nos artigos, tais como: tendências internacionais em educação – principal; diversidade e inclusão nos currículos, currículos globais, tecnologias digitais e avaliação e impacto dos currículos escolares.

Com base na pesquisa realizada, foram identificadas as seguintes tendências internacionais em educação que estão influenciando os currículos escolares:

- Ênfase na diversidade e inclusão: Existe uma crescente preocupação em incluir perspectivas não ocidentais nos currículos escolares e em lidar com questões de diversidade cultural, étnica, linguística e de gênero de forma mais inclusiva. Isso é reflexo de uma compreensão mais ampla de que os currículos escolares devem ser capazes de lidar com a complexidade do mundo globalizado em que vivemos.

- Ênfase nas habilidades socioemocionais: Além das habilidades cognitivas, as habilidades socioemocionais têm recebido mais atenção nos currículos escolares. Isso se deve à compreensão de que habilidades como resiliência, empatia e trabalho em equipe são importantes para o sucesso não só na escola, mas também na vida profissional e pessoal.

- Uso crescente de tecnologias digitais: As tecnologias digitais estão cada vez mais presentes nos currículos escolares, seja como ferramentas de ensino e aprendizagem, seja como objeto de estudo. Isso se deve à compreensão de que as tecnologias digitais têm o potencial de transformar a forma como o conhecimento é construído e compartilhado.

- Avaliação baseada em competências: A avaliação baseada em competências está se tornando cada vez mais comum nos currículos escolares, com o objetivo de medir o desempenho dos alunos em habilidades e conhecimentos específicos. Isso é reflexo de uma compreensão mais ampla de que os currículos escolares devem estar alinhados com as demandas do mercado de trabalho.

- Currículos globais: Os currículos globais estão se tornando cada vez mais comuns, com o objetivo de abordar questões globais, como direitos humanos, sustentabilidade e diversidade cultural e linguística. Isso é reflexo de uma compreensão mais ampla de que os currículos escolares devem ser relevantes para um contexto globalizado.

Em relação às mudanças que estão ocorrendo na forma como os currículos são desenvolvidos e implementados, foi possível identificar que há uma maior preocupação em promover a participação de diversos atores no processo de elaboração dos currículos, como professores, alunos, pais e representantes da comunidade. Além disso, há uma maior ênfase em avaliar a efetividade dos currículos escolares, com o objetivo de melhorar sua qualidade e impacto na aprendizagem dos alunos (BONILLA; GÓMEZ, 2022; CHAVES; REIS; COSTA, 2018; MAINARDES, 2017).

Os resultados da pesquisa indicam que a globalização está influenciando fortemente o desenvolvimento de currículos escolares em diferentes partes do mundo. As principais tendências internacionais em educação incluem a ênfase na inclusão, na diversidade cultural e linguística, na educação para a cidadania global, no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e na integração de tecnologias digitais (OLIVEIRA, 2014; PUNIA, 2016).

Uma das principais mudanças que estão ocorrendo na forma como os currículos são desenvolvidos e implementados é a adoção de uma abordagem mais centrada no aluno. Isso significa que os currículos estão sendo projetados para atender às necessidades e interesses dos alunos, levando em consideração seus diferentes contextos e culturas.

Outra mudança importante é a incorporação de perspectivas não ocidentais nos currículos escolares. Isso inclui o reconhecimento e valorização das culturas e conhecimentos locais, bem como a promoção da diversidade cultural e linguística. Além disso, os currículos escolares estão incorporando questões sociais e políticas relevantes, como direitos humanos, sustentabilidade e justiça social (APPLE, 2018).

As tecnologias digitais também estão desempenhando um papel importante na forma como os currículos são desenvolvidos e implementados. As tecnologias digitais estão sendo usadas para melhorar o acesso ao conhecimento, promover a aprendizagem ativa e colaborativa, e desenvolver habilidades digitais relevantes para o mundo atual (BALL, 2018).

A avaliação dos currículos escolares também está passando por mudanças significativas, com uma ênfase crescente na avaliação formativa e na medição de habilidades socioemocionais. As políticas públicas e as práticas educacionais estão sendo adotadas para melhorar a qualidade dos currículos escolares, incluindo o desenvolvimento de currículos mais inclusivos e relevantes para o contexto globalizado (SANTOS, 2000; 2010; PUNIA, 2016; SACRISTÁN, 2013).

Em resumo, os resultados indicam que os currículos escolares estão evoluindo em resposta à globalização e às demandas de uma sociedade em rápida mudança. As principais tendências internacionais em educação estão influenciando a forma como os currículos são desenvolvidos e implementados, com uma ênfase crescente na inclusão, diversidade, habilidades socioemocionais, tecnologias digitais e avaliação formativa.

6 DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa apontam para diversas tendências internacionais em educação que têm influenciado o desenvolvimento dos currículos escolares, especialmente em relação à diversidade cultural e à inclusão. A globalização tem sido uma força impulsionadora para o desenvolvimento de currículos mais abrangentes e com uma visão mais global, que levam em consideração as perspectivas não-ocidentais e a diversidade de experiências culturais e étnicas dos alunos.

A revisão bibliográfica também destaca a importância das tecnologias digitais na educação e no desenvolvimento de currículos escolares mais inclusivos e relevantes para o contexto globalizado. A utilização de tecnologias digitais pode oferecer novas oportunidades para os educadores e alunos, permitindo o acesso a diferentes formas de conhecimento e possibilitando a construção colaborativa de conhecimento.

A discussão dos resultados em relação aos objetivos da pesquisa e à revisão bibliográfica indica que a globalização tem uma influência significativa sobre o currículo escolar, principalmente no que diz respeito às tendências internacionais em educação. Dentre as principais tendências identificadas, destacam-se a preocupação com a diversidade e inclusão, o desenvolvimento de currículos globais e o uso das tecnologias digitais.

A diversidade e inclusão se tornaram temas cada vez mais relevantes para a educação, especialmente no contexto globalizado. A inclusão de diferentes perspectivas culturais, étnicas, linguísticas e de gênero no currículo escolar é fundamental para garantir que os estudantes estejam preparados para atuar em uma sociedade cada vez mais diversa. Além disso, a inclusão também pode contribuir para a redução das desigualdades educacionais e sociais, bem como para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática.

O desenvolvimento de currículos globais é outra tendência que vem ganhando destaque nos últimos anos. Isso se deve, em grande parte, à crescente interconectividade entre as nações e ao aumento da demanda por profissionais capazes de atuar em um contexto internacional. Nesse sentido, os currículos globais buscam preparar os estudantes para uma sociedade globalizada, fornecendo-lhes habilidades e conhecimentos que possam ser aplicados em diferentes contextos culturais e geográficos.

Finalmente, a tecnologia digital está cada vez mais presente na educação, e os currículos escolares precisam se adaptar a essa realidade. As tecnologias digitais oferecem oportunidades para a criação de novas formas de aprendizagem, aprimoramento da interação entre estudantes e professores e ampliação do acesso ao conhecimento. No entanto, seu uso também pode apresentar desafios, como a necessidade de atualização constante dos currículos e o risco de exclusão digital.

Em resumo, a globalização apresenta oportunidades e desafios para os educadores na elaboração e implementação dos currículos escolares. É fundamental que as escolas estejam atentas às tendências internacionais em educação e busquem desenvolver currículos inclusivos e globais, que possam preparar os estudantes para atuar em um mundo cada vez mais interconectado. Além disso, é necessário aproveitar as oportunidades oferecidas pelas tecnologias digitais, sem deixar de lado a necessidade de garantir o acesso ao conhecimento para todos os estudantes.

Por fim, é fundamental que haja um esforço global para promover a diversidade e a inclusão nos currículos escolares, de modo a preparar os alunos para um mundo cada vez mais complexo e diverso. A pesquisa aponta para a necessidade de uma abordagem mais ampla e holística do currículo escolar, que leve em consideração as demandas do mercado de trabalho, as tendências internacionais em educação e as necessidades dos alunos, de modo a garantir que o aprendizado seja relevante e significativo.

No geral, os resultados da pesquisa lançam luz sobre várias tendências internacionais de educação que estão influenciando o desenvolvimento dos currículos escolares, especialmente no que diz respeito à diversidade cultural e inclusão. A globalização tem sido uma força motriz para o desenvolvimento de currículos mais abrangentes com uma perspectiva mais global que leva em conta as perspectivas não-ocidentais e a diversidade de experiências culturais e étnicas dos alunos.

A revisão da literatura também destaca a importância das tecnologias digitais na educação e no desenvolvimento de currículos escolares mais inclusivos e relevantes para o contexto globalizado. O uso de tecnologias digitais pode oferecer novas oportunidades para educadores e alunos, permitindo o acesso a diferentes formas de conhecimento e possibilitando a construção colaborativa do conhecimento.

No entanto, há desafios a serem superados na implementação dessas tendências. A diversidade cultural e a inclusão podem ser difíceis de abordar, especialmente em países com histórico de exclusão e desigualdade. Além disso, a avaliação dos currículos escolares e o impacto dessas mudanças na aprendizagem dos alunos ainda são tópicos que precisam ser mais explorados.

Portanto, a pesquisa aponta para a necessidade de um currículo escolar que leve em conta a diversidade cultural e étnica, as perspectivas não ocidentais e a relevância do conhecimento no contexto globalizado. Os educadores desempenham um papel fundamental na construção de currículos inclusivos e relevantes e devem estar abertos a novas abordagens pedagógicas que possam enriquecer a aprendizagem dos alunos. Além disso, é importante que os sistemas educativos forneçam apoio e recursos aos educadores, a fim de lhes permitir lidar com a diversidade cultural e as novas tecnologias.

Finalmente, há um esforço global necessário para promover a diversidade e a inclusão nos currículos escolares, para preparar os alunos para um mundo cada vez mais complexo e diversificado. A pesquisa aponta para a necessidade de uma abordagem mais holística dos currículos escolares que leve em conta as demandas do mercado de trabalho, as tendências internacionais de educação e as necessidades dos alunos, para garantir que a aprendizagem seja relevante, significativa e inclusiva para todos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada buscou investigar as principais tendências internacionais em educação que estão influenciando os currículos escolares, bem como as mudanças que estão ocorrendo na forma como os currículos são desenvolvidos e implementados. Por meio da revisão bibliográfica realizada, foi possível identificar as seguintes tendências: ênfase na formação de habilidades e competências para a vida, abordagem interdisciplinar e integrada do conhecimento, valorização da diversidade cultural e inclusão, uso de tecnologias digitais e avaliação contínua do currículo.

A globalização tem desempenhado um papel importante na transformação dos currículos escolares, demandando uma formação mais ampla e atualizada para os estudantes, com ênfase em habilidades e competências que permitam atuar em um mundo cada vez mais conectado e dinâmico. A abordagem interdisciplinar e integrada do conhecimento também é uma tendência, com a busca por conexões entre as diferentes áreas do conhecimento e a promoção de uma visão mais ampla e integrada do mundo.

A valorização da diversidade cultural e a inclusão são questões centrais nos currículos escolares atuais, com o objetivo de promover a equidade e a justiça social. As tecnologias digitais também estão transformando a forma como o conhecimento é construído e compartilhado, e têm sido cada vez mais incorporadas aos currículos escolares. Por fim, a avaliação contínua do currículo é importante para garantir que os objetivos educacionais estejam sendo alcançados e que as mudanças necessárias sejam implementadas.

As implicações dos resultados para a prática educacional são diversas, destacando-se a necessidade de uma formação mais ampla e atualizada para os estudantes, com ênfase em habilidades e competências para a vida. É importante também que os currículos escolares promovam a valorização da diversidade cultural e a inclusão, para garantir a equidade e a justiça social. Além disso, é preciso integrar as tecnologias digitais de forma efetiva no currículo, a fim de aproveitar suas oportunidades e superar seus desafios.

Sugere-se, como pesquisas futuras, a investigação de como as tendências identificadas estão sendo implementadas na prática educacional em diferentes contextos, bem como a avaliação dos impactos dessas tendências sobre a aprendizagem dos estudantes. Também seria relevante explorar como as tecnologias digitais podem ser utilizadas de forma mais efetiva para promover a aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para o século XXI.

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