Dossier
Recepção: 30 Dezembro 2024
Aprovação: 30 Abril 2025

Resumo: Este artigo tem como objetivo compreender como o jornal Diário da Tarde fez circular a representação da poliomielite, destacando as ações educativas em saúde para à população na cidade de Curitiba. Tais ações são compreendidas como a divulgação de medidas de prevenção contra a doença, pontuadas de explicações médicas sobre a poliomielite, a publicação de discursos médico-sanitários, e as notícias sobre a chegada da vacina Salk e mais tarde da vacina Sabin. O recorte temporal desta pesquisa está compreendido entre início dos anos 1950, quando começam a aparecer com maior frequência as notícias referentes a um imunizante contra a poliomielite e o ano de 1962, quando da substituição da vacina Salk (injetável) pela vacina Sabin (oral). Essa troca de vacinas promoveu uma mudança nos discursos veiculados pela imprensa, que passaram a ressaltar a facilidade de administração e menor desconforto da vacina Sabin quando comparada a vacina Salk.
Palavras-chave: História da Educação para a saúde, História da Vacinação, Ações educativas, Poliomielite, Curitiba.
Resumen: Este artículo tiene como objetivo comprender cómo el periódico Diário da Tarde difundió la representación de la poliomielitis, destacando las acciones educativas en salud para la población en la ciudad de Curitiba. Tales acciones son entendidas como la divulgación de medidas de prevención contra la enfermedad, acompañadas de explicaciones médicas sobre la poliomielitis, la publicación de discursos médico-sanitarios, y las noticias sobre la llegada de la vacuna Salk y, más tarde, de la vacuna Sabin. El período temporal de esta investigación abarca desde principios de la década de 1950, cuando comienzan a aparecer con mayor frecuencia las noticias relacionadas con un inmunizante contra la poliomielitis, hasta el año de 1962, cuando se sustituye la vacuna Salk (inyectable) por la vacuna Sabin (oral). Este cambio de vacunas promovió una modificación en los discursos difundidos por la prensa, que pasaron a resaltar la facilidad de administración y menor incomodidad de la vacuna Sabin en comparación con la vacuna Salk.
Palabras clave: Historia de la Educación para la Salud, Historia de la Vacunación, Acciones Educativas, Poliomielitis, Curitiba.
Abstract: This article aims to understand how the newspaper Diário da Tarde circulates to the representation of polioelite, highlighting the educational actions in health for the population of the city of Curitiba. These include the dissemination of preventive measures against the disease, the publication of medical explanations about poliomyelitis, the publication of medical and health discourses and news about the Salk vaccine and the Sabin vaccine. The shortening of the time of this research is understood between the beginning of the 1950s, when it began to appear more frequently as news about an immunizer against poliomyelitis, and the year 1962, when the Salk vaccine (injectable) was replaced by the Sabin vaccine (oral). This exchange of vaccines promotes a change in the discourses published by the press, which began to emphasize the ease of administration and less discomfort of the Sabin vaccine when compared to the Salk vaccine.
Keywords: History of Health Education, History of Vaccination, Educational actions, Polio, Curitiba.
Introdução
A descrição concisa, apresentada no romance Nêmesis, de Philip Roth (2011), acerca do caso de poliomielite de Franklin Delano Roosevelt (1889-1945), pode nos dar uma visão do sofrimento e dos desafios sociais dos afetados por uma enfermidade que não recebeu muita atenção médica antes do final do século XIX, mesmo com evidências de que atingia a humanidade há séculos. A data precisa da infecção do homem que lideraria os Estados Unidos de 1932 a 1945 é incerta, mas tudo indica que ocorreu no verão de 1921, enquanto ele e sua família viajavam para a casa de férias em Campobello Island, na costa canadense. No local, Roosevelt apresentou os primeiros sinais da enfermidade e notou dificuldades para mover as pernas; especialistas consultados confirmaram o diagnóstico da poliomielite (Roth, 2011).
Segundo Maynard e Headley (2000), a poliomielite é conhecida desde a antiguidade no Egito. Um achado arqueológico em artefatos da XVIII Dinastia (1580-1350 a.C.) mostra um homem com atrofia e encurtamento do membro inferior direito, características que podem ser características de indivíduos afetados pela doença. No entanto, mais de um milênio depois, no final do século XIX, a poliomielite passou a ser reconhecida como um grave problema de saúde pública, quando surgiram epidemias dessa enfermidade no norte da Europa (Silva y Câmara, 2011). O maior temor de contrair poliomielite, além do risco de morte, residia nas sequelas motoras e permanentes que essa enfermidade poderia causar.
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma enfermidade viral infecciosa que pode evoluir desde uma infecção silenciosa até formas paralíticas. Além disso, pode levar à morte se houver paralisia nos músculos respiratórios e deglutidores. O vírus da poliomielite foi descoberto em 1908 por Karl Landsteiner e Edwin Popper. Eles "replicaram a doença em primatas não humanos, através da inoculação de tecido nervoso de pacientes com poliomielite, confirmando a existência do vírus nos animais que foram submetidos ao experimento" (Waldman, 2019: 25).
A transmissão pode ocorrer tanto de forma direta, de pessoa para pessoa, por meio de gotículas que exalamos ao falar, tossir ou espirrar; quanto através de objetos que tocamos ou alimentos e água que foram contaminados com as fezes dos doentes (Brasil, 1988).
Este é o panorama da enfermidade conhecida desde a segunda metade do século XX. No entanto, até a década de 1940, a medicina dispunha de poucas informações unanimes sobre essa enfermidade. A compreensão da poliomielite sofreu diversas mudanças, desde a identificação do vírus causador e os métodos de transmissão, até a criação de vacinas para combater a enfermidade. Neste processo, foi enfatizada a atuação da National Foundation for Infantile Paralysis (NFIP), estabelecida em 1937 pelo presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, com financiamento privado. A NFIP é conhecida como a Fundação March of Dimes, uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a aprimorar a saúde de mães e bebês.[1]
No início do século XX, praticamente todos os países europeus experimentaram surtos epidêmicos de poliomielite. Durante o mesmo intervalo, vários surtos de pólio ocorreram tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos, com a mesma gravidade que nos países europeus. Na América do Sul, particularmente entre 1940 e 1950, ocorreram surtos de poliomielite no Uruguai, Chile, Costa Rica, Peru, Guatemala e Brasil. Na Argentina, a poliomielite atingiu seu pico de transmissão no ano de 1943, com uma incidência de 10,6 afetados por cada 100 mil pessoas, seguido por 13,0 em cada 100 mil pessoas em 1953 e 33,3 em cada 100 mil pessoas em 1956 (Barros, 2009).
Em meados da década de 1930, com o aumento da urbanização e industrialização, os casos de poliomielite tornaram-se mais comuns nas áreas urbanas, tornando a doença um problema de saúde pública (Tavares, 2015). Durante a década de 1950, a poliomielite tornou-se comum em diversas cidades do Brasil e, em 1953, no Rio de Janeiro, aconteceu o maior surto de poliomielite já documentado no país (Brasil, 1988).
Para Chartier, a noção de representação “permite vincular estreitamente as posições e as relações sociais com a maneira como os indivíduos e os grupos se percebem e percebem os demais” (Chartier 2010: 49). Nesse sentido, identificar qual a importância, como também, os significados que foram atribuídos à poliomielite em veículos de comunicação para a população paranaense em especial na cidade de Curitiba, através das publicações de um jornal diário da época, nos permite entender como desenvolveu-se o discurso estratégico das autoridades de saúde para as campanhas de vacinação contra a poliomielite, através das páginas de um periódico que circulava na época na cidade de Curitiba. Foram utilizadas como fontes, notícias e algumas imagens encontradas no jornal Diário da Tarde, disponibilizado na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, como também, na Biblioteca Pública do Paraná em Curitiba. Metodologicamente, este trabalho foi balizado por um recorte espacial da cidade de Curitiba e um recorte temporal do período compreendido entre o início dos anos 1950, quando começam a aparecer com maior frequência as notícias referentes a um imunizante contra a poliomielite e o ano de 1962 com a substituição da vacina Salk (injetável) pela vacina Sabin (oral).
O jornal Diário da Tarde, juntamente com os jornais O Dia e Gazeta do Povo, foi um dos três jornais de maior circulação na capital paranaense no período selecionado para a pesquisa. O periódico foi um importante meio de difusão de preceitos médico-sanitários e, também se denominava “independente” de qualquer ação partidária, prometendo “imparcialidade” ao publico leitor. (Conceição, 2012: 14). Utilizou-se o recurso de busca por palavras na coleção do jornal Diário da Tarde de forma a localizar as matérias que continham as palavras “poliomielite” e/ou “paralisia infantil” e/ou “vacinação”. Somente, após a leitura e análise inicial restringiu-se o corpus documental com as notícias que continham as palavras utilizadas na busca. Após a seleção das matérias, as mesmas foram categorizadas em três grupos, sendo: os conselhos ao povo, o discurso médico-sanitário e as campanhas educativas de vacinação que utilizam a iconografia a partir do começo da década de 1960. Os conselhos ao povo, nos primeiros anos dos anos 50 do século XX, abordavam principalmente a precaução da poliomielite. A atenção dos leitores deve ter crescido bastante quando, em 4 de fevereiro de 1952, o jornal Diário da Tarde informou que tinham sido registrados 30 casos de poliomielite no norte do Estado do Paraná e que seis crianças morreram.
O discurso médico nos anos 1950 tratava do agente etiológico, a transmissão da poliomielite, sua fisiopatologia, diagnóstico, complicações e que não havia cura para a mesma. Nos anos 1960 ressaltava-se também a importância da vacinação como única forma de prevenção de se contrair a Poliomielite e possíveis complicações.
Foi neste período, com o concomitante aumento de casos de poliomielite no Brasil, que as notícias sobre a poliomielite começaram a ocupar mais espaço nas páginas de jornais de Curitiba, capital do estado do Paraná.
A poliomielite e a vacina Salk em Curitiba
Curitiba é a capital do Estado do Paraná, localizado na região sul do Brasil. Foi estabelecida em 1693 e manteve um ritmo acelerado de desenvolvimento urbano, impulsionado pela presença de vários imigrantes europeus durante o século XIX, principalmente alemães, poloneses, ucranianos e italianos. O comércio favorecia a concentração e circulação dos cidadãos. A economia consistia na década de 1950 em grande e pequena indústria. Havia cerca de 400 estabelecimentos fabris, utilizando o trabalho de mais de 12.000 operários. Predominavam as indústrias de produtos alimentícios, mobiliário, as do vestuário, as químicas e farmacêuticas, as têxteis.[2]
A partir da virada para o século XX, foi evidente a ênfase na educação para a saúde com o objetivo de controlar e instruir a população sobre formas específicas de combater doenças, mas, principalmente, almejando educar para transformar maneiras de vida consideradas inadequadas, quando o tema era a manutenção da saúde. Saúde que seria do indivíduo, mas também da nação, já que se repousava sobre a idealidade de corpos sãos e educados, a de uma nação igualmente equilibrada e cheia de potencialidades (Bertucci y Mota, 2014; Bertucci, Mota y Schraiber, 2017). Com a generalização das epidemias, tornou-se possível, pela imprensa, perceber a ansiedade da população, e o novo desafio que a situação colocava para médicos e autoridades, bem como as respostas que estes receberam da sociedade brasileira. Assim, ao estudarmos a história da poliomielite e de sua erradicação, percebemos a complexidade de aspectos envolvidos: políticos, sociais, culturais, científicos e econômicos. Nesse sentido, toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção sócio- econômica, politico e cultural.
No período do pós Segunda Guerra Mundial e das discussões científicas sobre o desenvolvimento de uma vacina contra a paralisia infantil, o estado do Paraná foi marcado por crescimento demográfico, urbanização e diversificação industrial, um processo evidente em Curitiba.[3] Foi no início da década de 1950, quando a população de Curitiba estava se preparando para festejar o centenário da criação da província, depois estado, do Paraná, que começaram a circular, no jornal Diário da Tarde, as primeiras notícias sobre uma futura vacina contra a poliomielite que estava sendo desenvolvida nos Estados Unidos, com o apoio financeiro do NFIP. O jornal Diário da Tarde que se autodenominava “independente de qualquer filiação político-partidária”, fundado em 18 de março de 1899 por Estácio Correa (justificou sua criação “[em] virtude da necessidade que sente o nosso Estado de uma folha que seja, entre as lutas partidárias, um elemento ponderativo”.[4]
Nesse período no Brasil, a dispersão da doença para diversas regiões do país era uma realidade. Em 1953, houve no Rio de Janeiro a maior epidemia registrada na cidade, que atingiu a taxa de 21,5 casos por 100 mil habitantes. A dispersão crescente da doença, mesmo que evidenciada a partir de relatos isolados e de informações incompletas, era algo similar ao que ocorria em outras partes do mundo (Risi Júnior; Nogueira, 2002).
Nesse mesmo ano, o jornal Diário da Tarde publicou que uma comissão de oito cientistas nomeada pela Organização Mundial de Saúde, tinha reforçado a inexistência de um remédio para a paralisia infantil. Reforçando considerações que a paralisia infantil penetrava no organismo pela boca e que era altamente contagiosa e perigosa, recomendava que as pessoas afetadas por qualquer doença que possa originar suspeitas de paralisia, devem ser postas de quarentena, até que se comprove a verdadeira natureza da enfermidade.
No início dos anos 1950, é possível perceber como a circulação de informações sobre a poliomielite se conjugavam com a percepção dessa doença como um “mal” a combater, tanto pela ameaça de morte, quanto devido às sequelas que muitas vezes deixava (Nascimento, 2010).
Também em 1953 o anúncio da descoberta por Jonas Salk de uma vacina ganhou manchetes mundiais e, um ano depois, ela foi aprovada para ser usada nos Estados Unidos (Fernandes et al, 2021). Jonas Salk iniciou sua carreira como pesquisador na Universidade de Michigan em 1941, trabalhando no desenvolvimento da primeira vacina para influenza com seu mentor, Thomas Francis Jr. Em 1947, Salk se mudou para a Universidade de Pittsburgh, onde se tornou pesquisador associado em bacteriologia e diretor do Laboratório de Pesquisa Viral na Escola de Medicina na Universidade de Pittsburgh, iniciando assim suas pesquisas com a poliomielite (Beale, 2011).
A vacina Salk, ou vacina do poliovírus inativado (IPV) é baseada no crescimento do poliovírus em cultura de células renais de um tipo de macaco, sendo o vírus inativado quimicamente com formalina. Após duas doses da IPV (administradas por injeção), 90% ou mais dos indivíduos desenvolvem anticorpos protetores contra os três sorotipos do poliovírus e, no mínimo, 99% das pessoas se tornam imunes ao poliovírus após três doses (Fiocruz, 2022).
No Brasil, a introdução da vacina Salk apresentou muitas dificuldades, principalmente por insegurança quanto à sua utilização devido ao acontecimento que ficou conhecido como Incidente Cutter.[5]
As notícias veiculavam ações educativas que deveriam ser adotadas pela população, reafirmando as precauções já difundidas, alertando que não havia cura e que casos suspeitos deveriam ficar isolados até a elucidação do quadro geral da pessoa. Nesse período, como escreveu Maranhão (2010), embora muito se tivesse aprendido sobre o comportamento do vírus que causava a pólio, não existia otimismo dos cientistas sobre a possibilidade de se desenvolver de maneira prática uma vacina com as técnicas disponíveis.
Em uma publicação do Diário da Tarde no dia 5 de maio de 1955, um artigo que afirmava que nenhuma notícia poderia ser mais alvissareira e sensacional para o mundo tão vazio atualmente de boas notícias e que finalmente foi descoberta uma vacina contra a poliomielite. O texto informava que Jonas E. Salk era o descobridor da vacina e colocava seu nome no mesmo patamar de outras cientistas vivos, como Alexander Fleming, que tinha descoberto a penicilina
Mas as semanas passavam e enquanto notícias sobre a referida vacina diminuíam, em fevereiro de 1954 o Diário da Tarde reiterava que ainda não era possível dispor de profilaxia ou de uma forma de cura da poliomielite e dessa maneira aconselhava sobre práticas cotidianas e também ações mais gerais diante da identificação de casos da doença, como por exemplo, Lavar as mãos antes de comer e após o uso do vaso sanitário, como também, evitar as relações diretas, o aperto de mãos, o uso comum de utensílios, toalhas, etc. com membros de uma família onde tenha havido um caso de poliomielite durantes as três últimas semanas.
Assim, as medidas educativas recomendadas por autoridades sanitárias ou médicas em periódicos de Curitiba tinham como estratégia (Certeau, 2011) influenciar a sociedade. O objetivo era alterar hábitos e promover hábitos saudáveis, fundamentais na batalha contra a poliomielite. Assim, com base nas considerações de Michel de Certeau (2011), a estratégia pode ser vista como uma manipulação das relações de poder (entre autoridades sanitárias, cientistas e médicos), visando alterar ou incorporar medidas preventivas contra a enfermidade pelos habitantes de Curitiba. A primeira vacina antipólio, anunciada em 1953 pelo médico Jonas Salk, teve um impacto significativo no processo educativo.
Em 1955, quando o uso da vacina se difundia internacionalmente e a descoberta louvada pela imprensa de vários países, artigo do jornal Diário da Tarde, de 22 de abril, emitiu apelo ao governo federal para que envidasse todos os esforços para o Brasil, seus estados e municípios recebessem a vacina Salk em grande quantidade e distribuindo-a a preços compensadores e que era urgente proteger, sem distinção, crianças e jovens de todo o país. Foi iniciada a utilização da vacina Salk no Brasil no ano de 1956, sendo primeiramente "administrada em programas-piloto nos Centros de Saúde na cidade do Rio de Janeiro para crianças de 6 meses a 3 anos de idade" (Risi Junior, 2019: 97).
Com a chegada da vacina Salk no Brasil, a relação salubridade e higiene como meio de prevenção contra a poliomielite vai desaparecendo dos textos da imprensa diária, na mesma medida houve uma crescente atenção, e cobrança das autoridades municipais e estatais, relacionadas à vacina. As medidas educativas contra a poliomielite propostas para o povo curitibano teve, com o advento da vacina Salk, um elemento divisor nas ações educativas difundidas nas páginas do Diário da Tarde. A partir do ano de 1955 (data do anúncio da descoberta do imunizante), as notícias começam a despontar com um discurso para a promoção da vacinação, como única maneira de prevenção contra a poliomielite.
Entre idas e vindas para a aquisição e aplicação da vacina, disputas políticas se insinuam, mas a vacinação começou, efetivamente, em Curitiba no início de 1958 e, em notas curtas, artigos ou campanhas para a vacinação, na capital paranaense, mas também em outras cidades, as notícias traziam informações em linguagem simples com o objetivo de atingir o maior número de pessoas, com destaque evidente para as mulheres-mães, o principal público-alvo das mensagens de prevenção contra a poliomielite.
No jornal Diário da Tarde, muitas imagens de crianças com muletas ou em cadeiras de rodas foram veiculadas, entre elas a editada no texto “Progridem os EUA na campanha contra a poliomielite” que circulou em 12 de dezembro de 1960, com crianças em cadeiras de rodas jogando basquete, impossibilitadas que estavam, devido a paralisa, da prática corriqueira do jogo. A matéria afirmava que os Estados Unidos estavam fazendo progressos na “campanha para dominar” a poliomielite através da vacina Salk, reforçava para os paranaenses em geral, e curitibanos em particular, a importância da vacinação.
Mas o texto publicado naquele 12 de dezembro ia além, e informava que dentro de um ano, aproximadamente, poderia estar em uso no Brasil a chamada vacina Sabin, muito eficaz contra a paralisia infantil, administrada por via oral.
Discussões no Brasil sobre a vacina contra a poliomielite que estaria sendo elabora com vírus vivo atenuado haviam aumentado no final da década de 1950 (Risi Junior, 2019). Os debates de autoridades e médicos brasileiros, consideravam a possibilidade de sua longa eficácia e principalmente a facilidade de aplicação, por via oral, como as principais vantagens.[6]
Foi nesse contexto de vacinação contra a poliomielite com a vacina Salk,que no mês de agosto de 1960, após anos de estudos, realizados especialmente por Albert Sabin na Universidade de Cincinnati (Ohio), o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos aprovou a fabricação de uma vacina elaborada com vírus vivo atenuado (OPV), administrada por via oral, e concedeu licenciamento para o imunizante ser aplicado em todo o país (Risi Júnior, 2019). Conforme foi difundido posteriormente, uma única dose da OPV de Sabin produzia imunidade contra os três sorotipos de poliovírus em cerca de 50% dos que a tinham recebido. Com três doses a vacina produzia anticorpos protetores contra os três sorotipos em mais de 95% dos vacinados. (Fiocruz, 2022). A recomendação geral seria a administração de duas doses da Sabin, separadas por intervalo de dois meses.
A vacina Sabin no Brasil e depois em Curitiba
A publicação dessas notícias em Curitiba coincidiu com a divulgação no Brasil da aprovação da vacina Sabin e as informações sobre a utilização do imunizante nos Estados Unidos concorreram para que a Academia Nacional de Medicina pedisse ao Ministério da Saúde que manifestasse à Organização Pan-Americana de Saúde interesse em realizar um ensaio de vacinação com vírus atenuado no país, dando-se prioridade a grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro (Risi Junior, 2019).[7]
Depois dessas tratativas, que tiveram resultado positivo, o governo do estado de São Paulo executou, entre julho e outubro de 1961, um plano de vacinação no município de Santo André, localizado próximo à capital paulista; atuaram 120 vacinadores e mais 15 educadores sanitários, que realizaram várias ações educativas sobre a importância e eficácia da vacina Sabin. A cidade foi escolhida por oferecer facilidades logísticas e devido a confiabilidade de seus dados demográficos (Risi Junior, 2019).
No contexto dessas campanhas de vacinação, em outubro de 1961 o Diário da Tarde publicou um apelo, assinado pelo deputado estadual Miguel Dinizio, que reiterava pedido realizado ao governo do Paraná para que fosse firmado um convênio do Estado com o Ministério da Saúde para a obtenção de vacinas Sabin.
O deputado alertava sobre as graves consequências que poderão advir para o Paraná se houver um surto de paralisia infantil. Nenhum outro comentário foi publicado sobre tal solicitação, talvez porque tenha acontecido vacinação contra a poliomielite no estado do Paraná em 1961, mas com a vacina Salk. Vacina cuja eficácia não estava sendo questionada nacional ou internacionalmente, mas cujo recebimento pelo governo do Estado tinha sido marcado por contratempos que ganharam as páginas dos jornais.
Conforme o governador Ney Braga, “a Secretaria de Saúde realizou grande esforço visando levar a vacinação ao maior número de pessoas possíveis" e a imunização contra a poliomielite tinha sido parte do “esquema de ação preventiva” estatal.[8] Segundo dados da Secretaria, em 1961 as Unidades Sanitárias do Paraná vacinaram cerca de 780.000 pessoas, em um período que a população paranaense começa a superar 4.268.000 habitantes.[9]
No Paraná a vacina contra a poliomielite começava a fazer parte do rol das vacinas que eram disponibilizadas corriqueiramente à população. Em números inteiros, os totais de doses de vacinas aplicadas nesse ano no Estado. Mesmo não sendo disponibilizado o número de curitibanos imunizados nessa empreitada contra a poliomielite, é possível considerar que muitos moradores da localidade, sede do governo estadual e local prioritário na distribuição da antipólio tenha sido alvo privilegiado da campanha realizada em 1961, e muitas crianças, dentre os cerca de 356.830 moradores locais,[10] tenha recebido o imunizante.
No dia 9 de abril de 1962, o jornal Diário da Tarde publicou um artigo intitulado "Campanha de vacinação oral contra a poliomielite", no qual informava aos seus leitores sobre uma nova campanha que a Secretaria de Saúde do estado estava preparando, aguardando a chegada das doses da vacina Sabin do Ministério da Saúde.
Vários habitantes de Curitiba podem ter ficado surpresos com a nova forma de administrar a vacina contra a paralisia infantil. Para muitos, a vacina Sabin deve ter se apresentado apenas como uma variante ligeiramente distinta do mesmo produto. Por fim, considerações médicas sobre a eficácia superior do imunizante produzido com vírus vivo atenuado, a rapidez da vacinação oral e o custo reduzido (sem o uso de seringas e agulhas) não foram mencionadas nas colunas do Diário da Tarde ou de outro periódico da Capital.
Em Mensagem sobre o ano de 1962, enviada pelo governador Ney Braga à Assembleia Legislativa do Paraná, foi informado que, em maio de 1962, tinha sido realizada a Campanha de Vacinação Oral contra a Poliomielite em 121 cidades paranaenses, nas quais foram efetuadas 420.000 vacinações. Braga informou que a iniciativa foi impulsionada pelo contato com indivíduos infectados com poliomielite nas imediações de Cidade Gaúcha (pequeno município situado no oeste do Paraná). Isso levou a Secretaria de Saúde a estabelecer um programa de emergência na região, aplicando 10.000 doses da vacina Sabin. Essas informações foram obtidas do Ministério da Saúde, evitando um agravamento da situação ao restringir os casos de pólio aos primeiros que foram notificados.[11]
No entanto, apesar do aumento do uso da vacina Sabin no Paraná e das opiniões favoráveis dos médicos sobre sua utilização, somente alguns meses após a primeira iniciativa para a aplicação em larga escala desta vacina no Estado, em 27 de agosto de 1963, o Diário da Tarde publicou a única referência ao criador da vacina durante os primeiros anos de utilização da vacina Sabin. Um comunicado anunciou que Albert Sabin, o inventor da vacina oral contra a poliomielite, seria homenageado naquela ocasião pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Entre o segundo semestre de 1960 e 1961 o que os artigos referentes à poliomielite mais discutiam era a compra da vacina Salk e ações governamentais relativas à vacinação contra a poliomielite, em Curitiba e outras cidades do Paraná. Paralelamente começaram a pontuar no final do ano de 1961 notícias sobre a descoberta de uma nova vacina, de aplicação oral, descoberta por Albert Sabin.
Entretanto, quando a vacina oral contra a poliomielite foi aprovada e chegou ao Brasil os jornais curitibanos não fizeram grande alarde, como tinha ocorrido quando foi anunciada a vacina Salk, talvez por já haver um imunizante disponível para proteger as crianças contra a poliomielite.
O interesse dos curitibanos pelo novo imunizante contra a poliomielite deve ter crescido nos primeiros meses de 1962, quando o governo do estado anunciou uma campanha de vacinação com a vacina Sabin entre 1º e 5 de maio. No dia 9 de abril o Diário da Tarde informou que a vacinação em Curitiba, seria realizada por intermédio de 54 postos distribuídos em toda a cidade. Toda a população foi solicitada a colaborar, e especialmente entidades assistenciais, recreativas e esportivas, como também a solicitação de pessoal voluntário para auxiliar os trabalhos de registro das vacinas distribuídas.
Diferentemente da vacina Salk, administrada por injeção intramuscular, a vacina Sabin, administrada por via oral, deveria tornar o ato de vacinar mais rápido (mesmo que especializado), o que demandaria pessoal para agilizar atividades prévias e a “burocracia” relacionada a aplicação, o que facilitaria a rápida aplicação do imunizante.
Também ficava evidente que as campanhas de vacinação passaram a ser literalmente dirigidas para as mães a partir da chegada da vacina Sabin em 1961, pois o crescimento do número de imagens publicadas nos jornais de mães com crianças no colo recebendo a nova vacina foi acompanhado da diminuição da divulgação de fotografias de crianças com muletas, cadeiras de rodas ou suporte para as pernas, equipamentos usados em decorrência das sequelas da poliomielite.
No mês de dezembro do ano de 1962, os órgãos de saúde apelavam à população para que vacinassem seus filhos contra a poliomielite, ressaltando que o público não dava a merecida importância ao assunto. Mas como educar a população das diferentes camadas sociais para a vacinação? Quais estratégias foram utilizadas pelos órgãos públicos? E como atingir e sensibilizar o grande público que não tinha acesso ao ambiente escolar para que vacinasse seus filhos? E quanto aos cidadãos que não sabiam ler? Para responder tais questionamentos, uma das estratégias que foram adotadas e reforçadas pelo periódico Diário da Tarde foram mensagens para o grande público. Pôrto e Ponte (2003) ressaltam que a capacidade de entendimento da mensagem por diferentes públicos é essencial para se alcançar os resultados desejados. As informações veiculadas têm de ser de fácil assimilação por toda a sociedade, por que, em geral, sua mensagem visa atingir a todos, e ser capaz de romper barreiras impostas pelo analfabetismo ou por singularidades regionais (Pôrto, Ponte, 2003).
Outra relação que podemos estabelecer entre os jornais e a educação, é que a imprensa periódica pode ser percebida como uma empresa para educar seu público leitor dentro de um projeto civilizatório (Pallares-Burke, 1998). Nesse sentido, o uso dos jornais possibilita desvendar um universo sociocultural amplo, contribuindo assim, de maneira importante para a construção da história da educação, tendo em vista que a educação se realiza por diversas instâncias, não se restringindo ao ambiente escolar ou as publicações específicas destinadas a professores e alunos (Campos, 2009: 21).
Também para Conceição (2012), os jornais eram destinados à parcela minoritária de curitibanos, ou seja, àquelas pessoas que haviam tido acesso à educação, frequentando escolas ou recebendo instrução no interior da casa, como acontecia com muitas mulheres. Havia também os letrados que não compravam jornais e os que sabiam ler e não tinham dinheiro para comprá-los. Mas isso não significa que o conteúdo dos jornais ficava restrito a pouquíssimas pessoas, pois o jornal Diário da Tarde por se caracterizar como periódico de produção diária, ao ser descartado para outros usos, como para embrulhar objetos, passavam pelas mãos de diversas pessoas, despertando interesse e sendo lido de diversas maneiras: pelas imagens, pelos comentários de um leitor ou pela leitura em voz alta de um conhecido ou membro da família alfabetizado (Conceição, 2012: 17).
Nesse sentido, identificar qual a importância, como também, os significados que foram atribuídos à poliomielite em veículos de comunicação para a população paranaense em especial na cidade de Curitiba, através das publicações de um jornal diário da época, nos permite entender como se desenvolveu o discurso estratégico das autoridades de saúde para as campanhas de vacinação contra a Poliomielite, através das páginas de um periódico que circulava na época na cidade de Curitiba. Em relação às imagens veiculadas no referido jornal, Burke ressalta que, “uma vantagem particular do testemunho de imagens é a de que elas comunicam rápida e claramente os detalhes de um processo complexo que um texto levaria muito mais tempo para descrever” (Burke, 2017: 125), alcançando dessa maneira as pessoas que não sabiam ler, como também evidenciar como foram realizadas as fotografias veiculadas no jornal Diário da Tarde, pois de acordo com Aumont, “a produção de imagens jamais é gratuita, e, desde sempre, as imagens foram fabricadas para determinados usos, individuais ou coletivos” (Aumont, 1993: 78).
Além disso, nas imagens veiculadas no jornal Diário da Tarde evidenciavam a aplicação do novo imunizante que não seria realizada através de uma injeção, e sim através de gotas, o que resultava em uma situação de proximidade entre a mãe e a outra mulher, a que aplicava a vacina (não localizadas imagens de homens aplicando a vacina), que com gestos e palavras reforçava a educação das mães para cuidado com o filho. A publicação de tais fotografias sem legendas educavam mais que muitas palavras e o jornal Diário da Tarde com suas publicações concorreria para reforçar o papel preponderante da mulher-mãe para o sucesso das campanhas de imunização contra a poliomielite.
Considerando o processo educativo que marcou o tempo entre a identificação dos primeiros casos da poliomielite em Curitiba e o do início das campanhas de vacinação com a vacina Sabin, que foi abordado especialmente através de indícios encontrados no jornal Diário da Tarde, é possível perceber quanto as atitudes para (re)educar mulheres em nome da manutenção da saúde de seus filhos, foi uma ação que, indiretamente, concorreria para a progressiva diminuição de casos de poliomielite em Curitiba nas décadas seguintes.
Considerações Finais
Desde o final dos anos 30, o jornal paranaense Diário da Tarde começou a veicular notícias sobre a poliomielite, uma enfermidade que poderia resultar em sequelas como a deformidade dos membros inferiores ou até mesmo levar à morte por insuficiência respiratória, causada pela paralisia dos músculos da respiração. Tanto a população de Curitiba quanto a brasileira em geral não tinham conhecimento da doença nas publicações mais acessíveis, devido ao pequeno número de casos notificados no país.
Ainda nos anos 1930, a poliomielite tornou-se mais comum no país, em uma época em que a origem da doença viral era atribuída às condições de higiene e saneamento precárias resultantes do crescimento urbano desordenado, industrialização e aumento populacional nas cidades, incluindo a capital do Paraná. No final de 1939, o jornal Diário da Tarde divulgou várias ocorrências de poliomielite em Curitiba, uma doença também conhecida como pólio e paralisia infantil, até o começo da vacinação com a vacina Sabin em Curitiba.
No período compreendido entre a virada da década de 1940 até meados da década de 1950, as orientações médicas para combater a doença incluíam evitar locais insalubres e manter uma higiene rigorosa. Além disso, para prevenir a propagação da doença, recomendava-se repouso, uma alimentação equilibrada e principalmente a limpeza rigorosa do nariz. Ademais, os profissionais de saúde recomendavam o isolamento não apenas dos indivíduos diagnosticados com poliomielite, mas também dos que apresentavam sintomas sugestivos da enfermidade ou daqueles que tivessem tido contato com alguém infectado pela doença. Naquela época, o panorama geral da doença possibilitava a avaliação tanto do progresso individual de cada paciente, quanto da condição de quem tinha suspeita de ter sido infectado pela pólio.
Neste cenário, artigos e propagandas conduziram uma ação educativa abrangente que atravessou a década de 1940 e se estendeu para a seguinte. Nos noticiários publicados no Diário da Tarde em Curitiba a partir da década de 1950, notou-se um aumento na preocupação de médicos e autoridades governamentais com a poliomielite. Os jornais buscavam alertar a população, especialmente as mães, sobre a relevância de uma atenção redobrada aos riscos da doença, que já causava preocupação a possibilidade de surtos em outras regiões do Brasil.
A necessidade de manter a saúde das crianças motivou a implementação de ações (re)educativas voltadas para as mães, mulheres que há décadas eram privilegiadas na disseminação de orientações e na educação em novos/saudáveis comportamentos. Elas seguiram princípios amplamente aceitos e amplamente difundidos. Reafirmaram que a poliomielite e as sequelas na paralisia infantil não tinham cura.
A trajetória das ações educativas contra a poliomielite sugeridas para a população de Curitiba foi marcada pela introdução da vacina Salk, um marco nas iniciativas educativas divulgadas nas páginas do Diário da Tarde. Desde 1955, ano do anúncio da descoberta do imunizante, as notícias começam a se destacar com um discurso que defende a vacinação como a única forma de prevenção contra a poliomielite.
Com a introdução da vacina Salk no Brasil, a ligação entre a higiene e a prevenção contra a poliomielite está progressivamente desaparecendo dos artigos diários da imprensa. Paralelamente, houve um aumento na atenção e na pressão das autoridades locais e governamentais em relação à vacina. Em meio a idas e vindas para a compra e aplicação da vacina, surgem indícios de conflitos políticos, contudo, a vacinação iniciou-se de fato em Curitiba no começo de 1958 e, através de notas breves, artigos ou campanhas de vacinação, não apenas na capital do Paraná, mas também em outras localidades.
As notícias veiculavam informações de forma clara para alcançar o maior número possível de pessoas, com um foco especial nas mães, o público principal das mensagens de prevenção à poliomielite.
A partir da introdução da vacina Sabin em 1961, as campanhas de vacinação começaram a ser direcionadas diretamente às mães. O aumento no número de imagens divulgadas nos jornais de mães segurando crianças no colo recebendo a nova vacina foi acompanhado pela redução na exposição de imagens de crianças usando muletas, cadeiras de rodas ou apoio para as pernas, equipamentos utilizados devido às sequelas da pólio.
Ademais, as imagens divulgadas no jornal Diário da Tarde mostravam a aplicação do novo imunizante que não seria feita por meio de uma injeção, mas sim por meio de gotas. Isso criava uma relação íntima entre a mãe e a mulher que aplicava a vacina (não foram encontradas imagens de homens aplicando a vacina), que por meio de gestos e palavras, reforçava a educação das mães para o cuidado com os filhos. A divulgação de tais imagens, sem legendas, ensinava mais do que muitas palavras, e o jornal Diário da Tarde, através de suas matérias, contribuiria para enfatizar a importância crucial da mulher-mãe no êxito das campanhas de vacinação contra a poliomielite.
Levando em conta o processo educativo que ocorreu entre a detecção dos primeiros casos de poliomielite em Curitiba e o começo das campanhas de vacinação com a vacina Sabin, especialmente com base em evidências encontradas no jornal Diário da Tarde, fica evidente o quanto as ações de (re)educação das mulheres em prol da saúde de seus filhos contribuíram para a progressiva redução de casos da doença em Curitiba nas décadas subsequentes.
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Notas

