Os indígenas Tupaiús e sua história no município de Santarém/PA

The Tupaiús indigenous people and their history in the municipality of Santarém/PA

El pueblo indígena Tupaiús y su historia en el municipio de Santarém/PA

Moises Daniel de Sousa dos Santos
Universidade Federal de Rondônia, Brasil
Suzanna Dourado da Silva
Universidade Federal de Rondônia, Brasil

Revista Presença Geográfica

Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil

ISSN-e: 2446-6646

Periodicidade: Frecuencia continua

vol. 08, núm. 02, Esp., 2021

rpgeo@unir.br

Recepção: 01 Março 2021

Aprovação: 22 Setembro 2021



Resumo: A pesquisa teve como objetivo evidenciar as representações dos índios Tupaiús na História de Santarém e as possíveis razões da omissão da História destes indígenas a partir da cultura deles na Educação Básica também em Santarém. Para a produção do texto recorremos alguns autores que escreveram sobre os índios Tupaiús e como fonte utilizamos entrevistas com estudiosos deste grupo de indígenas na atualidade. A pesquisa utilizou métodos bibliográficos com abordagem qualitativa e usando o método de análise de conteúdo. Por meio desta investigação desvalemos que a representação dos indígenas foi de grande contribuição dos indígenas Tupaiús para a história de Santarém, ainda hoje, parte de sua herança cultural pode ser percebida por meio dos artefatos de argila e de pedra polida existentes em espaço culturais no município. E importante que o conhecimento sobre a cultura destes índios não fique restrito a uma pequena parcela de privilegiados, e sim, que essa riqueza possa ser percebida, respeitada e valorizada pelos santarenos como uma forma de preservar e valoriza sua própria história, podendo esses ensinos ser iniciados nas Escolas do Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Educação, história, índios, Tupaius, Santarém.

Abstract: The research aimed to highlight the representations of the Tupaiús Indians in the History of Santarém and the possible reasons for the omission of the History of these Indians from their culture in Basic Education also in Santarém. For the production of the text we used some authors who wrote about the Tupaiús Indians and as a source we used interviews with scholars of this group of indigenous people today. The research used bibliographic methods with qualitative approach and using the method of content analysis. Through this investigation we discover that the representation of the indigenous was a great contribution of the Tupaiús Indians to the history of Santarém, even today, part of their cultural heritage can be perceived through the clay and polished stone artifacts existing in cultural spaces in the municipality. It is important that the knowledge about the culture of these Indians is not restricted to a small portion of the privileged, but that this wealth can be perceived, respected and valued by the Santarenes as a way to preserve and value their own history, and these teachings can be initiated in Elementary Schools.

Keywords: Education, history, Indians, Tupaius, Santarém.

Resumen: La investigación tuvo como objetivo resaltar las representaciones de los indios Tupaiús en la Historia de Santarém y las posibles razones de la omisión de la Historia de estos indios de su cultura en la Educación Básica también en Santarém. Para la producción del texto utilizamos algunos autores que escribieron sobre los indios Tupaiús y como fuente utilizamos entrevistas con estudiosos de este grupo de indígenas en la actualidad. La investigación utilizó métodos bibliográficos con enfoque cualitativo y utilizando el método de análisis de contenido. A través de esta investigación descubrimos que la representación de los indígenas fue una gran contribución de los indios Tupaiús a la historia de Santarém, incluso hoy, parte de su patrimonio cultural se puede percibir a través de los artefactos de arcilla y piedra pulida existentes en los espacios culturales del municipio. Es importante que el conocimiento sobre la cultura de estos indios no se restrinja a una pequeña porción de los privilegiados, sino que esta riqueza pueda ser percibida, respetada y valorada por los Santarenes como una forma de preservar y valorar su propia historia, y estas enseñanzas puedan iniciarse en las escuelas primarias.

Palabras clave: Educación, historia, indios, Tupaius, Santarém.

INTRODUÇÃO

A pesquisa teve como objetivo evidenciar as representações dos índios Tupaiús na história de Santarém e as possíveis razões da omissão da história destes indígenas a partir da cultura deles na Educação Básica também em Santarém. Como objetivos específicos buscou-se: investigar de que forma a vila de Santarém foi descoberta; conhecer sobre a História dos índios Tupaiús; refletir sobre a contribuição dos Tupaiús a Santarém.

Quando os portugueses vieram implantar a missão jesuíta no atual território de Santarém, no final do século XVII, foram bem recebidos pelos Tupaiús, porem a catequese, as ideologias da civilização branca e da superioridade europeia desarticularam a cultura dos índios Tupaiús com a imposição do casamento aos indígenas apenas com uma mulher, a proibição dos indígenas cultuarem suas entidades religiosa e seus antepassados, a importância da linguagem portuguesa em detrimento da língua Tupaiús, a obrigação dos indígenas serem batizados com nomes europeus, e a obrigatoriedade dos indígenas servirem os europeus nos mais diversos trabalhos etc. muitos alunos desconhece desta história.

Sendo assim, procurou responder a seguinte problemática: Qual a importância de se repassar aos alunos do ensino fundamental de Santarém a existência dos índios Tupaiús? Como hipótese, parte-se da presunção de que a história de Santarém inicia com os índios Tupaiús, dos quais descendem a maioria dos santarenos. Sendo assim, a escolha do assunto proposto justifica-se pelo fato de existirem poucas obras que tratam que retratam a história dos Tupaiús, primeiros habitantes de Santarém.

A pesquisa teve como objetivo evidenciar as representações dos índios Tupaiús na história de Santarém e as possíveis razões da omissão da história destes indígenas a partir da cultura deles na Educação Básica também em Santarém. Como objetivos específicos buscou-se: investigar de que forma a vila de Santarém foi descoberta; conhecer sobre a História dos índios Tupaiús; refletir sobre a contribuição dos Tupaiús a Santarém.

A metodologia de pesquisa é do tipo qualitativa, bibliográfica e de campo, e tabulação dos dados realizados pelo método de análise de conteúdo. O artigo está dividido em três capítulos: O primeiro e literário e trata sobre a história dos índios Tupaiús na região do Tapajós. O segundo capítulo apresenta a metodologia. O terceiro reflete sobre a contribuição dos Tupaiús na visão da população de Santarém/Pa.

A CONTRIBUIÇÃO DOS TUPAIUS PARA A HISTÓRIA DE SANTARÉM

OS TUPAIÚS E SUA CULTURA

De acordo com Fonseca (1996) não se sabe ao certo quem foram os primeiros habitantes do território ao qual chamamos hoje Santarém, sabe-se que estes povos eram muitos numerosos e que eram “exímios artesãos da argila” e viviam em uma complexa sociedade.

Segundo Santos, (1999, p. 20):

Um dia as hordas Tupaiús se abateram sobre o grande rio. Mataram, arrasaram, queimaram plantações, pilharam, violaram e tomaram posse da taba, esta foi a incerta sorte do povo que viveu na foz do atual rio a tapajós. Seus dominadores foram os Tupaiús.

Santos (1999) afirma que esse povo desconhecido teria ensinado os Tupaiús a trabalhar a argila. Para Macedo (2002), a palavra Tupaiú pode significar, dentre outras variáveis e parônimos das diversas línguas indígenas que existiam na região: enseada escura, taba principal, mergulhador que vai ao fundo do rio etc.

Sussuarana (1991) afirma que havia uma grande taba indígena na enseada escura do atual rio Tapajós, localizada onde hoje e o bairro da Aldeia, os indígenas moradores daquela taba ficaram conhecidos pelas outras etnias indígenas da região Paraná, que significa rio Tupaiús.

Segundo Fonseca (1996, p. 14-15):

Ao rio, os dominadores Tupaiús chamaram de Paraná-Pixuna ou simplesmente Ipixuna, que quer dizer rio preto. Os silvícolas das imediações, porém passaram a denominá-lo de Tupaiú-Paraná, que significa rio dos Tupaiús. A palavra Tupaiú sofreu inúmeras alterações tais como Tapajós, fixando-se finalmente em Tapajós.

Sussuarana (1991) afirma que a área de ocorrência da cultura dos Tupaiús abrangia uma vastidão de assentamento variável, dentre estas áreas podem-se destacar as comunidades do Ituqui, as comunidades do lago grande de Cucuruai, as comunidades dos rios Arapiuns, e todas as comunidades compreendidas no ponto dos atuais rios Tapajós e Amazonas.

O tronco linguístico dos Tupaiús era o aruaque, semelhante aos da etnia: Aruaquis, Conduris, Tapuiuçus, no entanto era aruaque diferente do falado pelas etnias do mesmo tronco linguístico que habitavam o caribe e o litoral próximo. As indumentárias ritualísticas dos Tupaiús também eram parecidas com as utilizadas pelos indígenas da etnia Ticuna.

Macedo (2002), baseado em relatos de cronistas religiosos que viveram entre os Tupaiús, afirma que havia certa “diferenciação social” entre os indígenas Tupaiús: os nascidos de união entre os Tupaiús e outras etnias, livres ou escravos, eram bem arteiros na taba, no entanto faziam parte de uma “classe inferior”, enquanto os nascidos de união entre os próprios Tupaiús, eram considerados nobres.

Santos (1999) afirma que eram várias as divindades cultuadas pelos Tupaiús, como por exemplo, o Curupira: protetor da floresta, Uaiara, senhor do fundo do rio, a Matintapereira: alma errante da noite etc., contudo, a principal divindade cultuada pelos Tupaiús era a “Aura” ou “Vaura” como era conhecido pelos Munducurus. Esta entidade tinha como símbolo o veado branco. Santos (1999) explica que toda quinta-feira, que correspondia ao domingo para os Tupaiús, era celebrada uma festa-ritual, na chamada Casa de Aura, em homenagem à divindade Aura, onde eram tocados tambores e feitas oferendas com as “primícias” das colheitas, práticas semelhantes aos rituais feito pelas antigas civilizações mesopotâmicas, em que as “deusas-mãe” eram cultuadas para abençoar as colheitas.

Sussuarana (1991) comenta que na chamada “Casa do Paricá” eram realizadas as celebrações, como por exemplo, as festas às diversas divindades dos Tupaiús e as comemorações após a conclusão dos ritos de passagem da infância para a fase adulta, comuns aos meninos e às meninas Tupaiús. Quando as meninas tinham a primeira menstruação, iam para a Muiraciçaua Ocara (casa do amadurecimento), eram içadas dentro de um cesto até a cumiera da casa, lá permaneciam sendo defumadas pelos pajés e jejuando por três ou quatro dias.

Santos (1999) destaca que os meninos, quando começavam a demonstrar os primeiros sinais de virilidade, eram submissos a prova das saúvas e tucandeiras, que consistiam em colocar a mão dentro de potes ou uma espécie de luvas, cheias de formigas com ferrões capazes de causar até mesmo desmaio nos jovens candidatos a guerreiro, o menino deveria manter as mãos nas formigas o maior tempo possível. Tanto os meninos quanto as meninas, após passarem pelos ritos, dirigiam-se para a casa do Paricá para festejar.

Havia três tipos de “enterros” entres os Tupaiús segundo Sussuarana (1991): primeiro, se o indígena fosse um grande cacique, depois de morto, seria mumificado e permanecido no alto da “oca” pendurado por uma corda onde receberia homenagens e seria evocado para proteger a família, seu corpo mumificado era chamado de Monhangaripi (primeiro ou ancestral). Havia um enterro em duas fases, depois do indígena morto, havia um enterro primário do chão da “oca”, posteriormente os ossos eram desenterrados para serem armazenado numa mortuária e ser feito o enterro secundário. Depois de morto, o corpo do indígena era pendurado em cima de duas fogueiras para ser desidratado, posteriormente seus ossos eram moídos e misturado em alguma bebida fermentada para serem consumidos pelos parentes, amigos próximos ou convidados ilustres de outra aldeia.

Sussuarana (1991, p. 24):

Cabia as velhas moer os ossos e misturar seu pó em morocorós (quaisquer bebidas embriagantes) que eram servidos a família e aos amigos do defunto. Era uma honra para os tuxauas e homens ilustres das tabas vizinhas serem convidados para o ato.

Baseado em documentos escritos por diversos religiosos como Alonso de Rojas, Serafim Leite etc., Sussuarana (1991) afirma que a tecelagem Tupaiú era bem desenvolvida, além de redes, paneiros, e cestos este fabricavam também panos de diversas cores. Acreditava-se, no entanto, que é fato pouco provável, haja vista que os Tupaiús não utilizavam vestimentas, contudo o autor faz ressalva ao dizer que durante os rituais, “provavelmente”, os Tupaiús utilizavam vestimentas e máscaras de pano semelhante às dos Ticunas.

Notícias vinculada por Heriarte e padre Alonso de Rojas havia mantas de algodão entretecidos de diversas cores, com que forravam o interior das ocas, e Serafim Leite, esse citando padres missionários, fazem crer que a tecelagem tapajó era bem desenvolvida (AMORIM, 2006, p. 32).

De acordo com Amorim (2006) nas festas e rituais os Tupaiús usavam máscaras feitas de pano, longas tranças nos cabelos, tingidas com cascas de arvores nativas, brinco na orelha e ornamentos semelhantes a brincos no nariz e muitos colares feitos de penas e sementes de árvores. Entre os Tupaiús havia uma divisão de tarefas de acordo com o sexo, as mulheres ficavam encarregadas da criação dos filhos, tecelagem, do “artesanato”, da manutenção das roças. Enquanto aos homens cabia derrubada e queimar a mata para a plantação, a caça, a pesca, a confecção de canos, utensílios de madeira e a guerra.

OS PRIMEIOS CONTATOS ENTRE OS TUPAIÚS E OS EUROPEUS

De acordo com Fonseca (1996), o primeiro contato entre indígenas Tupaiús e europeus ocorreu em 1542, e foi registrado pelo padre dominicana Gaspar de Carvajal que se tornou o cronista oficial da primeira expedição a percorrer o rio de Amazonas, desde os Andes, isto é, de Quito no Equador até o oceano atlântico e que fazia parte da expedição exploradora do espanhol Francisco Orellana, nascido em Trujillo, cresceu em contato com a família Pizarro e viajou ainda muito jovem para o novo mundo (1527), participou da conquista de Peru e da fundação da cidade de Guayaquil (1538), instalando-se na região onde hoje fica a Nicarágua, foi pioneiro na exploração do rio amazonas (1541-1542). Em busca de mantimentos os componentes de expedição desceram dos barcos para “saquear” a plantação de milho dos “Silvícolas” e foram atacados pelos Tupaiús, cujas flechas eram envenenadas, na época, que significava de acordo com Macedo (2002), “aquele do arco das flechas envenenadas”. O episódio foi descrito de forma fabulosa pelo padre dominicano Gaspar de Carvajal, que acompanhava a expedição de Francisco Orellana.

Segundo Macedo (2002, p. 24):

O primeiro contato dos Tupaiús com os brancos, de que se tem relato, foi com a expedição do capitão espanhol Francisco Orellana que, em 1542, saqueou as suas plantações de milho, entretanto, pesadas baixas em virtude das flechas envenenadas atiradas pelos índios.

Fontes (2002), afirma que a expedição de Francisco Orellana que entrou em contato com os Tupaiús, não foi organizada por ele, e sim por Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador do império inca, Francisco Pizarro, foi Governador de Quito e era o comandante ao lado de Francisco Orellana, no entanto, dividiu a expedição em duas a qual separou-se por conta de desentendimentos na foz do rio Napo. Gonzalo Pizarro partiu primeiro, com uma expedição bem aparelhada, um número razoável de homens, mantimentos armas e munição. Posteriormente partiu Francisco Orellana, em dezembro de 1541, com um número muito reduzido de homens para a época, cinquenta e sete homens, e com poucos mantimentos, só conseguindo alcançar o atual rio Amazonas em “meados” de 1542.

A EXTINÇÃO DA MISSÃO JESUITA NA ALDEIA DOS TUPAIÚS OU TAPAJÓS

A missão dos Tupaiús permaneceu sob a administração dos jesuítas por noventa e seis anos, a partir de 22 de abril de 1757. A missão foi transformada em paróquia, e os jesuítas obrigados a se retirar. Em relação a secularização da missão dos Tupaiús, Fonseca (1987. P. 20), afirma que:

Mendonça Furtado, removido pelo ódio pessoal que votada a igreja, começou a fazer exigências absurdas, que nem sempre podiam ser atendidas pelos missionários, pois tais exigências implicaram não só em prejuízo material como espiritual para suas missões. Era o bastante para que abnegados religiosos fossem tachados de rebeldes.

Contudo, o objetivo de Francisco Xavier de Mendonça Furado, então Capitão-General e Governador da província do Grão-Pará, era muito maior do que seu suposto “ódio pessoal” conta a igreja católica, o governo tinha o objetivo principal de para o na Amazônia os planos políticos, administrativos e econômicos, de seu irmão Sebastião Jose de Carvalho e Melo, Marques de Pombal.

O Marques de Pombal, que foi o primeiro-ministro do rei de Portugal Dom Jose I, entre os anos de 1750 e 1777, tornou-se o homem de confiança do rei e passou a ser muito bem-quisto pela população de Lisboa, principalmente após um grande terremoto que destruiu a capital portuguesa em 1755. Pombal durante seu governo empreendeu uma verdadeira reforma no sistema jurídico, administrativo, econômico e educacional de Portugal e de suas colônias.

Um dos grandes problemas encontrados pelo Marques de Pombal para dinamizar a economia da Amazônia, era a falta de mão de obra, já que a mão de obra africana estava sendo utilizado nas recém-descobertas jazidas de ouro na região de Minas Gerais. A mão de obra indígena estava sendo controlada quase que em totalidade pelos jesuítas, que tinham grandes prestígio na corte do antigo rei Dom Jose I, foi tira a mão de obra indígenas das mãos jesuítas e colocar à disposição dos colonos na Amazônia, para isso os indígenas deveriam adquirir a condição de cidadãos portugueses. Por esse motivo a missão jesuíta da Amazônia, inclusive a missão a missão dos Tupaiús ou Tapajós, foram extintos e suas administrações foram substituídas por colonos leigos. Os jesuítas tentaram resistir as novas reformas ordenadas pelo Marques de Pombal e implantadas por seu irmão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado.

Na vila de Santarém, aconteceu um bom exemplo da resistência dos jesuítas em não acatar a ordem de Mendonça Furtado, fato citado por Marcelo (2002) Extinta a missão do Tapajós, foi esta transformada em freguesia ou paróquia pelo Bispo do Pará D. Miguel de Bulhões, em ato de 22 de abril de 1757, ficando a paróquia sob o bispo de Belém.

SANTARÉM VILA: 1758

De acordo com Macedo (2002) devido ao desenvolvimento da missão na aldeia dos Tupaiús, em 14 de março de 1758, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado elevou a missão dos Tapajós à categoria de vila, com o nome de vila de Santarém. O ato de ascensão da vila de Santarém foi presidido pelo próprio Governador, no local onde hoje se encontra a Praça Rodrigues dos Santos. A partir daquele momento a vila passou a ser dirigida pelo senado da câmara, onde foram constituídos juízes ordinários, vereadores e até um diretor de índios, que deveria ser indígena.

Fazia parte da estratégia desenvolvimentista elaborada por Pombal, que teve bastante efeito em Santarém, assim como no restante da Amazônia brasileira. A administração portuguesa buscava imprimir nas mentes dos indígenas e dos estrangeiros que, os indígenas eram súditos do rei de Portugal e o território que estes estavam era português, portanto, deveria ser explorado e defendido em nome do rei de Portugal. Mesmo que na prática os indígenas continuassem a ser vistos pelos portugueses como cidadãos de terceira categoria. Segundo Fonseca (1996) após a saída dos jesuítas da aldeia dos Tupaiús, houve um retrocesso no desenvolvimento da aldeia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da presente pesquisa observou-se que a História dos índios Tupaiús na Educação Básica no município de Santarém é uma cultura a ser construída entre professores deste nível de ensino. Também se observou por meio de entrevistas com estudiosos da cultura dos índios Tupaiús, sendo eles: o artista plástico Laurimar Leal, o escritor e sociólogo Éfrem Neves Galvão, e a professora universitária Francisca Canindé, que eles apresentam um vasto conhecimento ainda se restringe ao museu da cidade e as poucas obras publicadas sobre os Tupaiús.

Foi percebido que seria necessário um trabalho de mediação desse conhecimento poderia ser mediado por pessoas que conhecem dessa História dos índios Tupaiús, como o artista plástico Laurimar Leal, o escritor e sociólogo Éfrem Galvão, e a professora Francisca Canindé, por exemplo, sendo que essa mediação de conhecimento sobre a História dos índios Tupaiús poderia ser oportunizada pelos gestores do Centro Cultural João Fona, ou mesmo pela Secretaria Municipal de Educação, que poderia promover palestras ou cursos de História local com estas personalidades destacada como entrevistados nesta pesquisa, além de outros historiadores e escritores, conhecedores da História de Santarém. Essa mediação seria em prol do enriquecimento cultural dos docentes para se tornarem multiplicadores desse conhecimento, explorando mais efetivamente as aulas de campo com os alunos do Ensino Fundamental do município de Santarém/Pa.

Uma outra sugestão ainda sobre a importância da História de Santarém, e, em especial dos índios Tupaiús, seria que professores acadêmicos, pesquisadores, sociólogos, artistas locais, e, outras pessoas que se dedicam ao estudo da História deste município, possam publicar suas pesquisas, sendo que essas publicações poderiam ser incentiva as pelo governo local, através da Secretaria Municipal de Cultura ou Educação, por Institutos de Pesquisa, por Instituições Universitárias, por revistas especializadas, ou ainda por Organizações não governamentais que trabalhem com a valorização cultural. Essas publicações poderiam ser disponibilizadas gratuitamente a partir das informações trazidas nas publicações sobre os Tupaiús.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Antônia Terezinha dos Santos. Os Primeiros Habitantes da Pérola do Tapajós. IN: Programa da Festa de Nossa Senhora da Conceição (PFNSC) Santarém, 2006.

CANINDÉ, Francisca. História dos Índios Tupaiús. Santarém, 10 de janeiro de 2013

FRANCO, Elimar. O Tapajós Que Eu Vi: Memórias. Santarém: Instituto e Centro Cultural Boanerges Sena, 1998.

FONSECA, Wilde Dias da. A Fundação de Santarém. IN: Programa da Festa de Nossa Senhora da Conceição (PFNSC). Santarém, 1979.

FONSECA, Wilde Dias da.Santarém: Momentos Históricos. Santarém: Editora e Gráfica Tiagão, 1987

FONSECA, Wilde Dias da. Santarém: Momentos Históricos. Santarém: Editora e Gráfica Tiagão, 1996

Fontes, Edilza Joana de Oliveira. Contando a História do Pará: da conquista à sociedade da borracha (séc. XVI-XIX). Vol I. Belém: Emotion, 2002.

GALVÃO, Éfrem Neves. História dos Índios Tupaiús. Santarém, 09 de janeiro de 2012.

LEAL, Laurimar. História dos Índios Tupaiús. Santarém, 09 de janeiro de 2013

MACEDO, Elivaldo José. O Município de Santarém: sua história, seus encantos. Santarém: Sancopy/Grafórmula, 2002.

QUEIROZ, S. Jonas Marçal & COELHO, Mauro César. IN: Amazônia: modernização e conflito (séc. XVII e XIX). Belém.

SUSSUARANA, Felisberto. Santarém antes de sua Fundação. IN: Programa da Festa de Nossa Senhora da Conceição (PFNSC). Santarém, 1991

SCHUTZE, Alcindo. Santarém e seus aspectos Históricos. Santarém, 1981.

SANTOS, Paulo Rodrigues dos. Tupaiulândia. Santarém: Editora e Gráfica Tiagão, 1999

SOUSA JÚNIOR, José Alves de. O Projeto Pombalino para a Amazônia e a Doutrina do Índio Cidadão. IN Cadernos do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, vol. 12, Belém: UFPA, 1993.

TEIXEIRA Francisco M. P. Brasil História e Sociedade. São Paulo: Editora Ática, 2000.

Modelo de publicação sem fins lucrativos para preservar a natureza acadêmica e aberta da comunicação científica
HMTL gerado a partir de XML JATS4R