INTRODUÇÃO

As projeções da Organização Mundial de Saúde em 2014 indicam que em 2050 possuiremos cerca de 2 bilhões de idosos(1). Não obstante, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o número de idosos no Brasil deve chegar a 25,5% da população até 2060. (2)

Concomitantes ao envelhecimento ocorrem importantes modificações nas capacidades físicas: como a redução da força, flexibilidade e capacidade aeróbia (3), relacionados a mudanças na função dos sistemas cardiorrespiratório, nervoso e osteomuscular.(3, 4) Estas alterações implicam em maior dificuldade para a realização das atividades da vida diária, expondo a população idosa a maior vulnerabilidade e dependência para realizar atividades básicas como caminhar, subir degraus e levantar da cadeira, o que, por sua vez, reduz o nível de atividade física desses sujeitos(5) .

Entre as alterações mais impactantes do envelhecimento, a diminuição da massa muscular esquelética, se associa com a redução nos níveis de força e o desempenho, caracterizando a síndrome sarcopênica(6,7).

No processo de triagem para o diagnóstico da sarcopenia a avaliação da velocidade de marcha usual (VMU) do indivíduo compreende uma etapa inicial (4, 8) sendo capaz de fornecer o valor preditivo para o início da incapacidade funcional.(9)A mesma possui relevância para autonomia e segurança da pessoa idosa. (5) A característica mais evidente da marcha do idoso é a sua maior lentidão, ou seja, com a idade a marcha torna-se progressivamente mais lenta, sendo este aspecto mais pronunciado entre os 65 e os 85 anos e mais evidente nas mulheres. (10, 11)

Para a preservação e/ou recuperação da velocidade de marcha do idoso, a prática de exercício físico consiste numa estratégia eficaz (12). Entre as modalidades de exercício mais procuradas por esta população estão os exercícios aquáticos (EA), (5,13)que ao aproveitarem as propriedades físicas da água, para auxiliar ou desafiar o movimento, possibilita a realização de trabalho físico, consequentemente melhora no rendimento e com menores riscos aos praticantes(14).

Porém, os efeitos dos EA e VMU ainda carecem de maior evidência científica. De tal modo, o presente estudo busca evidenciar se as atividades em meio líquido podem influenciar positivamente na VMU em idosos. Neste sentido, o objetivo desse trabalho é revisar estudos que abordam o efeito de exercícios realizados em meio líquido na velocidade de marcha em idosos. O objetivo deste trabalho foi revisar estudos que abordam o efeito de exercícios realizados em meio líquido na velocidade de marcha em idosos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Esta revisão sistemática seguiu as recomendações propostas pela Colaboração Cochrane(15) e pelo Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-analyses: The PRISMA Statement(16).A estratégia ‘‘PICOS’’ foi utilizada na análise e construção da problemática do estudo. (17)

Critérios de Elegibilidade

Foram incluídos estudos que avaliaram o efeito da prática de atividades aquáticas sobre a VMU em idosos (18) de ambos os sexos. Consideraram-se os estudos em que a intervenção consistia na prática de EA, indicando uma relação de causa e efeito da intervenção.

Estratégias de Busca:

Foram utilizadas as seguintes bases de dados: PubMed, Web of Science e Scopus sem limites de ano de publicação. Os artigos foram publicados em língua portuguesa, espanhola e inglesa. A pesquisa manual pelas referências obteve os seguintes termos para identificar a população: “elderly”, “aging”, “aged’’, ‘‘geriatric’’, ‘‘geriatric assessment’’, “gerontology”, “geriatrics”, “older adult” “frail elderly“. Para a intervenção, utilizou-se os termos: “Hydrogymastic”, “water therapy”,“Aquatic exercise”, “Water-based-exercise”, hydrotherapy”, hydrotherapy swimming”, “swimming”. Quando relacionado ao desfecho, a relação do exercício teria consistir resultados da VMU, para tal, utilizou-se esses termos: “Gait speed” , “usual gait speed” , “walk speed” , “walking speed” ,“gait pattern” , “SPPB” , “short physical performance battery” , “impaired gait speed”. A separação e utilização dos termos foi determinada através do uso de operadores booleanos “AND” e “OR”.

Seleção de estudos e extração dos dados

Dois pesquisadores, separadamente, avaliaram títulos e resumos dos artigos achados através da estratégia de busca, que ao todo encontrou 83 artigos. Dentre esse conjunto, trabalhos que o seu resumo não atendia as informações para identificação dos critérios de elegibilidade, obtiveram sua leitura na integra. Discordâncias entre os dois pesquisadores foram solucionadas por consenso e, caso fosse necessário, por um terceiro pesquisador.

Avaliação do risco de viés

A maioria dos estudos carecem de maiores esclarecimentos do como ocorre a intervenção. Também existe pouca clareza de como são manipuladas as varáveis do treinamento. Foi efetuada a exclusão de estudos com patologias e presença de próteses, as osteoartrite e artrose foram aceitas e inclusas devido às condições atribuídas a faixa etária estudada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sendo, 35 estudos pertencentes ao PubMed, somados a 33 da Scopus e 15 do Web of Science obtivemos no processo de busca 12 estudos duplicados entre as bases pesquisadas. Restando apenas 06 estudos que atendiam aos critérios de inclusão e prosseguiram para a etapa de leitura na íntegra (Figura 1).

Dos seis estudos foram encontrados, todos observaram melhorias significativas após a intervenção em meio liquido. (Tabela 1)

Dentre os estudos para leitura na íntegra, o EA proporcionou resultados positivos em relação as medidas de capacidade funcional, conforme intervenção sendo capaz de oferecer benefícios não só na VMU (16% mais rápida), mas também nas demais capacidades funcionais estudadas.

No aspecto metodológico, encontrou-se em grande parcela a avaliação da VMU com o teste de caminhada de 10 metros(19, 21, 22) os tempos foram 10% menores entre a primeira avaliação e a última. (22) Para há uma interação entre tempo e tipo de exercício para a VMU. (21)

Evidenciou-se também que treinamentos de alta intensidade, mensurados pela escala de percepção subjetiva de esforço(22, 24) e pela medição dos batimentos cardíacos em relação ao máximo ( 220- idade = FCMáx)(24) tendem a proporcionar melhorias na capacidade de VMU, em relação ao teste de caminhada de 10 m.

Uma melhora na mobilidade foi bem perceptível nos estudos de (22-24). A VMU aumentou para o grupo que realizou exercício e também fizeram 10% menos passos enquanto a agilidade e velocidade em subida de escadas, agilidade, e flexibilidade também aumentaram para esse grupo. (23)

CONCLUSÃO

A prática de EA pode ser recomendada para melhorias na capacidade da velocidade de marcha em idosos, uma vez que são perceptíveis melhorias em aspectos como mobilidade e equilíbrio. Sendo ainda, a VMU um parâmetro de indicação para a patologia recorrente ao envelhecimento, como é o caso da sarcopenia, possuindo assim uma importância para a prática de EA, o que poderia gerar um desfecho mais positivo em relação ao quadro sarcopênico.

REFERÊNCIAS / REFERENCES

Organização das Nações Unidas. Mundo terá 2 bilhões de idosos em 2050; OMS diz que ‘envelhecer bem deve ser prioridade global’ 2014 [18/06/2019]. Available from: https://nacoesunidas.org/mundo-tera-2-bilhoes-de-idosos-em-2050-oms-diz-que- envelhecer-bem-deve-ser-prioridade-global/ .

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