Dossiê
Saberes difusos e práticas para se pensar a formação em moda: perspectivas a partir de uma série de Podcast
Diffuse knowledge and practices for Fashion Education: perspectives from a podcast series
Conocimientos y prácticas difusas para pensar la formación en moda: perspectivas a partir de una serie de podcast
Revista de Ensino em Artes, Moda e Design
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
ISSN: 2594-4630
Periodicidade: Bimestral
vol. 7, núm. 1, 2022
Recepção: 20 Setembro 2022
Aprovação: 11 Janeiro 2023
Publicado: 01 Fevereiro 2023
Resumo: Este artigo apresenta uma reflexão a respeito da formação em Moda principalmente em relação aos saberes difusos das práticas educativas de costurar, sejam roupas ou os pilares formativos de ensino, pesquisa e extensão. Parte-se dos relatos colhidos da série de podcast especialmente elaborada e realizada para os propósitos do Projeto de Pesquisa “Artes e Ofícios/UDESC’’ e discutem-se os destaques relevantes para pensarmos essas práticas e essa formação. O objetivo central é apresentar as perspectivas relatadas pelas pessoas entrevistadas para a série e discutir as aproximações e as singularidades dessas contribuições. A metodologia utilizada inclui a pesquisa bibliográfica não sistematizada, o registro em áudio de entrevistas semi-estruturadas e a análise de conteúdo cotejados com a experiência docente das autoras. Como resultados alcançados destacam-se a percepção de permanências e rupturas na história da formação em Moda pelas pessoas entrevistadas e a publicação da série de podcast nos agregadores de arquivo de áudio de forma gratuita.
Palavras-chave: Formação em Moda, Economia Doméstica, Artes e Ofícios.
Abstract: This paper presents a reflection on Fashion education in relation to the diffuse knowledge of educational practices of clothes sewing, or the university triangle: education, extension and research. It starts with the reports collected from the podcast series specially elaborated and carried out for the purposes of the ´´Arts and Crafts/UDESC´´ Research Project and discusses the relevant highlights for thinking about these practices and this education. The main objective of the paper is to present the perspectives reported by those who were interviewed for the series and discuss the approaches and singularities of those contributions. The methodology used includes non-systematized bibliographic research, audio recording of semi-structured interviews and the analysis of discourses compared with the teaching experience of the authors. The results achieved include the perception of continuities and ruptures in the history of Fashion education by those interviewed professionals and the publication of the podcast series in the audio aggregators for free.
Keywords: Fashion education, Home Economics, Arts and Crafts.
Resumen: Este artículo presenta una reflexión sobre la formación en Moda, principalmente en relación con el conocimiento difuso de las prácticas educativas de costura, ya sea de ropa o de los pilares formativos de docencia, investigación y extensión. Se parte de los relatos recogidos de la serie de podcasts especialmente elaborados y realizados para los fines del Proyecto de Investigación “Artes y Oficios/UDESC’’ y se discuten los destaques relevantes para pensar estas prácticas y esta formación. El objetivo principal es presentar las perspectivas reportadas por las personas entrevistadas para la serie y discutir los enfoques y singularidades de estas contribuciones. La metodología utilizada incluye investigación bibliográfica no sistematizada, grabación de audio de entrevistas semiestructuradas y análisis de contenido comparado con la experiencia docente de los autores. Como resultados destacamos la percepción de continuidades y rupturas en la historia de la formación en Moda por parte de los entrevistados y la publicación de la serie de podcasts en los agregadores de archivos de audio de forma gratuita.
Palabras clave: Formación en Moda, Economia domestica, Artes y manualidades.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta uma análise da série especial Artes e Ofícios publicada no Podcast Outras Costuras e criada como uma contribuição ao Projeto de Pesquisa “Escolas de Artes e Ofícios no Brasil: história, propostas formativas e permanências na formação das artes e do design no contemporâneo” (LabMAES-UDESC-SC). A partir do planejamento, execução e interpretação de 7 episódios gravados para a série, relatamos as contribuições que consideramos as mais relevantes para os objetivos do Projeto de Pesquisa.
Notamos, essencialmente, que há aspectos objetivos e subjetivos que podem ser considerados visando a uma integração dos conteúdos que se encontram fragmentados nos cursos de formação voltados ao campo das Artes, do Design e da Moda. O objetivo central foi fazer um registro das diferentes perspectivas sobre a atual formação em Moda e as relações com as Artes e o Design. Procuramos identificar os aspectos de distanciamento e diversidade entre as falas contidas nos episódios. Discutimos, refletimos, analisamos, realizamos destaques e o resultado desse processo está aqui.
O projeto de pesquisa está voltado para se pensar os Liceus, as Artes e os Ofícios como possíveis bases para se refletir sobre o ensino do Design e sua interface com a Moda no Brasil. Refletir sobre os caminhos para o ensino de Design e do Design de Moda podem ser próximos, mas nos questionamos se seriam os mesmos. Percebemos na gravação dos episódios e nas discussões durante as reuniões com a equipe do projeto de pesquisa algumas nuances que distinguem caminhos da educação formal, que foi desenvolvida durante parte da história da humanidade, de forma distinta para os homens e para as mulheres, o que de certa forma parece ter tido impacto no campo da formação em Moda. Tal vínculo foi sutilmente notado pela menção recorrente das atividades de costura e do bordado associadas às memórias maternas.
Outro destaque a ser mencionado comum aos episódios da série de podcast, foi a percepção de que as práticas vinculadas à construção de roupas ou às tecnologias do vestuário, foram perdendo espaço nos cursos de graduação para uma teorização do campo da Moda. A dicotomização entre teoria e prática, a segregação entre a formação técnica/ tecnológica e a formação acadêmica, são elementos importantes para uma revisão da formação em Moda e, especialmente, Design de Moda no ensino superior no Brasil.
A partir da discussão desses aspectos selecionados dos episódios do podcast e das nossas experiências como docentes de cursos de graduação e pós-graduação em Universidades Públicas Federais, buscamos contribuir com os objetivos do projeto de pesquisa Artes e Ofícios da UDESC, com a síntese proposta neste artigo.
2 ARTES E OFÍCIOS EM RELAÇÃO À FORMAÇÃO EM MODA
Em 2018 o Ministério da Educação realizou uma campanha nas universidades brasileiras para a uniformização da classificação de cursos de nível superior no país. Utilizando como base o International Standard Classification of Education – Fields of Education and Training (Isced-F 2013), produzida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), elaborou o Manual para Classificação dos Cursos de Graduação e Sequenciais (BRASIL, 2019) que foi circulado pelas universidades públicas a partir de um ofício ministerial.
O manual apresenta a estrutura normalizada dessa classificação internacional adaptada para os cursos de ensino superior no Brasil. Indica, ainda procedimentos para orientar as instituições de educação superior (IES) nesse processo de forma mais adequada aos seus cursos (BRASIL, 2019, p.13) .
No Brasil, os cursos de graduação são orientados por Diretrizes Curriculares Nacionais e, como informa o referido manual de classificação:
No caso brasileiro, o conteúdo temático de um curso de graduação ou sequencial é orientado pelas diretrizes curriculares nacionais, pelo Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia (Brasil. MEC. Seres; Setec, 2016) e/ou pelo projeto pedagógico do curso. Nesses documentos, os conteúdos de seus componentes curriculares, o objetivo do curso, o perfil, as competências e as habilidades previstas para seu egresso são definidores do conteúdo temático (BRASIL, 2019 p.18).
A classificação dos cursos de graduação e sequenciais dedicados ao conteúdo temático ´´Moda´´ dá-se, portanto, a partir da relação entre normativas estabelecidas desde os critérios adotados a partir do catálogo internacional da Unesco e adaptado para o referido manual de classificação do INEP, até as normas internas dos colegiados e Núcleos Docentes Estruturantes dos cursos nas instituições de ensino superior.
O manual contribui para uniformizar o modo como classifica-se a formação em nível superior das diferentes áreas do conhecimento. Isto coopera para a sistematização de processos administrativos relativos à burocracia do sistema de educação brasileiro. Alguns exemplos disso seriam as certificações de conclusão de cursos cujos títulos profissionais poderiam ser mais uniformizados em território nacional e a classificação normalizada das áreas e subáreas do conhecimento pelas agências de financiamento de pesquisa, tecnologia e inovação.
Para se ter uma ideia, um estudo sobre cursos de graduação em Design contabilizou 165 cursos de Moda (SCHNAIDER, 2016). Apesar desse número expressivo de cursos de formação em Moda, não há Diretrizes Curriculares próprias para esse tema de formação, o que leva os cursos a aderirem a outras diretrizes curriculares aprovadas pelo MEC. A grande maioria dos cursos de formação em Moda está classificada como Design de Moda (158 dos 165), o que em tese significaria uma orientação baseada nas Diretrizes Curriculares para o Design.
Os cursos definem a sua estratégia de formação e aderência ao design ou a outras diretrizes curriculares. Apesar de haver desde 2002 uma discussão a respeito da criação de uma área denominada Moda, ainda não há um projeto consolidado de diretrizes curriculares específicas.
Para compreender a formação em moda atual e o problema da classificação dos cursos de graduação, a discussão em torno da adesão ou não às diretrizes do Design, vamos recuperar as possíveis origens e caminhos dessa formação a partir dos relatos gravados para os episódios do podcast.
2.1 A série Artes e Ofícios para o Podcast Outras Costuras
A ideia inicial da série Artes e Ofícios para o Podcast Outras Costuras foi investigar a permanência e as novidades em relação às origens da formação em Artes e Ofícios para quem estuda, pesquisa e trabalha no campo da Moda. A partir das entrevistas, pudemos identificar como essas/esses profissionais chegaram ao campo da moda e como percebem a formação a partir de sua inserção nos cursos de formação de Moda em nível superior e técnico.
O Podcast é uma mídia de áudio hospedada em uma plataforma gratuita ou paga que distribui arquivos com formato em MP3 para outras plataformas chamadas agregadoras, como o Spotify e o ITunes. Essa mídia vem sendo utilizada para fins acadêmicos e cresce o interesse por incluí-la em projetos de ensino, pesquisa e extensão. A experiência de uso e produção de mídias de áudio para a educação e o entretenimento aparentemente foi aquecida durante a pandemia de covid-19 a partir do início de 2020, apesar de já ser utilizada antes disso.
Não definimos uma metodologia específica como (net)etnografia para o conjunto dos episódios, mas partimos do exercício de perguntar, de aproximar, humanizar discussões, considerando as particularidades até mesmo da existência dos indivíduos, que pela necessidade científica de objetivação, por vezes, se perde. No entanto, vale registrar que se aproxima da prática metodológica da netnografia, considerando que as informações foram coletadas de uma mídia digital, que segundo Kozinets (2010, p.1), “para a netnografia, interações online são consideradas reflexos culturais que provêem profundo entendimento sobre a humanidade”. No caso do podcast, tratou-se da interação em meio digital, entre as autoras deste artigo e os participantes dos programas. Embora os estudos do autor mencionado se voltem mormente ao contexto do marketing, suas definições têm sido utilizadas em diversos campos do conhecimento, como, por exemplo, o campo da Moda.
É importante registrar que foram realizadas reuniões periódicas de planejamento e pesquisa a respeito dos temas e também de aproximação dos currículos das/os entrevistadas/os para cada episódio. Embora tenhamos entrevistado profissionais de ensino, que deram uma contribuição relevante em suas áreas acadêmicas, a vida, que abarca a carreira, as idas e vindas, e mesmo a participação na formação de outros profissionais, para além universidade, pode ser amplamente alcançada com o podcast. O público ouvinte varia de acordo com o tema dos episódios e é possível coletar alguns dados como sexo, idade e localidade a partir de ferramentas de coleta de dados das plataformas de hospedagem e dos agregadores. Enquanto o acesso ao episódio for mantido nos agregadores de áudio, o número de ouvintes pode crescer e se diversificar com o tempo[3].
Para desenhar o conteúdo da série e iniciar os contatos com as pessoas que gostaríamos de entrevistar, foram consideradas não apenas a parceria entre as autoras deste trabalho e sua participação no projeto de pesquisa da UDESC, mas, especialmente, um tema relevante para o trabalho colaborativo entre ambas as autoras deste artigo: a Economia Doméstica e as Artes Visuais.
A formação em nível superior em Economia Doméstica, atualmente, tem pouca visibilidade e está em processo de descontinuidade e extinção, apesar da existência do curso superior no país desde 1952, na Universidade Federal de Viçosa, e na Universidade Federal Rural de Pernambuco desde 1971. Já as Artes Visuais, que ocupam um campo relativamente privilegiado, se comparado às artes práticas (como eram chamados os ofícios), possuem maior visibilidade nas universidades brasileiras nos dias de hoje, sendo até mesmo de forma crescente. Para tratar das duas áreas do conhecimento, considerando ainda os interesses de pesquisa a respeito das artes e ofícios para o projeto de pesquisa “matriz” da UDESC, o roteiro final contemplou os seguintes temas a cada episódio, mencionados a seguir.
Ep. 1 | Introdução à “Série Artes e Ofícios”, abordamos a Economia Doméstica e o seu vínculo com a área da produção de vestuário e da costura no Brasil. |
Ep. 2 | “O projeto de Pesquisa Artes e Ofícios” a convidada foi a profa. Mara Rúbia Sant’Anna (UDESC), que falou sobre as motivações para o projeto de pesquisa vinculado à UDESC e promovido pelo Laboratório Moda, Artes, Ensino e Sociedade MAES. |
Ep. 3 | “Da Educação Artística às Artes Populares”, com a profa. Lêda Maria Guimarães (Coordenadora do PPG Arte e Cultura Visual da UFG), que dentre as questões que trouxe à entrevista, pôde falar sobre o ensino da Licenciatura em Artes Visuais por meio do Ensino a Distância. |
Ep. 4 | “A Formação em Tecnologia do Vestuário” com a profa. Maria José da Silva Pereira (Senai-PE), carinhosamente chamada por Mazé, que falou sobre experiências que teve ao longo de 38 anos de ensino na área da tecnologia do vestuário pelo Senai. |
Ep. 5 | “Rotas de Aprendizagem da Produção de Vestuário”, com o prof. Flávio Sabrá (IFRJ), que apresentou sua experiência tanto como estudante, profissional e professor do setor de produção de vestuário[4]. |
Ep. 6 | “Artes, Ofícios e Afetos”, com a profa. Maria de Jesus Farias Medeiros (UFPI), que é uma das principais ouvintes do podcast, também é membro da pesquisa e dentre tantas vivências trouxe, inclusive, interseções de trabalho com a Economia Doméstica. |
Ep. 7 | “Das Artes Práticas à Economia Doméstica”, com a profa. Edilene Souza Pinto (UFRPE), que mencionou, dentre os cursos que fez, a Licenciatura Curta em Artes Práticas pela UFPE, na década de 1970-80. |
Ep. 8 | “O Fio social do Design: entre os Ofícios, as Artes e a Moda”, com a profa. Mônica Moura (UNESP/Bauru), que nos levou a refletir sobre a importância da aproximação da universidade com a sociedade e de ações inclusivas na formação em Design. |
A série, especificamente, é composta de oito entrevistas (Quadro 1). A publicação do primeiro episódio foi dia 10/05/21, e do oitavo, dia 16/08/21. No entanto, para este trabalho, serão consideradas sete entrevistas, pois a primeira foi um diálogo de apresentação entre as proponentes da série. Os convites foram feitos, como dito anteriormente, considerando a rede de contatos e os conteúdos alinhados ao já mencionado projeto de pesquisa Artes e Ofícios da UDESC. As perguntas foram pensadas para que as pessoas entrevistadas pudessem falar de suas trajetórias profissionais e até mesmo pessoais, que as aproximam das Artes e dos Ofícios, sob o recorte: artes, artes têxteis, costura ou moda. Desta forma, as entrevistas também seriam subsídio para a nossa contribuição junto à pesquisa. Para que possamos localizar os lugares de fala e de partida das pessoas entrevistadas neste trabalho, é importante situá-las em seus cursos de lecionamento que dedicam ou dedicaram maior tempo de carreira.
Mara | Bacharelado em Moda | Idealizadora do Projeto de Pesquisa “Escolas de Artes e Ofícios no Brasil: história, propostas formativas e permanências na formação das artes e do design no contemporâneo” (LabMAES-UDESC-SC). |
Lêda | Licenciatura em Artes Visuais | Pesquisadora atuante na Arte Educação, coordenadora do PPG Arte e Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. |
Mazé | Curso Técnico em Confecções do Vestuário | Professora atuante na área de Confecções do Vestuário. Formada em Pedagogia e tem Especialização em Supervisão Escolar. Atuou 38 anos no SENAI-PE. |
Flávio | Curso Técnico em Produção de Moda | Professor EBTT (Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) (2017) e Coordenador do Curso Técnico em Produção de Moda do IFRJ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Belford Roxo (2020). |
Jesus | Bacharelado em Design de Moda | Professora na Universidade Federal do Piauí, onde leciona no curso de Bacharelado de Design de Moda, desde 2011. |
Edilene | Bacharelado em Economia Doméstica | Foi professora do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco, durante toda sua trajetória profissional como educadora. |
Mônica | Bacharelado em Design | Desde 2010 atua como Professora Doutora na Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação e Design (FAAC), no Departamento de Design. |
É importante contextualizar que a série foi desenvolvida em meio à pandemia da covid-19, em que o distanciamento social na modalidade presencial era um dos meios de minimizar a contaminação pelo coronavírus. Assim, a série foi um momento de aproximar virtualmente e possibilitar reencontros e mesmo dar visibilidade a pessoas que contribuíram ou contribuem, que não são “famosas” para além muros da universidade, mas que são acúmulo “vivo” existente em instituições de ensino. Vale a reflexão de que o podcast em si foi uma possibilidade de inovar quanto à captação de informações e sua profusão para além da tradição grafocêntrica de divulgação científica em revistas acadêmicas.
2.2. É necessário integrar saberes diversos para a formação no campo da Moda
A partir das diferentes trajetórias e perspectivas apresentadas pelos entrevistados, foi possível identificar as dimensões percebidas como essenciais para a formação no campo da Moda ou mesmo para formações em nível superior, que favoreçam o exercício de reintegrar ou reiterar prática e teoria, como na experimentação com materiais, modos de fazer, de ensinar e de “aplicar” conteúdos.
Essas dimensões podem ser entendidas, a partir das falas, em duas ações fundamentais: 1. Reconhecer e valorizar a experiência não acadêmica e além da “Moda” para formação em Moda, como buscar o diálogo com saberes “cotidianos”, considerando inclusive trajetórias familiares, nos contextos acadêmicos e caminhos de formação, no sentido de valorizar as pessoas e o seu legado nos diferentes processos e níveis/tipos de ensino-aprendizagem para o campo da moda; 2. manter ou incrementar o ensino das técnicas e tecnologias têxteis e de vestuário, também a partir de experimentações táteis; bem como a realização de ações durante a formação que dialogue com as demandas sociais.
2.2.1 Reconhecer e valorizar a experiência não acadêmica e além da “Moda” para formação em Moda
Ao falarmos sobre os saberes “cotidianos” contextualizados no meio acadêmico, estamos nos referindo a duas percepções que tivemos a partir das entrevistas. A primeira tem a ver com os relatos sobre as experiências aprendidas extra sala de aula, em campos de pesquisa ou extensão e em ações que destaquem saberes populares como algo relevante para a formação em Moda. A segunda deve-se ao fato de que a inspiração ou mesmo o estímulo para o ingresso em áreas vinculadas às Artes, ao Design e à Moda ou mesmo à carreira de um modo geral, de quase todas as pessoas entrevistadas, têm origem familiar/ doméstica.
Lêda | [...] eu sou de uma família de professoras, mulheres professoras, uma bisavó professora, uma avó paterna [...]. A minha mãe biológica era professora, andava a cavalo, de bicicleta e ia para locais longe para ensinar. A minha outra mãe [de criação] também foi professora. E também atuou na vida doméstica com a função de propiciar o ensinamento. |
Mazé | Mazé: Costurar… vou dizer rapidinho lá do início da minha vida. Eu tinha 15 anos. Antes de trabalhar com a profissão na área da costura, eu não gostava. [...] Minha mãe que era costureira e me ensinou a costurar. |
Flávio | Eu tinha dois caminhos: papai era militar [...] e mamãe, que era costureira. A família foi muito marcante para minha escolha. [...] Eu me deparei com Desenho Industrial. E aí eu disse: tem a oportunidade de empreender e de trabalhar com produto. Então, eu já trabalhava com a mamãe no atelier em Petrópolis, eu ajudava a modelar, costurar, o que eu fui entendendo em paralelo com a faculdade, e durante o curso fui trabalhar em confecções. |
Jesus | Eu comecei no Direito, mas não tinha encantamento. Então, na área da costura, eu já tinha o DNA [linhagem] da família, minha mãe era uma modista muito conceituada. [...] Dos cinco filhos, eu fui a única que tive a vocação para a vocação dela, e isso reverberou na oportunidade de estudar Estilismo e Moda, porque assim quando ele nasce aqui no Ceará era ainda com essa denominação. |
Edilene | Eu fui criada em uma família com cinco irmãs e uma delas adorava costurar e bordar. As nossas roupas eram feitas por ela e eu era a única que se prestava a ajudá-la a alinhavar. Eu sempre gostava das Artes e tinha uma tia que era costureira e também era minha madrinha. [...] Então eu cresci vendo tecidos, modelos e isso me encantava. Minha madrinha gostava desse ofício e com ela aprendi a pintar, a bordar, a modelar, em miniatura; e quando eu chegava em casa, ia costurar as roupas das minhas bonecas. |
Mônica | Minha trajetória é marcada pela minha formação livre e minha formação acadêmica. [sobre os cursos livres] Quando bem menina, eu fiz cursos de artes, escultura, pintura... Até por incentivo familiar. Minha mãe era costureira e eu vivia no pé da máquina de costura dela e ela sempre comentava que eu ficava brincando com os retalhos e as linhas, bordando. |
Sobre o que podemos chamar de “herança familiar”, é importante marcar que tanto as artes quanto os ofícios, principalmente estes últimos, podem ser percebidos em outros fazeres além da costura e das artes têxteis, como o bordado, que são mencionadas nas entrevistas, mas também é comum em outros processos de transformação, como marcenaria (LOUREIRO et al, 2019), pastelaria (PERDIGÃO et al, 2018), a artesania de renda (LUZ, 2016), entre outras. No caso particular da costura e das artes têxteis, há que se registrar que este fazer é marcado historicamente por “herança materna”.
Das pessoas entrevistadas, a predominância foi de mulheres, havendo apenas um entrevistado e, mesmo assim, ao relatar sobre sua filiação mais próxima à costura, fez menção ao vínculo materno. É importante situar que historicamente o ensino de artes manuais e têxteis foi o associado às mulheres, como parte da educação feminina e até mesmo da Economia Doméstica, bem como o que também foi ampliado e visto para elas como um caminho possível no mundo do trabalho (FRASQUETE; SIMILI, 2017).
Sobre esse ponto, é importante lembrar que grande parte da história da humanidade foi e ainda é fundada no patriarcado, e, nesta estruturação é sobressalente, o que muitas autoras feministas chamam a atenção em relação à divisão sexual do trabalho. Conforme Kergoat (2009), tal divisão pode variar conforme cada organização societária, mas de um modo geral prioriza que aos homens sejam atribuídas atividades consideradas da “esfera produtiva”, como as desempenhadas na vida pública e a política, enquanto para as mulheres, as atividades da “esfera reprodutiva”, que estariam mais vinculadas ao ambiente doméstico, a vida privada.
Ao observar as nuances históricas sobre o universo da dimensão do trabalho, podemos observar que existiram desdobramentos também no percurso da educação formal. Inclusive, no caso do Brasil, ainda na época imperial, as “prendas domésticas” compuseram o rol de atividades a serem ensinadas às mulheres. De acordo com Gonçalves (2020), para a Lei de 1827 que orientava a educação em escolas para meninas, tais prendas compreendiam o “trabalho de agulha, bordado, costura e música” (GONÇALVES, 2020, p.30).
Em relação ao vínculo entre a dimensão do doméstico, a educação para mulheres e o ensino formal, informal e não formal voltado ao vestuário, é importante lembrar que há o ensino da Economia Doméstica campo no qual o ensino das práticas de “corte e costura” são mais pioneiros no Brasil do que no campo do dito ensino de Moda (JUNIOR, 2013; GOMES, 2019).
Assim, é importante pensar no ensino de Moda que contemple a construção do vestuário, considerando que há saberes e estímulos que advêm de ordem familiar, muitas vezes não considerados ou relegados por terem a marca do “senso comum”; bem como reconhecer acúmulos de outros campos do conhecimento, a exemplo da Economia Doméstica, campo inclusive em que duas entrevistadas atuaram durante parte (Jesus) ou toda carreira (Edilene), e a segunda autora deste artigo também tem a formação nesta área.
2.2.2 Estimular a costura entre teoria, prática e olhar social
A execução da série Artes e Ofícios para o Podcast Outras Costuras nos trouxe a percepção de que há uma espécie de desarticulação entre o ensino prático e o ensino teórico, em que são respectivamente mais associados à formação técnica/profissionalizante no caso do primeiro, e à formação superior, no caso do segundo. Além disso, as/os participantes dos episódios argumentaram que é necessário buscar a reintegração desses saberes, inclusive em relação a saberes humanitaristas, para uma formação adequada às necessidades contemporâneas nas profissões relacionadas à Moda.
Leda | E minha aproximação com as ditas Artes Populares, deu-se em meio às feiras em que cresci, que tive contato com artistas locais. Foi quando eu ouvi cantadores, vendedores de remédios, que, ao mesmo tempo faziam a leitura de Cordel, mulheres que faziam esteiras e panelas, contadores de história… Quando entrei na universidade, senti falta desse universo [em que cresci] não estar lá. Por que este universo não estava lá? [um dos campos de seu interesse acadêmico]. [...] Hoje a moçada que está chegando não é silencia. Mas eu lembro de um episódio quando eu entrei aqui na UFG, de ouvir barulho de saco plástico sendo guardado. Eram moças guardando o seu crochê e guardavam apressadamente quando os professores chegavam na sala de aula, porque alguns diziam para elas que aquilo era atividade da feira e não da universidade. | |
Mazé | [A possibilidade de ensinar] Tudo começou na Confecção Torres, que tinha a Fábrica de Tecido e também a parte de Confecção. Depois da entrevista, eu fui ser treinada para ensinar a fazer a peça fracionada, por operação, por exemplo: fazer a manga, fazer a gola, fazer o bolso, depois que eu treinei bastante, fui ensinar e assim segui até fazer uma calça por completo, uma blusa por completo, uma camisa por completo. Comecei a amar e me apaixonei de uma forma pela costura… E aí, quando eu passei a ensinar, e elas [as moças que iriam entrar na confecção] terminavam, e passavam na seleção, que eu via os olhos brilharem, eu disse: aqui que eu vou ficar, meu caminho é esse. [...] A metodologia que o Senai faz é por competência. O saber fazer, o como fazer, que tem a experimentação, aprender o passo a passo, a repetição; o saber como ser, que envolve a parte da conduta, relações humanas; e o saber ser, que é uma estratégia com grupos ímpares com um líder, que indica outro do grupo após duas semanas, para que o(a) estudante pode ser líder ou liderado. | |
Flávio | No Instituto Federal do Rio de Janeiro Belford Roxo, na baixada Fluminense, [...] agora trabalho com Moda, Carnaval, trabalho junto com a Helô [Heloísa Santos] que a gente trabalha sobre Decolonialidade [considerando que aprox. 80% de seus alunos se autodeclaram como negros]; e com o André [Wonder], a gente trabalha sobre o Carnaval, com artífices. | |
Mônica | [ao falar sobre laboratório que participa] temos um laboratório que trabalhamos pesquisa, extensão e ensino. [Durante a pandemia], após aceitar desafio para trabalhar à distância com uma pesquisa desenvolvida no Maranhão, sobre Design Inclusivo; questionei sobre o que nós como designers o que estávamos fazendo para o público que pesquisamos [e onde pesquisamos]. [...] Como é estar em uma cidade e não contribuir com ela? [...] É uma questão do ensino mesmo, questionar os alunos: o que estamos fazendo pelo bairro, pela nossa idade? | |
Nas falas de Leda e Mazé podemos refletir sobre as separações que, voluntária ou involuntariamente, fazemos entre o ambiente acadêmico / escolar e o não-acadêmico / não-escolar (Quadro 4). Elas comentam, a partir de situações distintas, como experimentamos e até contribuímos para a dicotomia teoria e prática. Como Foucault (1996) notou, assim os corpos vão sendo disciplinados a ocuparem determinados lugares e a agir de determinadas maneiras. Vamos, dessa maneira, naturalizando essa separação que, como notamos nas entrevistas, não contribuem para uma formação integrada em Moda.
Por outro lado, na fala delas fica posta a diferença entre o ensino universitário e do ensino técnico no ensino técnico a prática é parte da aula e é um dos saberes a se aprender. Notamos que, enquanto uma professora falando da universidade se ressente dessa separação e da exclusão de uma atividade manual como o crochê, a outra falando da experiência na fábrica e na escola de ensino técnico, destaca a transformação pessoal e social da presença das atividades manuais no processo de formação.
Um outro aspecto que nos chamou a atenção foi a função social da formação em Design e Moda comentada por todos os entrevistados. Nas falas de Flávio e Mônica, observamos que o impacto social da formação não está restrito à reflexão acadêmica das necessidades de atuação social por parte de designers e profissionais da Moda, mas também na atuação extensionista e extracurricular. Faz sentido, diante dessas realidades, que a universidade esteja buscando mais recentemente a curricularização da extensão, buscando integrar essa vivência não acadêmica, em seus diferentes prismas, à formação. Isto está previsto pelo FORPROEX (1987), em que a extensão universitária é compreendida como:
o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade. A extensão é uma via de mão dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará na sociedade, a oportunidade da elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Este fluxo que estabelece a troca de saberes sistematizado acadêmico e popular, terá como consequência: 1) a produção de conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria-prática, a extensão é um trabalho interdisciplinar que fornece a visão integrada do social (FORPROEX, 1987, p. 2).
Assim, uma formação em Moda atravessada pelo social, que compreenda a valorização de heranças culturais, até mesmo familiares como observamos neste trabalho, bem como conteúdos de múltiplas áreas do conhecimento, como a Economia Doméstica e as Artes Visuais, e o fomento a balancear teoria e prática, em que esta última seja uma oportunidade de experimentação e expansão, parece ser uma demanda que cresce e se atualiza no tempo, tanto no ensino técnico, quanto e principalmente no ensino superior.
3 CONCLUSÃO
O desenvolvimento deste trabalho nos levantou mais questionamentos e oportunidades para novos debates do que necessariamente conclusões. Encontramos muitas pistas e vestígios que reiteram a importância de se discutir a formação em Moda de forma espectral, de modo multi e interdisciplinar. Desse modo, iremos finalizar com apontamentos e sínteses do que ainda pode continuar sendo investigado e feito.
As reflexões feitas até então nos permitem cogitar que os cursos que seguiram as diretrizes para Design são os que aparentemente aproveitaram a herança das Artes e Ofícios em relação ao currículo, considerando o histórico dessas formações, algo que demanda uma investigação mais específica de fazer um paralelo entre diretrizes e currículos. No caso dos cursos que não seguiram necessariamente as diretrizes do Design, as origens podem estar mais relacionadas com os acúmulos de outras áreas, inclusive técnicas, destinadas ao ensino de Corte e Costura, a exemplo da Economia Doméstica, o que também deve ser melhor visto.
Este trabalho também nos permite pensar um caminho metodológico que pode ser seguido, que é o traçado de um percurso do presente para o passado, a partir de um estudo sobre as trajetórias docentes, para que se possa desenhar e diagnosticar os caminhos das formações no campo da Moda, ou mesmo em outras áreas do conhecimento. Para tanto, o podcast é um caminho não apenas para difusão de informações como é conhecido, mas também pode ser ferramenta para captação de dados para pesquisa, bem como para realização de extensão, de modo que, por algumas pessoas, pode ser visto como meio não acadêmico, mas, ainda assim, uma via universitária para produção e comunicação de saberes[5].
REFERÊNCIAS
ARTES Liberais. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo32/artes-liberais. Acesso em: 21 de setembro de 2021. Verbete da Enciclopédia.
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Notas
Autor notes