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Raridade e endemismo da flora em campo rupestre (OCBIL) na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço

Rarity and endemism of flora in rock field (OCBIL) in the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve

Jéssica Pereira Freire
UFVJM, Brasil
Thaís Ribeiro Costa
UFVJM, Brasil
Pablo Lopes Alves
UFVJM, Brasil
Evandro Luiz Mendonça Machado
UFVJM, Brasil
Anne Priscila Dias Gonzaga
UFVJM, Brasil

Revista Espinhaço

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil

ISSN-e: 2317-0611

Periodicidade: Semestral

vol. 10, núm. 2, 2021

revista.espinhaco@gmail.com

Recepção: 13 Julho 2021

Aprovação: 22 Agosto 2021



DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5508171

Resumo: As espécies raras e endêmicas são particularmente importantes do ponto de vista da conservação, ecologia e biologia evolutiva. O objetivo do estudo foi avaliar a raridade e endemismo de espécies amostradas em uma área de campo rupestre. Coletaram-se dados em março do ano de 2019 com término no mês de junho do mesmo ano. O método empregado na amostragem foi o qualitativo de caminhamento aleatório. Foi utilizada a metodologia Rabinowitz para segregar as espécies em raras ou comuns, considerando três variáveis: distribuição geográfica, especificidade por habitat e tamanho populacional. Das 100 espécies, 71% apresentaram raridade e 29% foram comuns. Classificou-se 78% das espécies como endêmicas e 22% não endêmicas. Das espécies, 25% foram exclusivas de campos rupestres e 75% ocorreram em outras fitofisionomias. Esta análise colaborou para a compreensão da raridade das espécies da região estudada e pode contribuir para ações de conservação em regiões de Ocbil.

Palavras-chave: Campo Rupestre, Conservação, Endemismo, Raridade.

Abstract: Rare and endemic species are particularly important from the point of view of conservation, ecology and evolutionary biology. The aim of the study was to evaluate the rarity and endemism of species sampled in an area of ​​rupestrian grassland. Data were collected in March 2019, ending in June of the same year. The method used in the sampling was the qualitative random walk. The Rabinowitz methodology was used to segregate species into rare or common, considering three variables: geographic distribution, habitat specificity and population size. Of the 100 species, 71% were rare and 29% were common. 78% of species were classified as endemic and 22% non-endemic. Of the species, 25% were exclusive to rupestrian fields and 75% occurred in other phytophysiognomies. This analysis contributed to the understanding of the rarity of species in the studied region and can contribute to conservation actions in Ocbil regions.

Keywords: Rupestrian Field, Conservation, Endemism, Rarity.

1. Introdução

Na América do Sul, paisagens antigas, climatizadas e inférteis (OCBILs) são representadas por ecossistemas montanhosos (Hopper et al., 2016; Silveira et al., 2020). Estas áreas integram a teoria que espécies em linhagem antigas estão adaptadas às condições de dispersão reduzida e solos de baixo status nutricional. Estas características parecem ser estratégia comum entre as plantas OCBIL (Hopper et al., 2016), e promovem a divergência das populações locais e, consequentemente, contribui ao aumento do endemismo (Silveira et al., 2016). Recentemente os campos rupestres e de altitude no Brasil foram integrados à este sistema, sendo a maior porção localizada na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Apesar de reconhecida importância biológica e geodiversidade, áreas de Campo Rupestre no Espinhaço estão submetidas ao avanço das atividades antrópicas e da urbanização (Morandi et al., 2020). A utilização de queimadas intensivas, extrativismo vegetal e atividades de mineração têm ocasionado à descaracterização da paisagem (ex. erosão do solo, alterações microclimáticas, redução da infiltração de água) e tornando este ambiente susceptível à invasão biológica de espécies exóticas (Barbosa et al., 2010).

Além disto, presenciamos uma época de mudanças climáticas em escala global que acontecem de maneira extremamente rápida (Higuchi et al., 2013). O painel brasileiro das mudanças climáticas prevê aumento de 5°C de temperatura e redução de 35 a 45% da precipitação até o final deste século na região central do Brasil (Ambrizzi e Araujo, 2014). Esse conjunto de mudanças pode limitar as possibilidades de adaptação da biota, representando ameaça à biodiversidade, sobretudo nos ecossistemas com elevada riqueza e níveis de endemismo (Arruda et al., 2018).

Para dar continuidade e fortalecer a proteção dos Campos Rupestres, torna-se imprescindível buscar ferramentas que possam subsidiar o estabelecimento de medidas públicas. Assim, o presente estudo tem como objetivo conhecer a composição florística e analisar o status endemismo de uma área de campo rupestre na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Nossa principal hipótese, é que associada a teoria de OCBIL, a área em estudo apresente altos níveis de endemismo de espécies.

2. Material e métodos

2.1 Caracterização da área de estudo

O estudo foi realizado em uma porção urbana (conhecida localmente como Serra do Brasão), localizada na porção sul do município de Diamantina/MG (Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço) com o ponto central da área sob as coordenadas de Longitude 649398.06 m e Latitude 7980642.21 m S (UTM) (Figura 1).

Figura
1. Localização da Serra do Brasão em
Diamantina/MG – Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE).
Figura 1. Localização da Serra do Brasão em Diamantina/MG – Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE).
Fonte: IBGE (2010), Google (2019).

O clima da região é tipicamente subtropical de altitude, Cwb pela classificação de Koppen, caracterizado por verões brandos e úmidos e invernos mais frescos e secos (Sá Júnior et al., 2012). O relevo é montanhoso e escarpado, com altitude variando de 600 a 2000 metros. Os solos são predominantemente ácidos e distróficos, e derivados principalmente de rochas quartzíticas (Silva et al., 2005). Na área de estudo predominam solos rasos, classificados como Neossolos Litólicos e Quartzarênicos (Figura 2).

A área total compreende 61.820 m² (6,18 hectares), com vegetação representada pela fitofisionomia de Campo Rupestre (OCBIL), com transição gradual com áreas savânicas e florestais.

Figura
2. (A) Exemplo de rochas expostas sem
vegetação; (B) Adaptação de raízes da espécie Thaumatophyllum adamantinum; (C) Formação vegetal densa que
ocorre no interior do fragmento da Serra do Brasão em Diamantina/MG – Reserva
da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE).
Figura 2. (A) Exemplo de rochas expostas sem vegetação; (B) Adaptação de raízes da espécie Thaumatophyllum adamantinum; (C) Formação vegetal densa que ocorre no interior do fragmento da Serra do Brasão em Diamantina/MG – Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE).
Fonte: Autoria própria.

2.2 Métodos de amostragem da vegetação

Para a realização do levantamento florístico total, o compartimento foi dividido em três setores. O método empregado na amostragem foi o qualitativo de caminhamento aleatório (Filgueiras et al., 1998), que consiste na descrição da vegetação da área a ser amostrada, na listagem de espécies encontradas, e na organização e processamento de dados em forma de tabelas e listas. O início das coletas ocorreu no mês de março do ano de 2019 com término no mês de junho do mesmo ano.

Para cada indivíduo, foi coletada uma amostra, registrando-se, ainda, três fotografias, sendo elas do tronco, das folhas e das flores (Figura 3) com o intuito de catalogar e auxiliar na identificação precisa e correta de cada uma das espécies coletadas. Por fim, com a utilização do GPS foram marcados pontos onde cada indivíduo foi assinalado com as respectivas coordenadas geográficas.

Figura 3. Exemplo do tronco (A), folhas (B) e flores (C) da espécie Chamaecrista distichoclada,
em 01/05/2019, na Serra do Brasão em Diamantina/MG
Figura 3. Exemplo do tronco (A), folhas (B) e flores (C) da espécie Chamaecrista distichoclada, em 01/05/2019, na Serra do Brasão em Diamantina/MG
Fonte: Autoria própria.

Foi utilizado como critério de inclusão da amostragem o registro de todos os indivíduos em estágio reprodutivo e estéril, acima dos 30 cm. Após concluir as coletas dos indivíduos, cada espécie foi envolvida por jornais e papelões, armazenada em uma prensa e, por conseguinte, posto para secagem.

O processo de identificação do material botânico coletado ocorreu com as plantas já secas e prensadas. Os nomes encontrados foram catalogados de acordo com os herbários online Flora do Brasil 2020 e Species Link, assim como consulta ao acervo do Herbário Dendrológico Jeanine Felfili (HDJF) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e à especialistas.

As espécies arbóreas foram listadas em ordem de família e de gênero. A circunscrição em famílias seguiu o Angiosperm Phylogeny Group versão IV (APG, 2016). Para verificação de grafia e sinonímias nomenclaturais utilizaram-se os bancos de dados do Missouri Botanic Garden (2017).

Foram realizadas consultas no Livro Vermelho da Flora do Brasil (Martinelli e Moraes, 2013) para averiguar quais espécies amostradas na área são consideradas ameaçadas de extinção. As categorias de ameaça foram definidas pela União Mundial para a Natureza (IUCN) e distribuem-se em: criticamente em perigo, em perigo, vulnerável, quase ameaçada, menos preocupante, dados insuficientes, extinta e extinta na natureza.

2.3 Análise dos dados

Identificamos as formas de raridade das espécies por meio de uma grade de parâmetros proposta por Rabinowitz et al. (1986), gerando uma matriz com oito categorias, uma contendo espécies comuns e as outras sete abrigando as formas de raridade (Quadro 1). Esse sistema de classificação partiu de três variáveis comuns entre as espécies: distribuição geográfica, especificidade por habitat e tamanho populacional. O gradiente crescente de raridade vai de 1 a 7, sendo que a forma 7 é considerada pelos autores do método a mais severa ou ameaçada (Rabinowitz et al., 1986).


Fonte: Rabinowitz et al. (1986)

Para a variável distribuição geográfica, utilizou-se a classificação como "distribuição geográfica restrita", considerando a ocorrência da espécie em apenas um único bioma.

Na variável especificidade por habitat, foi considerada como tendo habitat único aquela espécie que se apresentou em apenas uma única fitofisionomia (Campo Rupestre) e com habitat variado a espécie que ocorreu em duas ou mais fitofisionomias.

Já para tamanho populacional considerou-se o número de coletas de cada espécie fornecido pelo banco de dados do Species Link. Este site de Domínio Público consiste na compilação de dados de coleta de espécies a partir de depósitos em herbários.

Registrou-se uma média de aproximadamente 1120 coletas para as espécies amostradas, sendo considerado abaixo de 600 coletas “tamanho populacional restrito”. Portanto, com a aplicação destes critérios foi possível segregar as espécies desta família em sete formas de raridade, além das consideradas comuns (Tabela 1).

Para melhor compreender a classificação obtida, avaliou-se também a situação de endemismos das espécies conforme a Lista das Espécies da Flora do Brasil (Quinet et al., 2014) e suas distribuições entre as fitofisionomias.

3. Resultados e discussão

Foram coletados no total 160 indivíduos, sendo que 135 foram identificados à nível de espécie, 8 somente à nível de família e 17 não foram identificados. Assim, segundo o herbário online Flora do Brasil 2020, os indivíduos identificados resultaram em um total de 100 espécies, distribuídas em 28 famílias e 71 gêneros (Tabela 1 A, B, C e D).

Florística do fragmento de mata amostrado na Serra do Brasão em Diamantina/MG na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE), levando-se em conta o nome da espécie, a família, o endemismo, a distribuição geográfica, a especificidade, o tamanho populacional e o grau de raridade.
Florística
do fragmento de mata amostrado na Serra do Brasão em Diamantina/MG na Reserva
da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE), levando-se em conta o nome da
espécie, a família, o endemismo, a distribuição geográfica, a especificidade, o
tamanho populacional e o grau de raridade.
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Fonte: Elaboração Própria.

Todas as formas de raridade foram encontradas na comunidade. Um elevado grau de raridade foi constatado entre as espécies, sendo observado em 71%. Constatou-se que apenas 29% das espécies são consideradas comuns na área de campo rupestre, cuja distribuição é ampla e abundante (Figura 4).

Figura 4. Percentual de formas de raridade encontradas para
as espécies amostradas em área de campo rupestre - Reserva da Biosfera da Serra
do Espinhaço.
Figura 4. Percentual de formas de raridade encontradas para as espécies amostradas em área de campo rupestre - Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.
Fonte: Elaboração Própria.

Quanto à especificidade por habitat, 75% das espécies não apresentaram preferência quanto ao habitat (formas 1, 4, 5 e comuns). Em contraste, 25% das espécies restrição quanto ao habitat em que vivem (formas 2, 6 e 7), ou seja, ocorrem em apenas em fitofisionomias campestres.

Dentre as espécies que apresentaram alguma raridade, a forma 1 é a mais frequente na área avaliada (27%). Essa forma compreende espécies que ocorrem em ampla amplitude geográfica, não têm restrições quanto ao habitat, porém onde ocorrem, ocorrem com baixo número de indivíduos. Entre as espécies categorizadas com esta forma de raridade destaca-se Aeschynomene riedeliana e Psychotria warmingii Mül, com menos de 100 indivíduos coletados nos herbários. A forma 2, que trata de espécies com baixa distribuição geográfica apresentou apenas três espécies: Ilex conocarpa, Banisteriopsis campestris e Miconia cubatanensis. As formas 3, 4 e 6 estiveram presentes com cinco espécies cada. A forma considerada a mais severa pelo método Rabinowitz et al. (1986) é a forma 7 (espécies endêmicas e esparsas), onde foram classificadas 13 espécies, sendo as principais: Thaumatophyllum adamantinum, Hyptis corymbosa e Waltheria polyantha.

Estes resultados evidenciam uma relação entre a raridade, pelo viés do método aplicado, e o endemismo atribuído às espécies analisadas. Acreditamos que medidas de raridade devem auxiliar na gestão da conservação das espécies in situ nos Campos Rupestres, bem como pode ser utilizada como subsídio para elaboração de listas de espécies ameaçadas, uma vez que clarifica o grau de vulnerabilidade de cada espécie na região destes Ocbils.

Complementarmente aos resultados de raridade, encontramos que 78% dos indivíduos são endêmicos do Brasil, como por exemplo a Microstachys serrulata, Mikania sessilifolia e Myrcia splendens.

O elevado número de endemismo se dá pelas características específicas destes ambientes edáficos (Begon e Townsend, 2006; Silveira et al., 2015). Tal variação de ambientes edáficos nas regiões de Campos Rupestres corroborou a fim de que esta região seja reconhecida como centro de diversidade e endemismo vegetal (Giulietti et al., 1997, Rapini et al., 2008, Silveira et al., 2016).

Logo, o endemismo no Campo Rupestre é maior do que em outras fisionomias do Cerrado, e, por este motivo, há uma maior pressão ecológica e, consequentemente, maior riqueza de espécies endêmicas (França et al., 1997).

Quanto aos 78 indivíduos endêmicos do Brasil, 23 são restritos ao estado de Minas Gerais, como por exemplo a Thaumatophyllum adamantinum, Plinia nana e a Barbacenia flava.

Os 55 indivíduos restantes estão amplamente distribuídos pelo Brasil, como, por exemplo, a Baccharis reticularia, Stryphnodendron adstringens e Peixotoa tomentosa.

Isto se dá devido a composição geológica específica e alta diversidade biológica presente na Cadeia do Espinhaço, a qual apresenta uma peculiaridade na sua diversidade florística, com paisagens naturais vulneráveis e de difícil recomposição, o que evidencia numerosas espécies endêmicas (Azevedo et al., 2008, Carvalho, 2008, Gontijo, 2008).

Dentre as espécies endêmicas identificadas, somente a espécie Lavoisiera adamantium está classificada como em perigo (EN). De acordo com o CNCFlora, a espécie apresenta distribuição restrita apenas ao município de Diamatina/MG, região que ainda se encontra sujeita a situações de pertubação como mineração, agricultura e expansão urbana (Giulietti et al., 1987; Fernandes et al., 2005).

A espécie Plinia nana e Lavoisiera cordata foram classificadas como vulneráveis (VU), devido a sua ocorrência exclusiva aos campos rupestres da Serra do Espinhaço, restritamente no estado de Minas Gerais.

Muitas das espécies endêmicas não foram avaliadas quanto ao grau de ameaça (NE), revelando a falta de conhecimento sobre o status de conservação de espécies relevantes do Campo Rupestre.

Logo, não seria possível analisar o monitoramento das mesmas no que diz respeito à sua conservação, o que pode proporcionar efeitos irreparáveis para a conjuntura florística (Lima et al., 2011).

No estado de Minas Gerais se encontram aproximadamente 1,5% das espécies vegetais brasileiras (Reis e Schmiele, 2019), sendo que a Serra do Espinhaço representa o centro de diversidade para vários grupos de plantas (Cruz et al, 2018), com aproximadamente 10% da diversidade brasileira de plantas (Giuliette et al., 1997, Rapini et al., 2008).

Deste modo, tanto a raridade quanto a dispersibilidade reduzida de algumas espécies podem ser explicadas por estarem concentradas em formas de relevo antigas (Gosper et al., 2021).

Por fim, ainda dentre as 100 espécies encontradas, 25% foram exclusivas de campos rupestres e 75% ocorreram em outras fitofisionomias. Dentre as espécies exclusivas de campo rupestre se destacam Lepidaploa rufogrisea, Stachytarpheta glabra e Miconia cubatanensis.

Nesta pesquisa, os estados de Minas Gerais e Bahia detiveram conjuntamente 11 espécies endêmicas, como por exemplo, a Eremanthus incanus, Aspilia foliosa e Ocotea percoriacea.

Este número pode possivelmente ser justificado pela existência da Serra do Espinhaço, que vai desde a Serra de Ouro Branco em Minas Gerais, até o norte da Chapada Diamantina na Bahia (Rapini et al., 2008). A distância geográfica destes estados, vizinhos em parte considerável de seus territórios, também é um fator importante.

4. Conclusão

Nosso artigo mostra o elevado número de espécies endêmicas e raras nos Campos Rupestres da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Apesar de ser reconhecida como região prioritária para conservação e riqueza biológica existentes no planeta, ainda são muitos os desafios para que planos de manejo sejam realmente efetivos na preservação destes ecossistemas.

Os resultados evidenciam a relação da raridade e do endemismo, sendo assim, tais medidas contribuem na gestão da conservação das espécies in situ nos Campos Rupestres.

Reforçamos a importância de pesquisas futuras que auxiliem numa melhor compreensão dos prováveis impactos sobre a flora. Estes estudos permitirão a previsão e priorização de estratégias globais de conservação, para impedir uma possível perda maciça de biodiversidade, especialmente quando se considera a pressão humana sobre esta paisagem.

Desta forma, os resultados do trabalho amparam a produção tanto de listas de espécies ameaçadas, quanto corrobora para com a classificação de espécies endêmicas e raras, dado que elucida o grau de vulnerabilidade de cada espécie na região destes Ocbils.

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