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A identidade do homem vil de Daniel 11,21: Uma proposta
The identity of the vile person of Daniel 11,21: A proposal
DavarLogos, vol. XXI, núm. 3, pp. 1-26, 2022
Universidad Adventista del Plata

DavarLogos
Universidad Adventista del Plata, Argentina
ISSN: 1666-7832
ISSN-e: 1853-9106
Periodicidade: Semestral
vol. XXI, núm. 3, 2022

Recepção: 11 Agosto 2022

Aprovação: 13 Outubro 2022

Resumo: Daniel 11 é o cerne da profecia final que se inicia no capítulo 10 e conclui no capítulo 12. É um tipo de profecia oral, didática, entregue diretamente pelo anjo Gabriel ao profeta Daniel, e constitui a profecia mais detalhada no livro de Daniel. É reconhecido pelos estudiosos que Daniel 11 é uma das passagens mais difíceis na literatura apocalíptica bíblica e que há uma considerável diversidade na interpretação dos últimos três capítulos, especialmente do capítulo 11. Um dos aspectos envolve a própria delimitação das unidades literárias que compõem o capítulo 11, essencial para a interpretação dos detalhes da profecia. Neste contexto se destaca a referência ao “homem vil” do verso 21, identificado por intérpretes de diferentes tendências como Antíoco iv Epifânio e por muitos historicistas como o imperador romano Tibério. Este artigo tem o objetivo de oferecer uma proposta de identificação alternativa, embora não original, fundamentada na estrutura literária do capítulo 11, nas expressões utilizadas pelo profeta para caracterizar as ações do “vil” e nas conexões estruturais e linguísticas entre os capítulos 8 e 11. A análise permite concluir que o “vil” equivale ao “chifre pequeno” mencionado no capítulo 8.

Palavras-chave: Daniel − Profecía − Homem vil − Chifre pequeño − Rei do norte.

Abstract: Daniel 11 is the core of the last prophecy that starts in chapter 10 and finishes in chapter 12. It is an oral didactic prophecy given directly by the angel Gabriel to the prophet Daniel and constitutes the most detailed prophecy in the book of Daniel. Scholars recognize that Daniel 11 is one of the most challenging passages of biblical apocalyptical literature. There is considerable diversity in the interpretation of the last three chapters of Daniel, especially chapter 11. One of the aspects involves the delimitation of the literary unities that composes chapter 11, which is essential for interpreting the prophecy details. In this context, there is a highlight on the reference to the “vile person” in verse 21, identified by different lines of interpretation as Antiochus iv Epiphanes and other historicists as the roman emperor Tiberius. This article has the objective to offer an alternate option, even though it is not original, based on the literary structure of chapter 11, in the expressions used by the prophet to characterize the actions of the “evil” one, and in the structural and linguistic connections between the chapter 8 and 11. The analysis allows the conclusion that the “evil” one is the equivalent of the “little horn” mentioned in chapter 8.

Keywords: Daniel − Prophecy − Vile person − Little horn − King of the north.

Daniel 11 é o cerne da profecia final do livro, tendo seu início no capítulo 10 e a conclusão no capítulo 12. É um tipo de profecia “oral, didática”, entregue diretamente pelo anjo Gabriel ao profeta Daniel, e constitui “a profecia mais detalhada no livro de Daniel”.1 É reconhecido pelos estudiosos que Daniel 11 é “uma das passagens mais difíceis na literatura apocalíptica bíblica”2 e que há uma “considerável diversidade na interpretação dos últimos três capítulos, especialmente do capítulo 11”.3 Estas dificuldade e diversidade já soam como um alerta contra qualquer tipo de dogmatismo ao ser oferecida uma interpretação que contraria alguma já tradicionalmente aceita. Um dos aspectos envolve a própria delimitação das unidades literárias que compõem o capítulo 11, quando inicia e termina, etc. Outro aspecto é a definição do momento em que Roma assume o protagonismo no cenário do capítulo 11. Outra questão está relacionada com a identificação do “homem vil” do verso 21, o príncipe da aliança do verso 22 e o rei do norte escatológico. E sem mencionar os versos 40-45, contendo profecias não cumpridas, sobre os quais não temos qualquer revelação adicional.

Embora a linguagem seja clara, sem os simbolismos presentes nos capítulos 7 e 8, por exemplo, com referências explícitas a Pérsia e Grécia (v. 2), como também ao Egito (v. 8), a profecia se refere a muitos governantes sem identificá-los. E a identificação dos “atores e eventos com base em seus perfis” constitui um enorme desafio.4 Como declarou William Shea, “há uma grande quantidade de detalhes e pode ser bem fácil se perder neste bosque de significados.”5 Isto deve servir de advertência contra assumir posições categóricas e, ao mesmo tempo, manter o intérprete cauteloso e humilde ao refletir sobre o conteúdo da profecia. Afinal, o próprio Daniel expressou sua “frustração diante da inescrutabilidade de suas visões”:6 “Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias... Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse” (Dn 8,27).

Com respeito ao momento específico em que o Império romano passa a ocupar o seu lugar no cenário histórico e quando ocorre a transição para a fase religiosa, ou papal, de Roma, as dificuldades aparentes já se manifestam. Alguns intérpretes entendem que Roma imperial é referida a partir de Daniel 11,14,7 enquanto outros assumem que o protagonismo de Roma tem início no verso 16.8 Neste caso, deve-se observar não apenas o surgimento, mas a transição para a fase seguinte. Carlos Mora situa a Roma pagã nos versos 16-20 e, a partir do verso 21, Roma papal ocupa o centro das atenções,9 enquanto Shea compreende que os versos 16-22 fazem referência a Roma imperial10 e os versos 23-3011 descrevem as atividades de Roma papal em especial conexão com as cruzadas,12 e os versos 31-39 descreveriam suas atividades religiosas.13 Merling Alomía argumenta que Roma imperial é introduzida no cenário a partir do verso 14, prosseguindo até o verso 22,14 e coincide com Shea de que os versos 23-30 também se referem às Cruzadas.15 De igual forma, Maxwell defende a aparição de Roma a partir do verso 14, continuando até o verso 20,16 mas introduz Roma papal a partir do verso 21, e que há referência às Cruzadas nos versos 25-30.17 A posição de Roy Gane é que os reis helenísticos são descritos nos versos 5-19,18 mas sem qualquer referência a Antíoco iv, e que Roma somente entra em cena no verso 20, com uma mudança em sua natureza no verso 23,19 e também há referência às cruzadas.20

Como se pode perceber, se alguém quiser estender o debate quanto às minúcias mencionadas na profecia, não faltarão oportunidade e argumentos. Para evitar discussões que poderiam desviar o foco daquilo que é mais importante na revelação profética, concordamos com a observação de Elias Brasil de que “a compreensão dos contornos gerais da profecia e seu clímax continuam sendo mais importantes do que apontar a entrada dos principais personagens no fluxo da narrativa”.21 Naturalmente, isto não significa ignorar o texto e esquivar de sua interpretação porque, independente das questões levantadas acima, alguns detalhes históricos são “precisos e geralmente acurados”,22 e podem ser identificados com certeza. E isto, evidentemente, está em conformidade com o conceito de Deus como Aquele que é Onisciente e presciente, que “desde o princípio anunci[a] o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam” (Is 46,10). Sendo assim, pode revelar o desenrolar da história que culminará na vitória celestial, para a redenção dos fiéis de todas as eras.

Estrutura literária e a interpretação de Daniel

No processo de compreender a mensagem profética, especial importância deve ser dada à análise da estrutura literária do livro como um todo e de suas unidades, o que permite estudar um determinado texto bíblico em seu contexto específico, orientando as conclusões do intérprete segundo o propósito do profeta. Faz algumas décadas que os especialistas iniciaram estudos sobre a “composição literária”23 do livro de Daniel e sua estrutura. Como se expressou uma estudiosa, “a chave para compreender uma obra é sua forma literária”,24 visto que “a estrutura literária destaca temas”25 que exigem uma maior atenção do intérprete. Ou ainda, como afirmou Davidson, “a estrutura literária de uma passagem bíblica... frequentemente provê uma chave para o fluxo de pensamento ou temas teológicos centrais.”26 Finalmente, como declarou Gane:

A análise da estrutura literária para identificar características como repetição, fluxo de ideias e posicionamento estratégico de termos-chave precede uma tentativa de combinar a profecia com eventos históricos. A introdução prematura de aspectos históricos específicos leva à distorção da interpretação, ignorando, descartando ou enfatizando os elementos no texto. O primeiro passo na análise da estrutura literária é determinar os limites de uma unidade literária.27

Neste caso, a unidade literária consiste em Daniel 11,2b-12,4, visto que, em uma narrativa hebraica a expressão וְהִנֵּ֛ה frequentemente funciona como um marcador que indica o início de uma nova seção na estrutura literária, e Daniel 11,2b é introduzido por הִנֵּה, precedida e seguida por uma narrativa.28 Com respeito ao final da unidade, aqui adotamos, para efeito de análise, o seu término no verso 4, e consequente início da última unidade no verso 529 (epílogo: 12,5-13). A razão para isso é que encontramos no verso 5 a mesma expressão hebraica וְהִנֵּ֛ה, indicando o início da seção final na estrutura literária da narrativa. Portanto, a unidade literária de Daniel 11,2b-12,4 deve ser analisada em seu todo, pois “uma interpretação que não considera a unidade inteira é suscetível a distorção”.30

Além de determinar os limites da perícope, é necessário também assinalar as seções em que se divide a profecia, o que pode ser realizado a partir de alguns marcadores linguísticos presentes do texto. As divisões dentro do capítulo 11 podem ser feitas a partir das referências aos distintos personagens que ocupam o centro da ação: os reis da Pérsia (v. 2b), o rei poderoso (vv. 3-4), os reis do norte e do sul em conflito (vv. 5-19),31 o rei exator de tributos (v. 20) e o homem vil e sua carreira (vv. 21-45). Carlos Mora divide o capítulo 11 em duas grandes seções, sendo a primeira dos versos 1-20 e a segunda dos versos 21-45.32 Para Roy Gane, “as palavras ‘se levantará em seu lugar’, no início dos versos 20 e 21, parecem marcar grandes transições.”33 Portanto, o verso 21 assinala uma transição no relato profético,34 dando início a uma nova seção.35 Com base no acima exposto, o capítulo 11 pode ser assim esquematizado:36

  1. 1. os reis da Pérsia (v. 2b);
  2. 2. o rei poderoso (vv. 3-4);
  3. 3. os reis do norte e do sul em conflito (vv. 5-19);37
  4. 4. o rei exator de tributos (v. 20) e
  5. 5. o rei vil e sua carreira (vv. 21-45).

Paralelos literários e a interpretação de Daniel

Além da identificação e divisão da estrutura literária do capítulo 11, é importante lembrar que o estudo da macroestrutura literária do livro de Daniel evidencia que as profecias aí encontradas são paralelas, tendo seu início no tempo do profeta e avançando para o estabelecimento do reino de Deus. Portanto, Daniel 11, a profecia final, é uma “recapitulação” que expande alguns aspectos das profecias dos capítulos 2, 7 e, especialmente, 8 e 9.38 Com relação ao capítulo 11, os estudiosos reconhecem os estreitos paralelos com o capítulo 8.39 Como expressou Bishop Newton, a profecia de Daniel 11 é “um comentário e explicação” da visão do capítulo 8.40 Newsom observa que Daniel 10-12 “tem uma relação particularmente próxima com o capítulo 8”. Isto inclui o “interesse em padrões históricos de poder”, “detalhes narrativos” e “vocabulário”, o que levou a autora a concluir que “os capítulos 10-12 são modelados sobre o capítulo 8”.41 Willis destaca que as conexões incluem “paráfrases verbais, empréstimos diretos e paralelos de enredo”.42 Os paralelos entre os capítulos 8 e 11 de Daniel podem ser mais bem apreciados no quadro a seguir:43

1


Este paralelismo entre ambos os capítulos é fundamental para a compreensão do detalhe específico relativo ao homem vil do verso 21. Ao mesmo tempo, deve ser concedida a possibilidade de o intérprete atribuir significados a alguma expressão hebraica para reforçar sua posição. Por exemplo, no verso 16, que vários intérpretes historicistas utilizam para assinalar a introdução de Roma no cenário, as expressões “o que vier”, “fará o que bem quiser” e “terra gloriosa” são cruciais. O significado atribuído à expressão “terra gloriosa” (אֶֽרֶץ־הַצְּבִ֖י)44 é fundamental para a interpretação deste verso, independente do sistema de interpretação adotado pelos autores. Com base no uso do termo no Antigo Testamento entende-se que, neste verso, é uma referência à Palestina.45 Não que ali fosse um território com belezas naturais e muitas riquezas, mas sim porque ali estava o povo escolhido de Deus e o Senhor da glória habitava, simbolicamente, em Jerusalém, no templo, no meio do Seu povo.46 Entretanto, ao chegarmos ao período denominado “tempo do fim”, perde seu significado geográfico e adquire um sentido espiritual.47

Partindo da identificação da “terra gloriosa” com a Palestina, alguns estudiosos consideram que o personagem identificado simplesmente como “o que vier” teria sido o general romano Pompeu, que conquistou para Roma a terra de Israel no ano 63 a. C,48 ou então uma referência ao novo poder, Roma, que assumiria o protagonismo a partir deste ponto.49 Por esta razão entendem que a partir deste verso Roma substitui Selêucidas e Ptolomeus no relato profético. O argumento usado para sustentar esta interpretação é que a expressão “o que vier” não seria uma referência nem ao rei do sul e nem ao rei do norte, mas a um “novo ator no cenário histórico”.50 Além disso, a frase “fará o que bem quiser” é considerada uma “expressão técnica usada para introduzir novas potências na profecia” (cf. v. 3).51 Seguindo esta identificação inicial, aplicam os versos seguintes (17-22) somente a líderes romanos.52 Assim, o verso 17 indicaria a investida de Roma, com Júlio César, contra o Egito. A “jovem” que seria dada “em casamento” é identificada como a famosa Cleópatra vii, filha de Ptolomeu xii Auletes (69-30 a. C.). O verso 18 continuaria a descrever as atividades de Júlio César, desta vez contra “as terras do mar” ou terras margeadas pelo mar. Júlio César empreendeu três campanhas militares após sua entrada no Egito: ao Bósforo, ao norte da África e à Espanha. O final do verso 18 seria uma indicação do que sucederia a César pelas mãos de seus amigos e assistentes de confiança, confirmado pela história, com as palavras “e fará recair este opróbrio sobre ele”. O verso 19 descreveria a queda e morte literal e figurada de César, assassinado em março do ano 44 a. C.53

Uma proposta alternativa à apresentada acima, seguindo a estrutura literária esboçada anteriormente, é de que o “rei do norte” mencionado no verso 16, que estaria “na Terra Gloriosa”, teria sido Antíoco iii, o Grande (222-187 a. C.). Anteriormente, durante o período helenístico, a terra de Israel era controlada pelos Ptolomeus do Egito. Com a rendição de Scopas, um general que estava a serviço do Egito, Antíoco iii apoderou-se de toda a Palestina, incluindo Jerusalém e Judéia, que, a partir de então, esteve sob a esfera de influência Selêucida. O argumento que sustenta esta interpretação é que não haveria indicação textual em Daniel 11 (desde a referência à divisão do império de Alexandre) apontando para uma mudança dinástica antes do verso 20. Esta linha de raciocínio não considera as expressões “o que vier” e “fará o que bem quiser” um indicador do surgimento de um novo ator, ou uma nova potência, no cenário histórico-profético. Assim, a frase técnica “fará o que bem quiser” estaria sendo usada para expressar “o caráter destrutivo deste poder”.54 Além disso, o contexto indica uma vitória do “rei do norte” (Síria) sobre o “rei do sul”, ou seja, o Egito (cf. v. 15).55

Com respeito à “jovem” que foi dada “em casamento” (v. 17), esta seria a filha de Antíoco iii, também chamada Cleópatra, que se casou com Ptolomeu v como parte de uma estratégia política para conquistar o Egito, e nenhum líder romano teria agido dessa forma.56 Mas isto não funcionou, porque Cleópatra preferiu defender os interesses de seu esposo aos de seu pai, encorajando uma aliança entre o Egito e Roma contra o próprio pai. Como resultado, os planos de Antíoco iii não prosperaram ou, como está escrito, “isto, porém, não vingará, nem será para a sua vantagem” (v. 17). Com a morte de Ptolomeu, Cleópatra i tornou-se regente de seu filho menor e uma figura poderosa.57

Todos estes fatores contextuais sustentariam a posição de que o personagem que estaria “na terra gloriosa” (v. 16) é Antíoco iii, e não qualquer líder romano.58 Os versos 18 e 19 ainda descreveriam os planos e ações de Antíoco iii, quando sua atenção se voltou para as regiões costeiras da Síria-Palestina e Ásia Menor. Seu objetivo era conquistar as cidades gregas e egípcias, indo contra a advertência de Roma. Sua atitude resultou em uma declaração de guerra por parte dos romanos em 192 a. C. e a intervenção destes naquela região do mundo. Embora Antíoco tenha sido bem-sucedido inicialmente, o exército romano o derrotou, primeiro nas Termópilas, na Grécia central, em 191 a. C., e então, de forma decisiva, em Magnésia, na Ásia Menor, no início de 189.59 Antíoco iii foi obrigado a aceitar os “humilhantes termos de paz”60 do tratado de Apaméia, em 189 a. C. Tornou-se um vassalo de Roma e teve que enviar vinte reféns para Roma, incluindo seu filho, o futuro Antíoco iv, e pagar uma pesada indenização. Para pagar o tributo, Antíoco tentou pilhar o tesouro do templo de Bel em Elimas, uma cidade persa, em 187 a. C., mas as forças locais o mataram, juntamente com seus seguidores. E assim findou a carreira de um governante poderoso, cumprindo a profecia que afirma: “tropeçará, e cairá, e não será achado” (v. 19). Como Hengel observa corretamente, por “esse tempo os superpoderes helenísticos já haviam passado o auge do poder, que Roma havia restringido cada vez mais em sua liberdade de ação”.61 Por esta razão, a profecia ignora os restantes governantes selêucidas, Antíoco iv incluído, e dirige o foco para o próximo poder.

O rei exator de tributos

O verso 20 menciona um rei que passaria um “exator pela terra mais gloriosa do seu reino”, mas que seria destruído “sem ira nem batalha”. Para os intérpretes críticos este rei é o filho de Antíoco iii, Seleuco iv, cujo reinado se estendeu de 187-175 a. C., quando foi assassinado. Isto colocou em movimento uma engrenagem que resultou na chegada de Antíoco iv ao poder, um personagem central em toda a argumentação de tais intérpretes. Entretanto, como visto acima, não há espaço sequer para uma referência pontual a este rei no capítulo 11. Ele está incluído corporativamente na dinastia selêucida, assim como todos os demais. Como bem expressou Alomía, “a participação de Antíoco iv Epifânio no reino selêucida, sob a tutela de Roma, é de uma extrema insignificância histórica.”62

Por outro lado, seguindo a estrutura literária adotada neste estudo para o capítulo 11, o verso 20 indica uma transição importante, ou seja, uma descontinuidade, uma ruptura em relação aos versos anteriores e, ao mesmo tempo, o início de uma nova seção. Como pode ser observado, o texto deste verso inicia com as palavras “então se levantará em seu lugar” (Heb. וְעָמַ֧ד עַל־כַּנֹּ֛ו), uma expressão que indica esta transição. Neste caso aponta para alguém que assumirá funcionalmente o seu lugar/posição e status, sem qualquer indicação de continuidade dinástica, sem relação com os governantes previamente mencionados. Simplesmente ocorre a substituição de um por outro.63

A maior parte dos intérpretes historicistas compreende que o rei mencionado no verso 20 seria César Augusto, identificando este rei a partir de duas características mencionadas no texto:64 (1) ele enviaria coletores de impostos através de todo o reino, e (2) morreria em um tempo de paz, não em batalha. Ambas as características se observam na vida de César Augusto, considerado o fundador do Império romano, tendo reinado por mais de quarenta anos (27 a. C.-14 AD).65 Ele é notado como aquele que ordenou o recenseamento, cujo resultado serviu de base para o estabelecimento das taxas correspondentes. O sistema de impostos instalado em sua administração é bem representado pelos publicanos no Novo Testamento. Jesus veio a nascer em Belém em virtude do alistamento ordenado por Augusto (Lc 2,1). Com respeito à segunda característica, Augusto morreu de uma doença, aos 66 anos de idade, em 19 de agosto do ano 14 AD, assim cumprindo a especificação final desta porção da profecia.

O homem vil

O homem vil é introduzido no relato com as seguintes palavras: “Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a majestade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com lisonja” (v. 21). Assim como o verso 20, o 21 também se inicia com a expressão וְעָמַ֧ד עַל־כַּנֹּ֛ו, que indica uma transição importante entre os versos, sem indicação de continuidade dinástica com o anterior. Se a frase “depois se levantará em seu lugar” (v. 20) significou a ruptura com a dinastia Selêucida, introduzindo em seu lugar os romanos, o v. 21, iniciando com a mesma frase, também deveria fazer o mesmo, rompendo a cadeia para introduzir um novo poder, diferente dos romanos, no cenário. Este “vil” é um usurpador, fato indicado pelo texto ao destacar que ele não recebeu a “majestade real”, mas sim que a alcançou por um ato de “tomar” (ARA, Heb. חָזַק).66 Portanto, no verso 20 ocorreu uma transferência do título “rei do norte” para outro poder, no caso, César Augusto, e o verso 21 transfere o mesmo título ainda para outra dinastia que se origina em um ato de usurpação. Esta nova dinastia do “rei do norte” continua até o fim do capítulo 11.67 A proposta literária do hebraísta Tregelles68 divide a história deste homem vil em três etapas: (1) seu surgimento (Dn 11,21.22); (2) o tempo entre a aliança e a retirada do sacrifício diário e o estabelecimento da abominação desoladora (Dn 11,23-31); e (3) sua carreira blasfema, até sua destruição (Dn 11,32-45).69

A análise do capítulo 11 evidencia que o verbo hebraico “levantar” (Heb. עָמַד) aponta para o surgimento de um novo personagem, em sucessão ou oposição a algum outro já existente. Em sentido positivo, este verbo, usado em Daniel 11,2.3.4.7.20 e 21 significa “levantar-se para reger”, “dominar” ou “reinar” e, em todos estes exemplos, refere-se à vinda de um novo rei no cenário da ação ao tempo em que ele ascende ao trono e se torna o novo governador (ver também Dn 7,24; 8,23).70 Esta interpretação é reforçada pelo uso do termo כֵּן (no substantivo כַּנֹּ֛), que se “refere a uma posição/lugar, status ou ofício”.71 Desta forma encontramos referência a poderes ou reis que se levantaram para reinar: Pérsia (v. 2), Grécia (vv. 3-4), o rei do sul (v. 7), um que faria passar um exator pela terra gloriosa (v. 20) e o “vil” (v. 21). Deve ser cuidadosamente notado que o verbo “levantar” (עָמַ֤ד) não mais é utilizado até o final do capítulo 11 com o sentido de levantamento de qualquer outro poder.72 Portanto, esta observação já indica que daqui por diante estamos lidando com o mesmo poder “usurpador”, que assume o descritor “rei do norte”, inaugurando uma “dinastia [que] continua até o fim do capítulo 11 (v. 45)”,73 cuja trajetória maligna será interrompida quando Miguel se levantar (עָמַ֤ד) no tempo do fim (Dn 12,1) para estabelecer o Seu reino eterno em substituição a todos os poderes deste mundo.

Quanto à identificação deste vil, há distintas propostas. Vários comentaristas identificam este “vil” como Antíoco iv Epifânio,74 que, embora não herdeiro direto do trono, usou de subterfúgios para ocupar a posição real. Outros intérpretes fazem a mesma identificação, entretanto, veem no “caráter e atividades” de Antíoco Epifânio uma “imagem do futuro anticristo”.75

Intérpretes historicistas, geralmente, entendem que este homem “vil” é uma referência a Tibério (14-37 AD),76 que governava o Império Romano ao tempo da crucifixão de Jesus. Entre outras coisas, a referência a um “exator” no verso 20, identificado com César Augusto, tem levado à conclusão de que o verso seguinte se refere a seu sucessor, ou seja, Tibério. Argumenta-se que a profecia apresenta várias especificações que se cumprem em Tibério: que ele seria um “homem vil”, que não possuía a “majestade real”, e viria “caladamente” e tomaria o reino com “lisonja”.77 Quanto aos dois primeiros elementos, é alegado que a mãe de Tibério, Lívia, implorou a Augusto que nomeasse o filho como seu sucessor, ao que Augusto teria respondido: “Seu filho é muito vil para usar a púrpura de Roma.” E Augusto nomeou a Agripa, um respeitado cidadão romano, mas que faleceu sem assumir a realeza. Mais uma vez pressionado a escolher um sucessor, Augusto não resistiu aos apelos de Lívia, e nomeou a Tibério como corregente e sucessor. Assim, Tibério, que não era filho natural de Augusto, veio a se tornar imperador, mas nunca recebeu o amor, respeito e a “majestade do reino” devidos a um soberano.

E por que a insistência no caráter vil de Tibério? De acordo com a Encyclopedia americana,78 citando ao historiador romano Tácito, alguns eventos no reinado de Tibério incluem a morte suspeita de Germânico, a administração detestável de Sejano, o envenenamento de Drúsio, uma mistura de tirania com ocasional sabedoria e bom senso, concluindo com seu retiro para a ilha de Capri. Com base nisso Smith conclui: “Tirania, hipocrisia, devassidão e ininterrupta intoxicação – se essas características e práticas mostram que um homem é vil, Tibério exibiu esse caráter com perfeição.”79

William Shea acrescenta aos argumentos anteriores a informação do verso 22, que seria um “ato específico de Tibério”,80 a saber, a morte do “príncipe da aliança”, identificado por Shea como uma referência a Jesus Cristo, que foi crucificado pelos romanos durante o governo de Tibério. Ao vincular linguisticamente a expressão “príncipe da aliança” (Dn 11,22) com Daniel 9,24-27, Alomía conclui que “esta indiscutível realidade invalida de modo total a qualquer outra interpretação que não veja a Jesus de Nazaré como o único e categórico cumprimento tanto de Dn 9:24-27 como de Dn 11:22.”81

Na avaliação de Roy Gane, “é fácil desenterrar muita sujeira sobre Tibério ou outros imperadores romanos, mas Tibério não foi um usurpador; ele recebeu a ‘majestade real’ através de uma sucessão legítima de Augusto, seu padrasto, que o adotou e escolheu como seu sucessor.”82 De acordo com fontes históricas, no ano 4 de nossa era ele foi adotado por Augusto e designado seu sucessor,83 sendo chamado, a partir de então, Tibério Júlio César. No ano 12 ele celebrou suas vitórias militares na Germânia e Panônia. Em razão de tais vitórias, Suetônio informa que logo após tais acontecimentos os cônsules promulgaram uma lei de que Tibério deveria governar as províncias juntamente com Augusto. Neste contexto Tácito descreve Tibério como collega imperil, ou seja, “colega no império” (Annals 1.3), e alguns historiadores consideram a Tibério como imperador conjunto.

Em vista do exposto, uma avaliação muito diferente, e bem positiva, acerca de Tibério, é apresentada pelo historiador Albino Garzetti, que considera que “foi como o resultado lógico de uma vida de serviço em que ele não tinha iguais, pelo menos em substância, senão em popularidade..., que Tibério herdou o legado de Augusto; e ele era digno disso.”84 Ademais, pode-se questionar a afirmação de que a morte do príncipe da aliança mencionado no verso 22 tenha sido um “ato específico de Tibério”, visto que não há qualquer evidência de que o imperador tenha tido envolvimento pessoal na questão, ou mesmo sido consultado acerca dos eventos que levaram à crucifixão de Jesus. O assunto foi conduzido pelas autoridades legalmente constituídas por Roma, mencionadas nos Evangelhos, Pôncio Pilatos e Herodes. Portanto, não seria historicamente correto associar diretamente Tibério com a morte de Jesus.

Gane sugere que o verso 21 se refere ao surgimento da Roma imperial, e que Júlio César (100-44 a. C.) seria o “vil” mencionado neste verso, pois ele não recebeu a “majestade real”, mas usurpou o poder da república romana que, até então, era exercido pelo Senado. Como a frase “depois se levantará em seu lugar” (v. 21) indica uma transição, uma descontinuidade dinástica, Gane argumenta que, embora haja uma continuidade no sentido de que ainda era romano, era um sistema de governo muito diferente. Assim, a transição de república para o império não corresponderia a uma sucessão dinástica.85 Seguindo este raciocínio, Gane sugere a transição para a fase religiosa de Roma no verso 23. Entretanto, não há indicação textual, um marcador linguístico, que sustente o argumento quanto à aparição de Roma papal no verso 23.

Ainda que seja historicamente correta a transição entre o governo exercido pelo senado romano e o novo modelo iniciado por Júlio César, pode-se argumentar que uma mudança na forma de governo, em realidade, não altera o fato de que o poder continuou o mesmo, isto é, Roma. Não foi um novo poder no cenário, mas tão somente uma modificação em sua forma interna de governo. Todas as transições verificadas neste capítulo indicavam alterações entre os povos dominantes, de persas para gregos, depois os conflitos entre os reis do norte e do sul (Selêucidas e Ptolomeus), até o surgimento de Roma no horizonte político da região. Assim, desde o Tratado de Apaméia, após a derrota de Antíoco iii, Roma se manteve como o poder que eventualmente dominaria todo o entorno do Mediterrâneo, independentemente de sua forma de governo. Embora haja um “elemento estilístico de continuidade”86 entre o homem vil (v. 21) e os reis que governaram antes dele, os comentaristas têm consistentemente reconhecido uma “clara interrupção neste ponto da narrativa”.87

A interrupção referida no parágrafo anterior abre espaço para uma alternativa na interpretação. Deve ser observado que o verso 21 refere-se a este novo personagem como “um vil”88 (Heb. נִבְזֶ֔ה), “desprezado”, “indigno”, “vil”, “desprezível”,89 uma descrição jamais utilizada em referência a qualquer outro rei mencionado anteriormente neste capítulo. Deve-se observar que, de acordo com a sintaxe da passagem, este indivíduo é o sujeito que rege as ações até o verso 39,90 sendo identificado por variados pronomes (ele, dele, seus, sua, lhe, este), e segue como o “ator principal até 11:45”.91 Além disso, o método utilizado pelo “vil” para alcançar o poder é descrito pelo advérbio “caladamente” (Heb. בְשַׁלְוָ֔ה), “no meio de paz”, “furtivo, dissimulado”.92 Este mesmo termo ocorre em somente outras duas passagens no livro de Daniel: em 11,24 e 8,25. No texto de 11,24 está em continuidade com a primeira ocorrência no verso 21, portanto, identifica as ações do mesmo sujeito. Já em 8,25 o termo é utilizado em relação às atividades do chifre pequeno, o que estabelece um vínculo definitivo entre o “vil” e o chifre pequeno.

Também encontramos outro vínculo intertextual entre o “vil” e o chifre pequeno do capítulo 8 na descrição da estratégia utilizada pelo “vil” para alcançar seus objetivos: usará de engano (Heb. (מִרְמָ֑ה) - 11,23). A mesma expressão é utilizada em Daniel 8,25 para se referir às atividades enganosas do chifre pequeno. Como observa Hassler, “ele [o chifre pequeno/homem vil] é a única pessoa no livro que se diz que pratica ‘trapaça/engano’.”93 Este paralelo linguístico fortalece a conclusão de que ambos os símbolos apontam para a mesma entidade.

Além das características acima, devemos observar que são atribuídas ao “vil’ algumas ações não mencionadas em relação aos demais poderes anteriormente citados na profecia. Por exemplo, o desprezo aos costumes e tradições de seus pais (11,24.37.38),94 sugerindo uma alteração no seu relacionamento e compreensão das coisas relativas a Deus (vv. 36-39). A isto se vincula o seu ataque contra a “santa aliança”, expressão que aparece pela primeira vez no livro de Daniel em 11,28, com mais duas ocorrências no verso 30. Este é o único capítulo do livro de Daniel que utiliza o adjetivo “santo” (Heb. קֹ֑דֶשׁ) para se referir à aliança. E este é o mesmo termo chave utilizado para descrever o santuário celestial em Daniel 8,14,95 que foi objeto do ataque do chifre pequeno. Esta “santa aliança” é “a aliança do Todo-poderoso com Seu povo e que está representada por Sua lei proclamada no Sinai e confirmada no santuário e seus serviços”.96 Em resumo, é um “acordo sagrado entre Deus e Seu povo”.97 Deve ser lembrado que um dos alvos das ações do chifre pequeno no capítulo 7 seria a lei de Deus, em especial o mandamento relativo a tempo, ou seja, o quarto mandamento que ordena a santificação do dia do sábado (Dn 7,25).

Além disso, a sutileza de suas ações se revela no uso de lisonjas/intrigas (Heb. pl. בַּחֲלַקּ֑וֹת)98 para alcançar seus objetivos (vv. 21, 24, 32), característica não encontrada nos reis anteriormente mencionados neste capítulo. O verbo pode ser traduzido como “suavidade, escorregadio, lisonja, bajulação, boas promessas”.99 Algumas versões traduzem como “dissimulação suave”, “trapaça, embuste”, “intrigas” ou “furtividade e fraude”.100 O mesmo termo ocorre no verso 32, evidenciando que este sujeito continua suas ações, no mínimo, até este verso.101

A referência a seu ataque contra a santa aliança revela outra faceta da natureza deste “rei do norte”: além de política, é também religiosa. Ele se intromete na esfera religiosa, evidenciado nas referências à santa aliança e ao santuário celestial, que foi objeto do ataque do chifre pequeno na profecia do capítulo 8 (v. 11), aqui novamente mencionado,102 desta vez como sendo profanado pelo sujeito vil: “dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa...” (Heb. הַמִּקְדָּ֤ש הַמָּעוֹז – observe o uso do artigo definido, Dn 11,31).103 Esta ocorrência de מָּעוֹז com artigo definido é única, destacando a singularidade desta “fortaleza”. Outra particularidade no uso de מָּעוֹז está em sua associação com o termo técnico מִּקְדָּ֤שׁ, “santuário”, associação que ocorre exclusivamente neste texto em toda a Bíblia Hebraica. A profanação pode ser interpretada pelas duas ações descritas a seguir. A primeira é a retirada do sacrifício diário,104 já mencionado em Daniel 8,11, onde descreve o ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial, que se torna objeto do ataque do ministério usurpador do sacerdócio do chifre pequeno. A segunda é o estabelecimento da abominação desoladora, que também ecoa, em certo sentido, o conteúdo de 8,11-13. A abominação da desolação aponta para “a profanação do santuário através de um falso sistema religioso, consistindo de doutrinas e práticas anti-bíblicas”.105 Esta profanação se consumou simbolicamente quando o poder representado pelo personagem vil se intrometeu na esfera de atuação do “Príncipe do exército” (Dn 8,11) ou “Príncipe dos príncipes” (Dn 8,25), que se refere a Cristo, e dEle usurpou as prerrogativas exclusivas de ministrar como sacerdote e mediador entre Deus e o Seu povo.

Nesse processo, o povo de Deus, descrito aqui como “o povo que conhece ao seu Deus” (v. 32), também será atacado, da mesma forma como foi atacado pelo chifre pequeno no capítul 7: “este chifre fazia guerra contra os santos, e prevalecia contra eles” (v. 21); “magoará os santos do Altíssimo... e os santos lhe serão entregues nas mãos por um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (v. 25; cf. 8,24).

Considerando os paralelos apresentados no quadro seguinte, é possível identificar o personagem vil do capítulo 11 com o chifre pequeno dos capítulos 7 e 8:106

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Conclusão

As conexões verbais, ou paralelos linguísticos e as descrições das atividades do homem vil do capítulo 11 e do chifre pequeno do capítulo 8 permitem concluir, portanto, que “constituem uma e a mesma pessoa”.107 Assim, todas as características mencionadas na profecia se referem a este personagem: um usurpador que vem no meio de paz – (בְשַׁלְוָ֔ה) (11,21.24; 8,25), age com “engano” – (מִרְמָ֑ה) (11,23; 8,25), obtém o reino com lisonjas, possui uma força militar (v. 22), estabelece uma aliança com outro poder, age enganosamente e se fortalece com pouca gente (v. 23), exerce um poder militar (vv. 24-25), ataca o santuário – (מִּקְדָּ֤שׁ) (11,31; 8,11.13), tira o sacrifício diário – (הַתָּמִ֔יד) (11,31; 8,11) e persegue o povo santo (11,32-35; 8,24; cf. 7,21.25). Resumindo o exposto, as evidências literárias e linguísticas parecem permitir a possibilidade de identificar o personagem vil como Roma papal, que é a proposta deste estudo.108

Mas, apesar de todos os personagens e eventos preditos nesta profecia, com reflexos negativos para o povo de Deus, ainda assim é possível uma nota de esperança em meio ao caos político e religioso apresentado no capítulo 11: o homem vil, assim como todos os reis anteriores, também chegará a um fim não esperado por ele. De fato, dispersos na profecia, são encontrados lembretes de que há um limite estabelecido por Deus para as atividades desse poder ímpio: “… maquinará os seus projetos… mas por certo tempo” (v. 24); “alguns dos sábios cairão… até ao tempo do fim” (v. 35); “fará segundo a sua vontade… e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito” (v. 36); “chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra” (v. 45). Assim como na profecia de Daniel 7 Deus estabeleceu um limite de 1.260 anos para as ações do chifre pequeno (v. 25), o homem vil do capítulo 11 também é limitado por Deus, deixando sempre claro que a soberania de Deus finalmente se manifestará em favor de Seu povo e contra os poderes iníquos desta terra. E assim os santos se fortalecem em sua fidelidade a Deus, e também se consolam na segurança de que, no fim das contas, Deus está no controle da história deste mundo em geral e de cada santo em particular, e restabelecerá a ordem das coisas no tempo divinamente determinado.

Referências

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2 Ángel M. Rodríguez, “Book review: Daniel 11 decoded, de Jacques Doukhan”, Reflections 69 (Jan 2020): 1. Cf. Shea, Daniel 7-12, 178; Ekkehardt Mueller, “Lessons from Daniel 11-12”, Reflections 58 (Abril 2017): 9; Jacques B. Doukhan, Daniel 11 decoded: An exegetical, historical and theological study (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2019), 1; Gerhard Pfandl, Daniel: God’s beloved prophet (Silver Spring, MD/Nampa, ID: Biblical Research Institute/Pacific Press Publishing, 2020), 167.

3 Donn W. Leatherman, “Adventist interpretation of Daniel 10-12: A diagnosis and prescription”, Journal of the Adventist Theological Society 7, n.° 1 (primavera 1996): 121.

4 Roy Gane, “Methodology for interpretation of Daniel 11:2-12:3”, Journal of the Adventist The-ological Society 27, n.os 1-2: (2016): 295.

5 William H. Shea, Daniel: una guía para el estudioso (Florida, AR: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2010), 237.

6 Daniel I. Block, “Preaching Old Testament apocalyptic to a New Testament church”, Calvin Theological Journal 41 (2006): 51.

7 Uriah Smith, The Prophecies of Daniel and the Revelation (Washington, DC/Hagerstown, MD: Review and Herald, 1944), 243; Edwin R. Thiele, Outline studies in Daniel (Berrien Springs, MI: Andrews University, 1947), 119; Taylor G. Bunch, The Book of Daniel (n. p., 1950), 190; C. Mervyn Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 2.ª ed., trad. por Hélio L. Grelmann (Tatuí, BR: Casa Publicadora Brasileira, 2002), 305; Francis D. Nichol, ed., Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4, Série Logos (Tatuí, BR: Casa Publicadora Brasileira, 2013), 958-959.

8 Shea, Daniel 7-12, 187; Carlos Mora, Dios defiende a Su pueblo: comentario exegético de Daniel 10 al 12 (México: Adventus: Editorial Universitaria Iberoamericana, 2012), 87-92, 105.

9 Mora, Dios defiende a Su pueblo, 87-92, 105.

10 Shea, Daniel, 243-247.

11 Shea considera estes versos em Daniel 11 como “os mais difíceis de interpretar historicamente”, e de que “é difícil ser definitivo” quanto a sua interpretação (ibid., 252).

12 Ibid., 250-257.

13 Ibid., 257ss.

14 Merling Alomía, Daniel: el profeta mesiánico, vol. 2 (Lima, PE: Ediciones Theologika, 2008), 409-414.

15 Ibid., 414-425.

16 Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 304-307.

17 Ibid., 308.

18 Gane, “Methodology”, 300.

20 Gane, “Methodology”, 300-301, 320, 321. Com respeito às cruzadas, Ángel M. Rodríguez observa: “Que fique claro que encontrar as Cruzadas em Daniel 11 está longe de ser certo e os intérpretes adventistas de Daniel 11 ainda estão debatendo o assunto” (Daniel 11 and the Islam interpretation, 30).

21 Elias Brasil de Souza, O livro de Daniel, uma profecia para nosso tempo, trad. por Delmar Freire (Tatuí, BR: Casa Publicadora Brasileira, 2019), 109.

22 Carol A. Newsom e Brennan W. Breed, Daniel: a commentary (Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 2014), 336. Tão precisa é a descrição histórica na profecia de Daniel 11 que estudiosos críticos argumentam que o autor deve ter extraído sua detalhada informação das interações política e militar de Selêucidas e Ptolomeus de fontes históricas externas. Cf. Newsom e Breed, Daniel, 336; Uriel Rappaport, “Apocalyptic vision and preservation of historical memory”, Journal for the Study of Judaism 23 (1992): 217-226; Benjamin Scolnic, “Is Daniel 11:1-19 based on a Ptolemaic narrative?”, Journal for the Study of Judaism 45 (2014): 157-184.

23 Adaptado de Hans K. LaRondelle, “The historicist method in Adventist interpretation”, Spes Christiana 21 (2010): 86-87.

24 Adela Y. Collins, The Apocalypse (Wilmington, DE: Glazier, 1983).

25 Roy E. Gane, The NIV Application commentary: Leviticus, Numbers (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2004), 30.

26 Richard M. Davidson, “Historical-grammatical interpretation of Scripture”, Perspective Digest 15, n.°3 (2010): 29-30.

27 Gane, “Methodology”, 298

28 Ernest C. Lucas, Daniel, vol. 20, Apollos Old Testament Commentary, ed. por David W. Baker & Gordon J. Wenham (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2002), 265. Cf. Tamar Zewi, “The particles הֵּנִה and הֵּנִהְו in Biblical Hebrew”, Hebrew Studies 37 (1996): 21-37, esp. p. 34. Ver também o estudo de C. H. J. Van der Merwe, “A cognitive linguistic perspective on הנה in the Pentateuch, Joshua, Judges, and Ruth”, Hebrew Studies 48 (2007): 101-140, e referências na nota 3.

29 Andre A. LaCocque, com prefácio de Paul Ricoeur, The Book of Daniel, 2.a ed. (Eugene, OR: Cascade Books, 2018), 286.

30 Ibid.

31 “Daniel 11: 5-19 é uma seção contínua que prevê detalhes da interação entre membros de duas dinastias das divisões norte e sul do império do ‘poderoso rei’ que segue a Pérsia (cf. vv. 2-4).” Cf. Gane, “Methodology”, 299-300.

32 Mora, Dios defiende a Su pueblo, 17.

33 Gane, “Methodology”, 300.

34 Cf. Zdravko Stefanovic, Daniel: Wisdom to the wise; Commentary on the Book of Daniel (Nampa, ID: Pacific Press, 2007), 407; Mora, Dios defiende a Su pueblo, 17; Lucas, Daniel, 264, 265.

35 Stefanovic, Daniel, 396. William Shea inicia a seção no verso 23 e a considera a mais problemática de todo o capítulo 11 e que tem desafiado os intérpretes no decorrer dos séculos (Daniel 7-12, 148). Ver também Alomía, Daniel, 414.

36 Cf. outras propostas em Jacques Doukhan, Daniel: The vision of the end, ed. rev. (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1987), 80ss; Daniel 11 decoded, 68ss; Stefanovic, Daniel, 396; Mora, Dios defiende a Su pueblo, 17; Gane, “Methodology.”, 299-300.

38 Brasil de Souza, O livro de Daniel, 108-109.

39 Collins, Daniel, 377; C. L. Seow, Daniel, Apollos Westminster Bible Companion, ed. por Patrick D. Miller e David L. Bartlett (Louisville, KY: Westminster/John Knox, 2003), 158; Tim Meadowcroft, “Who are the Princes of Persia and Greece (Daniel 10)? Pointers towards the danielic vision of earth and heaven”, Journal for the Study of the Old Testament 29, n.°1 (2004): 104-107; John E. Goldingay (Daniel, word biblical commentary [Dallas, TX: Word, 1989], 283) afirma que o capítulo 8 de Daniel tem pontos de contato mais detalhados com a profecia final.

40 Thomas “Bishop” Newton, Dissertations on the prophecies, which have remarkably been fulfilled, and at this time are fulfilling in the world, vol. 1 (New York: William Durell, 1794), 316.

41 Newsom e Breed, Daniel, 327.

42 Amy C. Merrill Willis, Dissonance and the drama of divine sovereignty in the book of Daniel (New York: T&T Clark International, 2010), 159, nota 28.

44 “Esplendor”, “ornamento”. O melhor em termos de esplendor e honra é conhecido como belo ou glorioso: a terra prometida (Ez 20,6.15; Dn 11,16.41), o monte do templo (Dn 11,45), as cidades estratégicas de Moabe (Ez 25,9). J. E. Hartley, “צְּבִ֖י”, em R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. e B. K. Waltke, eds., Theological wordbook of the Old Testament (electronic ed.) (Chicago, IL: Moody Press, 1999), 751.

46 Archer, “Daniel”, 148.

47 Cf. Mora, Dios defiende a Su pueblo, 177-178.

48 Uriah Smith, The prophecies of Daniel and the Revelation, ed. rev. (Nashville, TN: Southern Publishing Association, 1944), 246; Nichol, Comentário bíblico adventista do sétimo dia, 4:959; Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 307; Frank W. Hardy, “An historicist perspective on Daniel 11” (dissertação de mestrado, Andrews University, 1983), 133-134.

49 Shea, Daniel, 244.

50 Ibid., 243.

51 Ibid. A interpretação apresentada até o fim do parágrafo é a proposta de Shea. Cf. Daniel, 244-246; Daniel 7-12, 187-190.

53 Cf. Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 307.

54 Doukhan, Daniel 11 decoded, 78-79. Deve ser observado que a primeira ocorrência da expressão “fará o que bem quiser” (v. 3) é precedida do verbo “levantar” (Heb. עָמַ֖ד), indicando o levantamento de um novo poder no contexto das disputas pelo controle geopolítico da região. No v. 16 o verbo עָמַ֖ד não é utilizado com esta conotação.

55 Gane, “Methodology”, 304.

56 Ibid.

57 Newsom e Breed, Daniel, 345.

58 Gane, “Methodology”, 304.

59 Newsom e Breed, Daniel, 345.

60 Lucas, Daniel, 282.

61 Martin Hengel, Judentum und Hellenismus, 20, 21, cit. por Alomía, Daniel, 407.

62 Alomía, Daniel, 407, nota 223.

63 Gane, “Methodology”, 300-301. A frase ועָמַד עַל־כַּנּוֹ aparece no v. 38, mas em um contexto diferente, concernente a deuses, antes que a governantes (ibid., nota 12).

64 Shea, Daniel, 246. Cf. Alomía, Daniel, 412.

65 Pfandl, Daniel: God’s beloved prophet, 170.

66 Embora o significado básico do verbo חָזַק seja “ser/tornar-se forte”, no Hifil desenvolve significados especializados, que é o caso no v. 21, daí a tradução “tomar”. Cf. Hesse, חָזַק, em Theological dictionary of the Old Testament, vol. 4, ed. por G. Johannes Botterweck e Helmer Ringgren (Grand Rapids, MI/Cambridge, GB: Eerdmans), 301ss.

67 Ibid., 301.

68 S. P. Tregelles, Remarks on the prophetic visions in the book of Daniel (Plymouth, GB: Tract Depot, 1847), 101, 108, 110. Cf. proposta estrutural semelhante, que entende os versos 21-45 como uma unidade literária, em J. A. Montgomery, A critical and exegetical commentary on the book of Daniel. Includes indexes (New York: Charles Scribner’s Sons, 1927), 420. Entretanto, não seguimos a sua interpretação, que identifica o personagem aqui mencionado como Antíoco iv.

69 R. Jamieson, A. R. Fausset e D. Brown, A commentary, critical and explanatory, on the Old and New Testaments, On spine: Critical and explanatory commentary (Dn 11:23) (Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc., 1997).

70 Shea, Daniel 7-12, 214; Mora, Dios defiende a Su pueblo, 64.

71 Gane, “Methodology”, 300.

73 Gane, “Methodology”, 301.

74 Goldingay, Daniel, 299; Lucas, Daniel, 283; Newsom e Breed, Daniel, 346; entre outros.

75 Warren W. Wiersbe, Be resolute (Colorado Springs, CO: Victor, 2000), 136; Desmond Ford, Daniel (Nashville, TN: Southern Publ. Assn., 1978), 266-267; Andrew Steinmann, Daniel, Concordia Commentary (Saint Louis, MO: Concordia Pub. House, 2008), 486.

76 Smith, Daniel and the Revelation, 255; Shea, Daniel, 246; Alomía, Daniel, 412; Ekkehardt Mueller, “Lessons from Daniel 11-12”, 9.

77 Cf. Smith, Daniel and the Revelation, 255-256. Todo o restante da argumentação é apresentado por Smith, a quem referimos o leitor.

78 Citado por Smith, Daniel and the Revelation, 256.

79 Ibid.

80 Shea, Daniel, 247.

81 Alomía, Daniel, 414.

82 Gane, “Methodology”, 306. Cf. Doukhan, Daniel 11 decoded, 138.

83 Dio, Roman history 55.13.1, citado por Jack Finegan, Handbook of biblical chronology: Principles of time reckoning in the ancient world and problems of chronology in the Bible, ed. rev. (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, Inc., 1998/First edition Princeton University Press, 1964), 330.

84 Albino Garzetti, From Tiberius to the Antonines: A history of the Roman Empire AD 14-192 (New York: Routledge, 2014), 12. À página 6, Garzeti apresenta duas razões que justificavam a escolha de Tibério: (1) ele já governava o império junto com Augusto; e (2) objetivamente, não havia melhor candidato para a sucessão imperial. Ver também Eleanor Cowan, “Tiberius and Augustus in Tiberian sources”, Historia: Zeitschrift für Alte Geschichte 58, n.° 4 (2009): 468-485.

85 Gane, “Methodology”, 318.

87 Stefanovic, Daniel, 407.

88 O substantivo “homem”, ou qualquer outro utilizado em uma versão diferente, não consta do Texto Massorético, tendo sido suprido pelos tradutores. Alguns exemplos de tradução: “um miserável” (Bíblia de Jerusalém), “uma criatura vil” (Knox), “criatura desprezível” (Moffat e Revised English Bible). Cf. R. Péter-Contesse e J. Ellington, A handbook on the book of Daniel, UBS handbook series; Helps for translators (New York: United Bible Societies, 1993), 300.

89 F. Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, Enhanced brown-driver-briggs Hebrew and English lexicon, Strong’s, TWOT, and GK references (electronic ed.) (Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, 2000), 102.

90 Cf. Mora, Dios defiende a Su pueblo, 102.

91 Ibid., 105.

92 Também pode ser entendido como “inesperadamente” (Péter-Contesse e Ellington, A handbook on the Book of Daniel, 300).

93 Mark A. Hassler, “The identity of the little horn in Daniel 8: Antiochus iv Epiphanes, Rome or the Antichrist?”, The Master’s Seminary Journal 27, n.° 1 (primavera 2016): 42 (33-44).

94 De acordo com um estudioso, o rei mencionado nos versos 36-39 “não pode se referir a Antíoco porque seus benefícios a vários cultos contradizem o que é dito sobre a religião do rei do Norte. Estas dádivas mostram que, em contraste com o que é dito sobre o rei nos versos 37-38, Antíoco honrou os deuses ancestrais e que ele não honrou um deus das fortalezas em lugar deles.” Cf. Mark Mercer, “The benefactions of Antiochus iv Epiphanes and Dan 11:37-38: An exegetical note”, The Master’s Seminary Journal 12, n.° 1 (primavera 2001): 89-93.

95 Stefanovic, Daniel, 408.

96 Mora, Dios defiende a Su pueblo, 130.

97 Ibid.

98 O uso da expressão não denota “discursos suaves ou palavras lisonjeiras meramente, mas palavras e ações dissimuladas, uma influência hipócrita e enganadora em palavras e atos” (J. P. Lange et al., A commentary on the Holy Scriptures: Daniel [Bellingham, WA: Logos Research Systems, Inc., 2008], 247).

99 Brown, Driver e Briggs, Enhanced brown-driver-briggs Hebrew and English lexicon, 325.

100 Péter-Contesse e Ellington, A handbook on the book of Daniel, 300.

101 Outra ocorrência encontra-se no v. 34, indicando uma estratégia do mal contra os “sábios”, o “povo que conhece ao seu Deus” (v. 33 e 32). Neste caso temos uma união de pessoas ímpias com o povo de Deus, utilizando “as artimanhas” empregadas pelo papado para conquistar o poder político (11,21) e religioso (11,32). Cf. Mora, Dios defiende a Su pueblo, 152.

103 Os dois substantivos, “santuário” e “fortaleza”, estão em aposição. Esta construção caracteriza uma figura de linguagem conhecida como hendíadis, em que um substantivo identifica o outro: o “santuário fortaleza”. Em tempos de guerra, as dependências do santuário poderiam ser usadas como refúgio. Cf. H. J. Zobel, “ַמָּעוֹז māʿôz”, em Theological dictionary of the Old Testament, vol. 8, ed. por G. Johannes Botterweck, Helmer Ringgren, e Heinz-Josef Fabry (Grand Rapids, MI/Cambridge, GB: Eerdmans), 447.

105 Mueller, “Lessons from Daniel 11-12”, 10.

106 Cf. Tregelles, Remarks on the prophetic visions in the book of Daniel, 54; Boutflower, In and around the book of Daniel, 224-225; Doukhan, Segredos de Daniel: Sabedoria e sonhos de um príncipe no exílio (Tatuí, BR: Casa Publicadora Brasileira, 2018), 169; Stefanovic, Daniel, 406ss; Gane, “Methodology”, 298; Hassler, “The identity of the little horn in Daniel 8”, 42-43.

107 Hassler, “The identity of the little horn in Daniel 8”, 42.

108 Doukhan, Daniel 11 decoded, 136-137. Cf. Thiele, Outline studies in Daniel, 122. Citado por Pfandl, Daniel, 168 (cf. nota 17 na p. 178); Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Daniel, 308; Mora, Dios defiende a Su pueblo, 105.

Notas

19 Observe-se que não se encontra no v. 23 qualquer marcador textual que indique a suposta transição de Roma imperial para Roma papal. Se aceita a sugestão de transição no v. 23, então Roma papal estaria em continuidade dinástica com Roma imperial, o que não pode ser historicamente sustentado, a menos que se ignore o governo romano baseado em Constantinopla. Além disso, a criação do sacro Império romano, no Natal do ano 800 AD, estaria em continuidade dinástica com o antigo Império romano? Neste caso, onde se enquadraria Roma papal? Ou o sacro Império romano deveria ser considerado uma ruptura?
37 Ver nota 31.
43 Os paralelos são elaborados por Willis, Dissonance and the drama of divine sovereignty in the book of Daniel, 159, nota 28; Doukhan, Daniel 11 decoded, 28ss; entre outros.
45 Deve ser destacado, porém, que não é uma aplicação exclusiva, pois até Babilônia é assim descrita (Is 13,19).
52 Maxwell adota uma posição diferente, visto que considera Roma imperial somente até o v. 20.
72 O verbo aparece no v. 31, mas, conforme argumentamos, ainda faz referência às ações do mesmo sujeito.
86 Este elemento de continuidade é a frase “depois se levantará em seu lugar”.
102 O termo para santuário, neste caso, é מִקְדָּשׁ, o mesmo usado em Daniel 8,11, onde é descrito como objeto dos ataques do chifre pequeno.
104 Deve ser lembrado que o original diz הַתָּמִ֔יד, e que a palavra “sacrifício” foi acrescentada pelos tradutores.

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