Caras(os) leitoras(es),

Apresentamos a segunda edição de 2022, um ano que, infelizmente, vem apresentando-se como mais um período de múltiplas crises em nosso país. Em especial, destaca-se um colapso de nosso Ministério da Educação (MEC), o qual tem sido alvo de corrupção, desastres e irregularidades de toda ordem. E, como se não bastasse esse esgotamento político de um dos mais importantes departamentos superiores de nossa administração pública, ainda nos deparamos com uma controversa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do MEC e sua carência de perspectiva teórica, mais um retrato da atual ausência de organização deste órgão. Assim, em meio a uma invasão de pastores e sua “religião” pelos corredores daquele que seria o canal estatal responsável pela preparação e cumprimento da Política Nacional de Educação (PNE), propomos, nesta edição, um resgate à ciência. Esta que deveria ser valorizada pelo MEC dentro de uma perspectiva pedagógica de que as(os) educandas(os) sejam as(os) protagonistas na constituição e na assimilação do conhecimento.

Nesta direção, proporcionamos, nesta publicação, um espaço para análise do alicerce da reflexão histórica em sua compreensão científica: a teoria da História. Mais precisamente, dentro de um contexto de provocações, desafios e de novas perspectivas para a área de Humanidades, tanto em âmbito nacional quanto internacional, a Caminhos da História oferece o dossiê “Teoria da História e as Novas Humanidades: debates contemporâneos”, organizado por André da Silva Ramos, professor de Teoria da História e História da Historiografia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Unidade Carangola; Marcelo de Mello Rangel, Professor dos Programas de Pós-Graduação em História e em Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); e por Thamara de Oliveira Rodrigues, professora do curso de História da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Unidade Divinópolis. O dossiê, que será explanado com maior precisão em seu texto de apresentação, congrega sete artigos que, no todo, colaboram com destaques para o diálogo da Teoria da História com instigações atuais que têm modificado as Humanidades e seus arranjos epistemológicos, ontológicos e ético-políticos. A missão coube a um potente grupo composto pelas(os) pesquisadoras(es) Ewa Domanska, Guilherme Oliva de Paula, Luciano Roza, Hans Ulrich Gumbrecht, Lorena Lopes da Costa, Maria da Glória de Oliveira, Omar Acha e Vincent Barletta.

O periódico Caminhos da História, como de praxe, apresenta também a sua seção de textos com temas livres e que dissertam a respeito de temáticas condizentes ao campo da História. O primeiro deles, de autoria de Helena Azevedo P. de Almeida, se intitula “Montaigne, Denis e Gonçalves de Magalhães: algumas reflexões sobre a valorização dos povos indígenas no Brasil”, e buscou proporcionar alguns apontamentos e reflexões a propósito da presença indígena, como mote de valorização da cultura e literatura brasileira, a partir do livro “Resumo da História Literária do Brasil”, de Ferdinand Denis e “Dos Canibais”, ensaio de Michel de Montaigne. Já o artigo de Igor M. da Silva, “O mais completo dos sports spirituaes: o cinema silencioso em Barbacena”, procurou apresentar aspectos da história do cinema silencioso em Barbacena, Minas Gerais, nas três primeiras décadas do século XX. As autoras Maiara S. Leite, Valéria R. Zanetti e Maria Aparecida C. R. Papali, investigam, em seu artigo intitulado “Espaço e memória: um estudo sobre as vivências homoeróticas na cidade de São José dos Campos (1980 – 2018)”, instrumentais de análise que permitem a apreensão da subjetividade das representações e localidades de socialização da comunidade que foge aos modelos e padrões de heteronormatividade na supracitada cidade.

Na seção Resenhas, a qual conclui esta edição, seguimos com o resultado da “Seleção de resenhistas 2022”, realização de chamada da revista Caminhos da História. Na segunda edição de 2022, expomos as resenhas de Tarcísio de S. Gaspar (IFSULDEMINAS), tendo como base o livro do Professor Renato da Silva Dias (Para a Glória de Deus, e do Rei? Política, religião e escravidão nas Minas do Ouro (1693-1745) São Paulo: Humanitas, 2019); de Gustavo T. Pontes (IEE-SC), sobre o livro da Professora Maria Luiza Tucci Carneiro (Impressos subversivos: arte, cultura e política no Brasil 1924-1964. São Paulo: USP/CAPES; FAPESP; Intermeios, 2020); e de Gilvana de Fátima F. Gomes (UNICENTRO/GUARAPUAVA), sobre o livro organizado pelos professores Antônio D. Cardoso e Laurindo Mekie Pereira (Intelectuais e a modernização no Brasil: os caminhos da revolução de 1930. Montes Claros: Editora UNIMONTES, 2020).

Esperamos que tenham uma agradável leitura e que logremos permanecer firmes na lida e na luta para equilibrarmo-nos perante tantas crises simultâneas!

Editora-chefe, Ester Liberato Pereira, Editor Adjunto, Rafael Dias de Castro, e Comissão Editorial.

Autor notes

Ligação alternative

https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/caminhosdahistoria/article/view/5412/5265 (pdf)