Certamente a Universidade constitui-se no mais adequado e fértil ambiente para transformar conhecimento acumulado em propostas plenas em criatividade e, estas, em desafios. A energia latente contida em um desafio é capaz de, quando apresentado a pessoas e por pessoas inquietas, aquelas que não se deixam vencer pelas dificuldades e problemas presentes no dia a dia institucional, desencadear uma série de acontecimentos que se traduzem em inovações, novas oportunidades para os estudantes e interessantes projetos de interesse da sociedade.

Foi assim que nasceu o LEPAARQ – Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas, no ano de 2001. A inquietude, o conhecimento científico, a capacidade de agregar pessoas em torno de uma idéia e de uma vontade, características inerentes ao Professor Fábio Vergara Cerqueira, então Coordenador do Curso de História, fizeram nascer o LEPAARQ. No entanto, para muito além de sua criação, o LEPAARQ mudou o Curso de História da UFPel, municiando-o com uma vertente, no mais explícito sentido do termo, de projetos de pesquisa, de entusiasmo e envolvimento por parte de professores, estudantes e técnicos, de acordos de cooperação com instituições nacionais e internacionais, de sítios arqueológicos regionais sendo identificados.

Só em nossa cidade de Pelotas, os projetos do LEPAARQ permitiram recuperar elementos importantes de nossa história essenciais para preencher lacunas a respeito de hábitos, costumes, acontecimentos da vila de São Francisco de Paula e da Pelotas de antanho. Mas, também, sítios arqueológicos já identificados permitirão sabermos da história do período da pré-colonização européia na região. Ganha o laboratório que enriquece seu acervo, ganham os estudantes por este novo campo do conhecimento a eles disponibilizado, ganha a UFPel por se inserir no mundo da arqueologia, que hoje trata de recolher do passado importantes lições para o presente e para o futuro, ganha a comunidade regional não só pela já mencionada condição de melhor conhecer sua história, mas pelo atrativo cultural e científico agregado. Haja vista a realização do V Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos atraiu especialistas de todo mundo, reunindo 723 participantes.

Cumpre destacar, igualmente, a trajetória da área de Antropologia, coordenada com dedicação e entusiasmo pela Profª Flavia Rieth, conduzindo inéditos e importantes temas como o Mapeamento Cultural de Pelotas, trazendo à luz importantes formas da cultura popular antes não consideradas como tal, além de pesquisas antropológicas a respeito do carnaval de Pelotas, da sexualidade dos adolescentes, da música – chorinho – em nossa cidade, entre outros assuntos.

O LEPAARQ transforma-se, portanto, em ambiente caracterizado pela inter e transdisciplinaridade ao integrar a Arqueologia e a Antropologia, e não só estas, mas também a Biologia, o Turismo, a Arquitetura, as Artes, a Geografia, a Filosofia, as Ciências Sociais e o ensino médio profissionalizante, através da participação de estudantes e professores deste conjunto de campos do conhecimento. Entre os entusiastas de tais vínculos, é imprescindível referir a atuação do Prof. Edgar Barbosa Neto, que vem estabelecendo a interface entre o Turismo e a Antropologia.

E, através desta trajetória exígua em tempo, larga em conteúdo e avanços, executam o Prof. Fábio Vergara Cerqueira, a Profa. Flávia Rieth e toda a equipe, composta principalmente de estudantes, mais uma e importante proposta do LEPAARQ, qual seja, traduzir os achados arqueológicos, os resultados das pesquisas, a colaboração nacional e internacional em uma publicação semestral denominada Cadernos do LEPAARQ. Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio, abrindo ainda mais as portas do laboratório e do Curso de História, para novas colaborações, e para garantir a divulgação do trabalho feito. E, aqui está o primeiro número, que muito me orgulha como Reitora da Universidade Federal de Pelotas poder fazer a apresentação.

Pelotas, 15 de Maio de 2004.

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