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NOTA EDITORIAL
Ciência & Trópico, vol.. 42, núm. 2, 2018
Fundação Joaquim Nabuco

No ano em que completa 45 anos, o comitê editorial da Revista Ciência & Trópico tem o prazer de lançar o vol. 42, n. 2 do ano de 2018, o que contribui com a contínua atualização deste periódico inaugurado pelo sociólogo Gilberto Freyre. A Revista reafirma seu caráter interdisciplinar e plural para a produção do conhecimento, trazendo reflexões sobre Literatura e Tradução, Sustentabilidade e Meio Ambiente, Contabilidade, Tecnologia da Informação, além de discussões filosóficas e sociológicas acerca da grafitagem e do papel das redes sociais na sociedade.

Dando início à edição, o Dr. Davi Gonçalves, no artigo Time, literature, and translation: a shared cosmopolitanism, visa a desconstruir a narrativa de Sunshine sketches of a little town, em busca do que se esconde por trás do tom jocoso de seu narrador. O autor afirma que as estórias não nos contam as coisas apenas objetiva e linearmente, mas estão frequentemente a nos pedir que reflitamos sobre o que elas não dizem de forma efetiva. O argumento nos leva a reconsiderar o relacionamento com os sentidos que são externos a nós – os sentidos que “não vimos chegando”. A tradução seria, portanto, análoga a um tipo de viagem no tempo: uma jornada do meu lugar nenhum para o lugar nenhum do outro. O autor justifica que, se a cor local da cidade fictícia de Leacock (1912), Mariposa, é o que faz dela única, generalizar sobre seus atributos seria um erro; independente das alegações do narrador, Mariposa não é semelhante a qualquer cidade canadense. É necessário, portanto, estabelecer a correlação entre os cenários global e local.

As Reservas da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres ou costeiros reconhecidos pelo programa Man and Biosphere (MaB), desenvolvido pela Unesco e por agências internacionais. Essas reservas possuem três importantes funções: conservação, desenvolvimento e apoio logístico às áreas protegidas. Os autores Aldem Bourscheit e Rualdo Menegat, com o artigo Reserva da Biosfera do Cerrado no Distrito Federal: zona de ação pela sustentabilidade,descrevem sobre a evolução do conceito e das práxis do desenvolvimento sustentável frente ao modelo de crescimento econômico vigente, quanto ao histórico e funções das Unidades de Conservação da Natureza – consideradas o principal instrumento para a manutenção da biodiversidade – e sobre a efetiva implantação das Reservas da Biosfera. Para tanto, deve-se partir de uma abordagem complementar a seu zoneamento clássico. O modelo é proposto a partir de experiência realizada no Distrito Federal (DF) com apoio do mestrado em Desenvolvimento Sustentável junto ao Fórum Latino-Americano de Ciências Ambientais – Flacam (La Plata, Argentina).

No artigo Redes sociais e bem-estar: laços sociais e a felicidade pessoal, Álvaro Botelho de Melo Nascimento aborda, sob uma ótica sociológica, o bem-estar subjetivo e sua relação com as configurações reticulares, no que toca as possibilidades e restrições decorrentes das redes sociais. Ao tomar como objeto a própria felicidade como um construto social, o autor discute o caráter propositivo,assinalando a maneira como construímos nosso entendimento sobre a felicidade e como acessamos recursos para sua obtenção por meio de arranjos reticulares e interacionais. Partindo de referenciais interacionistas, fenomenológicos e da abordagem sociológica das redes, propõe uma reflexão teórica sobre os aspectos microinterativos da vida, de modo a demonstrar o cotidiano como espaço de construção de sentidos e perspectivas de bem-estar. Nessa perspectiva, o artigo contém uma breve discussão sobre bem-estar subjetivo; uma apresentação panorâmica sobre redes sociais e sua relação com a sociologia; e, por fim, a relação entre redes sociais e bem- -estar subjetivo.

A Contabilidade seguiu, desde o início de sua existência, os passos evolutivos da sociedade. Inicialmente tudo era registrado de modo precário, mas, a partir do surgimento da escrita e dos números, os registros contábeis tornaram- -se mais desenvolvidos e complexos. Esse processo evolutivo fez com que escolas de pensamentos contábeis se sucedessem através da história, especialmente com visões tradicionais, seguindo os preceitos socio-políticos de sua época. A partir de 1929, surgiu uma nova perspectiva histórica para a contabilidade com a abordagem da Nova História da Contabilidade ou História Crítica, liderada por uma nova corrente de pensadores com ideias contrárias às apresentadas pelos tradicionalistas. Nesse momento, este estudo foi desenvolvido com o objetivo de apresentar as características que distinguem a Nova História da Contabilidade (NHC) da História Tradicional da Contabilidade (HTC). Nessa linha, os autores Paulo Schmidt e Júlia de Medeiros Gass, em Estudo comparativo entre a história da contabilidade tradicional e a sua nova história,realizaram uma análise descritiva e documental sobre a NHC e a HTC, por meio de uma abordagem qualitativa. Como resultado, concluem que inexiste consenso sobre esse processo evolutivo e que há divergências significativas entre os defensores de cada corrente. As principais contribuições do estudo estão relacionadas com o entendimento de que essa nova concepção sobre a história pode influenciar de formar substancial o foco de pesquisas sobre Contabilidade.

Por meio de uma pesquisa de caráter exploratório e bibliográfico, Marcelo Nassif de Magalhães analisa, no artigo Governança de TI como ferramenta de obtenção de vantagem competitiva nas organizações, como a governança de TI pode auxiliar as organizações na obtenção de vantagem competitiva. Ao estudar artigos publicados sobre a temática, o autor conclui que, adotados os critérios de governança de TI para a obtenção de vantagem competitiva na organização, a possibilidade de sucesso é satisfatória. Para tanto, os gestores devem realizar uma boa gestão financeira, empregando os critérios de governança de TI e seguir o modelo de Chi e Sun (2015). Enfatiza ainda que, uma boa governança de TI atende aos preceitos da obtenção de vantagem competitiva: agregar valor; ajudar a empresa na proteção de integridade de um produto raro; auxiliar a proteção da integridade das informações necessárias para gerar e comercializar produto insubstituível. A pesquisa apresentada auxilia o meio acadêmico a conhecer sobre governança corporativa, além de colaborar com os gestores no no emprego adequado da GTI.

Por fim, Herrisson Fabio Oliveira Dutra, Sergio Carvalho Benício de Mello e Ana Carmen Palhares discutem a produção visual de grafiteiros no Recife Antigo, bairro histórico da capital pernambucana, com o intuito de identificar como o grafite dialoga com questões de pertencimento territorial, legitimidade e identidade. O artigo Grafitagem rebelde: traços de uma análise cartográfica no Recife Antigo tem, como pano de fundo, a contenda do poder público entre a promoção do bem estar social e o atendimento dos interesses do capital no planejamento urbano das cidades. Para isso, foram apresentadas proposições sobre o direito à cidade contempladas por David Harvey, Henri Lefebvre, Jean Lojkine entre outros. A pesquisa se inspirou nas diretrizes do método cartográfico rizomático descrito pelos filósofos franceses Gilles Deleuze e Felix Guattari. De 47 grafites identificados, 11 foram selecionados e organizados em 4 mapas que contemplam a estética da grafitagem, o anticapitalismo, a insustentabilidade da exploração de recursos naturais e a exploração sexual de menores. Ao término, abre-se a possibilidade para novos entendimentos dos mapas apresentados, demonstrando que, a cada novo olhar, a arte da grafitagem evoca diferentes questões nas lutas de classe de base urbana.

A Revista Ciência & Trópico, que contempla um espaço multidisciplinar e busca o compartilhamento de produções intelectuais nacional e internacionalmente, reitera, portanto, seu objetivo de promover o debate e a circulação de conhecimento nas diversas áreas de pesquisa, deixando espaço amplo para o debate que vise à valorização da cidadania e da diversidade de vozes de identidades plurais.

Notas de autor

* Editora-chefe


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