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Rainha Ginga Mbandi: elo identitário entre Angola e Brasil
Sílvio Geraldo Ferreira da Silva
Sílvio Geraldo Ferreira da Silva
Rainha Ginga Mbandi: elo identitário entre Angola e Brasil
Queen Ginga Mbandi: identity link between Angola and Brazil
Reina Ginga Mbandi: vínculo de identidad entre Angola y Brasil
RAC: revista angolana de ciências, vol. 2, núm. 1, 2020
Associação Multidisciplinar de Investigação Científica
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Resumo: Ginga Mbandi Kakombe foi a mais notável rainha angolana. Esta mulher de personalidade ímpar governou os reinos do Ndongo e da Matamba durante o período em que os seus territórios estavam sendo invadidos pelas tropas portuguesas, entre 1623 e 1663. Naquele contexto complexo e difícil, a rainha guerreira precisou se valer de diferentes artimanhas para continuar no poder e manter a soberania de sua pátria. Ela foi uma monarca de protagonismo relevante durante o século XVII, ficando sua figura marcada na memória dos ambundu e de todos os povos por onde seu nome heróico se fez presente. No Brasil, a Rainha Ginga tem um lugar de destaque nas manifestações culturais afrobrasileiras, pois os seus súditos, que para cá vieram, fizeram questão de trazer na bagagem cultural a reverência à soberana que enfrentou os portugueses e honrou o seu povo. Neste trabalho, buscou-se iluminar a figura da Rainha Ginga através das suas representações na história e na literatura, portanto, o método utilizado foi a literatura comparada. Justificamos esta pesquisa pela necessidade de mostrar que os angolanos foram protagonistas efetivos de sua própria história e auxiliaram também a construir o Brasil que conhecemos hoje. O objetivo desta pesquisa, portanto, é apresentar a Rainha Ginga Mbandi Kakombe como elemento identitário e de convergência para Angola e Brasil, demostrando que as duas nações são irmãs.

Palavras-chave: Rainha Ginga Mbandi, Angola, Brasil, Resistência, Identidade.

Resumen: Ginga Mbandi Kakombe fue la reina angoleña más notable. Esta mujer de personalidad única gobernó los reinos de Ndongo y Matamba durante el período en que sus territorios estaban siendo invadidos por tropas portuguesas, entre 1623 y 1663. En ese contexto complejo y difícil, la reina guerrera tuvo que usar diferentes dispositivos para permanecer en el poder y mantener la soberanía de su tierra natal. Era una monarca con un papel relevante en el siglo XVII, dejando su figura en la memoria de los ambundu y todos los pueblos donde estaba presente su nombre heroico. En Brasil, Reina Ginga ocupa un lugar destacado en los eventos culturales afrobrasileños, ya que sus súbditos, que vinieron aquí, se esforzaron por llevar en su bagaje cultural la reverencia por la soberana que enfrentó a los portugueses y honró a su pueblo. En este trabajo, buscamos iluminar la figura de Reina Ginga a través de sus representaciones en la historia y la literatura, por lo tanto, el método utilizado fue la literatura comparativa. Justificamos esta investigación por la necesidad de demostrar que los angoleños fueron protagonistas efectivos en su propia historia y también ayudaron a construir el Brasil que conocemos hoy. El objetivo de esta investigación, por lo tanto, es presentar a la Reina Ginga Mbandi Kakombe como un elemento de identidad y convergencia para Angola y Brasil, demostrando que las dos naciones son hermanas.

Palabras clave: Reina Ginga Mbandi, Angola, Brasil, Resistencia, Identidad.

Abstract: Ginga Mbandi Kakombe was the most notable Angolan queen. This woman of unique personality managed the kingdoms of Ndongo and Matamba during the period in which her territories were being invaded by Portuguese troops, between 1623 and 1663. In this complex and difficult context, the reign of war should use different devices to remain in power and maintain the sovereignty of their native land. She was a monarch with a relevant role during the 17th century, leaving her figure in the memory of the ambundu and all the people from whom her heroic name was present. In Brazil, Queen Ginga occupies a prominent place in Afro-Brazilian cultural events, but her subjects, who came here, endeavored to take her cultural bag in honor of the sovereign who faced the Portuguese and honored their people. In this work, we seek to illuminate the figure of Queen Ginga through her representations in history and literature, therefore, the method used was comparative literature. We justify this investigation because of the need to demonstrate that the Angolans were effective protagonists in their own history and also helped build Brazil that we know today. The purpose of this investigation, therefore, is to present the Queen Ginga Mbandi Kakombe as an element of identity and convergence to Angola and Brazil, demonstrating that two countries are brothers

Keywords: Queen Ginga Mbandi, Angola, Brazil, Resistance, Identity.

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Artigos

Rainha Ginga Mbandi: elo identitário entre Angola e Brasil

Queen Ginga Mbandi: identity link between Angola and Brazil

Reina Ginga Mbandi: vínculo de identidad entre Angola y Brasil

Sílvio Geraldo Ferreira da Silva
Universidade Federal de Lavras - UFLA. Lavras, Brasil
RAC: revista angolana de ciências
Associação Multidisciplinar de Investigação Científica, Angola
ISSN-e: 2664-259X
Periodicidade: Semestral
vol. 2, núm. 1, 2020

Recepção: 01 Abril 2020

Aprovação: 29 Maio 2020


IntroduçÃo

As relações entre Angola e Brasil são bastante estreitas, convergindo em pontos como a língua e até mesmo parte da história. As duas nações, em um tempo passado, foram colônias de Portugal, motivo pelo qual vieram a adotar a Língua Portuguesa como idioma oficial. Além do idioma, podemos verificar a presença de alguns traços culturais e identitários cristalizados nos dois países, tais como a reverência à figura emblemática, de importância intercontinental, da Rainha Ginga Mbandi Kakombe. Para esta pesquisa, vamos inicialmente falar do passado colonial de Angola e Brasil para depois discutirmos, com um pouco mais de profundidade, a relação dos dois países no presente, tendo sempre em vista a figura da soberana mbundu supracitada e a sua importância.

A Rainha Ginga foi uma figura ímpar da resistência durante o período da invasão portuguesa. Esta mulher forte e astuta governou os reinos do Ndongo e da Matamba, ambos localizados na região da África Central Ocidental (Glasgow, 1982), durante o século XVII. O contexto de vida da Rainha Ginga foi bastante conturbado desde o nascimento até o dia de seu suspiro último, porém, não se pode negar que a soberana governou magistralmente seus reinos apesar das inúmeras situações difíceis que surgiram naquele contexto sociopolítico e histórico. Neste trabalho aparecem duas variações do nome da rainha, sendo elas “Nzinga Mbandi” e “Ginga Mbandi”, portanto, para evitar confusões, é importante dizer que ambas se referem à monarca do Ndongo e da Matamba da qual se trata este artigo.

É necessário comentar que é muito difícil conhecer Ginga Mbandi e não se afeiçoar por sua figura. Esta monarca viveu em um tempo conturbado e complexo, no qual o papel da mulher ainda era bastante limitado. Apesar das dificuldades, ela conseguiu transcender e se tornar um dos maiores nomes da resistência do atual território de Angola às investidas de Portugal em toda a história. A sua figura está atrelada às colunas identitárias da sociedade angolana, sendo quase impossível falar sobre o passado colonial de Angola sem mencioná-la.

Por ter sido uma monarca singular, Ginga Mbandi aparece inúmeras vezes em obras bastante importantes, como História Geral das Guerras Angolanas, escrita pelo soldado português Antônio de Oliveira de Cadornega em 1680, e Istorica Descrizione de Tre Regni Congo, Matamba et Angola, escrita pelo padre capuchinho italiano Giovanni Antonio Cavazzi em 1687. As duas obras são substanciais para qualquer pesquisa histórica que fale sobre Angola Antiga e Ginga, entretanto, é interessante lê-las com bastante cautela, pois são produções elaboradas por europeus e por este motivo carregam em suas linhas a visão histórica vertical da Europa sobre a África.

Tanto Cadornega quanto Cavazzi estiveram presentes em Angola Antiga, assim sendo, os seus textos, apesar de expressarem uma visão unilateral, apresentam impressões de observadores que viveram, por um tempo, em um mesmo contexto espacial e temporal que a Rainha Ginga. É inegável o serviço que os dois escritores europeus prestaram à memória da rainha angolana, pois as suas obras eternizaram a figura dela com as tecnologias mais avançadas das quais dispunham naquele momento: a tinta e o papel.

Nos dias atuais, pesquisadores e pesquisadoras dos mais variados lugares do globo tem demonstrado interesse pela figura da Rainha Ginga Mbandi. Esta personagem histórica e literária tem seduzido muitas pessoas pela sua heroicidade e complexidade, pois, ao mesmo tempo em que é conhecida mundialmente, ainda é correto dizer que está envolta por brumas de mistérios. As obras europeias da época de vida da soberana trazem muitas informações pertinentes para investigações, afinal são registros históricos que proporcionam aos investigadores o contato direto com uma ótica da época. É válido dizer que os textos seiscentistas auxiliaram no processo de demonização histórica da figura de Ginga, porém, é preciso dizer que é nesta demonização que investigadores da atualidade tem se agarrado para alicerçar a ideia de monarca transgressora, resistente, impassível e astuta.

Como dito anteriormente, Ginga não é apenas uma figura de importância para a história. A monarca do Ndongo e da Matamba é contemplada largamente também pela literatura. A obra A Rainha Ginga: e de como os africanos inventaram o mundo, de autoria do escritor angolano José Eduardo Agualusa, é um dos exemplos de que a Rainha Ginga não se manteve presa em apenas uma área das expressões humanas. Na citada obra de Agualusa, publicada no ano de 2015, podemos ver que a literatura também tem feito um serviço à memória de Ginga, projetando a sua figura através de diferentes perspectivas e possibilidades interpretativas. A obra literária da qual falo aqui é bastante cara para investigações científicas, pois apresenta fatos históricos interessantíssimos sobre a vida da soberana mbundu além de possibilitar o deleite típico da literatura.

Agualusa (2015, p. 84) definiu a Rainha Ginga como “uma mulher que conhecia as artes da guerra, as suas armadilhas e danações [...]”. É correto afirmar que o autor angolano também reverencia, em sua obra, a postura militar que Ginga exerceu, pois este é um traço muito marcante da personalidade dela. Não se pode falar de Ginga sem falar sobre o seu protagonismo heróico e multifacetado, pois ela se incumbiu de diversas responsabilidades durante o tempo em que governou, sendo possível mencionar os papéis de chefe espiritual, esposa do chefe dos jagas, articuladora de batalhas, negociadora mercantil e, é claro, rainha dos reinos do Ndongo e da Matamba.

Para a elaboração do presente artigo foram selecionadas obras históricas sobre a Rainha Ginga, Angola Antiga e Brasil Colônia, uma obra literária sobre a monarca e trabalhos acadêmicos pertinente para a temática. Por não ser um livro de fácil acesso, Istorica Descrizione de Tre Regni Congo, Matamba et Angola, de Cavazzi (1687), não será citado ao longo deste trabalho, entretanto é necessário mencioná-lo como meio de demonstrar ciência da sua existência e importância. Por englobar diferentes áreas do conhecimento, o método da presente investigação configura-se como literatura comparada, que, como defende Remak (1994), nada mais é que a literatura posta em situação comparativa com outras áreas das expressões humanas. A presente investigação, portanto, vai contar com o auxílio da história e da literatura para que, juntas, possibilitem a visualização da importância da figura de Ginga Mbandi nos cenários angolano e brasileiro.

O objetivo desta pesquisa é apresentar a Rainha Ginga Mbandi Kakombe como importante elemento identitário e de convergência para Angola e Brasil, o que demonstra que as duas nações são irmãs. Sabe-se que o nome de Ginga viajou para “além mar”, por este motivo é correto dizer que junto com seu nome, viajaram também os ambundu, os angolanos e toda a grandiosidade do Ndongo e da Matamba. Relembrar os feitos da Rainha Guerreira é não deixar que o silenciamento se instaure, além de ser também uma forma de evidenciar que os africanos foram/são protagonistas efetivos da própria história.

A justificativa desta investigação é a necessidade de se produzir conhecimento acerca da importância histórica e identitária de Ginga Mbandi para Angola e Brasil. Falar desta figura histórica é uma obrigação. No Brasil, Ginga aparece nas congadas, no carnaval e em outros espaços de maneira imponente. Em Angola, ela é a epopeia nacional de maior prestígio, considerada a rainha guerreira que enfrentou os invasores portugueses. A importância da monarca se faz presente nos universos angolano e brasileiro, assim sendo, é necessário buscar compreender o protagonismo desta figura tão singular que se transformou em um traço identitário e de convergência tão gigante que nem mesmo o Oceano Atlântico e os séculos foram capazes de conter. Por apresentar um protagonismo extraordinário, a figura de Ginga pode ser tida também como um mito intercontinental, pois os mitos são figuras importantes que sustentam e agregam à identidade de uma sociedade (Eliade, 1992).

VAMOS CONHECER UM POUCO SOBRE GINGA MBANDI KAKOMBE?

Ngola Kiluanji foi o monarca do Reino do Ndongo que resistiu à invasão portuguesa durante seu período inicial (Glasgow, 1982). O citado soberano conheceu uma mbundu escravizada de nome Guenguela Kakombe, casando-se com ela na aldeia de Ndambi a Embo algum tempo depois. Desta união nasceu Ginga Mbandi no ano de 1582. Antes de completar um ano de idade, a pequena Ginga teve um contato próximo com a guerra, pois, segundo Glasgow (1982, p. 35), “1582 não foi um ano propício para o Rei Mbundu, sobretudo porque foi derrotado pelos portugueses no alto Cuanza [...]”.

A guerra entre Ngola Kiluanji e os invasores portugueses se intensificaram a medida que o tempo passava. Foi nesta realidade conturbada que cresceu Ginga Mbandi. Glasgow (1982, p. 36) diz que “Nzinga, treinada como o pai para a liderança, veio a ser uma criatura corajosa, sinuosa e forte”. Talvez até mesmo o próprio contexto difícil tenha corroborado para a formação da personalidade de Ginga, uma vez que as situações com as quais se deparou ao longo da vida exigiam posições e ações seguras.

Depois da morte do Ngola Kiluanji, o monarca de “caráter forte” como diz Glasgow (1982, p. 36), houve uma série de conflitos entre Ginga, futura rainha, e Mbandi, seu irmão. Naquele momento, Ginga tinha desvantagens para ascender ao trono: era mulher e filha de uma escrava. O gênero, a princípio, seria um problema grande aos olhos dos macotas, pois, até então, nunca antes uma mulher governara o Reino do Ndongo, inclusive Kwononoka (2014) nos traz o conhecimento de que os ambundu não confiavam posições de governança às mulheres. Obviamente era uma visão machista, apesar de ainda não haver o termo e nem esta consciência naquele tempo. Além do gênero, o fato de ser filha de uma escrava também complicava a situação.

O sucessor de Ngola Kiluanji foi mesmo o Ngola Mbandi, irmão de Ginga. Naquele momento ela ainda não tinha tanta vantagem sociopolítica, então a preferência foi pela monarquia do irmão. Apesar de não ter sida coroada até então, Ginga continuava sendo vista como uma articuladora de excelência e exímia oradora pelos ambundu, motivos que a levaram a se tornar embaixadora do Reino do Ndongo a pedido do monarca irmão. Ngola Mbandi pediu para que sua irmã fosse tratar sobre negócios com o governado de Luanda, João Correia de Sousa, e assim ela o fez.

Estando na presença do governador João Correia, Ginga constata apenas uma almofada ao chão para se assentar, enquanto o português se encontrava confortavelmente assentado em um trono. Ela não aceitou a situação, pois certamente considerou aquele ato desrespeitoso, por isto colocou uma escrava de quatro no chão e se assentou sobre o seu dorso, inclusive, é válido dizer, o ocorrido foi registrado por Cadornega (1680). O espanto, obviamente, tomou conta dos presentes, mas é ainda preciso compreender o ato da embaixadora como transgressão e como afirmação da própria autoridade. Ao se assentar sobre a escrava, Ginga se colocava à altura do governador, pois, estando ele assentado em um trono de madeira, ou de material similar, a viu assentada sobre um trono humano. Fonseca (2014, p. 03) faz referência ao célebre momento de reunião dizendo que “a embaixadora impressionou a todos com sua postura resoluta, não permitindo a subjugação do Ndongo [...]”.

Algum tempo depois do retorno de Ginga ao reino, o soberano Ngola Mbandi faleceu. Muitas foram as teorias para a morte do irmão de Ginga, mas aqui serão comentadas duas delas apenas: tristeza e envenenamento. Sobre a primeira, Fonseca (2014) diz que o soberano teria se isolado numa ilha do Rio Kwanza cheio de desgosto pelo governo de derrotas que teve, o que vai ao encontro da obra de Agualusa (2015, p. 49), a qual diz que ele “morrera de desgosto por se sentir desrespeitado e humilhado pelos portugueses”. Se tomarmos esta versão como a verdadeira, apesar de não haver o termo na época, talvez o caso do soberano se encaixe em um quadro depressivo. Destaca-se que discutir este ponto não é o objetivo deste trabalho, afinal para aprofundar nele seria necessária também uma abordagem pautada na psicologia. De toda forma, é prudente dizer que o assunto carece de mais investigações científicas e históricas. A segunda teoria seria de morte por envenenamento, na qual a culpada seria Ginga. A obra de Agualusa (2015, p. 49) diz que “[...] o rei fora envenenado pela irmã, a qual vingou a morte do infeliz Kizua Kiazele”. Nesta segunda versão, o soberano fora envenenado por Ginga como uma forma de vingar a morte de seu filho, o qual foi assassinado por Ngola Mbandi. A causa mortis do soberano não é o foco deste estudo, porém é interessante tocar neste ponto pelo fato de sua morte marcar o início do processo de ascensão de Ginga ao poder do Ndongo.

Após a morte do irmão, Ginga tinha que convencer os macotas – conselho/ministério de homens sábios – a recebê-la como a nova soberana do Reino do Ndongo. Parte deles se mostrou relutante, pois queriam o filho, ainda criança, de Ngola Mbandi no poder, pois, como dito anteriormente, o povo mbundu não tinha o costume de confiar às mulheres posições de governança (Kwononoka, 2014). Mesmo com a relutância, “Ginga conseguira convencer os macotas a aceitarem-na como rainha [...]” (Agualusa, 2015, p. 49).

A, agora, Rainha Ginga Mbandi Kakombe, senhora do reino do Ndongo, começou a articular-se mercantil e militarmente para manter a soberania de seu reino. É deste momento em diante que começa o protagonismo da primeira monarca do Reino do Ndongo que se tem conhecimento. É preciso dizer que o governo de Ginga não foi tão bem visto por todos de seu reino, pois ela era mulher. Pelo citado motivo, Ginga foi para a Matamba, reino que já havia uma tradição consolidada de governos femininos. É neste contexto que o Reino da Matamba se torna palco fundamental de uma nova história, pois a este território, como diz Cadornega (Tomo I, 1972, p. 27), “a Raynha Ginga se senhoreou e conquistou”. É neste período em que ela mais cresce econômica e militarmente, se valendo do batismo pelo qual passara e do que a nova posição de cristã podia proporcionar frente aos portugueses.

De início, a relação com os portugueses foi bastante amistosa, até o ponto em que conflitos de interesses entre a monarca mbundu e os lusos começaram a entrar em cena. A relação de “amor e ódio” entre Ginga Mbandi e os portugueses perdurou por toda a vida, pois os conflitos armados aconteciam à medida que surgiam questões desacordadas entre as duas partes. Em certos momentos da vida da monarca em que a relação com os invasores era amistosa, percebe-se que Cadornega (1972) a chama de “Raynha” e “Dona”, evidenciando certo apreço, mas em tempos de relações conturbadas, nota-se o uso de termos pejorativos no tratamento da monarca. Cadornega (Tomo I, 1972, p. 61) traz palavras interessantes que ilustram a visão lusa, na época, sobre a figura de Ginga. Vejamos:

E porque ficava em frente desta nova Fortaleza e bellicoza Província da Quisama, quiz o nosso Conquistador, provar também a mão com aquelle gentio passando ao pé da Fortaleza o rio Coanza onde teve da outra banda muitas batalhas, e recontros com aquelles valorosos gentios Quisamas para que ficassem em conhecimento do valor portuguez, e respeitassem a nossa Fortaleza, como couza sua; feita esta empreza com aquellebellicoso gentio, passou o Governador com o seu exercito destroutra banda do rio Coanza se veyo a descançar de tanto trabalho e fadiga ao allojamento da Villa da Vitoria de Masangano praça de Armas da gente conquistadora, acudindo daquelle quartel a todas as occasioens de guerra que continuadamente se offerecião com o gentio que sempre buscavão modos e maneiras para se descomporem com a gente portugueza, induzidos e mandados por aquella austucioza Raynha Ginga nossa Capital inimiga, que nunca cessava de buscar meyos para nossa ruína.

No trecho escrito pelo português, podemos perceber duas coisas: a influência da Rainha Ginga sobre os povos da terra e também uma certa admiração do autor sobre ela, pois, mesmo declarando-a como “Capital inimiga”, há ainda a designação de astuciosa. Como dito anteriormente, a escrita polarizada é um traço comum em obras seiscentistas, mas é através delas que podemos compreender melhor quem foi esta rainha enigmática de protagonismo ímpar. A verdade é que Ginga estava defendendo os seus reinos, as suas crenças e as suas gentes, e isto implicava na imposição direta aos invasores portugueses. Como é percebido no trecho de Cadornega, a posição resoluta da monarca foi um problema sério para a instauração do poder português sobre as terras da África Central Ocidental.

Outro ponto de destaque da vida de Ginga é o fato dela se travestir de homem. Este detalhe da vida da monarca é comentado por Cadornega (Tomo I, 1972, p. 85), quando ele diz que “sendo tanto o seu altivez que não queria lhe chamassem Raynha se não Rey e Varão e como tal se tratava”. Este artifício é protagonizado por Ginga como forma de re-ascender ao trono do Ndongo, pois se reinventou frente à necessidade de se tornar homem para então governar o citado reino. Com esta nova figura, de um homem resoluto, a Rainha Ginga se tornou o Rei Ginga, tomando as frentes do Ndongo e da Matamba e estabelecendo uma nação maior e mais forte.

Weber (2011, p. 102) diz que “a construção dos meios de guerrear de Nzinga sempre foi alicerçada na heterogeneidade dos povos regionais de seu reino e dos Jagas”. Por ser descendente dos ambundu e dos jagas, a monarca teve certa vantagem para governar estes dois grupos, o que a auxiliou a desenvolver um exército forte através de um treinamento minuciosamente estratégico. Os conhecimentos da Rainha Ginga na arte da guerra também podem ser considerados diferenciados pelo fato dela ter recebido uma educação marcial igualmente diferenciada, pois o seu próprio pai fez questão de deixá-la aos cuidados de uma senhora de grande conhecimento, cujo nome não é mencionado, que a fez compreender quais caminhos ela deveria seguir para governar efetivamente povos diferentes, orientá-los e defendê-los (Glasgow, 1982).

Os longos anos do reinado de Ginga Mbandi vem ao encontro do pensamento de que os africanos foram sim protagonistas de suas próprias histórias e que resistiram bravamente às investidas dos estrangeiros europeus que invadiram suas terras e levaram seus familiares e amigos embora. Sobre Ginga, neste cenário de resistência, Fonseca (2012, p. 169) diz que

os diversos papéis por ela desempenhados atestam sua capacidade de perceber as novas realidades que a presença portuguesa trouxe e mostram a sua flexibilidade em buscar as alianças mais interessantes de acordo com as circunstâncias; mostram sua habilidade de governar povos de diferentes origens e revelam sua astúcia para atuar tanto diplomaticamente como pelas armas.

Ginga Mbandi foi, sem dúvidas, a mais célebre rainha angolana de todos os tempos, tendo a sua fama atravessado os séculos e os mares. O final da vida da soberada aconteceu de maneira bastante improvável para a época, o que não é de se estranhar, pois, em se tratando de Ginga, as coisas incomuns é que eram recorrentes. O fim de sua vida é narrado pelo romance histórico de Agualusa (2015, p. 223), o qual diz que “Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga, morreu em 17 de dezembro de 1663, aos oitenta [e um] anos, em paz com os portugueses e com a Igreja Católica Romana”. A obra literária enfatiza a data da morte demonstrando a caminhada longeva, para os padrões da época, da rainha imortal.

GINGA DE ANGOLA É GINGA DO BRASIL

A verdade é que o Brasil foi embalado pelos fortes braços da Mãe África e a grandeza desta minha gente brasileira é uma herança da grandeza dos povos africanos. O povo que veio do outro lado do Atlântico trouxe tantas coisas que as palavras não dão conta de contemplar todas elas, mas é válido dizer que algumas destas coisas foram a força, a religiosidade, a cultura, o amor à identidade e, é claro, o reconhecimento à figura da soberana Ginga Mbandi Kakombe. Sobre a monarca é necessário dizer que o seu heroísmo foi o que fez com que o seu nome fosse trazido na memória de seus súditos até desembarcar em terras brasileiras.

Mircea Eliade, em sua obra intitulada O Sagrado e o Profano (1992), defende a idéia de que o mito é uma figura que representa um exemplo a ser seguido pelos indivíduos de uma comunidade por apresentar um comportamento dito exemplar. Ao falar de Ginga Mbandi, é correto afirmar que ela se tornou uma epopeia para a identidade nacional angolana, pois protagonizou um governo nacionalista e heróico. A figura da ngola ficou marcada diretamente na memória coletiva de seus súditos e de demais pessoas que tiveram contato com a sua história, e, assim, ela viajou por onde fossem produzidos ecos de seu nome.

Talvez algo que os mitos tenham em comum seja a capacidade de transcendência, pois é bastante recorrente, em narrativas de todo o mundo, a história de pessoas que saíram de lugares de desprestígio e ascenderam sociopoliticamente. Este é também um traço presente na história da soberana Ginga, tendo em vista a estrutura social do reino onde nasceu e cresceu. Weber (2011, p. 104) faz referência a Cavazzi (1687) quando diz que “o padre italiano ainda relata que nestas sociedades as mulheres e os escravos estariam na última escala de poder”. Este trecho é bastante interessante e serve para alicerçar, mais uma vez, o quão limitados eram os papéis das mulheres na sociedade mbundu. O trecho ainda serve para elucidar a astúcia de Ginga, que, mesmo em um contexto cerceador, encontrou maneiras de ser protagonista de sua própria história e reinar absoluta.

Voltando o foco para a chegada em terras brasileiras, Gomes (1971, p. 141) diz que “os negros trazidos para o Brasil se originavam de diferentes povos africanos”, desta forma, é incorreto dizer que teriam vindo de apenas um grupo. Apesar do exposto anterior, se sabe que os africanos trazidos eram mais numerosos de determinados grupos étnicos em detrimento de outros, e é ao encontro disto que vão as palavras de Silva (1943, p. 86):

“chegaram ao Brasil os primeiros escravos negros em data que não se pode precisar: talvez em 1532. Os primeiros eram da Costa da Mina, Guiné e ilhas próximas; depois foram trazidos do Congo, de Angola, de Loanda e de Moçambique; vinham dos sertões africanos, comprados pelos traficantes portugueses [...]”

Certamente foi esta diversidade de povos vindos para o Brasil o que mais constribuiu para a construção de um país multifacetado e plural. A presença dos africanos na história do Brasil data do início da construção física e identitária da nação, assim sendo, posso arriscar a dizer que o nome de Ginga muito provavelmente já se fazia presente por aqui desde aquela época. No trecho de Silva (1943), percebe-se que vieram sujeitos da região da África Central Ocidental, sendo exatamente este o grupo de interesse desta investigação, pois é certo dizer que foram os ambundu da região mencionada que trouxeram o nome de Ginga.

De início, acredita-se que os africanos que vieram para o Brasil não tenham sido os do mesmo grupo étnico que o da Rainha Ginga, pois, como afirmou Silva (1943), teríam sido comprados por traficantes portugueses. É de conhecimento geral que houve escravidão em África e esta era até uma prática comum quando um grupo dominava outro pelas armas, tendo este ponto em vista, provavelmente tenham sido estes escravos os primeiros a virem para o Brasil. Em um segundo momento, em tempos de conflito entre a Rainha Ginga e os portugueses, parte da população mbundu teria sido capturada pelos portugueses e enviada para o Brasil Colônia.

Hollanda (1971, p. 68) ilumina um pouco mais sobre a proveniência dos africanos trazidos para o Brasil quando diz que “[...]sobressaíram os do grupo bantu e os do grupo sudanês”. As palavras do autor são muito precisas para esta investigação, pois, vão ao encontro do que tem sido dito. Os ambundu eram descendentes diretos dos bantu, por este motivo, é correto dizer que o povo de Ginga veio em grande número para as terras brasileiras. Aqui, do outro lado do oceano, os ambundu tentaram estabelecer um sistema social na medida do possível, reconstruindo a sua dignidade e identidade através das memórias culturais que possuíam. É necessário comentar este momento não apenas de maneira tecnicista, mas também humanizada, pois o psicológico das pessoas arrancadas de sua terra, do seio de tudo o que conheciam e amavam, certamente encontrava-se, naquele momento, completamente destroçado. Sentimentos como medo, raiva, tristeza e saudade devem ter sido os mais recorrentes. Deve também ter sido naquele contexto que os africanos fizeram suas preces mais sublimes, mais puras e profundas em sentimento e intensidade.

Após o longo momento de terror e adaptação, os africanos em terras brasileiras conseguiram se articular e construir uma nova identidade que mesclava a anterior com os elementos a serem adicionados em um contexto completamente novo. Como traço identitário antigo, observa-se a figura da Rainha Ginga, a qual se opôs aos invasores portugueses. “Nzinga Mbandi veio ao Brasil na memória dos seus soldados escravizados, que se libertaram e fizeram reviver a organização militar dos kilombos” (Fonseca, 2012, p.169). A imagem de grande mulher astuta e viril foi reconstruída aqui através da narrativa dos africanos que escreveram novas linhas nas suas próprias histórias. É importante ainda mencionar que os ambundu protagonizaram uma nova resistência em território brasileiro ao construírem quilombos guiados pelos conhecimentos militares adquiridos em Angola.

Um ponto interessante para pensar é o processo de consolidação da figura de Ginga no Brasil. De maneira simples, Voltaire (2008, p. 291), em seu Dicionário Filosófico, deixa uma explicação que ilumina a questão por completo quando diz que “os primeiros fundamentos de toda a história são os relatos dos pais aos filhos, transmitidos em seguida de uma geração à outra [...]”. Certamente foi este o primeiro estágio da consolidação da figura de Ginga na nova identidade cultural que estava a ser construída no Brasil. Os africanos vindos para cá não possuíam uma cultura escrita, portanto a forma de manutenção da memória era basicamente a contação de histórias orais, as quais contemplaram Ginga e a cristalizaram no imaginário de gerações de negros, brancos, mestiços, enfim, brasileiros.

Na contemporaneidade, a Rainha Ginga Mbandi Kakombe foi reverenciada de maneira especial tanto em Angola quanto no Brasil. Em Angola, percebemos que esta figura, transcendente e mitológica, foi uma heroína nacional reconhecida por dois movimentos nacionalistas: a UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola - e o MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola. Arruda (1982, p. 383) diz que “vários movimentos de libertação surgiram em Angola, a principal colônia portuguesa, destacando-se o MPLA, de Agostinho Neto, a UNITA, de Jonas Savimbi, e a FNLA de Holden Roberto [...]”. Por ser uma figura de tamanha importância para a identidade cultural angolana, Ginga esteve presente nos discursos dos dois principais movimentos pró-independência: MPLA e UNITA. Mesmo com alguns ideais divergentes, MPLA e UNITA convergiram na figura da rainha que se impôs ao povo invasor em um passado distante.

No Brasil, a presença da monarca angolana não é menos ilustre que em Angola. Maia (2019, p. 01) defende que “[...] a representação da Rainha Ginga no Brasil não está restrita, obviamente, ao carnaval carioca, mas aparece também na literatura, no cinema e em manifestações como Congada, Coroação de Reis, Maracatu, etc”. O autor demonstra, em uma única frase, a diversidade de formas que a Rainha Ginga aparece na cultura identitária brasileira. Se anteriormente foi dito que os africanos foram protagonistas de sua própria história em África, no Brasil, além da história deles, auxiliaram a escrever a história nacional. Observemos que as formas de expressão mencionadas por Maia (2019) são elementos culturais que surgiram no Brasil com a participação efetiva dos africanos e africanas que para cá vieram, e em todas elas há referências à figura de Ginga Mbandi Kakombe.

Nomeei esta parte do texto de “Ginga de Angola é Ginga do Brasil” para, logo de início, deixar evidente o quanto esta figura, cara para os angolanos, é importante para o povo brasileiro. O nome da soberana mbundu está enraizado nas identidades brasileiras assim como está nas identidades angolanas, provando que as duas nações são irmãs. É interessante pensar que uma rainha do outro lado do Oceano Atlântico foi capaz de garantir um lugar cristalizado na cultura brasileira sem nunca ter tocado o solo do Brasil. Este fato é mais uma comprovação da sua singularidade que, sendo tanta, a transformou em um mito intercontinental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Falar sobre a lendária Rainha Ginga de Angola não é uma tarefa fácil, pois esta mulher fenomenal, apesar de estar sendo tão observada pela academia, ainda se encontra envolta em brumas de mistérios. Ao mesmo tempo que é difícil falar dela, é prazeroso, pois a pesquisa parece ganhar autonomia e ir guiando para os pontos que precisam ser abordados.

A admiração pela figura de Ginga Mbandi acontece de maneira quase que instantânea quando se conhece a sua história. Não foi fácil para uma mulher, ainda mais naquela época, protagonizar o que ela protagonizou. O lugar reservado às mulheres no século XVII era de submissão, tanto na Europa quanto no contexto mbundu, apesar desta lamentável realidade, Ginga, como a transgressora mulher que era, não se manteve neste lugar.

Além de escrever uma história ímpar, Ginga também abriu caminho para a monarquia de outras mulheres do Reino do Ndongo, pois várias foram as ngolas que a sucederam. Inclusive é necessário dizer que Adriano Parreira (2003) menciona que a princesa Kambo foi a sucessora da irmã, Ginga, após a morte ocorrida em 1663. que foi a mo No Brasil, ela é personagem fundamental para os afrobrasileiros. A Rainha Ginga ajuda a desconstruir a visão do povo português como desbravador e descortina-o como invasor que encontrou resistência à altura em Angola. Por este heroísmo, Ginga é mencionada nos movimentos culturais afrobrasileiros como uma mítica rainha guerreira. Para finalizar, sobre a presença viva de Ginga Mbandi Kakombe no Brasil, cito a Professora Mariana Bracks Fonseca (2012, p.169) que defende que “aqui, mais uma vez se disfarçou, tornou-se a Ginga, que aparece nas danças, no congado, no futebol, na capoeira, sempre seduzindo e enganando”.

Material suplementar
Agradecimentos

Gostaria de agradecer imensamente ao corpo editorial da RAC (Revista Angolana de Ciência) pela prontidão em responder sempre que surgissem dúvidas. Muito obrigado!

Referencias
Agualusa, J. E. (2015). A Rainha Ginga: e de como os africanos inventaram o mundo. Rio de Janeiro: Editora Foz.
Arruda, J. R. de A. (1982). História Moderna e Contemporânea. 14. edição. São Paulo: Ática.
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Eliade, M. (1992). O sagrado e o profano. Tradução Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes.
Fonseca, M. B. (2012). Njinga Mbandi e as guerras de resistência em Angola do século XVII. (Tese Doutorado, USP). Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14032013-094719/pt-br.php
Fonseca, M. B. (2014). Nzinga Mbandi conquista Matamba: legitimidades e poder feminino na África Central. Século XVII. Anais eletrônicos do XXII Encontro Estadual de Histórias da ANPUH – SP: Santos.
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Maia, T. H. (2019). Representações da Rainha Ginga no Carnaval Carioca. XV Enecult – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – BA: Salvador.
Parreira, A (2003). Breve Cronologia da História de Angola. Luanda: Editorial Nzila.
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