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Uma geração viral? Adolescência e confinamento*
Carles Feixa
Carles Feixa
Uma geração viral? Adolescência e confinamento*
Revista TOMO, núm. 38, 2021
Universidade Federal de Sergipe
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Resumo: O termo “geração viral” refere-se a uma faixa etária que vivencia uma dupla circunstância vital: por um lado, a exposição ao coronavírus como marca geracional; de outro, a velocidade de transmissão de in- formações pela internet. O artigo analisa o impacto do confinamento causado pela Covid-19 entre adolescentes, com base em um estudo de caso realizado na Catalunha, Espanha. Após explorar o papel do confinamento nos ritos de passagem da infância para a vida adulta em diferentes culturas, a experiência do confinamento é analisada a partir das transformações de quatro espaços da vida adolescente: a sala, o espaço educacional, os espaços de lazer e o ciberespaço. No epílogo expõe-se o processo de desconfinamento e como está afetando os jovens, na forma de discursos juvenófobos que os culpam por surtos, mas também a partir de experiências construtivas de inovação e participação social.

Palavras-chave: Adolescência,Juventude,Coronavírus,Confinamento,Desoconfinamento.

Abstract: The term “viral generation” refers to an age group that experiences a double vital circumstance: on the one hand, exposure to the coronavirus as a generational brand; on the other hand, the speed of the transmission of information over the internet. The article analyzes the impact of confinement caused by Covid-19 among adolescents, based on a case study carried out in Catalonia, Spain. After exploring the role of confinement in the rites of passage from childhood to adulthood of different cultures, the experience of confinement is analyzed from the transformations of four spaces of adolescent life: the room, the edu- cational space, the leisure spaces and the cyberspace. In the epilogue, the process of deconfinement is exposed and how it is affecting young people, in the form of ‘youthphobic’ discourses that blame them for outbreaks, but also based on constructive experiences of innovation and social participation.

Keywords: Adolescence, Youth, Coronavirus, Unconfined, Lockdown.

Resumen: El término “generación viral” hace referencia a un colectivo etario que experimenta una doble circunstancia vital: por una parte, la ex- posición al coronavirus como marca generacional; por otra parte, la rapidez de la transmisión de informaciones por internet. El artículo analiza el impacto del confinamiento causado por el Covid-19 entre las y los adolescentes, a partir de un estudio de caso realizado en Cataluña, España. Tras explorar el rol del confinamiento en los ritos de paso de la infancia a la vida adulta de distintas culturas, se analiza la experiencia del confinamiento a partir de las transformaciones de cuatro espacios de la vida adolescente: la habitación, el espacio edu- cativo, los espacios de ocio y el ciberespacio. En el epílogo se expone el proceso de desconfinamiento y cómo está afectando a los jóvenes, en forma de discursos juvenófobos que los responsabilizan de los rebrotes, pero también a partir de experiencias constructivas de innovación y participación social.

Palabras clave: Adolescencia, Juventud, Coronavirus, Confinamiento, Desconfinamiento.

Carátula del artículo

Dossiê: Cidade, Mídias, Memória e Cotidiano em Tempos de Pandemia

Uma geração viral? Adolescência e confinamento*

Carles Feixa
Universitat Pompeu Fabra, España
Revista TOMO
Universidade Federal de Sergipe, Brasil
ISSN-e: 1517-4549
Periodicidade: Semestral
núm. 38, 2021

Recepção: 09 Novembro 2020

Aprovação: 29 Novembro 2020


Prólogo: a vida em um tuíte1

Na maioria dos debates que se desenvolve em torno da lacuna geracional, a ênfase é colocada na alienação dos jovens, enquanto o alinhamento dos adultos tende a ser completa- mente omitido. O que os comentaristas esquecem é que a verdadeira comunicação consiste em um diálogo, e que ambos os interlocutores carecem de vocabulário para dialogar (Mead, 1970/2019).

Na segunda-feira, 9 de março de 2020, o antropólogo e tuiteiro do CSIC Alberto Corsín publicou no Facebook um post sobre o #Coronavírus que logo se tornou viral e que compartilhei no meu mural:

9 de março,

A história do século 21 começa com o coronavírus:

- Redução das emissões

- Defesa dos bens públicos (saúde, ciência)

- Teletrabalho e semana laboral de 3-4 dias

- Fim do futebol

- Fim das macroconferências acadêmicas

- Fim da hegemonia dos mercados financeiros

- Fim da turistificação

Uma semana depois, na segunda-feira, 16 de março, oficialmente o primeiro dia do estado de alarme e confinamento em casa, Corsín postou um fio no Twitter com a seguinte reflexão:

16 de março, 10:47.

A educação sentimental de nossos jovens de hoje configurará a sociedade de estranhos que cuidarão de nós no futuro @alafuente @Amparo @tiscar @CFeixa @amparogonzalez @orapmagon1

Eu queria iniciar uma conversa sobre as possíveis consequências do confinamento em jovens adolescentes, especialmente aqueles que estão despertando para a puberdade. Tenho ouvido falar sobre educação online, mas pouco sobre “educação sentimental”. Aqui vão algumas impressões @c_magro

1. Em primeiro lugar, quero dizer que não sou um especialista em educação nem em sociologia da juventude. São impressões captadas no ar relativas sobretudo aos universos sentimentais da cidade, mais próximos aos meus interesses.

2. Na puberdade, os corpos dos jovens se abrem a diversos mundos sensoriais e afetivos, seus corpos aprendem a ser “estranhos” na cidade, a modular o olhar e o tato, a exuberância e a introspecção, as estruturas e as nuances de amizade.

3. Nas ciências sociais, frequentemente falamos sobre as “consequências imprevisíveis” de certos atos. Algumas se- manas de confinamento provavelmente não terão consequências importantes na configuração desses corpos adolescentes. Mas, e vários meses? Ou mesmo um confinamento sazonal?

4. Nossos jovens estão sendo bombardeados com imagens higienistas com alta carga de disciplina moral sobre o controle dos corpos: lavar-se, manter distâncias seguras, não tocar em superfícies estranhas, não sair às ruas, etc.

5. Não sei muito bem como neutralizar coletivamente esse discurso, em um contexto de confinamento, com uma educação sentimental mais rica e aberta. Mas acho que é importante.

6. Os jovens de hoje serão os “estranhos” que cuidarão de nós no futuro. Seus corpos, suas estruturas sentimentais e afetivas serão os que organizarão nossas cidades.

Nessa mesma noite, respondi com meu primeiro fio de Twitter.

16 de março, 22:42.

Respondendo à proposta de @acorsin de falar sobre os efeitos do confinamento entre jovens adolescentes, abro este fio com base em meus estudos sobre antropologia da juventude e, principalmente, na convivência desde sábado com dois adolescentes em casa.

1. O debate sobre adolescência, biologia e cultura é antigo: foi iniciado por Stanley Hall em 1904, descrevendo-a como uma fase de “tempestade e estímulo”, continuado por Margaret Mead em 1926, que argumentou que tal crise de identidade era provocada pela educação ocidental.

2. O debate sobre natureza/criação renasceu recentemente na neurociência, depois de se descobrir que os efeitos da puberdade no cérebro do adolescente são mais tardios e complexos do que se pensava, e que a genética se mistura com o ambiente e as emoções.

3. Resumi esse debate em um artigo na revista Neuroscien- ce and Biobehavioral Reviews (https://www.sciencedirect. com/science/article/abs/pii/S0149763411000327), tra- duzido no livro coletivo Malestares y subjetividades ado- lescentes (http://www.editorialuoc.com / malaise-and-subjectivities-teens).

4. A adolescência é, portanto, uma fase de abertura para o exterior, para o espaço público, para o peer-group, para a expansão corporal, de modo que várias semanas em confi- namento podem ser difíceis de suportar.

5. Por outro lado, os adolescentes de hoje, pertencentes ao que chamo de Geração@, são os mais bem preparados para uma vida digital, sem os dualismos online-offline, corpo-mente, que nós adultos vivemos. https://generacionarro-ba.wordpress.com.

6. O confinamento doméstico, mais do que uma prisão, pode ser um refúgio, como escrevi em meu artigo “La habitación de los adolescentes” (https://www.ehu.eus/ojs/index.php/ papelesCEIC/article/viewFile/12125/11047) e “Los hijos en casa: hackers o hikikomoris”. (https://www.revistavirtu- alis.mx/index.php/virtualis/article/view/32).

7. Outra coisa é que por várias semanas eles têm que viver próximos às mães e pais. Viver “confinado” em casa pode causar tensão, mas também nos oferece a oportunidade de aprender outras formas de comunicação entre gerações sucessivas: comer, brincar ou simplesmente conversar.

8. Um possível tema de conversa são precisamente as causas sociais do coronavírus. Se for verdade, como @acorsin sugeriu em seu tweet, que Covid-19 marca o início do século 21, uma de suas dimensões – o decrescimento – foi prenunciada justamente por adolescentes, e não apenas por Greta Thumberg.

9. A adolescência é uma fase de explosão (hormônios, neurônios, criatividade) e de implosão (autocontrole, reflexividade, melancolia). O coronavírus é uma oportunidade para que tal processo seja acompanhado, o que o atual ritmo de vida – e a pressão da seletividade – dificultam.

10. É também a ocasião para que nós adultos ouçamos os jovens sem preconceitos e, juntos, renovemos nossa (auto) educação sentimental – e nossa educação tout court.

11. Cito de memória Jean Monod, discípulo de Lévi-Strauss (Los Barjots): “Os adolescentes reproduzem, no plano vertical das idades, uma diversidade que, geograficamente, tende a desaparecer”. Por algumas semanas, os Trobriand estão em casa.

12. Eu mostrei o fio para minha filha Xao. Pela primeira vez ela leu tudo: “Há coisas que eu não entendo: o que são os Trobriand? Levi-Strauss é a marca das calças? Mas está muito legal”.

13. Ela o mostrou à sua amiga Aroa, que está passando estes dias em nossa casa: “Gostei! Fala de nós!”

O primeiro a responder foi o próprio Corsín:

@acorsin: Que maravilha este fio de @CFeixa desenhando possíveis cenários e consequências do confinamento de adolescentes pela crise da COVID-19. Muito obrigado!

Ao longo do dia seguinte, sem chegar a se tornar viral, o fio logo superou em comentários (12), compartilhamentos (22), curtidas (72), atividades (278) e visualizações (6911), todos os meus tweets postados até aquele dia. Aqui estão alguns dos comentários (de Barcelona, Madrid, Maiorca, México e Chile):

@noeliaclasica: Fiquei muito interessado neste fio de @ Cfeixa. Aqui, uma família com um adolescente @rossanareguillo: Este fio do meu colega @CFeixa altamente recomendado atenção @IdeCGDL

@arroceritacnica: para mães e pais com adolescentes em casa

@hildiupis: Para pais com adolescentes, excelente fio #QuedateEnLaCasa

@sweetartemisa: Fio imperdível sobre adolescentes em casa. Ccp @stefanie_weiss

@OAguileraRuiz: Atenção mães e pais com crianças peque- nas. Sou antropólogo e faço minhas estas palavras #aplanarlacurva #COVID-19 #QuedateEnLaCasa

@luzmagcruz: Muito bom este fio, que encontrei no perfil de @rossanareguillo para aqueles de nós que têm adolescentes em casa

@susana-brignoni: O que está em jogo com os adolescentes é o vínculo... Neles sempre há uma dúvida sobre a autentici- dade: o que oferecemos a eles é verdadeiro?

@susana-brignoni: De fato, nas adolescências, no plural, o que está em jogo é a dimensão dos corpos... Novos corpos que estão se organizando... A realidade hoje nos diz que isso se ordena para além do toque... Quais serão as novas configurações?

@miriam-arenas: #adolescentes em tempos de #confinamiento cc @ProyectoCuidar

@OJIB: @CFeixa oferece um fio com uma reflexão interessante, que pode nos ajudar a compreender e a passar estes dias com adolescentes em casa: Adolescentes e confinamento #MomentsPerALaReflexió #MomentsPerQuedarseACasa #Joventut #Joves #Adolescentes

Adolescência e confinamento

O eco dos tuítes me incentivou a seguir o fio de Ariadne ao qual estava conectado – meus estudos sobre a antropologia da juventude – e a resgatar a ideia de publicar um pequeno texto sobre o conceito de adolescência que serviria como uma espécie de antilivro de ajuda, ou seja, em vez de dar respostas a pais desorientados, oferecia perguntas que poderiam ser compartilhadas com seus filhos e filhas, neste caso aproveitando a situação para tecer juntos os conceitos de adolescência e reclusão. Como sugerido no tuíte, em princípio, esses são conceitos antônimos: o objetivo dessa fase da vida é abandonar o isolamento doméstico– fugir do Pai e da Mãe – e abrir-se ao mundo – ao peer-group, aos outros, ao espaço público. É quebrar a casca da família – a saudade do útero – e arriscar enfrentar o mundo – para o bem ou para o mal. Quando isso acontece naturalmente, existem as condições para uma transição saudável para a vida adulta – para a vocação, para o trabalho, para o lazer, para o amor, para a cidadania. Quando esse processo é evitado ou fracassado surgem os processos de exclusão, marginalização e adoecimento mental que conduzem a adolescências fraturadas ou em crise: o vínculo com os progenitores é rompido sem que se estabeleça novos vínculos com os outros e consigo mesmo.

Historicamente, a forma que muitas culturas inventaram para provocar essa transição são os chamados ritos de passagem ou de puberdade2. Muitos desses ritos consistem precisamente em períodos de reclusão compulsória – confinamento – na natureza, em cabanas ou acampamentos fora da vida cotidiana – física e simbolicamente separados da comunidade – quando, por meio de certas cerimônias, canções, danças ou ingestão de alucinógenos, os púberes rompem com sua identidade infantil e renascem com uma nova personalidade – se trata do “segundo nascimento”, que para o psicólogo Stanley Hall (1904/1915) caracterizava a adolescência. É o que acontece, por exemplo, com a cabana para meninas púberes do ritual elima dos pigmeus BaMbuti do Congo, a casa singira dos guerreiros masai do Quênia, as sociedades secretas dos índios das pradarias norte-americanas, mas também com as instituições educativo-militares de estados primitivos, como a agohé espartana ou o telpochcalli asteca, entre tantos outros exemplos de “confinamento liminar” dos e das adolescentes, antes do acesso à condição adulta, em sociedades pré-industriais. É verdade que a maioria desses ritos incumbe apenas aos homens – com exceção do elima e alguns outros – mas indiretamente eles acabam determinando o destino de toda a faixa etária3.

Nas sociedades industriais, os ritos de iniciação levaram a vários tipos de “instituições totais”, concebidas como espaços de confinamento para melhor se preparar antes de entrar na vida adulta: entre os mais proeminentes, o serviço militar obrigatório, inventado pela Revolução Francesa para formar jovens do sexo masculino para servir à Nação (quartel dos “quintos”); internatos educacionais britânicos ou suíços para meninos e meninas de elite; e prisões juvenis para meninos e meninas filhos de trabalhadores que escaparam do controle familiar ou institucional e optaram pela vida na rua – o que deu origem às gangues4. A prisão segue sendo atualmente o espaço de confinamento por excelência, e quando se vive esta experiência na adolescência ou juventude o efeito pode ser duradouro5.

Na sociedade pós-industrial, esses espaços de confinamento desaparecem ou se transformam: fim do serviço militar obrigatório (exceto para aqueles que optam pelo exército profissional), desaparição dos internatos (exceto para jovens com dependências ou doenças mentais), conversão da prisão em centros educacionais (incluindo centros de tutela para adolescentes sós, como aconteceu na Espanha com os menores estrangeiros não acompanhados, que eram chamados de Menas). Paradoxalmente, alguns adolescentes refugiam-se no próprio quarto, como prelúdio ou preparação para a árdua tarefa de enfrentar o mundo, o que a transição para uma sociedade digital facilita, ao poder obter desde o espaço íntimo tudo o que é necessário para viver (da comida em domicílio ao cibersexo).

O confinamento ritual dos adolescentes tinha uma tripla função: a “incorporação” (aceitação do próprio corpo e identidade sexual); a “introspecção” (aceitação do próprio espírito e identidade pessoal); e “extroversão” (união com o peer-group, com a faixa etária e com a sociedade). Resumindo: dar-lhe suporte para romper os laços familiares e enfrentar o mundo. O atual confinamento pode ser visto como o oposto: ocorre em um momento em que, em vez de “ritos de passagem”, há “ritos de impasse” (cerimônias de iniciação para não-lugares atemporais); e em vez de forçar a união com a faixa etária, força o reencontro com outras gerações – pais, mães e, em alguns casos, avós. E o faz, como sugeriu Corsín, com um discurso higienista que tem muitas conexões com o discurso moralizante sobre a sexualidade adolescente, pois, em vez de aceitar e normalizar a metamorfose corporal, a reprime ou oculta.

A antropóloga Margaret Mead (1970/2019) sugeriu em um famoso ensaio que passamos das sociedades “pós-figurativas”– aquelas em que as crianças aprendem com seus pais – para as sociedades “cofigurativas” – aquelas nas quais as crianças aprendem com seus contemporâneos. Segundo essa autora, no final dos anos 1960 se iniciava uma nova etapa de evolução cultural, a das sociedades “prefigurativas”, aquelas em que são os filhos que educam os pais. A alienação que uns e outros sofrem é um sintoma de incomunicação: a ausência de uma linguagem comum que nos permita comunicar-nos.

O desafio é transformar a necessidade em virtude: transformar esse tempo de reclusão forçada e de convivência intergera- cional em tempo de repensar a adolescência – ou melhor, de repensar o papel d@s adolescentes nas sociedades bipolares: às vezes “juvenilfílicas” (idealização da juventude) e noutras ocasiões “juvenilfóbica” (estigmatização d@s jovens). Trata-se de aproveitar para aprender uns com os outros: os adolescentes podem aprender a aprender sem as pressões da instituição escolar, mais voltadas para a preparação para exames como a seletividade, do que para a preparação para a vida; os adultos podem aprender com a facilidade dos adolescentes para uma vida digital não desconectada da vida presencial – já que ambas são agora uma parte inseparável da vida real. Trata-se de nos olharmos de frente uns para os outros e aproveitarmos esses dias com a possibilidade de partilharmos refeições, trabalho, jogos e palavras. Algo que o ritmo acelerado de vida nos impede de fazer normalmente (Rosa, 2019)6.

A ideia de fundo é, portanto, refletir sobre a juventude na era viral. Usei este adjetivo pela primeira vez em um livro anterior (Feixa, 2014): naquele momento aludia à velocidade de circulação de in- formações e conexões ligadas às mobilizações, estilos e processos juvenis, exemplificados no movimento 15M e recentemente no movimento neoecologista #FridaysforFuture e no movimento neofeminista #MeToo, ambos liderados por adolescentes de todo o mundo nos últimos dois anos. Por causa da Covid-19, o adjetivo “viral” aqui recupera seu significado original, o de vírus biológico, cuja transmissão em escala global se torna uma metáfora para o próximo século, como Corsín anunciou lucidamente em seu famoso tuíte – como também disse Daniel Innerarity, não é o fim “do” mundo, mas talvez seja o fim “de um” mundo.

Viver confinad@s

No livro “Adolescentes confinad@s” (Feixa, Méndez & Feixa, 2020), escrito nas primeiras semanas de confinamento, in- corporei uma série de reflexões sobre como esta experiência pode modificar a vida dos adolescentes em seus espaços cotidianos. Para isso, ocupei os quatro grandes espaços que havia analisado no meu livro anterior “De la Generación@ a la #Generación” (Feixa, 2014), analisando as mudanças em curso no espaço da casa, no espaço escolar, nos espaços de lazer e no ciberespaço. Reproduzo, a seguir, as reflexões resultantes7.

Habitar confinad@s

Muitas coisas mudaram desde a primeira versão deste texto, publicada há 15 anos com o título “La habitación de los adolescentes” (Feixa, 2005). Diversas tendências que eu apontava na época se consolidaram, principalmente a centralidade do celular como núcleo em torno do qual se organizam o espaço e o tempo do quarto dos adolescentes, a transição para multitelas e a possibi- lidade de assistir televisão em smartphones e tablets, tornando-os independentes do ritmo horário marcado pelas refeições em família e pela programação da televisão. Porém, fora do Japão, o modelo hikikomori (adolescentes confinados em seu quarto por longos períodos) não se generalizou, como uma doença mental típica desta idade, embora há algum tempo fui contactado pelo Hospital Clínic de Barcelona onde foi criada uma unidade para tratar estes distúrbios. Durante o confinamento, ocorre uma si- tuação paradoxal: por um lado, o quarto passa de refúgio temporário a refúgio permanente, mas como os adolescentes já estavam acostumados a tal, isto amortece o confinamento; por outro lado, o fato de compartilhar o espaço doméstico com os pais por tantas horas obriga-os a sair do quarto e readquirir os espaços/ tempos compartilhados como refeições, televisão e jogos de tabuleiro. De certa forma, o confinamento pode intensificar a digitalização de toda a casa, mas desdigitaliza o quarto, abrindo-o para relações intergeracionais. Repouso, estudo, trabalho e lazer deixam de ser espaços/tempos segmentados e se hibridizam. E, acima de tudo, o tempo se desviraliza e desacelera8.

Aprender confinad@s

Desde a primeira versão deste texto, há dez anos (Feixa, 2010), a transição para uma escola digital se intensificou, mas se concentrou principalmente na introdução de recursos tecnológicos– como laptops, tablets ou celulares – mais do que na transformação das formas de ensino e aprendizagem. Um dos maiores dilemas durante o confinamento é como acompanhar o ritmo da escola em casa. A repentina interrupção das aulas impediu a preparação do terreno e de alguma forma todos – educadores, alunos, famílias – tiveram que improvisar. A primeira reação dos responsáveis pela educação foi conservadora: continuar com a lição de casa, mas sem introduzir ferramentas online, argumentando que isto poderia prejudicar alunos de famílias carentes. Embora isso mostre que a exclusão digital não foi superada e se consolida como a barreira para a igualdade equivalente ao analfabetismo de um século atrás, ignora que o acesso ao digital não é apenas uma questão de tecnologia, mas de hábitos culturais, que transcende as desigualdades de classe. Como em seguida ficou claro que o confinamento não seria momentâneo, mas se prolongaria, chegando a colocar em risco a conclusão do ano letivo, as instituições retificaram e orientaram o uso de recursos onli- ne. O interessante é que a iniciativa não partiu das instituições, mas de baixo: muitos professores tiveram a iniciativa de colocar em prática o que alguns já faziam – utilizando recursos transmídia –, para o qual contaram com a colaboração entusiástica de muitos alunos, os jovens criativos de que fala Pais (2020). Mais do que as plataformas Moodle ou as videoconferências, o mais inovador tem sido a criatividade multimídia, e principalmente a aprendizagem interativa, em que a hierarquia professor-aluno é atenuada. Além disso, a rigidez do currículo desaparece e as disciplinas e habilidades se misturam. Infelizmente, o que não desaparece é o pesado fardo do exame parcial e, principalmente, do exame final – a seletividade – que subordina os dois anos do ensino médio à aprovação na prova em vez de aprender e descobrir vocações e talentos. Durante o confinamento, os adolescentes perderam matérias, mas ganharam um campo aberto para novos aprendizados (como mostra o “Diário de um Adolescente em Cativeiro”). Espero que a lição seja aprendida para transformar a cultura escolar, que no ensino médio tem se mostrado inadequada à realidade dos adolescentes e do mundo em que vivem9.

Divertir-se confinad@s

No texto original (Feixa, 2011a) apontei três momentos que ao longo do século XX propiciaram mudanças no estudo da relação dos jovens com os espaços de lazer: lazer como consumo, lazer como resistência, lazer como distinção. O primeiro momento explora o “casamento por interesse” dos dois sócios, celebrado na catedral do consumo pela sociedade moderna. O segundo momento explora uma “união consensual” entre uma juventude extensa e um lazer desregulamentado, celebrado nas periferias urbanas e nas subculturas noturnas pela sociedade pós-moderna. No terceiro momento, a associação entre juventude e lazer entra em uma espécie de “divórcio”. A juventude já não é uma fase de transição em que o tempo livre desempenha o papel de “rito de passagem”. Torna-se um “espaço intransitivo” em que o tempo livre é a base dos “ritos de impasse” a uma idade adulta juvenilizada.

O que acontece quando o lazer do adolescente deixa de ser exercido em espaços públicos ou comerciais sem a presença de um adulto, e passa a ser vivido no espaço privado compartilhado com os pais e demais familiares? Como se transformam o consumo, a resistência e a distinção que o caracterizam? Por um lado, consolida-se a tendência para o entretenimento online, videogames, cyberparties ou espetáculos televisivos, como acontece com os esportes de massa. Por outro lado, reaparece o gosto pela diversão offline de toda a vida: noites compartilhadas, o prazer de contar e ouvir histórias, jogos de tabuleiro, etc. Durante a última década, houve a progressiva expulsão de adolescentes do espaço público, devido à transferência de boates e complexos de lazer para periferias urbanas, aumento dos preços, políticas que limitam o consumo de bebidas alcoólicas, etc.10 Algumas experiências, como as lonjas juveniles11 no País Basco, mostram que os adolescentes sabem organizar, de forma autogestionária, espaços de encontro em pequenos grupos que fogem das massas. O confinamento pode permitir que se recupere o gosto por um tempo livre menos consumista, mais tranquilo, relaxado e cooperativo.

Navegar confinad@s

Os dez anos transcorridos desde a primeira versão deste texto (Feixa, 2011b) originaram maiores mudanças neste espaço da vida adolescente que em qualquer outro. Como sugerido no fio do Twitter que originou esse livro, os adolescentes são teoricamente a faixa etária mais bem preparada para enfrentar o confinamento, uma vez que nutriram a cultura digital desde cedo e não estabeleceram divisões entre a vida online e offline. Além disso, o confinamento permite que se relacionem com os pais de forma mais horizontal, já que eles hoje atuam como seus professores, ajudando-os a aproveitar melhor o uso de aplicativos, tablets e recursos transmídia. Por um lado, o confinamento permite que um e o outro aprendam juntos uma linguagem digital compartilhada (alfabetiza os adultos e torna os adolescentes mais críticos em relação aos usos e abusos da Internet). Por outro lado, reforça as lacunas virtuais de geração: enquanto os adolescentes ainda estão conectados às interfaces visuais do Instagram (que atualmente aparece como uma alternativa aos encontros face a face com seu peer-group), os adultos estão presos na teia de memes textuais do WhatsApp ou na rigidez do teletrabalho. O confinamento pode ser uma oportunidade para criar códigos de comunicação e normas de uso compartilhado no ciberespaço, que estimulem o diálogo intergeracional, como sugere Margaret Mead na citação inicial do prólogo, sem cancelar os espaços e as linguagens de cada faixa etária, necessários para que o seu processo de libertação – a sua forma de aprender a voar – não seja interrompido12.

Epílogo: Adolescentes (des)confinad@s

Enquanto durante os quase três meses de confinamento os adolescentes não causaram problemas e, portanto, ficaram invisíveis e esquecidos, na fase de desconfinamento algumas tensões começaram a surgir, e finalmente foram apontados como os principais culpados e como bode expiatório dos rebrotes que se seguiram. Desde o início, a primeira decisão das autoridades espanholas foi manter o exame de seletividade estadual (a prova de acesso à universidade), apesar do risco de ter milhares de adolescentes trancados por uma semana em salas de aula insuficientemente ventiladas (a maioria dos países europeus, incluindo Alemanha e França, suspendeu o exame). O primeiro grande rebrote ocorreu na minha cidade, Lleida, e foi atribuído à chegada massiva de outros tipos de jovens: imigrantes africanos e de outras origens que, como todos os anos, vinham trabalhar na colheita de frutos, e cuja convivência em moradias precárias foi identificada como a causa dos primeiros surtos (atividades do agronegócio em locais refrigerados e fechados aparentemente não eram tão importantes).

Os seguintes surtos pontuais, em diferentes partes da península, foram atribuídos sobretudo à vida noturna dos jovens (como se o dia dos adultos fosse menos importante), especialmente aos chamados Botellones (festas clandestinas em espaços públicos marginais que consistentes na ingestão de grandes quantidades de bebidas alcoólicas de baixo custo): embora as evidências fossem escassas, as imagens de algumas destas festas veicula- das nas redes sociais viralizaram e foram amplamente utiliza- das pela mídia e por algumas autoridades políticas e serviços sanitários para culpar os jovens e acusá-los de serem egoístas e irresponsáveis. A decisão de encerrar a vida noturna e após a implementação de um toque de recolher seletivo foi justificada por esses argumentos e provocou protestos furiosos de setores minoritários da juventude, entre os quais se misturou a extrema direita negacionista, trabalhadores de estabelecimentos de ócio noturno, trabalhadores precários de plataformas de entrega a domicílio, pessoas sem-teto ou pessoas com moradias precárias e jovens rebeldes sem causa. Em contrapartida, também houve grupos de jovens que se organizaram para limpar praças, distribuir máscaras ou ajudar os idosos13.

Para além desses discursos juvenófobos, os e as adolescentes se adaptaram ao novo cenário com dificuldades, às vezes com desconforto, mas também com criatividade. Durante as férias de verão, eles se desvencilharam do distanciamento social buscando a proximidade de suas relações de amizade, passando do online para o offline com facilidade, em um espaço progressivamente híbrido, que alguns começam a chamar de onlife. Quando o curso foi reiniciado, em setembro, eles eram os mais ativos na educação virtual, embora ainda precisassem do contato humano. Aqueles que trabalhavam perderam muitos empregos ou viram sua precarização laboral se intensificar. Em termos de digitalização, continuaram a ser pioneiros, ajudando os mais velhos a se adaptarem, mas, ao mesmo tempo, a exclusão digital tornou-se mais visível, ampliando as desigualdades preexistentes.

Enquanto termino de escrever este Epílogo (5 de novembro de 2020), estamos semiconfinados: há toque de recolher noturno, a educação é a distância e a diversão é muito restrita. Os adolescentes estão cansados e preocupados com o futuro imediato, que é muito inseguro, mas sobretudo com o futuro mediato, por- que temem que a sociedade os esqueça e que sejam as principais vítimas da crise que se anuncia, que se somará às sequelas da crise anterior. Mas estou otimista; podemos transformar a necessidade em virtude e transformar o problema do coronavírus em uma oportunidade de transformar as relações entre gerações, promovendo um novo contrato intergeracional que represente um avanço em direção a uma maior equidade e também um estímulo à inovação econômica, social e cultural, em que os jovens têm muito a contribuir.

Coda: se voltarmos à profecia de Corsín, podemos concordar que quatro de suas previsões parecem ter se cumprido (redução de emissões, defesa dos bens públicos – saúde, ciência –, tele- trabalho e 3-4 dias de trabalho semanais, fim da turistificação); uma foi parcialmente cumprida (fim das macroconferências acadêmicas – só as presenciais, mas proliferaram as a distância); e duas outras não estão em vias de se concretizar (fim do futebol e fim da hegemonia dos mercados financeiros). O coronavírus, sem dúvida, abre o século 21, resta saber se será como uma tragédia, como uma comédia ou como uma tragicomédia.

Material suplementar
Referências
Bernardi, B. Age class systems. Londres: Cambridge University Press, 1985.
Feixa, C. La habitación de los adolescentes. Papeles del CEIC, Bilbao, 16. [trad. port. (2006). O quarto dos adolescentes na era digital. In M. Regina da Costa & E. Murilho Silva (Orgs.), Sociabilidade Juvenil & Cultura Urbana. São Paulo: EDUC, 2005, p. 79-110.
Feixa, C. Escuela y cultura juvenil: ¿matrimonio mal avenido o pareja de hecho? Revista Educación y Ciudad, Bogotá, 18, 2010, p. 5-18.
Feixa, C. Leisure. In S. Talburt & N. Lesko (Eds.). Youth Studies: Keywords and Movements, London & New York: Routledge, 2011.
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Notas
Notas
[*] Texto traduzido do espanhol e revisado por Paulo Renato Vitória (prvitoria@gmail.com) e Danielle de Noronha (danielledenoronha@gmail.com) para a Revista Tomo.
1 Este texto retoma trechos do InstantBook “Adolescentes Confinad@s” (Barcelona, NED, 2020). Disponível em: https://www.nedediciones.com/ficha.aspx?cod=2048.
2 Sobre os ritos de passagem, ver Van Gennep (1909/1986); Turner (1985); La Fontaine (1987).
3 Ver Turnbull (1960/1985), Bernardi (1985), Feixa (2011, 2020).
4 Ver o clássico estudo de F. Thrasher (1926), The Gang, sobre as gangues de Chicago no início do século XX, cuja tradução em espanhol está a caminho pela editorial NED.
5 Como explicou um membro de minha equipe de investigação que havia estado na prisão, em um tuíte sobre o coronavírus que viralizou, e como explica King Manaba em seu relato de cárcere (Feixa & Andrade, 2020).
6 Nossa reflexão vai na mesma linha do proposto pelos colegas e amigos, especialistas em adolescência, durante estas semanas de confinamento: Jaume Funes em sus conver- sas no Instagram (@jaume.funes) e José Ramon Ubieto em suas intervenções na impren- sa (https://www.eleconomista.es/ecoaula/noticias/10439536/03/20/Adolescentes-confinados-y-no-es-un-reality-show.html).
7 O livro contou também com o “Diario de una adolescente en cautiverio”, redigido por uma amiga de minha própria filha que passou o confinamento conosco, ilustrado com fotos de minha filha, e com um booktrailer editado por ela, em que contam suas experi- ências. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jHZqaa3BJjM.
8 Ver, a respeito, o livro “Del padre al ipad”, coordenado por José Ramon Ubieto (2019).
9 Um exemplo de experiências de inovação pedagógica pode ser o uso didático do cine- ma, como se mostra no livro “Juventud y cine” (Ventura, 2019).
10 Ver, a respeito, as experiências alternativas de ócio juvenil noturno expostas por Ruiz Aja no livro “Noche y jóvenes” (2017).
11 Nota do tradutor: Ionjas juveniles são espaços alugados e geridos coletivamente por jovens de diversas cidades do País Basco para passar seu tempo livre e de ócio. Surgiram como resposta à reconfiguração dos comércios locais a partir da consolidação dos grandes centros comerciais nos anos 1990 e ganharam força com a crise econômica do final da década de 2000 e o consequente encarecimento dos preços. Estes espaços servem também para sua socialização e busca de identidades individuais e coletivas.
12 Ver as proféticas reflexões de Jesús Martín-Barbero em seu livro “Jóvenes, entre el palimpsesto y el hipertexto” (2017), e as de Rossana Reguillo em seu livro “Paisajes in- surrectos. Jóvenes, redes y revueltas en el otoño civilizatório” (2017).
13 Ver, a respeito, as reações suscitadas por algumas entrevistas ao autor deste texto nos meios de comunicação: Zafra, I. (2020-10-23). “Con los jóvenes no funcionan las broncas, sino hacerles ver que los perjudicados serán sus abuelos”. El País. Disponível em: https://elpais.com/educacion/2020-10-21/carles-feixa-antropologo-con-los-jove- nes-no-funcionan-las-broncas-sino-hacerles-ver-que-los-perjudicados-seran-sus-abue- los.html. Sen, C. (2020-11-01). “Hay un exceso de moral higienista en el control de los jóvenes”. La Vanguardia. Disponível em: https://www.lavanguardia.com/vivo/lifesty- le/20201101/4958383007/jovenes-restricciones-covid-carles-feixa.html.
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