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Trajetórias migratórias, projetos artísticos e práticas intelectuais de Haitianos no Brasil
Roziane da Silva Jordão; Sidney Antônio da Silva; Marília Lima Pimentel Cotinguiba
Roziane da Silva Jordão; Sidney Antônio da Silva; Marília Lima Pimentel Cotinguiba
Trajetórias migratórias, projetos artísticos e práticas intelectuais de Haitianos no Brasil
Haitian migratory trajectories, artistic projects and intellectual practices in Brazil
Revista Presença Geográfica, vol. 06, núm. Esp.01, 2019
Fundação Universidade Federal de Rondônia
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Resumo: Este artigo tem como objetivo dialogar sobre a criação artística e intelectual de imigrantes haitianos no Brasil. A partir das letras das músicas “Eu gosto do Brasil” e “Quando eu cheguei aqui”, dos cantores haitianos Alix Georges eGuerby Cherry, bem como a partir do livro “(Re)construindo um sonho” escrito pelo imigrante haitiano Jac-SSone Alerte, analisamos a atuação do sujeito imigrante intelectual e artista sob a perspectiva do engajamento para a manutenção dos laços culturais que se estabelecem entre os imigrantes haitianos com sua terra natal. Para tanto, além da teoria da migração transnacional e reflexões sobre o conceito de intelectual proposto por Gramsci, recorremos aos teóricos pós-coloniais, tal como Bhabha (1998) no sentido de realizar uma análise sobre a subalternidade e representação do sujeito imigrante. Embora este artigo não seja o resultado final de uma pesquisa- e sim os primeiros achados de uma tese em construção- consideramos que esse campo que delimitamos para estudo é promissor e tem muito a contribuir para os estudos migratórios no Brasil, o que nos motiva a continuar o trabalho. Há muitas produções artísticas e intelectuais de imigrantes haitianos que foram (e são) produzidas no Brasil. Nessas obras, são nítidos o hibridismo cultural e a pluralidade. Em nossa análise sobre as músicas “Eu Gosto do Brasil” e “Quando eu Cheguei aqui”, percebemos e dialogamos sobre as relações sociais que são estabelecidas pelos imigrantes no processo de inserção na sociedade brasileira. As produções artísticas e intelectuais dos imigrantes haitianos estão vinculadas à realização do projeto migratório que estabeleceram para si mesmos.

Palavras-chave: Imigração haitiana, Produção artística e intelectual haitiana.

Abstract: This article aims to discuss the artistic and intellectual creation of Haitian immigrants in Brazil. From Haitian singers Alix Georges and Guerby Cherry, as well as from the book "(Re) Building a Dream" written by the Haitian immigrant Jac-SSone from the songs "I like Brazil" and "When I came here" Alert, we analyze the performance of the subject intellectual immigrant and artist from the perspective of the engagement for the maintenance of the cultural bonds that are established between the Haitian immigrants with their homeland. For this, in addition to the theory of transnational migration and reflections on the concept of intellectual proposed by Gramsci, we resort to postcolonial theorists, such as Bhabha (1998) in the sense of performing an analysis on the subalternity and representation of the immigrant subject. Although this article is not the end result of a research - but rather the first findings of a thesis under construction - we consider that this field we delimit for study is promising and has much to contribute to migratory studies in Brazil, which motivates us continue the work. There are many artistic and intellectual productions of Haitian immigrants who were (and are) produced in Brazil. In these works, cultural hybridity and plurality are clear. In our analysis of the songs "I like Brazil" and "When I got here", we perceive and dialogue about the social relations that are established by the immigrants in the process of insertion in Brazilian society. The artistic and intellectual productions of the Haitian immigrants are linked to the realization of the migratory project that they established for themselves.

Keywords: Haitian immigration, Haitian artistic and intellectual production.

Carátula del artículo

Artigos

Trajetórias migratórias, projetos artísticos e práticas intelectuais de Haitianos no Brasil

Haitian migratory trajectories, artistic projects and intellectual practices in Brazil

Roziane da Silva Jordão
Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho , Brasil
Sidney Antônio da Silva
Universidade Federal do Amazonas, Brasil
Marília Lima Pimentel Cotinguiba
Universidade Federal de Rondônia, Brasil
Revista Presença Geográfica
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil
ISSN-e: 2446-6646
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 06, núm. Esp.01, 2019

Recepção: 22 Maio 2019

Aprovação: 29 Agosto 2019


1 INTRODUÇÃO

Na última década (2010- atual), a presença de imigrantes haitianos na sociedade brasileira despertou o interesse de pesquisadores nas diversas áreas do conhecimento e os resultados, visam contribuir para a compreensão dos motivos, causas e consequências da migração internacional haitiana. Dentre esses estudos, alguns têm analisado o processo da inserção social de haitianos imigrantes homens e mulheres na sociedade brasileira e apontaram diversos fatores como mobilizadores da imigração haitiana, quais sejam, motivações econômicas, políticas, educacionais, culturais, estratégias geográficas e, sobretudo, sociais (Cotinguiba, 2014, p. 86-89; Handerson, 2015, p. 49- 57; Jordão, 2017).

Por ocasião do terremoto, em 2010, o Haiti tornou-se visível no cenário midiático internacional. As imagens e textos divulgados sobre o abalo sísmico evidenciavam o caos instaurado entre os sobreviventes, os recortes midiáticos traziam a narrativa completa de um Haiti destruído moral, ética e politicamente. Thomaz (2010) estava hospedado no Haiti com uma equipe de alunos pesquisadores e vivenciou a grande tragédia propiciada pelo terremoto de 2010. O que foi vivenciado pelo autor e sua equipe não apareceu nas televisões e nos sites da web. Havia um caos, morte e dor eram reais. No entanto, os sobreviventes garantiram a continuação da vida ajudando-se mutuamente e procurando reestabelecerem-se. Não, não havia matança entre si, como apareceram nos noticiários. O que o grupo via era uma ordem moral e social organizada entre os pares visando o bem comum (THOMAZ, 2010, p. 28).

E assim, contrapondo as informações que chegavam ao nosso conhecimento, percebemos que pouco sabíamos sobre o Haiti. Esse país não se consolidou como nação apenas em 2010 com o advento do terremoto tão visado pela mídia, havia um todo histórico, sobretudo a respeito da mobilidade internacional de haitianos anterior ao terremoto, que deveria ser explorado para não incorrermos no risco de adotar na academia um discurso taxativo e estereotipado sobre o Haiti.

Em um primeiro momento, a chegada dos imigrantes haitianos ao Brasil foi noticiada de forma estereotipada, o que contribuiu para propagar na opinião pública a figura do imigrante haitiano como oriundo de um país “miseravelmente pobre”. De acordo com Foucault (2008) algumas instituições sociais “produz e faz circular discursos que funcionam como verdade, que passam por tal e que detêm poderes específicos”. Destarte, os autores no âmbito acadêmico, tais como King e Sutter (2012, p. 237) e Faria (2012, p. 16), também foram interpelados pela mensagem midiática e fizeram, em certa medida, circular, em textos acadêmicos, discursos pejorativos sobre a economia do Haiti e sobre os seus habitantes.

Levando em consideração os discursos midiáticos sobre o Haiti, percebemos que esses discursos contribuem para a formação de estereótipos, conforme elucida Bhabha (1998, p. 110), no sentido de que o estereótipo é um “modo de representação complexo, ambivalente e contraditório, ansioso na mesma proporção em que é afirmativo”.

Diante do exposto, após dados obtidos em campo com os imigrantes haitianos e haitianas, percebemos que o perfil social e econômico dos imigrantes haitianos no Brasil é plural e diversificado. Assim, não basta rotular um sujeito de imigrante haitiano e a partir de então começar a fazer análises generalizadas sobre a vinda desses imigrantes para o Brasil. A nossa proposta nesse artigo visa um perfil específico, contextual e relacional de imigrantes.

Dentre a grande quantidade de imigrantes haitianos que estão no Brasil, percebemos[4] a presença marcante de um número significativo de intelectuais e artistas. Alguns desses, dentre alternativas, tem como objetivo dos seus projetos migratórios complementar os estudos nos programas de graduação, mestrado e doutorado; já outros, visam obter notoriedade, estabelecimento e divulgação para suas produções. Dessa maneira, neste artigo buscamos iniciar um diálogo que se mostra promissor sobre a criação artística e intelectual desses imigrantes.

Alguns conceitos caros para os estudos migratórios são mobilizados ao longo deste artigo, a saber, trajetórias migratórias, inserção social, mobilidade, transmigrantes, redes de apoio, entre outros. Todos esses conceitos supracitados são alocados neste artigo a partir das definições sistematizadas no Dicionário Crítico de Migrações Internacionais (2017).

São de grande relevância teórica para esta pesquisa, a teoria da migração transnacional e as reflexões sobre o intelectual orgânico de Gramsci, assim como os teóricos dos estudos pós-coloniais, tal como Bhabha (1998) no sentido de realizar uma análise sobre a subalternidade e representação do sujeito imigrante, bem como para tecer algumas considerações sobre as fronteiras físicas e simbólicas pelas quais transitam os imigrantes haitianos que são sujeitos e interlocutores de nossa pesquisa.

Além desta introdução e das considerações finais deste texto, dividimos o artigo em cinco tópicos breves, os primeiros quatro visam apresentar os dados levantados em campo e apontar alguns caminhos possíveis para análises, o quinto tópico “Quem são esses artistas e intelectuais haitianos no Brasil? Uma descrição sumária, entre trajetórias e produções” é o espaço que destinamos para dar continuidade às análises iniciadas ao longo da apresentação dos dados.

2 TRAJETÓRIAS MIGRATÓRIAS DE HAITIANOS INTELECTUAIS E ARTISTAS NO BRASIL

Por ocasião da pesquisa em campo com os imigrantes haitianos no Brasil, entramos em contato com os compositores e cantores Guerby Cherry, residente em Porto Velho, e Alix Georges residente em Porto Alegre. Cherry (2016) e Georges (2017) lançaram seus clipes artísticos e conquistam, gradualmente, visibilidade e reconhecimento entre seus compatriotas e no meio artístico nacional brasileiro. As músicas “Quando eu cheguei aqui”, de Guerby Cherry e “Eu gosto do Brasil”, de Alix Georges são as mais populares dos dois cantores referidos. Esses cantores, embora tenham lançado seus clipes e alcançado repercussão significativa, não se mantêm exclusivamente da música.

Alix George, tem 35 anos, nasceu em Marchand- Dessalines, Haiti, e está no Brasil desde 2006, quatro anos antes da ocorrência do terremoto que recolocou o Haiti em evidência no cenário midiático internacional. Além das atividades artísticas que desenvolve, Alix George é engenheiro graduado, e, embora não tenha defendido a dissertação por motivos pessoais/institucionais, também cursou Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Alix George faz parte de uma geração de imigrantes haitianos que vêem no projeto migratório uma alternativa para a ascensão econômica e social. Contrariamente à tese de que os haitianos migraram para o Brasil fugindo do terremoto, o músico e cantor é um dos muitos imigrantes haitianos que já estava fora do país de origem quando ocorreu a catástrofe.

Embora particular, a trajetória de Alix é em muitos aspectos similar às trajetórias de muitos outros haitianos imigrantes com os quais tivemos contato, como por exemplo o imigrante Gaspar Octeus que quando chegou ao Brasil já havia definido o seu objetivo, qual seja, ampliar a formação acadêmica. Recém intitulado Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Amapá, Octeus retornou ao Haiti para fins de se restabelecer em sua comunidade de origem.

Para aqueles imigrantes haitianos que, assim como Georges, Octeus e tantos outros, visam ingressar nos programas de graduação e pós-graduação das universidades brasileiras, o processo é permeado de burocracias e exigências formais. Os editais que prevêem o ingresso de imigrantes, além do processo seletivo e proficiência em português, especificam uma grande lista de documentos comprobatórios.

Os prazos para entrega dos documentos exigidos são muito específicos e a providência dos documentos exige tempo (para traduções e validações), além de ser dispendiosa o que dificulta sobremaneira o acesso desses imigrantes. Foi o que aconteceu com a imigrante haitiana, Etiènne, 17 anos, após ser aprovada no Exame Nacional do Enem de 2016, a imigrante conquistou uma vaga de ação afirmativa, pelo SISU, para cursar licenciatura na Universidade Federal de Rondônia, mas perdeu o prazo da matrícula porque não foi possível providenciar em tempo hábil todos os itens do rol de documentos comprobatórios exigidos. Ela, que se inscreveu novamente no exame de 2018, segue matriculada em uma faculdade particular na cidade de Porto Velho, Rondônia.

Em 2017, outros dois imigrantes haitianos, Dieugrand Philippe e Valner Diedus (ver foto 1), também foram aprovados no ENEM, obtiveram êxito no processo de matrícula e entraram para a história da Universidade Federal de Rondônia por serem os dois primeiros imigrantes haitianos matriculados na instituição. No mesmo ano de 2017, o imigrante haitiano e pesquisador, Charlot Charles, foi aprovado no processo seletivo do programa de Pós-graduação em Geografia da UNIR e já iniciou os estudos de mestrado com pesquisa voltada para a temática da mobilidade internacional haitiana.



Foto 1: Os imigrantes haitianos, Valner, Rosemond e Phillipe, comunicando sobre os precedentes históricos da Bandeira Haitiana para os participantes da oficina temática “Marchando Unidos: Pró-Haiti”. No plano de fundo, obras de um artista plástico haitiano.
Crédito nosso (Universidade Federal de Rondônia- PROCEA), abril de 2015, Porto Velho, Rondônia.

3 MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DE IMIGRANTES HAITIANOS NO BRASIL

“QUANDO EU CHEGUEI AQUI”: DENÚNCIA SOCIAL NA MÚSICA DE GUERBY CHERRY

Lançado em 2016, o clipe “Quando eu cheguei aqui” do compositor e cantor Guerby Cherry foi recebido com muita deferência por parte dos imigrantes haitianos em Porto Velho, Rondônia. Desde então, o artista já fez diversas apresentações em eventos organizados pelo Grupo de Pesquisa MIMCAB (Migração, Memória e Cultura na Amazônia Brasileira). Destacamos as apresentações artísticas realizadas pelo cantor no “I Seminário Internacional do Observatório das Migrações em Rondônia” e na “Oficina temática Marchando Unidos: Pró-Haiti” na Universidade Federal de Rondônia.

Nós viemos de muito longe

Quando eu cheguei aqui, na madrugada, não conhece ninguém, / pra mim falar, pra mim ligar, eu não sei pra quem (bis)/ Ajuda, quem precisa, ajuda, tem que tá chorando, chorando (bis)

/Trecho em crioulo e em francês/

Quando eu cheguei aqui, na madrugada, não conhece ninguém, / pra mim falar, pra mim ligar, eu não sei pra quem (bis)/ Nós vem de tão lonju, nós vem de tão lonjuu (bis) / Quando eu cheguei aqui, na madrugada, não conhece ninguém, / pra mim falar, pra mim ligar, eu não sei pra quem (bis) / Ajuda, quem precisa, ajuda, tem que tá chorando, chorando (bis)

/Trecho em crioulo e em francês/

Nós vem de tão lonju (tris) / Trecho em crioulo e em francês/ Somos um, nos somos um (bis) (Cherry, 2016).

Nos versos “quem precisa de ajuda, tem que tá chorando, chorando", o cantor denuncia as condições degradantes pelas quais passam os imigrantes haitianos no primeiro momento pós-chegada ao Brasil. O desamparo que a letra expressa tanto está relacionado tanto com a escassez de políticas públicas voltadas para a acolhida de imigrantes, quanto com as práticas xenofóbicas de membros da sociedade.

Já nos versos “pra mim falar, pra mim ligar, eu não sei pra quem”, está expressa a reação confusa do imigrante frente ao novo desafio de comunicação com os brasileiros, essa situação ocorre porque o imigrante encontra-se diante de uma nova situação linguística e tendo como interlocutores sujeitos que utilizam um idioma ainda desconhecido pelo imigrante, o português. Quando diz “prá mim ligar, eu não sei prá quem”, o artística/ eu-lírico, colocando-se na primeira pessoa do discurso, expõe a inexistência de um canal de comunicação e informação que seja acessível aos imigrantes no momento em que chegam ao Brasil.

Há, em “Quando Cheguei aqui”, alguns trechos onde o cantor opta por cantar em seu idioma materno, esses trechos funcionam como uma metáfora para o hibridismo linguístico que é vivenciado pelo imigrante, assim, o artista exibe uma performance mais adaptada à nova realidade linguística em que se encontra inserido e se mostra flexível quanto a utilização dos idiomas de origem e de destino. A mensagem central dos trechos em crioulo tem correlação com a mensagem expressa nos versos que estão em português, a saber, os desafios e dificuldades que estão imbricados no processo de adaptação pós-chegada ao Brasil.

Por fim, o artista menciona (trecho em crioulo) a migração de pessoas de outras nacionalidades, tais como africanos e palestinos, e finaliza estabelecendo uma relação de unicidade entre esses imigrantes, como se observa nos versos “Nós vem de tão lonju (tris) ... Somos um”.

“EU GOSTO DO BRASIL, BRASIL GOSTA DE MIM”: INSERÇÃO SOCIAL NA MÚSICA DE ALIX GEORGES

Eu gosto do Brasil

Eu gosto do Brasil, Brasil gosta de mim (bis)/ Com licença, cheguei na tua casa, / Obrigado, por ter me recebido/ Não importa quem quer seja, não importa eu sou de lá, / O que importa veio pra cá pra estudar buscando uma vida/ Sou haitiano, tu é brasileiro, somos amigos, parceiros, guerreiros/ Somos guerreiros latino-americano, africano, meu irmão/ Eu gosto de ti, tu gosta de mim, vamos fazer conexão/

Eu gosto do Brasil, Brasil, Brasil gosta de mim, Haiti (bis)/ Não importa quem quer seja, não importa eu sou de lá/ O que importa veio pra cá trabalhar toda a minha vida/ Sou haitiano, tu é brasileiro, somos amigos, parceiros, guerreiros/ Somos guerreiros, latino-americano, africano, meu irmão/ Eu gosto de ti, tu gosta de mim, vamos fazer conexão/

Eu gosto do Brasil, Brasil, Brasil gosta de mim, Haiti (bis)/ Se alguém perguntar se sou vagabundo, diga no, no, no/ Se alguém perguntar se eu sou coitado, diga no, no, no/ Se alguém perguntar se sou guerreiro, diga sim, sim, sim/ Se alguém perguntar se sou vencedor, diga sim, sim, sim/

Eu gosto do Brasil, Brasil, Brasil gosta de mim, Haiti/ Eu gosto de você, Brasil, você gosta de mim, Haiti (bis) / Eu gosto de você, você gosta de mim (bis)/ Quero agradecer a esse povo que me recebeu/ Quero agradecer tão linda alegria de viver/ valeu!/ (George, 2017).

A música de Alix, dado o contexto de sua criação, está impermeada de relações de alteridade entre o sujeito imigrante haitiano e os nativos brasileiros o que se evidencia nos versos “Obrigado, por ter me recebido” e “Eu gosto de ti/ tu gosta de mim/ vamos fazer conexão”. É a partir desse lugar híbrido do valor cultural que o eu-lírico intelectual filia sua poética. Nossa análise está pautada nas postulações de Bhabha (1998, p. 20) no sentido de que “a articulação social da diferença, da perspectiva da minoria, é uma negociação complexa, em andamento, que procura conferir autoridade aos hibridismos culturais que emergem em momentos de transformação histórica”.

Para além da mensagem otimista que a música expressa, nos versos “Não importa quem quer seja, /não importa eu sou de lá” é possível verificar que o eu-lírico está consciente de que nas relações com os brasileiros a sua nacionalidade (local de origem e classe social do imigrante) implica preconceitos e pré-julgamentos valorativos. O mesmo ocorre nos versos “ Sou haitiano, tu é brasileiro”, que mostram as relações políticas que também são estabelecidas entre o imigrante e a sociedade brasileira.

Se alguém perguntar se sou vagabundo, diga no, no, no/ Se alguém perguntar se eu sou coitado, diga no, no, no/ Se alguém perguntar se sou guerreiro, diga sim, sim, sim/ Se alguém perguntar se sou vencedor, diga sim, sim, sim/ (Georges, 2017).

Em contrapartida ao que as mídias televisivas brasileira e internacional apresentaram sobre os imigrantes haitianos, a saber, a imagem de um imigrante pobre e defasado política e economicamente, o eu-lírico mostra-se atento ao julgamento que a sociedade faz sobre o imigrante haitiano “se alguém perguntar se sou vagabundo, diga no, no, no/ Se alguém perguntar se eu sou coitado, diga no, no, no”. Assim, fica explícita a autoafirmação do imigrante “se alguém perguntar se sou vencedor, diga sim, sim, sim”.

Em sequência aos versos “Eu sou haitiano/ tu é brasileiro” o eu-lírico introduz um consenso entre haitianos e brasileiros “somos amigos, parceiros, guerreiros” e mostra, a partir de uma relação macro entre os continentes, que existe uma “irmandade” o que aparece nos versos “Somos guerreiros, latino-americano, africano, meu irmão/ Eu gosto de ti, tu gosta de mim, vamos fazer conexão”. Essa mesma relação de unicidade entre os imigrantes é visível também na música “Quando eu cheguei aqui ” (ver último parágrafo do título anterior).

Em processos de deslocamentos, Bhabha (1998, p. 30) afirma que “as fronteiras entre casa e mundo se confundem e, estranhamente, o privado e o público tornam-se parte um do outro”. Essa intersecção entre o público e o privado está presente na música “Eu gosto de Brasil”, os versos “Com licença, cheguei na tua casa, / Obrigado, por ter me recebido” funcionam como uma metáfora para a chegada dos imigrantes no país brasileiro. Na poesia em análise, o eu-lírico (imigrante haitiano) pede licença ao brasileiro para fixar-se no Brasil, assim como pediria licença alguém que chega em uma casa alheia.

Os versos “o que importa veio pra cá pra estudar buscando uma vida/” e “o que importa veio pra cá trabalhar toda a minha vida/” diz muito sobre o projeto migratório que o artista/intelectual estabeleceu para si no Brasil. Esse “novo” perfil de imigrantes acrescenta o objetivo de estudar no Brasil como uma prioridade no projeto migratório.

“(RE)CONSTRUINDO UM SONHO: ENGAJAMENTO SOCIAL NO LIVRO AUTOBIOGRÁFICO DE JAC-SSONE ALERTE

A gente estuda e se forma para transformar a realidade à nossa volta. Conhecimento só é útil se for compartilhado. Se não, é apenas informação (Jac-Ssone Alerte, 2018).

Jac-Ssone Alerteé engenheiro civil, formado no Brasil pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), natural do Haiti, nasceu em Don de L´amitié. Filho de pais agricultores, Jac-Ssone é o décimo primeiro filho do casal. E, embora fosse durante a infância privado de uma infraestrutura que permitisse a ele e aos seus dez irmãos o acesso fácil ao saber sistematizado e formal, Alerte insistiu em estudar. Para tanto, enfrenta muitas adversidades e privações, mas resiste e insiste sempre.

Após concluir o equivalente ao ensino médio, ele começou a participar de concursos para angariar bolsas de estudos no exterior e, mesmo com alguns contratempos, Jac-Ssone chegou ao Brasil em um domingo de 2008, precisamente no dia 09 de março, trazendo consigo muitas expectativas e também responsável pela realização do sonho de sua família, qual seja, formar um filho e encaminhá-lo para a vida social e econômica.

Para chegar ao Brasil, o jovem estudante precisou mobilizar uma rede de apoio entre os familiares, pois sozinho não dispunha de recursos financeiros suficientes para custear a viagem, o próprio pai de Jac-Ssone Alerte vendeu boa parte dos seus terrenos destinados a agricultura de subsistência da família para que fosse possível mandar o filho para o Brasil. O peso dessa responsabilidade impulsionou ainda mais o imigrante que se dedicou o quanto pôde aos estudos e em pouco tempo já se comunicava com fluência vocabular em português.

Dez anos após chegar ao Brasil, em 2018, já formado em engenharia civil e sócio fundador da Empresa de Impacto Social, JEEL Engenharia, Jac-Ssone Alerte, transforma o seu principal projeto em um livro cujo título é “(Re) Construindo um Sonho”. Em seu livro, o engenheiro descreve como a sua comunidade de origem foi impactada pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010 e seguidamente devastada pelo Furacão Matthew 04 de outubro de 2016.

Além das perdas materiais provocadas pelos fenômenos da natureza, o imigrante também perdeu a mãe poucos meses antes da passagem do Furacão pelo Haiti. Entre tantas perdas seguidas, a conquista do título de Engenheiro Civil parecia sem sentido, foi então que Jac-Ssone começou a investir com mais ênfase em seu projeto de reconstruir o bairro de Don de L´amitié. Assim,o intelectual se mostra engajado em prol da reconstrução da Vila que depois de reconstruída receberá o nome da sua mãe, Marie Celiane Alexis.

Para tanto, o engenheiro buscou firmar parcerias com diversos grupos, dentre os quais está o Projeto Solução Habitacional Simples (SHS) e, de acordo com o intelectual imigrante, os fundos arrecadados pela venda do próprio livro serão destinados à execução do projeto prevista para os próximos anos.

4 QUEM SÃO ESSES ARTISTAS E INTELECTUAIS HAITIANOS NO BRASIL? UMA DESCRIÇÃO SUMÁRIA, ENTRE TRAJETÓRIAS E PRODUÇÕES

O intelectual é muito mais que força de trabalho, ele dispõe de um bem raro, que é o domínio teórico e técnico de habilidades necessárias para o funcionamento do capitalismo e de qualquer sociedade complexa (Demo, 1982, p.53).

A categoria de imigrantes que estamos chamando neste texto de “artistas” e de “intelectuais” está ainda passível de discussões teóricas para fins de aprofundamento nas análises. Por ora, tomamos as palavras em seu sentido elementar proposto em consenso pelos dicionários. Assim, estamos chamando de artistas aqueles imigrantes que tem habilidade ou vocação artística, tanto artistas plásticos quanto músicos e cantores, do mesmo modo que incluímos na categoria de intelectuais aqueles imigrantes que demonstram interesse em estudar, refletir ou especular acerca de ideias com relevância social.

Mesmo cientes de que o sentido expresso para artista e para intelectual nos dicionários de língua portuguesa é bastante limitado nesse contexto, optamospor seguir trabalhando com essa nomenclatura, pois o principal motivo para trazermos a denominação artista e intelectual para este artigo é a categoria êmica, a saber, os próprios imigrantes de que estamos falando se apresentam como artistas ou intelectuais tanto em suas páginas nas redes sociais quanto pessoalmente.

Há uma considerável literatura teórica no campo das ciências sociais sobre a figura emblemática do intelectual (Gonzales, 2001; Lévy, 1988) e quiçá o que soa mais oportuno para as análises que propomos seja Gramsci (1972; 1987). Destarte, é preciso pensar o imigrante artista e intelectual no contexto das migrações internacionais como alguém cujas trajetórias de vida e de mobilidade implicam e são implicadas por uma gama de fatores políticos, históricos e sociais não só dos países de origem como também dos países de destino.

Assim considerando, é relevante perceber que os imigrantes haitianos são oriundos de uma sociedade pós-colonial cujo sistema inicial, assim como no Brasil, fora escravocrata. Dessa maneira, os reflexos e ecos das vozes e práticas coloniais estão imbricados nas redes de sociabilidade dos imigrantes e se mostram visíveis e materializados em manifestações de preconceito tanto velado e institucional quanto explícito o que funciona como barreiras simbólicas para os imigrantes.

Todavia, a história de constituição da nação haitiana percorreu um caminho singular quando comparado aos demais países que vivenciaram a escravização humana. Singular no sentido de que o Haiti- entre 1793 e 1803- travou uma luta pela independência o que coincide com a libertação, pioneira na América Latina, dos negros escravizados. O longo processo que culminou na independência do Haiti foi também essencial para que os cidadãos haitianos se fortalecessem enquanto nação que valoriza a identidade negra (Handerson, 2015; Marques, 2017). Nesse contexto, quando chegam ao Brasil, são apresentados a algumas práticas de racismo que não vivenciavam com tanta frequência no Haiti.

Os nossos interlocutores já chegaram ao Brasil escolarizados, fluentes em dois idiomas- o crioulo e o francês- e com o desafio de aprender um terceiro idioma, o português. No Haiti, assim como no Brasil, ser escolarizado ou não escolarizado é um demarcador de status social e, consequentemente, econômico. Como custa muito caro manter os filhos na escola, apenas as famílias mais abastadas economicamente podem se dar ao luxo de estudar suas crianças. O mesmo ocorre com a língua usada para comunicação. São idiomas oficiais do Haiti, o francês e o crioulo haitiano, sendo o francês ensinado e usado nos ambientes formais, tais como escolas, assembleias políticas e cartórios; e o crioulo o idioma usado por todos, ricos e pobres, porque é a língua materna, aquela que se aprende em família (Pimentel; Cotinguiba; Ribeiro, 2016; Rodrigues, 2008, Handerson, 2015).

Assim, se um cidadão haitiano se comunica em francês é bem provável que ele frequenta ou já tenha frequentado a escola ou outros ambientes formais. Destarte, os imigrantes artistas e intelectuais haitianos, no momento em que atravessam as fronteiras políticas e geográficas de seu país, já passaram pelo crivo da escola e do acesso à língua sistematizada o que funciona como moderador no processo de inserção social no Brasil.

As práticas de mobilidade dos imigrantes de que estamos falando neste artigo se enquadram na teoria da transmigração, ou teoria da migração transnacional. Para essa teoria, o migrante torna-se transmigrante à medida que se estabelecendo na nova terra mantém laços, sejam político-econômicos ou familiares, com o antigo lar (país de origem). Em outras palavras, o migrante transnacional é aquele que vive sua vida em dois ou mais países concomitantemente (Schiller; Basch; Blanc-Szanton, 1992).

Percebemos em campo que mesmo estudando, trabalhando ou produzindo arte no Brasil, os artistas e intelectuais haitianos continuam vinculados ao Haiti, embora nem sempre fisicamente, porém sempre atuantes tanto no país de destino quanto no país de origem. A título de exemplo podemos citar a trajetória de Jac-Ssone que ministra cursos de treinamento para os moradores de Don de L´amitié e estabelece parcerias não-governamentais no Haiti ao mesmo tempo em que permanece atuante como sócio fundador da empresa JEEL e participando das seções de lançamentos do seu livro no Brasil.

Dessa maneira, quando o imigrante haitiano artista e intelectual efetiva o projeto migratório que estabelecera para si mesmo e decide ser o momento de empreender o retorno- aqui citado como elemento constitutivo da condição do imigrante- (Sayad, 2000), não se vê desafiado a retomar laços desfeitos, pois as práticas transnacionais permitem-no uma manutenção das redes de sociabilidade com o Haiti.

Por outro lado, há uma considerável expectativa dos familiares e amigos que permaneceram no Haiti com relação ao sucesso do projeto migratório dos artistas e intelectuais haitianos. Para Handerson (2015), uma das formas pela qual o sucesso do projeto migratório é percebido socialmente é através das casas- Kay diáspora- que os imigrantes constroem com o dinheiro conquistado no país estrangeiro- peyiblan- para si mesmos ou para os seus familiares.

Assim, aqueles que investiram na viagem dos imigrantes também sentem contemplados com o sucesso do projeto migratório mesmo que as realizações não sejam imediatas, como por exemplo a trajetória de Jac-Ssone que chegou ao Brasil em 2008 e só após dez anos conquista os requisitos necessários para investir em seu projeto de retorno.

Enfim, respondendo à pergunta com a qual abrimos esse tópico, “quem são esses artistas e intelectuais haitianos no Brasil?” É necessário esclarecer que esses artistas e intelectuais não pertenciam todas às mesmas redes de relacionamentos sociais no Haiti. Há aqueles que já possuíam uma carreira notória de sucesso no Haiti assim como aqueles que começaram do zero no Brasil. Estamos falando de artistas que já se inseriram no ambiente artístico no Brasil e de artistas que ainda estão mobilizando contatos e produzindo arte para tanto, assim como estamos falando também de intelectuais que já estão inseridos na academia brasileira e de intelectuais que ainda não validaram seus diplomas conquistados no Haiti.

Destarte, não seria coerente fazer uma análise que tivesse o intuito de forjar uma constante entre as histórias migratórias desses imigrantes. Não há possibilidade de afirmar que os desafios são maiores ou menores para este ou para aquele, todavia estamos conscientes de que são histórias de vidas interdependentes e plurais e que exigem análises contextualizadas e relacionais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dada a relevância e repercussão política e social da entrada/permanência e saída de haitianos no Brasil, a temática da migração internacional de cidadãos haitianos tornou-se um tema já consolidado entre os estudiosos dos processos migratórios nacionais e internacionais. A partir de 2010, as publicações de estudos voltados para esse fenômeno social se intensificou e os resultados caminham para entendimentos diversos nas mais variadas áreas do conhecimento.

Dentre os estudos de que temos conhecimento, o objetivo de trabalhar é consensual para os projetos migratórios dos imigrantes. Nesse contexto, surge um novo perfil de imigrantes intelectuais e artistas cujos projetos migratórios estão voltados para complementação acadêmica e reconhecimento profissional.

Há muitas produções artísticas e intelectuais de imigrantes haitianos que foram (e são) produzidas no Brasil. Nessas obras, são nítidos o hibridismo cultural e a pluralidade. Em nossa análise sobre as músicas “Eu Gosto do Brasil” e “Quando eu Cheguei aqui”, percebemos e dialogamos sobre as relações sociais que são estabelecidas pelos imigrantes no processo de inserção na sociedade brasileira.

As produções artísticas e intelectuais dos imigrantes haitianos estão vinculadas à realização do projeto migratório que estabeleceram para si mesmos, o que pode ser percebido a partir da trajetória de Jac-Ssone. A realização dos objetivos enquanto engenheiro em formação estão estritamente ligadas à realização daquele que viria a ser o maior projeto de retorno para a comunidade de origem, qual seja, reconstruir o bairro de Don de L´amitié.

Embora este artigo não seja o resultado final de uma pesquisa- e sim os primeiros achados de uma tese em construção- consideramos que esse campo que delimitamos para estudo é promissor e tem muito a contribuir para os estudos migratórios no Brasil, o que nos motiva a continuar o trabalho.

Material suplementar
REFERÊNCIAS
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FARIA, Andressa Virgínia de. A Diáspora Haitiana para o Brasil: o novo fluxo migratório (2010-2012). Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2012.
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THOMAZ, Omar Ribeiro. O terremoto no Haiti, O mundo dos brancos e o Lougawou. Campinas: Novos estudos 86, 2010.
Notas
Notas
[4] Esses dados são resultantes de uma pesquisa de campo do tipo exploratória que se encontra em andamento e cujos resultados e considerações finais darão origem a Tese de Doutorado da autora.


Foto 1: Os imigrantes haitianos, Valner, Rosemond e Phillipe, comunicando sobre os precedentes históricos da Bandeira Haitiana para os participantes da oficina temática “Marchando Unidos: Pró-Haiti”. No plano de fundo, obras de um artista plástico haitiano.
Crédito nosso (Universidade Federal de Rondônia- PROCEA), abril de 2015, Porto Velho, Rondônia.
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